Capítulo 7
- Expresso para Hogwarts -
Era tarde de sexta feira e todos se dirigiam ao King Cross. Ainda ontem, Harry e Rony passaram na loja dos gêmeos durante a tarde para dar uma olhada, após terem comprado o material exigido pela escola. Ficaram por lá até a hora de fechar e se divertiram bastante com garotos desavisados que tocavam a campainha para perturbar, ou algumas bombinhas hilariantes que explodiam pela loja enquanto eram examinadas pelos clientes.
"temos que reforçá-las, ou teremos prejuízo" dizia Fred, mesmo estando se divertindo com aquilo.
Foi uma tarde agradável, especialmente para Dênis que estava superanimado com a presença de Harry. Ele o seguia por todo canto onde ia e sempre se demonstrava imensamente interessado em qualquer bobagem que Harry dizia. No começo, Harry estava se controlando para não perder a paciência mas depois acabou se acostumando e aprendeu a lidar com Dênis, fazendo-o agir normalmente. Ensinando-o feitiços simples e pedindo para que ele ficasse treinando, era uma forma de ocupar o tempo de Dênis. Ainda durante a tarde, os três garotos (Dênis havia sido dispensado esta tarde) se encontraram com Hermione e Gina, que carregavam uma infinidade de pacotes. Eles ofereceram ajuda e Rony se limitou a carregar os pacotes que sua irmã carregava, sem dizer uma palavra. Harry sabia que todos aqueles livros eram de Hermione, pois Gina iria usar os livros antigos de Rony. Os cinco terminaram as compras sem topar com qualquer outro conhecido e foram levar tudo para o Caldeirão Furado. Ali tinha pelo menos o dobro de livros que Harry comprou, mas Hermione não parecia muito preocupada. Ela também não falou muito durante as compras, limitando Harry a ensinar mais feitiços a Dênis e ouvir novidades sobre os alunos da turma de Gina. Aquele clima entre Rony e Hermione já estava começando a perturbar Harry, mas após o jantar eles ficaram separados. Harry e Rony em um quarto, Gina e Hermione em outro. Já de manhã, tudo parecia normal e Hermione até arriscava falar na presença de Rony que também não ficava mudo, mas eles ainda não dirigiam a palavra um ao outro. Todos seguiram de táxi até a estação de trem, para o desgosto dos motoristas. Pela cara deles, após a viagem, o preço não tinha sido suficiente para pagar o que eles tiveram que aturar. Apenas dois táxis levaram todo mundo. Em um, Harry, Rony, Lupin e a imensa gaiola de Edwiges balançando e rangendo, além dos pios esganiçados de Edwiges que estava imensamente insatisfeita desde manhã. Só durante a viagem é que Harry descobriu que a portinhola da gaiola estava meio torta, resultado da briga das três corujas no dia anterior e por causa disso Edwiges não parava de reclamar. Mas comparado ao táxi que ia na frente, esse era um paraíso. Onde estavam Molly, Hermione e Gina, também estavam píchi com sua saudável garganta e Bichento que antipaticamente arranhava qualquer estranho que tentasse passar a mão sobre sua cabeça. Ele tem agido assim desde que foi enfeitiçado por Hermione e o motorista do táxi pôde comprovar isso. Como se os animais não bastassem, a grande quantidade de livros e malas das garotas não couberam no porta malas do carro. Alguns vieram no táxi dos garotos e o restante foi no banco de trás, entre Hermione e Gina. Bichento foi no colo de Molly, aterrorizando o motorista a cada olhar semi-cerrado que dava quando o táxi parava em algum sinal.
Finalmente eles chegam na estação de trem e os motoristas agradecem muito felizes ao receberem o pagamento. Com certeza eles não estavam felizes pelo dinheiro, mas ingenuamente Molly não deixou de comentar como os trouxas eram gananciosos após os táxis terem ido embora rapidamente. Todos se dirigem à grande coluna entre as plataformas 9 e 10 e esperam a melhor hora de atravessar. Gina e Hermione foram as primeiras, empurrando os carrinhos com muitas malas e sacolas de livros. Harry e Rony foram logo depois e, em seguida, Molly e Lupin.
Chegando à plataforma 9 e 1/2, eles viram que estavam bem em cima da hora. O Trem vermelho já soltava grandes baforadas de fumaça negra e vários alunos se despediam de seus pais enquanto embarcavam.
"Boa sorte esse ano, querida" - dizia Molly, abraçando Gina. - "e vocês, boa sorte também"
"obrigada, senhora Weasley" disse Hermione.
"Não se esqueçam de me escrever!" dizia Molly.
"Tenham um bom ano letivo e qualquer coisa, nos avisem" disse Lupin.
"obrigado" disse Rony.
Harry olha de relance por todo o local que estava começando a ficar vago e viu alguém conhecido longe dali, quase no meio do trem. Pelas vestes imponentes, rosto fino e cabeleira loira, ele reconheceu logo quem era. Mas também se surpreendeu ao ver a pessoa que estava com ele. Era Narcisa, mãe de Draco. Aparentemente ela limpava os ombros da roupa de Draco e dizia algo para ele. Era a segunda vez que Harry via a mãe de Draco e imaginava que tipo de pessoa era ela. Ao contrário da primeira vez que a viu, Harry tinha a impressão que ela carregava um belo sorriso melancólico no rosto enquanto se despedia do filho. Draco continuava com o seu sorrisinho convencido irritante de sempre. Ele se vira e entra no trem.
"Harry! Acorde ou vai perder o trem!" disse Lupin. Todos já haviam entrado e Harry estava lá, parado.
O sorriso de Narcisa desaparece do rosto assim que o filho entra no trem e ela volta a empunhar uma expressão de quem sente um estranho fedor logo embaixo do nariz. Ao virar-se para ir embora, seu olhar cruza com o de Harry mas ele estava tão longe que não poderia garantir com certeza que ela tinha reconhecido o garoto.
"Harry! Harry!" dizia Molly, cutucando o ombro de Harry.
"Ahn?"
"o trem! Está saindo!"
"ah, sim! Obrigado, senhora Weasley! Tchau Lupin!" disse Harry, correndo para o trem e levando todas suas coisas.
"Boa sorte" disse Molly.
"Se cuida!" disse Lupin, acenando para Harry enquanto entrava. O trem começa a andar lentamente e ganha velocidade, indo embora da estação e deixando dezenas de pais orgulhosos por seus filhos estudarem em uma escola como Hogwarts.
"Será que ele está bem? Será que comeu direito?" dizia Molly.
"Claro. Ele sabe se cuidar... bem, tem o Rony e Hermione pra cuidarem dele..." dizia Lupin.
"e até a Gina..."
....
Já com o trem andando, Harry procurava a sala onde seus amigos tinham guardado as malas. Seguindo o longo corredor, olhando dentro de cada porta, apenas na última é que ele encontra Gina sozinha na cabine.
"Ufa! Achei que você tinha sumido! Vi a hora de ter que viajar com aquela..." - dizia Harry, entrando na cabine. Ao entrar, ele vê no banco em frente a Gina, Luna Lovegood. - "...aquela Pansy..." - Foi o primeiro nome que Harry pensou dizer, para substituir o de Luna.
Luna parecia imutável. Assim como no ano anterior, ela estava lendo o The Quibbler só que dessa vez a revista não estava de cabeça pra baixo. Ela levanta seu arredondado olhar e fita Harry em silêncio.
"Oi Luna!" - disse Harry, procurando desviar o olhar para o compartimento superior onde iria colocar a mala.
"Você fez aniversário!" disse Luna, repentinamente.
"é... eu sei... obrigado pela carta..." dizia Harry, enquanto guardava a mala.
"Você não recebeu o presente!" afirmou Luna.
"n-não, eu recebi sim! A pena! Está na minha mala!" dizia Harry, começando a ficar assustado.
"..." e Luna volta a fitar a revista, erguendo-a e cobrindo o rosto. Gina passava a mão pelo pescoço e olhava para a cima como se tivesse sido subitamente acometida por uma coceira, mas na verdade estava tentando segurar o riso.
Harry senta ao lado de Gina e expira profundamente, cansado por carregar todo aquele peso. Olhando para o banco bem na sua frente, ele vê Bichento encarando-o fixamente e permanece naquela posição por alguns segundos. A coceira de Gina parecia ter piorado, pois ela descia a mão pelos ombros. O gato, cansado desse jogo, dá uma volta e meia em torno de si mesmo, e deita-se de costas para Harry.
