Capítulo 9
- Um turbulento começo -
Os alunos novatos são guiados pelos corredores de Hogwarts, cada um para seu devido salão comunal. A balbúrdia era generalizada enquanto os monitores tentavam acalmar a todos e estabelecer o silêncio, dizendo que não tinha nada com o que se preocuparem.
"ATENÇÃO, VOCÊS AÍ NO FUNDO!" gritava Hermione, tentando ser ouvida pelos garotos que estavam mais atrás.
"Sonorus..." disse Rony, apontando sua varinha no pescoço de Hermione.
"ANTEÇÃO VOCÊS AÍ NO FUNDO!" repetiu Hermione, fazendo sua voz ecoar fortemente pelo corredor em frente ao quadro da mulher gorda. Todos se assustam e se calam.
"essa não é a senha. Sem senha, sem entr..." dizia a mulher gorda no quadro.
"NÃO, NÃO,..." - Hermione pára e usa o feitiço quietus para retornar sua voz ao normal - "desculpe, a senha é: Omelete de queijo"
"Senha correta" e a mulher gorda faz uma reverência enquanto o quadro gira e dá passagem aos alunos impressionados com o salão comunal.
Todos os novatos entram boquiabertos e os veteranos dirigem-se direto para seus aposentos.
"Essas escadas levam ao dormitório masculino! Essas outras ao feminino! Suas coisas já estão ao lado de suas camas!" explicava Hermione, enquanto Rony olhava ansiosamente a entrada. Então, Harry chega ao salão em silêncio e testa franzida, pisando firme.
"Harry! O que houve? Como ele está?" disse Rony, correndo até o amigo e deixando Hermione com os novatos.
"Nada! Não aconteceu nada de mais! Nada que não devemos nos preocupar!" disse Harry, rispidamente.
"Como nada?" e Rony dá um olhar surpreso para Harry.
"Eu sei! Claro que aconteceu algo, mas você acha que eles vão dizer? Claro que não!" Harry larga-se no sofá, olhando para o teto.
"você o viu?"
"não, eu não o vi! Só vi a professora McGonagall e ela disse que estava tudo bem!"
"Harry" - Hermione chegava - "o que houve?"
Harry dá um longo suspiro de cansaço e responde pacamente - "não me disseram"
"não era coisa boa. Com certeza que não era, ainda mais para alguém na idade dele" disse Rony, sentando-se no sofá.
"e os professores pareceram bastante preocupados. O Senhor chapéu também estava. Será que ele já sabia de algo?" dizia Hermione, sentando-se entre os dois.
"Acho que não. Se eles soubessem de algo, diriam para a gente."
"HÁ HÁ" - Rony e Hermione olham para o sorriso de deboche de Harry - "Vocês acham?"
"bem... se fosse algo REALMENTE importante..." dizia Hermione, dando ênfase ao realmente.
"não importa. Amanhã eu vou na enfermaria e se ele não estiver lá, eu vou na sala da enfermeira saber o que houve." disse Rony.
"deixa eu adivinhar..." e Harry pigarreia igual a Rony quando vai recitar algum feitiço - "o senhor Dumbledore está melhor, querido. Só estava cansado." - dizia Harry, tentando imitar madame Pomfrey.
"Harry. Se for algo realmente grave, eles não vão poder esconder isso do colégio inteiro." disse Hermione.
"Se for algo realmente grave, eles vão esconder até quando der para esconder. Mas eu sei com quem falar para saber o que está havendo. Com certeza eles não irão mentir." dizia Harry.
"Você tá falando de Julius? É louco? Um Malfoy não vai mentir?" disse Rony.
"Eu não estou falando dele. Estou falando dos outros dois."
"por que eles seriam diferentes?" disse Rony, levantando o tom de voz como se estivesse surpreso.
"Rony, você não conhece ele. Não o julgue pelo sobrenome" disse Hermione.
"Nada que venha daquela família pode ser coisa boa, Mione."
"Eu sei, Rony, mas... mas..." - Hermione tentava arrumar algum argumento - "VOCÊS, O QUE ESTÃO OLHANDO?!" - Hermione berra para três novatos que pareciam estar escutando a conversa. Eles sobem as escadas correndo.
"olha, eu sei que posso confiar neles." disse Harry, pondo-se de pé.
"como sabe?" disse Rony.
"Eu sei, ok? Vou dormir. Amanhã vou acordar cedo pra falar com eles..." disse Harry, indo para as escadas sem se despedir.
"eu também vou dormir, mas amanhã eu vou falar com a enfermeira. Boa noite Mione." disse Rony, se levantando e seguindo o amigo.