"onde está Neville?" perguntou Harry para quebrar o silêncio, ainda olhando o gato como se este fosse fazer algum movimento traiçoeiro.
"Ainda não chegou. Mas acho que vai chegar a qualquer momento." disse Gina, que parecia estar curada de sua sarna temporária.
"é... também acho que vai chegar...." dizia Harry, tentando prolongar a conversa que estava fadada a morrer ali mesmo.
Como que milagrosamente, Neville Longbottom aparece na porta com seu redondo rosto brilhante, carregando duas pesadas malas nas mãos e seu sapo de estimação no ombro. Harry levanta-se imediatamente, pronto para ajudá-lo. Não queria ficar ali sozinho com aquelas duas, sem dizer nada durante horas.
"Neville! Deixa eu ajudar!" - dizia Harry, agarrando uma das malas sem esperar a resposta do amigo.
"ufa! Obrigado Harry! Olá, como vão?" dizia Neville, aliviado do peso e acenando para as duas.
"Oi Neville." disse Gina, enquanto Harry empurrava a mala de Neville no compartimento superior e pegava outra.
"Não sente no gato!" disse Luna, sem tirar a concentração da revista. Neville pára por um instante para tentar digerir aquelas palavras, mas só entende o que ela está falando quando vê Bichento acomodado na cadeira.
"Aqui, sente perto da janela" disse Harry, mais gentil que o normal enquanto colocava a outra mala em cima.
"Obrigado. Ufa! Esse ano promete!" dizia Longbottom, acomodando-se e colocando Trevor no colo.
"É... já percebi isso..." - dizia Harry - "Não entendo como os alunos sobrevivem ao sexto ano. Quantos livros!"
"eu tenho que sobreviver, para depois minha avó me matar. Ela me fez jurar que eu ia me dar bem em todas as matérias, senão ela jogaria todas as fadas mordentes no meu quarto. É que os livros são muito caros e ela fez questão de comprar todos." dizia Longbottom, levando seu rosto de encontro ao refrescante vento da janela.
"quantas matérias você vai fazer, Neville?" - perguntou Harry.
"quatro. Herbologia, defesa contra arte das trevas, feitiços e trato com criaturas mágicas. E você?"
"eu preciso fazer cinco. Transfiguração, poções, feitiços, trato e defesa."
"Você vai fazer poções com Snape?? boa sorte!" disse Longbottom, num tom assustador.
"Mas sempre fizemos. Não pode ser muito pior" disse Harry, apreensivo.
"Ah, pode sim. Éramos crianças inocentes que não podíamos ver a cruel realidade naquela época, mas agora somos alunos do sexto ano." - disse Neville, chamando a atenção de Gina e Luna que até abaixou um pouco a revista para olhar. Elas não ficaram muito contentes com o comentário. - "Não ficaria surpreso se soubesse que Snape tortura os alunos que não tiram nota máxima nas aulas dele. Ele deve de concentrar toda sua energia nos cinco primeiros anos para descarregá-la completamente nos dois últimos."
"por favor, não diga mais nada. Não tenho outra opção a não ser fazer poções." dizia Harry, imaginando que ele e Hermione seriam os únicos alunos da Griffinória na turma de Poções.
"Estou dizendo isso porque sou seu amigo. Mas já que mencionou, por que não pode escolher outras matérias? Suas notas foram ruins?" disse Longbottom.
"er... foram boas, mas a professora Minerva me disse que se eu quisesse ser auror, era importante estudar poções..." dizia Harry, evitando falar das notas.
"que tristeza..." lamentava Neville, balançando a cabeça negativamente como se tivesse perdido um amigo.
"e você? Que carreira escolheu?"
"ah..." - Neville passa a mão pelo cabelo - "acho que quero cuidar de grandes plantações. Eu gosto de ver todas essas plantas germinando e crescendo."
"sem contar que são principais fontes de matéria prima pra poções. O que seria de Snape sem as plantas da professora Sprout?" dizia Harry. Um esperançoso e brilhante sorriso brota do rosto rosado de Neville.
"é verdade! Obrigado Harry! Agora tenho mais motivação! Queria que chegasse o dia em que Snape viria até mim e pediria educadamente para que eu emprestasse algumas mandrágoras... aí eu recusaria"
"hehehe" - Harry imaginava que isso nunca aconteceria pois Neville provavelmente mandaria outra pessoa se encontrar com Snape.
"bem... e como esse trabalho é rural, é importante que eu aprenda a lidar com criaturas mágicas..."
"Claro. Você não iria querer ver toda sua plantação devorada por lesmas..."
"feitiços é importante pra todo mundo... acho que vai ser a maior turma de NIEM."
"Transfiguração também." dizia Harry.
"mas ainda assim é meio específico... feitiços é bem mais geral. E defesa, eu vou fazer porque..." - E longbottom dá uma pausa.
"entendo. é importante também." dizia Harry.
"sim..." - disse Neville - "por falar nisso, e as suas aulas Harry? Agora vai ser bem mais fácil sem aquela Umbridge por perto."
"ah, as aulas... sei lá, viu... pelo que vi, a gente não vai ter muito tempo. Mas, se o resto da turma estiver disposto, eu me esforço pra arranjar um tempo livre."
"por mim, a hora que vocês quiserem! Estava adorando essas aulas extras, desde que não atrapalhe os treinos de quadribol" disse Gina, imediatamente. Ela agora iria tentar jogar na vaga de artilheira.
Luna abaixa a revista e ergue a cabeça de um jeito como se estivesse tentando olhar pela parte de baixo dos óculos, fitando um ponto entre o ombro de Harry e a orelha de Gina. Os três olham em sua direção esperando ela dizer algo, mas, completamente muda, Luna olha para a revista em seu colo e continua lendo.
"Er... Luna, o que você acha?" disse Harry.
Luna repete seu movimento anterior, mas dessa vez olha diretamente para Harry. Ele poderia jurar que ela não piscou os olhos desde que ele pisou naquela cabine.
"acha de que?" disse Luna.
"das aulas de defesa contra arte das trevas, do Harry." disse Gina.
"...são boas..." disse Luna ainda fitando Harry, quando ia voltar sua atenção à revista. Gina insiste...
"hehe, não Luna! O que você acha de continuar as aulas agora, no quinto ano? Não vai estar ocupada demais?" dizia Gina.
"Harry preparava as aulas quando estava no quinto, não era? Eu posso somente assistir as aulas, estando no quinto." disse Luna, completa de razão e fazendo todos ficarem em silêncio. Ela volta a ler a revista. Neville viu que era algo parecido com um questionário, mas ele não quis prestar atenção no que estava escrito pois não sabia se essa revista era motivo de Luna ser daquele 'jeito'.
"Acho que Mione e Rony também vão continuar nas aulas. Não sei quanto aos outros, mas só vocês já está ótimo. Então está decidido! As aulas vão continuar!" disse Harry, com um sorriso orgulhoso no rosto.
Gina e Neville também sorriem.
"mas antes eu tenho que avisar aos outros, pode ser que mais alguém queira continuar. Vocês ainda têm aquelas moedas que a Mione fez?" disse Harry.
"sim!" responderam Neville e Gina em uníssono. Luna se limitou a dizer "hum hum" e Harry entendeu isso como um sim.
"que bom. Então a gente pode continuar usando elas..." dizia Harry, olhando a paisagem pela janela.
"ah, Harry, e quanto ao time de quadribol?" disse Gina.
"que tem?" Harry abandona a paisagem para olhar Gina. Falar sobre quadribol era imensamente interessante para ele.
"que tem?!? Não tem! Não tem artilheiro, não tem batedor, não tem capitão! Alicia e Angelina não estudam mais em Hogwarts e Andrew Kirke e Jack Sloper me disseram que não queriam continuar como batedores. Eles acharam que era cansativo demais... vê se pode!" dizia Gina num tom de indignação.
"é mesmo! Então temos que renovar quase o time inteiro! E quem vai ser o capitão?" disse Harry.
"eu não sei... só sei que Katie disse que não queria saber de ser capitã."
"por que?"
"e eu sei lá!? O Rony não tem moral pra ser capitão em canto nenhum..." dizia Gina, fazendo tranças no cabelo.
"não fala assim dele... ele foi muito bem ano passado..."
"mesmo assim, ele continua sem moral. E não quero ele mandando em mim. Já basta ele tentar isso em casa..."
"Se esse é o único motivo, então não é motivo suficiente pra ele não ser capitão. Sinto muito." disse Harry.
"humpf... então pergunta pra ele se ele quer. Garanto que vai dizer não"
"bem... então, se não for ele, sobrou pra mim. Mas não sei se vou ser um bom capitão"
"Por que sobrou pra você? Esqueceu de mim?" disse Gina, largando a trança.
"ah sim, você... er, e você quer?"
"claro que quero. É até melhor. Ficar escolhendo gente dos últimos anos só obriga o time a mudar de capitão direto."
"Então, tá bom. Por mim, pode ser você. Mas a gente tem que falar com o resto do time..." disse Harry, surpreso.
"Eu já falei com Katie e ela concordou. Se Rony não quiser, vão ser três contra um." falou Gina, com convicção de que ganhou o debate.
"o que deu nela?" sussurrou Neville.
"está bem! Você é a capitã do time! Você vai precisar falar com a professora Minerva pra marcar o treino de seleção dos novos jogadores"
"eu sei, eu sei! Eu já falei antes das férias. Vai ser na quarta feira que vem." disse Gina, meio impaciente.
"er... tá legal..." disse Harry.
"e você vai estar lá! você e o Rony, não interessa se tem aula. Eu não sei o horário das minhas e já marquei o treino." disse Gina.
"sim senhora!" - dizia Harry. Neville apenas olhava dando graças a Deus por nunca ter pensado em jogar no time.
Nessa hora, Dino surge na porta. Ele tinha uma aparência melancólica e solitária. Ele sentia falta de Fred e Jorge e suas brincadeiras.
"oi Harry! Oi Neville! Oi Gininha! oi... você!" - disse Dino, acenando a todos - "Neville, precisamos falar com você! É urgente!"
Neville coloca o sapo no ombro e levanta, saindo da cabine. Harry mais uma vez se via sozinho com aquelas duas.
"o que será que houve?" disse Harry.
"deve ser bobagem..." disse Gina, de braços cruzados e encostada na cadeira.
"é... deve ser..." disse Harry mais uma vez tentando prolongar a conversa que estava fadada a morrer ali mesmo. Agora não ocorreria milagre nenhum. Harry se aproxima da janela e volta a encarar a paisagem, pensando nesse ano letivo. Não estava tão preocupado com as matérias, exceto Poções, não porque estava confiante, mas sim porque ele não tinha idéia de como iriam ser. Apenas ouvia os comentários pessimistas de Rony e Neville, mas todo ano era assim. Por que esse ano tinha que ser pior que os outros? Depois Harry pensou no time de quadribol e no torneio inter casas. O que será que Draco iria fazer esse ano para atrapalhá-los? E Snape? Sem muitos alunos da Griffinória, quantos pontos ele iria tirar de Harry? 50 por aula, talvez. Depois Harry pensou na ordem e na destruição do quartel. Lupin disse que não sabia quem tinha sido, mas Harry poderia jurar que foi a mesma pessoa quem controlou Hermione. Se não tinha sido Voldemort, quem teria sido? E por que queria matar Harry usando Hermione, que não tinha força suficiente pra usar aquela magia? Talvez só quisesse assustá-lo. Talvez tenha sido a mesma pessoa quem mandou aquela carta estranha chamando Harry de herdeiro de Slytherin. Harry também pensou nos resultados dos NOM´s e estava em dúvidas se deveria dizer algo para o diretor. Se ele pedisse uma recontagem de pontos, com certeza estava admitindo que não mereceu impressionante em todas as matérias. Ninguém iria pedir recontagem nessas condições. E se as notas dele não fossem suficientes pra ser auror, Harry teria que fazer os testes novamente. Por outro lado, esse tipo de erro nas notas era muito estranho. Poderia criar problemas sérios no futuro se algum dia descobrissem uma fraude e Harry seria culpado por não ter avisado nada. Foi Hermione quem disse isso a Harry. Ele não falou nada para Rony, mas havia se encontrado com Hermione na noite da briga entre ela e Rony para falar sobre isso.
"é... eu vou falar com Dumbledore" disse Harry para si mesmo, ainda olhando a paisagem.
"o que?" disse Gina.
"ahn? nada não..." disse Harry voltando a ficar em silêncio. Gina olha para Luna que havia acabado de responder o questionário na revista e agora estava lendo uma matéria sobre fantasmas que alegavam terem vindo do futuro.
"garoto estranho..." disse Luna. Harry fica levemente corado, mas finge não ter escutado apesar de Luna não ter feito esforço para falar em voz baixa.
Após um tempo, Harry continuava olhando a paisagem enquanto Luna e Gina conversavam algo que ele não prestava atenção. Então, Rony chega na porta e entra direto, sentando entre Gina e Harry. Elas o ignoram e continuam conversando.
"olá." disse Rony.
"ah, oi." - disse Harry, sendo tirado de seus pensamentos. - "como foi? muito trabalho?"
"o de sempre. senhas, procedimentos de emergência, bla bla bla bla" dizia Rony aparentemente irritado e entediado.
"nossa, não parecia tão ruim assim no ano passado." disse Harry.
"não é isso. Acontece que..." dizia Rony, quando Hermione chega na porta. Ele se cala e Hermione entra, acordando e afastando Bichento para o lado contra sua vontade. Ela fecha a porta e senta entre Bichento e a janela, olhando a paisagem. Ela também não estava com uma cara muito boa e Harry percebeu logo que eles brigaram mais uma vez.
"ahn... foi bom terem chegado agora. É sobre as aulas extras de defesa contra a arte das trevas..." disse Harry.
"ah Harry, esse ano não dá. É muita coisa pra fazer e não vai precisar. Vamos ter um professor bom, provavelmente." disse Hermione rispidamente, sem tirar o olhar da paisagem. Harry fica decepcionado e surpreso.
"Harry, vamos continuar só a gente então. Eu estou ansioso pelas aulas!" disse Rony de um jeito que não dava para saber se ele dizia a verdade ou se estava apenas contrariando Hermione. Talvez as duas coisas...
"er... tem eu, você, Gina, Luna e Neville. Até agora são os únicos que querem continuar as aulas com quem eu já falei, mas ainda vou falar com o resto da turma." Disse Harry.
"Não vão conseguir. Não com as aulas do NIEM." disse Hermione.
"Angelina vinha para as aulas e estava no último ano. Isso não é desculpa." disse Rony. Hermione tira o olhar da janela e o encara.
"mas ela só fazia quatro matérias. O Harry vai fazer cinco e eu dez!"
"dez??!" disse Harry achando-se, naquele momento, o cara mais preguiçoso do mundo.
"Sim, mas ela era capitã do time de quadribol e ainda tinha que treinar direto! Você não joga no time" disse Rony.
"Ainda bem. Eu não vou ganhar nada jogando nisso. Prefiro assistir aula, onde estou aprendendo algo de útil." disse Hermione. Dessa vez Harry, Rony e Gina olham para Hermione com raiva. Harry sabia que ela só dizia essas coisas para responder Rony, mas mesmo assim não deixou de sentir um pingo de sinceridade naquelas palavras. Antes que as coisas piorassem, ele resolve intervir.
"olha, olha! Vai dar tempo suficiente pra gente, Rony. Hermione tá certa pra ela. Dez matérias é muita coisa e ela não vai ter tempo. Eu não vou obrigá-la a entrar nessas aulas..." dizia Harry.
"mesmo tendo sido idéia dela" resmungou Rony. Harry ignora e continua falando.
"... e como ela disse, o professor novo de Defesa não pode ser pior que Umbridge. Mas a gente vai poder fazer essas aulas. Neville também vai fazer quatro matérias..." dizia Harry.
"eu estou avisando que você não vai aguentar, Harry." disse Hermione.
"...bem, eu vou ver o que posso fazer..." - disse Harry - "ah, Rony, quarta feira vamos ter treino de seleção de novos jogadores.
"já? quem disse?" perguntou Rony.
"eu disse! E é pra você estar lá, não importa que aula tenha de tarde." disse Gina. Hermione apenas sorri e volta a olhar a janela.
"e desde quando você diz algo?" perguntou Rony, surpreso.
"Desde que eu fui escolhida para ser capitã pelo time."
"por qual time? sonserina? Não me disseram nada sobre escolher capitão!" E Rony olha para Harry, esperando defesa.
"a Katie disse que estava ótimo se fosse ela... e eu também não acho uma má idéia..." dizia Harry.
"E eu? Não importa o que eu acho?"
"Eles são maioria, Rony. Então não importa o que você acha." disse Gina, se divertindo.
"Então talvez eu não precise entrar no time também." disse Rony, cruzando os braços.
"esperem, esperem! Gina, eu estou começando a achar que não é uma boa idéia ter você de capitã. E Rony, você vai continuar no time sim, não tem pra que sair. Já temos jogadores de menos."