"boa noite..." Respondeu Hermione, ainda pensando no argumento que lhe faltou antes. Ela então percebe que o salão ainda está meio cheio e se levanta, tentando pôr ordem, mandando todos irem dormir.
No dormitório masculino, Harry sentava em sua cama e abria o malão, revirando-o bruscamente. Rony chegava em seguida e abria a sua mala, para arrumar as coisas.
"Harry, isso tudo foi muito derepente. Garanto que amanhã, a professora ou até o próprio diretor vai explicar tudo." dizia Rony, tentando acalmar o amigo.
"eu sei..." - Harry estava agora mais calmo - "você pode estar certo, mas é incrível! A professora falou comigo como se eu estivesse no segundo ano."
"O que ela disse, Harry?" perguntou Neville, que estava terminando de arrumar suas coisas.
"que não era nada pra eu me preocupar e depois me mandou dormir" resmungou Harry, tirando um vaso vazio e um saco de plástico de dentro da mala. Ele abre o saco e despeja no vaso um monte de terra.
"o diretor parecia tão bem durante o jantar" dizia Neville, prestando atenção no que Harry fazia.
"é..." e Harry tira uma caixa, abrindo-a e pegando as sementes de Landárias. Ele coloca na terra e usa sua varinha pra deixar a terra úmida.
Cada um termina de arrumar suas coisas e dormem, mas Harry precisou da ajuda do presente de Dumbledore para dormir esta noite.
Após uma noite de sono não muito tranquila, Harry acorda e vê que dormiu um pouco mais do que devia, pois muitos alunos já haviam acordado. Ele rapidamente se levanta e guarda o dodecaedro no criado mudo ao lado de sua cama, indo se arrumar para o café. Isso se ainda tivesse sobrado algum café. Ele chega correndo no grande salão a tempo de ver Hermione levantando e pegando um pesado livro que estava ao seu lado na mesa.
"Bom dia!" disse Harry, ofegante. Ele senta e olha em volta, vendo o que sobrou do café.
"Bom dia Harry. Dormiu muito, não foi?" Hermione estava bem humorada como quase sempre estivera nos primeiros dias do ano letivo. Vendo o olhar curioso que Harry empunhava em sua direção, ela tira o exemplar do profeta diário de dentro do grande livro e entrega para Harry, que vê logo na primeira página em letras garrafais "Um turbulento começo". A foto do grande salão repleto de alunos e do diretor discursando parecia estática, mas todos os alunos realizavam pequenos movimentos e o diretor balançava suas mãos como se o discurso tivesse sido bem longo. Harry começa a ler as primeiras linhas...
"O início do ano letivo em Hogwarts, escola de bruxos, foi marcado pelo quadro de saúde de seu diretor, Alvo Dumbledore, que demonstrou um pouco de fragilidade no fim de seu discurso ao quase desmaiar diante de centenas de alunos, mas permaneceu firme até o final enquanto era retirado do salão embaixo de uma grande saraivada de aplausos." - Harry sorri pela forma como o profeta diário estava descrevendo a cena - "A enfermeira do colégio nos informou que o diretor Alvo Dumbledore apenas sentiu uma leve tontura devido a um pequeno resfriado que havia pego durante a manhã de sexta feira, mas que ele já estava bem. O próprio diretor nos concedeu algumas palavras, informando que estava melhor e agradecia a preocupação de todos. Não só os alunos, como também membros da corte suprema e do ministério da magia, se sentem aliviados por esse pequeno susto não ter passado de um simples e pequeno susto."
"isso é ótimo..." dizia Harry sem muita animação, que mesmo depois de ler aquilo ainda pensava em falar com Victória.
"leia as outras matérias" disse Hermione, ainda sorrindo ansiosa. Harry desdobra o jornal e lê as outras manchetes.
"Equipe de peso em Hogwarts. Três membros da corte suprema e também cavaleiros de Merlim, ingressaram a equipe de professores de Hogwarts, a pedido do diretor Alvo Dumbledore e a pedido dos próprios membros. Segundo o diretor, 'a qualidade de nossas aulas de defesa contra a arte das trevas deve ser otimizada, para contrabalancear o prejuízo que tivemos ano passado.' numa óbvia e direta acusação à Dolores Umbridge, ex-professora de Defesa, que lecionou em Hogwarts no ano passado." - Harry sente seu coração pular de alegria - "em sua defesa, Umbridge nos disse que sempre seguiu os regulamentos do ministério e ensinou conforme o ministério achava necessário. Se Dumbledore não aprovou o seu método, ele não estava aprovando o método do ministério. O ministério da magia não quis comentar sobre o assunto."