"Claro, agora vai defender o Rony, não é?" disse Gina.
"e você me dizia que não valia a pena ser capitão do time!" disse Rony, deixando Gina corada.
"eu só tava pensando que você ia ter muito trabalho esse ano!"
"bora parar de discussão! Vocês estão agindo como idiotas!" disse Harry, perdendo a paciência.
Eles ficam calados por um momento, deixando a cabine em silêncio. Luna que apenas olhava de um para outro, diz algo...
"no time da Corvinal, eles não brigam assim..."
"ótimo! Uma espiã!" disse Rony.
"Escutem! Se for pra ficar assim, por mim a Katie vira capitã e ela escolhe o resto do time inteiro. Até o apanhdor." disse Harry.
"Você está blefando! Nem que sua vida estivesse em jogo, você ia abandonar o time por livre e espontânea vontade!" disse Gina, que não estava muito segura.
"você acha?" disse Harry.
"acho!" disse Gina.
"que perda de tempo..." disse Hermione, ainda olhando pela janela.
"CHEGA!" - Harry acaba de perder a paciência por completo - "Rony, você quer ou não quer sua irmã como capitã? Katie não quer se candidatar e eu não quero. Se você não quiser sua irmã, vai ter que ser você!"
"er... eu..." - dizia Rony. Gina olhava triunfante para ele. - "está bem! Que seja ela. Mas eu não vou perder aula por causa de treino! Ela que procure um horário melhor pra fazer isso."
"Já está marcado e não posso mudar, Rony! Você vai ter que ir!"
"Gina, você quer ser capitã pra melhorar o time ou só pra mandar no seu irmão?" disse Harry.
"ahn? Claro que é pra melhorar o time!"
"então, você pode muito bem escolher um horário para treino que seja compatível com todo mundo. Esse primeiro não vai dar pra mudar, mas nos próximos você pode fazer isso, não pode?"
"er... sim, posso sim."
"Então pronto, Rony, o que custa perder a primeira aula?" disse Harry.
"Custa muito! Perder qualquer aula agora, custa muito!"
"Então vamos rezar pra que não tenha aula nesse horário. Eu acho que perder a primeira aula não mata ninguém e acho que perder um treino de seleção também não mata ninguém. Eu vou para o treino, mas se Rony não puder ir e não quiser ir, ele não vai e não vai fazer diferença nenhuma." disse Harry, com a cabeça fervendo. Todos ficam calados. Harry permanece em estado de alerta esperando alguma resposta, mas como ninguém diz nada, ele se acalma e encosta na cadeira. Mais uma vez, Bichento o encarava.
"adivinha quem vai ser o professor de defesa contra a arte das trevas..." disse Hermione, sem tirar o olhar da paisagem. A noite estava chegando e algumas estrelas já eram visíveis.
"você já sabe quem é?" disse Harry, mais calmo.
"aham! Vai ser Julius! Ele estava no caldeirão furado, falando com Dumbledore." disse Hermione com um sorriso de deboche no rosto. Todos se entreolham.
"Dumbledore esteve lá?" disse Rony
"quem é Julius?" disse Harry.
"meu Deus, aquele homem que estava na audiência, atrás de mim"
"o do manto? Da espada?" dizia Harry, fazendo força pra lembrar de quem ela tava falando.
"sim, esse mesmo!"
"ahh... ele parece bom..." disse Harry. Rony cutuca Harry com o cotovelo, perguntando quem era esse Julius.
"Você não entendeu, Harry" - e Hermione o encara - "Julius é membro da suprema corte e da sagrada tríade. Cavaleiro de Merlim, e sabe-se lá quantas medalhas ele já recebeu! Ele é apenas melhor que todos os aurores que conhecemos, juntos, e ele vai nos dar aula de defesa contra a arte das trevas! Percebe agora? As aulas vão ser de um nível altíssimo!"
"Isso é bom... não é?" dizia Harry.
"ah, Harry, você não entendeu mas vai entender quando as aulas começarem." disse Hermione.
"não liga Harry, ela só está stressada com todas as matérias que vai fazer" dizia Rony, rindo.
"EU NÃO ESTOU STRESSADA!" - gritou Hermione, assustando até Bichento que subiu no colo de Luna.
"você falou com ele? o que ele disse?" perguntou Harry.
"nada de mais... ele só disse que não gostava de Griffinórios, mas que isso não ia influenciar nas aulas..." disse Hermione.
"O que ele é? Sonserino?" disse Rony.
"sim, Einstein. Ele é Sonserino" disse Hermione, ironizando.
"Agora entendo por que está tão nervosa..." dizia Harry.
"EU NÃO ES..." - e Hermione abaixa o tom de voz - "...eu não estou nervosa por isso. Dumbledore confia nele e já percebi que ele gosta apenas de assustar as pessoas, mas ele não é mau."
"claro. Dumbledore é cheio de amizades esquisitas. Primeiro o Snape, agora esse Julius." dizia Rony.
"mas acontece, Ronald Weasley, que Julius nunca foi um comensal da morte e nunca foi contra trouxas" disse Hermione.
"Você perguntou isso a ele?" disse Rony. Hermione nada responde.
"e ele é pior que Snape? Como ele é?" dizia Harry.
"não, ele é até simpático quando você se acostuma com o jeito dele." - dizia Hermione. Rony tentava traduzir isso. - "e ele estava superpreocupado com o ocorrido naquela noite. E acho que também está preocupado quanto ao ataque na..." - e Hermione olha com o canto do olho pra Luna, que estava com o olhar vidrado nela. - "...casa"
"e o que ele descobriu?" disse Harry.
"nada de mais. Só que alguém invocou a criatura e que ela estava sendo controlada, mas não sabia quem foi. Só disse que com certeza não tinha sido Você-sabe-quem ou um dos comensais."
"e quanto à casa?" disse Rony.
"nada. Ninguém sabe nada. Algum novo membro traiu e todos estão sendo investigados."
"Eu não conhecia esse Julius. Ele é um novo membro?" disse Harry.
"é..." disse Hermione.
"Então foi ele! Sonserino que não gosta de Griffinórios e gosta de assustar pessoas! Só pode ter sido ele!" disse Rony.
"Não fala besteira, Ronald. Eu acredito mais que tenha sido o Snape, mas não quis dizer nada para não deixar Dumbledore nervoso. Ele confia muito no Snape e estava tão feliz e simpático naquela tarde... eu nunca vi o diretor assim, fora do colégio." dizia Hermione.
"Claro, Snape! Quem mais poderia ser? Por que não pensei antes?" dizia Rony.
"será que foi Snape quem fez aquilo com você?" - dizia Harry. - "pelo que você contou, Julius não falou de ex-comensais."
"pode ser... mas eu não mantive contato com Snape nas férias." disse Hermione.
"Talvez ele tenha deixado aquele bicho com você, antes das férias!" disse Harry.
"claro! Faz sentido! Dumbledore disse que não poderia saber se algum aluno saísse do colégio com algum bicho daqueles." disse Hermione.
"e se ele é ex-comensal, até faz sentido que ele tenha falado de Voldemort daquele jeito. E Snape também me odeia o suficiente pra querer me matar!" disse Harry.
"Parem de falar esse nome aqui! Vai atrair o Draco" disse Rony.
"é verdade... ele não apareceu até agora... onde será que está?" disse Harry.
"melhor não saber. Deixa ele longe daqui." disse Rony.
"Harry, se foi mesmo Snape, qual será a reação dele a partir de hoje?" disse Hermione.
"provavelmente igual ao de sempre. Ele não vai querer dar impressão de que foi culpado de algo." disse Harry.
"é melhor tomarmos cuidado... não acho que ele vá fazer alguma coisa dentro do colégio, mas fora de lá ele pode muito bem tentar algo..." disse Hermione.
Nisso, uma bomba de bosta explode no corredor do vagão. Eles só percebem quando começam a sentir o fedor. Hermione se levanta e abre a porta para ver o que aconteceu, mas foi pior pois o cheiro infestou o ambiente. Neville chegava na porta, completamente sujo e com um olhar assustado.
"eu não fiz nada, Hermione..." dizia Neville.
Após a devida bronca e um feitiço de limpeza, Neville senta-se entre Hermione e Luna. Eles seguem viagem falando sobre a tentativa frustrada de Dino em jogar uma bomba de bosta dentro da cabine de seis Sonserinos do terceiro ano e de como Fred e Jorge faziam falta.
Finalmente o trem chega à estação de Hogsmeade.
- Expresso para Hogwarts -
Era tarde de sexta feira e todos se dirigiam ao King Cross. Ainda ontem, Harry e Rony passaram na loja dos gêmeos durante a tarde para dar uma olhada, após terem comprado o material exigido pela escola. Ficaram por lá até a hora de fechar e se divertiram bastante com garotos desavisados que tocavam a campainha para perturbar, ou algumas bombinhas hilariantes que explodiam pela loja enquanto eram examinadas pelos clientes.
"temos que reforçá-las, ou teremos prejuízo" dizia Fred, mesmo estando se divertindo com aquilo.
Foi uma tarde agradável, especialmente para Dênis que estava superanimado com a presença de Harry. Ele o seguia por todo canto onde ia e sempre se demonstrava imensamente interessado em qualquer bobagem que Harry dizia. No começo, Harry estava se controlando para não perder a paciência mas depois acabou se acostumando e aprendeu a lidar com Dênis, fazendo-o agir normalmente. Ensinando-o feitiços simples e pedindo para que ele ficasse treinando, era uma forma de ocupar o tempo de Dênis. Ainda durante a tarde, os três garotos (Dênis havia sido dispensado esta tarde) se encontraram com Hermione e Gina, que carregavam uma infinidade de pacotes. Eles ofereceram ajuda e Rony se limitou a carregar os pacotes que sua irmã carregava, sem dizer uma palavra. Harry sabia que todos aqueles livros eram de Hermione, pois Gina iria usar os livros antigos de Rony. Os cinco terminaram as compras sem topar com qualquer outro conhecido e foram levar tudo para o Caldeirão Furado. Ali tinha pelo menos o dobro de livros que Harry comprou, mas Hermione não parecia muito preocupada. Ela também não falou muito durante as compras, limitando Harry a ensinar mais feitiços a Dênis e ouvir novidades sobre os alunos da turma de Gina. Aquele clima entre Rony e Hermione já estava começando a perturbar Harry, mas após o jantar eles ficaram separados. Harry e Rony em um quarto, Gina e Hermione em outro. Já de manhã, tudo parecia normal e Hermione até arriscava falar na presença de Rony que também não ficava mudo, mas eles ainda não dirigiam a palavra um ao outro. Todos seguiram de táxi até a estação de trem, para o desgosto dos motoristas. Pela cara deles, após a viagem, o preço não tinha sido suficiente para pagar o que eles tiveram que aturar. Apenas dois táxis levaram todo mundo. Em um, Harry, Rony, Lupin e a imensa gaiola de Edwiges balançando e rangendo, além dos pios esganiçados de Edwiges que estava imensamente insatisfeita desde manhã. Só durante a viagem é que Harry descobriu que a portinhola da gaiola estava meio torta, resultado da briga das três corujas no dia anterior e por causa disso Edwiges não parava de reclamar. Mas comparado ao táxi que ia na frente, esse era um paraíso. Onde estavam Molly, Hermione e Gina, também estavam píchi com sua saudável garganta e Bichento que antipaticamente arranhava qualquer estranho que tentasse passar a mão sobre sua cabeça. Ele tem agido assim desde que foi enfeitiçado por Hermione e o motorista do táxi pôde comprovar isso. Como se os animais não bastassem, a grande quantidade de livros e malas das garotas não couberam no porta malas do carro. Alguns vieram no táxi dos garotos e o restante foi no banco de trás, entre Hermione e Gina. Bichento foi no colo de Molly, aterrorizando o motorista a cada olhar semi-cerrado que dava quando o táxi parava em algum sinal.
Finalmente eles chegam na estação de trem e os motoristas agradecem muito felizes ao receberem o pagamento. Com certeza eles não estavam felizes pelo dinheiro, mas ingenuamente Molly não deixou de comentar como os trouxas eram gananciosos após os táxis terem ido embora rapidamente. Todos se dirigem à grande coluna entre as plataformas 9 e 10 e esperam a melhor hora de atravessar. Gina e Hermione foram as primeiras, empurrando os carrinhos com muitas malas e sacolas de livros. Harry e Rony foram logo depois e, em seguida, Molly e Lupin.
Chegando à plataforma 9 e 1/2, eles viram que estavam bem em cima da hora. O Trem vermelho já soltava grandes baforadas de fumaça negra e vários alunos se despediam de seus pais enquanto embarcavam.
"Boa sorte esse ano, querida" - dizia Molly, abraçando Gina. - "e vocês, boa sorte também"
"obrigada, senhora Weasley" disse Hermione.
"Não se esqueçam de me escrever!" dizia Molly.
"Tenham um bom ano letivo e qualquer coisa, nos avisem" disse Lupin.
"obrigado" disse Rony.
Harry olha de relance por todo o local que estava começando a ficar vago e viu alguém conhecido longe dali, quase no meio do trem. Pelas vestes imponentes, rosto fino e cabeleira loira, ele reconheceu logo quem era. Mas também se surpreendeu ao ver a pessoa que estava com ele. Era Narcisa, mãe de Draco. Aparentemente ela limpava os ombros da roupa de Draco e dizia algo para ele. Era a segunda vez que Harry via a mãe de Draco e imaginava que tipo de pessoa era ela. Ao contrário da primeira vez que a viu, Harry tinha a impressão que ela carregava um belo sorriso melancólico no rosto enquanto se despedia do filho. Draco continuava com o seu sorrisinho convencido irritante de sempre. Ele se vira e entra no trem.
"Harry! Acorde ou vai perder o trem!" disse Lupin. Todos já haviam entrado e Harry estava lá, parado.
O sorriso de Narcisa desaparece do rosto assim que o filho entra no trem e ela volta a empunhar uma expressão de quem sente um estranho fedor logo embaixo do nariz. Ao virar-se para ir embora, seu olhar cruza com o de Harry mas ele estava tão longe que não poderia garantir com certeza que ela tinha reconhecido o garoto.
"Harry! Harry!" dizia Molly, cutucando o ombro de Harry.
"Ahn?"
"o trem! Está saindo!"
"ah, sim! Obrigado, senhora Weasley! Tchau Lupin!" disse Harry, correndo para o trem e levando todas suas coisas.
"Boa sorte" disse Molly.
"Se cuida!" disse Lupin, acenando para Harry enquanto entrava. O trem começa a andar lentamente e ganha velocidade, indo embora da estação e deixando dezenas de pais orgulhosos por seus filhos estudarem em uma escola como Hogwarts.
"Será que ele está bem? Será que comeu direito?" dizia Molly.
"Claro. Ele sabe se cuidar... bem, tem o Rony e Hermione pra cuidarem dele..." dizia Lupin.
"e até a Gina..."
....
Já com o trem andando, Harry procurava a sala onde seus amigos tinham guardado as malas. Seguindo o longo corredor, olhando dentro de cada porta, apenas na última é que ele encontra Gina sozinha na cabine.
"Ufa! Achei que você tinha sumido! Vi a hora de ter que viajar com aquela..." - dizia Harry, entrando na cabine. Ao entrar, ele vê no banco em frente a Gina, Luna Lovegood. - "...aquela Pansy..." - Foi o primeiro nome que Harry pensou dizer, para substituir o de Luna.
Luna parecia imutável. Assim como no ano anterior, ela estava lendo o The Quibbler só que dessa vez a revista não estava de cabeça pra baixo. Ela levanta seu arredondado olhar e fita Harry em silêncio.
"Oi Luna!" - disse Harry, procurando desviar o olhar para o compartimento superior onde iria colocar a mala.
"Você fez aniversário!" disse Luna, repentinamente.
"é... eu sei... obrigado pela carta..." dizia Harry, enquanto guardava a mala.
"Você não recebeu o presente!" afirmou Luna.
"n-não, eu recebi sim! A pena! Está na minha mala!" dizia Harry, começando a ficar assustado.
"..." e Luna volta a fitar a revista, erguendo-a e cobrindo o rosto. Gina passava a mão pelo pescoço e olhava para a cima como se tivesse sido subitamente acometida por uma coceira, mas na verdade estava tentando segurar o riso.
Harry senta ao lado de Gina e expira profundamente, cansado por carregar todo aquele peso. Olhando para o banco bem na sua frente, ele vê Bichento encarando-o fixamente e permanece naquela posição por alguns segundos. A coceira de Gina parecia ter piorado, pois ela descia a mão pelos ombros. O gato, cansado desse jogo, dá uma volta e meia em torno de si mesmo, e deita-se de costas para Harry.
"onde está Neville?" perguntou Harry para quebrar o silêncio, ainda olhando o gato como se este fosse fazer algum movimento traiçoeiro.
"Ainda não chegou. Mas acho que vai chegar a qualquer momento." disse Gina, que parecia estar curada de sua sarna temporária.
"é... também acho que vai chegar...." dizia Harry, tentando prolongar a conversa que estava fadada a morrer ali mesmo.
Como que milagrosamente, Neville Longbottom aparece na porta com seu redondo rosto brilhante, carregando duas pesadas malas nas mãos e seu sapo de estimação no ombro. Harry levanta-se imediatamente, pronto para ajudá-lo. Não queria ficar ali sozinho com aquelas duas, sem dizer nada durante horas.
"Neville! Deixa eu ajudar!" - dizia Harry, agarrando uma das malas sem esperar a resposta do amigo.
"ufa! Obrigado Harry! Olá, como vão?" dizia Neville, aliviado do peso e acenando para as duas.
"Oi Neville." disse Gina, enquanto Harry empurrava a mala de Neville no compartimento superior e pegava outra.
"Não sente no gato!" disse Luna, sem tirar a concentração da revista. Neville pára por um instante para tentar digerir aquelas palavras, mas só entende o que ela está falando quando vê Bichento acomodado na cadeira.
"Aqui, sente perto da janela" disse Harry, mais gentil que o normal enquanto colocava a outra mala em cima.
"Obrigado. Ufa! Esse ano promete!" dizia Longbottom, acomodando-se e colocando Trevor no colo.
"É... já percebi isso..." - dizia Harry - "Não entendo como os alunos sobrevivem ao sexto ano. Quantos livros!"
"eu tenho que sobreviver, para depois minha avó me matar. Ela me fez jurar que eu ia me dar bem em todas as matérias, senão ela jogaria todas as fadas mordentes no meu quarto. É que os livros são muito caros e ela fez questão de comprar todos." dizia Longbottom, levando seu rosto de encontro ao refrescante vento da janela.
"quantas matérias você vai fazer, Neville?" - perguntou Harry.
"quatro. Herbologia, defesa contra arte das trevas, feitiços e trato com criaturas mágicas. E você?"
"eu preciso fazer cinco. Transfiguração, poções, feitiços, trato e defesa."
"Você vai fazer poções com Snape?? boa sorte!" disse Longbottom, num tom assustador.
"Mas sempre fizemos. Não pode ser muito pior" disse Harry, apreensivo.
"Ah, pode sim. Éramos crianças inocentes que não podíamos ver a cruel realidade naquela época, mas agora somos alunos do sexto ano." - disse Neville, chamando a atenção de Gina e Luna que até abaixou um pouco a revista para olhar. Elas não ficaram muito contentes com o comentário. - "Não ficaria surpreso se soubesse que Snape tortura os alunos que não tiram nota máxima nas aulas dele. Ele deve de concentrar toda sua energia nos cinco primeiros anos para descarregá-la completamente nos dois últimos."
"por favor, não diga mais nada. Não tenho outra opção a não ser fazer poções." dizia Harry, imaginando que ele e Hermione seriam os únicos alunos da Griffinória na turma de Poções.
"Estou dizendo isso porque sou seu amigo. Mas já que mencionou, por que não pode escolher outras matérias? Suas notas foram ruins?" disse Longbottom.
"er... foram boas, mas a professora Minerva me disse que se eu quisesse ser auror, era importante estudar poções..." dizia Harry, evitando falar das notas.
"que tristeza..." lamentava Neville, balançando a cabeça negativamente como se tivesse perdido um amigo.
"e você? Que carreira escolheu?"
"ah..." - Neville passa a mão pelo cabelo - "acho que quero cuidar de grandes plantações. Eu gosto de ver todas essas plantas germinando e crescendo."
"sem contar que são principais fontes de matéria prima pra poções. O que seria de Snape sem as plantas da professora Sprout?" dizia Harry. Um esperançoso e brilhante sorriso brota do rosto rosado de Neville.
"é verdade! Obrigado Harry! Agora tenho mais motivação! Queria que chegasse o dia em que Snape viria até mim e pediria educadamente para que eu emprestasse algumas mandrágoras... aí eu recusaria"
"hehehe" - Harry imaginava que isso nunca aconteceria pois Neville provavelmente mandaria outra pessoa se encontrar com Snape.
"bem... e como esse trabalho é rural, é importante que eu aprenda a lidar com criaturas mágicas..."
"Claro. Você não iria querer ver toda sua plantação devorada por lesmas..."
"feitiços é importante pra todo mundo... acho que vai ser a maior turma de NIEM."
"Transfiguração também." dizia Harry.
"mas ainda assim é meio específico... feitiços é bem mais geral. E defesa, eu vou fazer porque..." - E longbottom dá uma pausa.
"entendo. é importante também." dizia Harry.
"sim..." - disse Neville - "por falar nisso, e as suas aulas Harry? Agora vai ser bem mais fácil sem aquela Umbridge por perto."
"ah, as aulas... sei lá, viu... pelo que vi, a gente não vai ter muito tempo. Mas, se o resto da turma estiver disposto, eu me esforço pra arranjar um tempo livre."
"por mim, a hora que vocês quiserem! Estava adorando essas aulas extras, desde que não atrapalhe os treinos de quadribol" disse Gina, imediatamente. Ela agora iria tentar jogar na vaga de artilheira.
Luna abaixa a revista e ergue a cabeça de um jeito como se estivesse tentando olhar pela parte de baixo dos óculos, fitando um ponto entre o ombro de Harry e a orelha de Gina. Os três olham em sua direção esperando ela dizer algo, mas, completamente muda, Luna olha para a revista em seu colo e continua lendo.
"Er... Luna, o que você acha?" disse Harry.
Luna repete seu movimento anterior, mas dessa vez olha diretamente para Harry. Ele poderia jurar que ela não piscou os olhos desde que ele pisou naquela cabine.
"acha de que?" disse Luna.
"das aulas de defesa contra arte das trevas, do Harry." disse Gina.
"...são boas..." disse Luna ainda fitando Harry, quando ia voltar sua atenção à revista. Gina insiste...
"hehe, não Luna! O que você acha de continuar as aulas agora, no quinto ano? Não vai estar ocupada demais?" dizia Gina.
"Harry preparava as aulas quando estava no quinto, não era? Eu posso somente assistir as aulas, estando no quinto." disse Luna, completa de razão e fazendo todos ficarem em silêncio. Ela volta a ler a revista. Neville viu que era algo parecido com um questionário, mas ele não quis prestar atenção no que estava escrito pois não sabia se essa revista era motivo de Luna ser daquele 'jeito'.
"Acho que Mione e Rony também vão continuar nas aulas. Não sei quanto aos outros, mas só vocês já está ótimo. Então está decidido! As aulas vão continuar!" disse Harry, com um sorriso orgulhoso no rosto.
Gina e Neville também sorriem.
"mas antes eu tenho que avisar aos outros, pode ser que mais alguém queira continuar. Vocês ainda têm aquelas moedas que a Mione fez?" disse Harry.
"sim!" responderam Neville e Gina em uníssono. Luna se limitou a dizer "hum hum" e Harry entendeu isso como um sim.
"que bom. Então a gente pode continuar usando elas..." dizia Harry, olhando a paisagem pela janela.
"ah, Harry, e quanto ao time de quadribol?" disse Gina.
"que tem?" Harry abandona a paisagem para olhar Gina. Falar sobre quadribol era imensamente interessante para ele.
"que tem?!? Não tem! Não tem artilheiro, não tem batedor, não tem capitão! Alicia e Angelina não estudam mais em Hogwarts e Andrew Kirke e Jack Sloper me disseram que não queriam continuar como batedores. Eles acharam que era cansativo demais... vê se pode!" dizia Gina num tom de indignação.
"é mesmo! Então temos que renovar quase o time inteiro! E quem vai ser o capitão?" disse Harry.
"eu não sei... só sei que Katie disse que não queria saber de ser capitã."
"por que?"
"e eu sei lá!? O Rony não tem moral pra ser capitão em canto nenhum..." dizia Gina, fazendo tranças no cabelo.
"não fala assim dele... ele foi muito bem ano passado..."
"mesmo assim, ele continua sem moral. E não quero ele mandando em mim. Já basta ele tentar isso em casa..."
"Se esse é o único motivo, então não é motivo suficiente pra ele não ser capitão. Sinto muito." disse Harry.
"humpf... então pergunta pra ele se ele quer. Garanto que vai dizer não"
"bem... então, se não for ele, sobrou pra mim. Mas não sei se vou ser um bom capitão"
"Por que sobrou pra você? Esqueceu de mim?" disse Gina, largando a trança.
"ah sim, você... er, e você quer?"
"claro que quero. É até melhor. Ficar escolhendo gente dos últimos anos só obriga o time a mudar de capitão direto."
"Então, tá bom. Por mim, pode ser você. Mas a gente tem que falar com o resto do time..." disse Harry, surpreso.
"Eu já falei com Katie e ela concordou. Se Rony não quiser, vão ser três contra um." falou Gina, com convicção de que ganhou o debate.
"o que deu nela?" sussurrou Neville.
"está bem! Você é a capitã do time! Você vai precisar falar com a professora Minerva pra marcar o treino de seleção dos novos jogadores"
"eu sei, eu sei! Eu já falei antes das férias. Vai ser na quarta feira que vem." disse Gina, meio impaciente.
"er... tá legal..." disse Harry.
"e você vai estar lá! você e o Rony, não interessa se tem aula. Eu não sei o horário das minhas e já marquei o treino." disse Gina.
"sim senhora!" - dizia Harry. Neville apenas olhava dando graças a Deus por nunca ter pensado em jogar no time.
Nessa hora, Dino surge na porta. Ele tinha uma aparência melancólica e solitária. Ele sentia falta de Fred e Jorge e suas brincadeiras.
"oi Harry! Oi Neville! Oi Gininha! oi... você!" - disse Dino, acenando a todos - "Neville, precisamos falar com você! É urgente!"
Neville coloca o sapo no ombro e levanta, saindo da cabine. Harry mais uma vez se via sozinho com aquelas duas.
"o que será que houve?" disse Harry.
"deve ser bobagem..." disse Gina, de braços cruzados e encostada na cadeira.
"é... deve ser..." disse Harry mais uma vez tentando prolongar a conversa que estava fadada a morrer ali mesmo. Agora não ocorreria milagre nenhum. Harry se aproxima da janela e volta a encarar a paisagem, pensando nesse ano letivo. Não estava tão preocupado com as matérias, exceto Poções, não porque estava confiante, mas sim porque ele não tinha idéia de como iriam ser. Apenas ouvia os comentários pessimistas de Rony e Neville, mas todo ano era assim. Por que esse ano tinha que ser pior que os outros? Depois Harry pensou no time de quadribol e no torneio inter casas. O que será que Draco iria fazer esse ano para atrapalhá-los? E Snape? Sem muitos alunos da Griffinória, quantos pontos ele iria tirar de Harry? 50 por aula, talvez. Depois Harry pensou na ordem e na destruição do quartel. Lupin disse que não sabia quem tinha sido, mas Harry poderia jurar que foi a mesma pessoa quem controlou Hermione. Se não tinha sido Voldemort, quem teria sido? E por que queria matar Harry usando Hermione, que não tinha força suficiente pra usar aquela magia? Talvez só quisesse assustá-lo. Talvez tenha sido a mesma pessoa quem mandou aquela carta estranha chamando Harry de herdeiro de Slytherin. Harry também pensou nos resultados dos NOM´s e estava em dúvidas se deveria dizer algo para o diretor. Se ele pedisse uma recontagem de pontos, com certeza estava admitindo que não mereceu impressionante em todas as matérias. Ninguém iria pedir recontagem nessas condições. E se as notas dele não fossem suficientes pra ser auror, Harry teria que fazer os testes novamente. Por outro lado, esse tipo de erro nas notas era muito estranho. Poderia criar problemas sérios no futuro se algum dia descobrissem uma fraude e Harry seria culpado por não ter avisado nada. Foi Hermione quem disse isso a Harry. Ele não falou nada para Rony, mas havia se encontrado com Hermione na noite da briga entre ela e Rony para falar sobre isso.
"é... eu vou falar com Dumbledore" disse Harry para si mesmo, ainda olhando a paisagem.
"o que?" disse Gina.
"ahn? nada não..." disse Harry voltando a ficar em silêncio. Gina olha para Luna que havia acabado de responder o questionário na revista e agora estava lendo uma matéria sobre fantasmas que alegavam terem vindo do futuro.
"garoto estranho..." disse Luna. Harry fica levemente corado, mas finge não ter escutado apesar de Luna não ter feito esforço para falar em voz baixa.
Após um tempo, Harry continuava olhando a paisagem enquanto Luna e Gina conversavam algo que ele não prestava atenção. Então, Rony chega na porta e entra direto, sentando entre Gina e Harry. Elas o ignoram e continuam conversando.
"olá." disse Rony.
"ah, oi." - disse Harry, sendo tirado de seus pensamentos. - "como foi? muito trabalho?"
"o de sempre. senhas, procedimentos de emergência, bla bla bla bla" dizia Rony aparentemente irritado e entediado.
"nossa, não parecia tão ruim assim no ano passado." disse Harry.
"não é isso. Acontece que..." dizia Rony, quando Hermione chega na porta. Ele se cala e Hermione entra, acordando e afastando Bichento para o lado contra sua vontade. Ela fecha a porta e senta entre Bichento e a janela, olhando a paisagem. Ela também não estava com uma cara muito boa e Harry percebeu logo que eles brigaram mais uma vez.
"ahn... foi bom terem chegado agora. É sobre as aulas extras de defesa contra a arte das trevas..." disse Harry.
"ah Harry, esse ano não dá. É muita coisa pra fazer e não vai precisar. Vamos ter um professor bom, provavelmente." disse Hermione rispidamente, sem tirar o olhar da paisagem. Harry fica decepcionado e surpreso.
"Harry, vamos continuar só a gente então. Eu estou ansioso pelas aulas!" disse Rony de um jeito que não dava para saber se ele dizia a verdade ou se estava apenas contrariando Hermione. Talvez as duas coisas...
"er... tem eu, você, Gina, Luna e Neville. Até agora são os únicos que querem continuar as aulas com quem eu já falei, mas ainda vou falar com o resto da turma." Disse Harry.
"Não vão conseguir. Não com as aulas do NIEM." disse Hermione.
"Angelina vinha para as aulas e estava no último ano. Isso não é desculpa." disse Rony. Hermione tira o olhar da janela e o encara.
"mas ela só fazia quatro matérias. O Harry vai fazer cinco e eu dez!"
"dez??!" disse Harry achando-se, naquele momento, o cara mais preguiçoso do mundo.
"Sim, mas ela era capitã do time de quadribol e ainda tinha que treinar direto! Você não joga no time" disse Rony.
"Ainda bem. Eu não vou ganhar nada jogando nisso. Prefiro assistir aula, onde estou aprendendo algo de útil." disse Hermione. Dessa vez Harry, Rony e Gina olham para Hermione com raiva. Harry sabia que ela só dizia essas coisas para responder Rony, mas mesmo assim não deixou de sentir um pingo de sinceridade naquelas palavras. Antes que as coisas piorassem, ele resolve intervir.
"olha, olha! Vai dar tempo suficiente pra gente, Rony. Hermione tá certa pra ela. Dez matérias é muita coisa e ela não vai ter tempo. Eu não vou obrigá-la a entrar nessas aulas..." dizia Harry.
"mesmo tendo sido idéia dela" resmungou Rony. Harry ignora e continua falando.
"... e como ela disse, o professor novo de Defesa não pode ser pior que Umbridge. Mas a gente vai poder fazer essas aulas. Neville também vai fazer quatro matérias..." dizia Harry.
"eu estou avisando que você não vai aguentar, Harry." disse Hermione.
"...bem, eu vou ver o que posso fazer..." - disse Harry - "ah, Rony, quarta feira vamos ter treino de seleção de novos jogadores.
"já? quem disse?" perguntou Rony.
"eu disse! E é pra você estar lá, não importa que aula tenha de tarde." disse Gina. Hermione apenas sorri e volta a olhar a janela.
"e desde quando você diz algo?" perguntou Rony, surpreso.
"Desde que eu fui escolhida para ser capitã pelo time."
"por qual time? sonserina? Não me disseram nada sobre escolher capitão!" E Rony olha para Harry, esperando defesa.
"a Katie disse que estava ótimo se fosse ela... e eu também não acho uma má idéia..." dizia Harry.
"E eu? Não importa o que eu acho?"
"Eles são maioria, Rony. Então não importa o que você acha." disse Gina, se divertindo.
"Então talvez eu não precise entrar no time também." disse Rony, cruzando os braços.
"esperem, esperem! Gina, eu estou começando a achar que não é uma boa idéia ter você de capitã. E Rony, você vai continuar no time sim, não tem pra que sair. Já temos jogadores de menos."
"Claro, agora vai defender o Rony, não é?" disse Gina.
"e você me dizia que não valia a pena ser capitão do time!" disse Rony, deixando Gina corada.
"eu só tava pensando que você ia ter muito trabalho esse ano!"
"bora parar de discussão! Vocês estão agindo como idiotas!" disse Harry, perdendo a paciência.
Eles ficam calados por um momento, deixando a cabine em silêncio. Luna que apenas olhava de um para outro, diz algo...
"no time da Corvinal, eles não brigam assim..."
"ótimo! Uma espiã!" disse Rony.
"Escutem! Se for pra ficar assim, por mim a Katie vira capitã e ela escolhe o resto do time inteiro. Até o apanhdor." disse Harry.
"Você está blefando! Nem que sua vida estivesse em jogo, você ia abandonar o time por livre e espontânea vontade!" disse Gina, que não estava muito segura.
"você acha?" disse Harry.
"acho!" disse Gina.
"que perda de tempo..." disse Hermione, ainda olhando pela janela.
"CHEGA!" - Harry acaba de perder a paciência por completo - "Rony, você quer ou não quer sua irmã como capitã? Katie não quer se candidatar e eu não quero. Se você não quiser sua irmã, vai ter que ser você!"
"er... eu..." - dizia Rony. Gina olhava triunfante para ele. - "está bem! Que seja ela. Mas eu não vou perder aula por causa de treino! Ela que procure um horário melhor pra fazer isso."
"Já está marcado e não posso mudar, Rony! Você vai ter que ir!"
"Gina, você quer ser capitã pra melhorar o time ou só pra mandar no seu irmão?" disse Harry.
"ahn? Claro que é pra melhorar o time!"
"então, você pode muito bem escolher um horário para treino que seja compatível com todo mundo. Esse primeiro não vai dar pra mudar, mas nos próximos você pode fazer isso, não pode?"
"er... sim, posso sim."
"Então pronto, Rony, o que custa perder a primeira aula?" disse Harry.
"Custa muito! Perder qualquer aula agora, custa muito!"
"Então vamos rezar pra que não tenha aula nesse horário. Eu acho que perder a primeira aula não mata ninguém e acho que perder um treino de seleção também não mata ninguém. Eu vou para o treino, mas se Rony não puder ir e não quiser ir, ele não vai e não vai fazer diferença nenhuma." disse Harry, com a cabeça fervendo. Todos ficam calados. Harry permanece em estado de alerta esperando alguma resposta, mas como ninguém diz nada, ele se acalma e encosta na cadeira. Mais uma vez, Bichento o encarava.
"adivinha quem vai ser o professor de defesa contra a arte das trevas..." disse Hermione, sem tirar o olhar da paisagem. A noite estava chegando e algumas estrelas já eram visíveis.
"você já sabe quem é?" disse Harry, mais calmo.
"aham! Vai ser Julius! Ele estava no caldeirão furado, falando com Dumbledore." disse Hermione com um sorriso de deboche no rosto. Todos se entreolham.
"Dumbledore esteve lá?" disse Rony
"quem é Julius?" disse Harry.
"meu Deus, aquele homem que estava na audiência, atrás de mim"
"o do manto? Da espada?" dizia Harry, fazendo força pra lembrar de quem ela tava falando.
"sim, esse mesmo!"
"ahh... ele parece bom..." disse Harry. Rony cutuca Harry com o cotovelo, perguntando quem era esse Julius.
"Você não entendeu, Harry" - e Hermione o encara - "Julius é membro da suprema corte e da sagrada tríade. Cavaleiro de Merlim, e sabe-se lá quantas medalhas ele já recebeu! Ele é apenas melhor que todos os aurores que conhecemos, juntos, e ele vai nos dar aula de defesa contra a arte das trevas! Percebe agora? As aulas vão ser de um nível altíssimo!"
"Isso é bom... não é?" dizia Harry.
"ah, Harry, você não entendeu mas vai entender quando as aulas começarem." disse Hermione.
"não liga Harry, ela só está stressada com todas as matérias que vai fazer" dizia Rony, rindo.
"EU NÃO ESTOU STRESSADA!" - gritou Hermione, assustando até Bichento que subiu no colo de Luna.
"você falou com ele? o que ele disse?" perguntou Harry.
"nada de mais... ele só disse que não gostava de Griffinórios, mas que isso não ia influenciar nas aulas..." disse Hermione.
"O que ele é? Sonserino?" disse Rony.
"sim, Einstein. Ele é Sonserino" disse Hermione, ironizando.
"Agora entendo por que está tão nervosa..." dizia Harry.
"EU NÃO ES..." - e Hermione abaixa o tom de voz - "...eu não estou nervosa por isso. Dumbledore confia nele e já percebi que ele gosta apenas de assustar as pessoas, mas ele não é mau."
"claro. Dumbledore é cheio de amizades esquisitas. Primeiro o Snape, agora esse Julius." dizia Rony.
"mas acontece, Ronald Weasley, que Julius nunca foi um comensal da morte e nunca foi contra trouxas" disse Hermione.
"Você perguntou isso a ele?" disse Rony. Hermione nada responde.
"e ele é pior que Snape? Como ele é?" dizia Harry.
"não, ele é até simpático quando você se acostuma com o jeito dele." - dizia Hermione. Rony tentava traduzir isso. - "e ele estava superpreocupado com o ocorrido naquela noite. E acho que também está preocupado quanto ao ataque na..." - e Hermione olha com o canto do olho pra Luna, que estava com o olhar vidrado nela. - "...casa"
"e o que ele descobriu?" disse Harry.
"nada de mais. Só que alguém invocou a criatura e que ela estava sendo controlada, mas não sabia quem foi. Só disse que com certeza não tinha sido Você-sabe-quem ou um dos comensais."
"e quanto à casa?" disse Rony.
"nada. Ninguém sabe nada. Algum novo membro traiu e todos estão sendo investigados."
"Eu não conhecia esse Julius. Ele é um novo membro?" disse Harry.
"é..." disse Hermione.
"Então foi ele! Sonserino que não gosta de Griffinórios e gosta de assustar pessoas! Só pode ter sido ele!" disse Rony.
"Não fala besteira, Ronald. Eu acredito mais que tenha sido o Snape, mas não quis dizer nada para não deixar Dumbledore nervoso. Ele confia muito no Snape e estava tão feliz e simpático naquela tarde... eu nunca vi o diretor assim, fora do colégio." dizia Hermione.
"Claro, Snape! Quem mais poderia ser? Por que não pensei antes?" dizia Rony.
"será que foi Snape quem fez aquilo com você?" - dizia Harry. - "pelo que você contou, Julius não falou de ex-comensais."
"pode ser... mas eu não mantive contato com Snape nas férias." disse Hermione.
"Talvez ele tenha deixado aquele bicho com você, antes das férias!" disse Harry.
"claro! Faz sentido! Dumbledore disse que não poderia saber se algum aluno saísse do colégio com algum bicho daqueles." disse Hermione.
"e se ele é ex-comensal, até faz sentido que ele tenha falado de Voldemort daquele jeito. E Snape também me odeia o suficiente pra querer me matar!" disse Harry.
"Parem de falar esse nome aqui! Vai atrair o Draco" disse Rony.
"é verdade... ele não apareceu até agora... onde será que está?" disse Harry.
"melhor não saber. Deixa ele longe daqui." disse Rony.
"Harry, se foi mesmo Snape, qual será a reação dele a partir de hoje?" disse Hermione.
"provavelmente igual ao de sempre. Ele não vai querer dar impressão de que foi culpado de algo." disse Harry.
"é melhor tomarmos cuidado... não acho que ele vá fazer alguma coisa dentro do colégio, mas fora de lá ele pode muito bem tentar algo..." disse Hermione.
Nisso, uma bomba de bosta explode no corredor do vagão. Eles só percebem quando começam a sentir o fedor. Hermione se levanta e abre a porta para ver o que aconteceu, mas foi pior pois o cheiro infestou o ambiente. Neville chegava na porta, completamente sujo e com um olhar assustado.
"eu não fiz nada, Hermione..." dizia Neville.
Após a devida bronca e um feitiço de limpeza, Neville senta-se entre Hermione e Luna. Eles seguem viagem falando sobre a tentativa frustrada de Dino em jogar uma bomba de bosta dentro da cabine de seis Sonserinos do terceiro ano e de como Fred e Jorge faziam falta.
Finalmente o trem chega à estação de Hogsmeade.