"isso é ótimo!" dizia Harry, agora com muito mais animação na voz.
"Leia mais!" Hermione estava ainda mais ansiosa.
"Julius Malfoy, atual professor de Defesa contra a arte das trevas, declarou à equipe do profeta diário que não estava fazendo mais do que cumprir com o seu dever e que passaria aos alunos todos os seus conhecimentos e experiências que ele achasse adequado. Segundo o professor, 'estar preparado para combater ou evitar bruxos sem escrúpulos é extremamente necessário para qualquer bruxo, jovem ou velho, ainda mais em dias como os atuais em que um grande mal está de volta. Nós da corte suprema e todo o ministério estamos fortemente empenhados na caçada a Tom Riddle, mas não cabe apenas a nós a defesa de toda a população. Cada um deve saber como agir nas piores situações possíveis e não me reconhecerei como professor se ao menos um aluno sair do colégio sem saber como se defender em um caso real'. Julius Malfoy, irmão caçula de Lucius Malfoy, disse também à equipe do profeta diário que seu irmão estava sendo punido pelos seus atos e escolhas erradas. ´Lucius havia escolhido ser comensal e, desde que eu escolhi ser auror, jurei que caçaria e prenderia qualquer bruxo que usasse a magia para causar o mal e terror generalizado´ disse Julius ao ser perguntado sobre o seu relacionamento atual com o irmão. Lucius Malfoy e outros comensais presos tentaram fugir da prisão de Azkaban ainda no começo dessa semana , mas por esforços da guarda mágica nacional e do próprio ministério, a fuga foi controlada e agora eles são mantidos sob maior segurança."
E harry começa a folhear o jornal, vendo que existem muitos e muitos mais parágrafos contando sobre as medidas tomadas pelo ministério quanto à fuga, mas sua barriga resmunga e seus olhos cansam.
"então? o que achou?" disse Hermione, ansiosa pela opinião de Harry.
"bem... é estranho..." dizia Harry, inseguro.
"muito, não é? Eu estou gostando desse professor novo e ele é um Malfoy. Depois do almoço no caldeirão furado, eu já tava começando a mudar minha opinião sobre ele, mas depois de ontem fiquei meio abalada. Mas hoje, ler isso me deixou segura de que ele é exatamente o oposto do irmão!" dizia Hermione, euforicamente.
"Você não está sendo rápida demais? Digo... tudo bem que ele tenha dito essas coisas, mas..."
"ora, Harry. Quem é que tinha tanta certeza de que os amigos de Julius eram confiáveis? De onde veio tanta certeza?"
"não sei..." Harry não queria falar sobre o que ele conversou com os três na carruagem, pois lembrou do juramento que fez a Victória e Gllandow.
"pois bem, eu ouvi o que Dumbledore disse antes e pelas atitudes de Julius até agora, não tenho do que reclamar." disse Hermione, abraçando o livro.
"é. Você tá certa." Harry também lembrou que Julius tinha dado um voto de confiança a Harry e apoiado Victoria quando ela disse a verdade sobre o motivo deles terem vindo para cá.
"Esse ano vai ser ótimo, Harry!"
"que livro é esse? Hogwarts, uma história?" dizia Harry, rindo enquanto dobrava o jornal.
"ha ha, muito engraçado. Esse livro é o mesmo que você comprou e não fez questão nem de olhar a capa. É o livro de poções que Snape adotou."
"o francês?"
"sim. Eu não quero ter problemas com Snape esse ano. Sei que vou ter, mas quero minimizá-los. Então vou começar lendo hoje mesmo. Ah, e à tarde eu te pego pra gente fazer as inscrições nas turmas dos NIEM´s"
"certo. Você sabe francês, Mione?" Harry viu pelo título que não era uma versão traduzida.
"fiz um curso antes de entrar aqui no colégio, mas depois eu parei... tá na hora de voltar a treinar"
"Eu não sabia. Que legal. Francês é uma língua bonita" dizia Harry, enchendo uma xícara de café.
"quer que eu te ensine?"
"não..." Harry toma um gole rapidamente, fazendo careta pois esqueceu o açúcar.
"bah, então eu vou pra biblioteca. Até mais, Harry." e Hermione vai embora abraçada fortemente ao livro, como se fosse seu bem mais precioso.
Harry olha tristemente para a cesta de pães, pois só havia ela com um pouco de pão seco. Todas as outras cestas de pães e frutas estavam praticamente vazias.
.....
Rony seguia decidido pelos corredores de Hogwarts, indo em direção à enfermaria a passos firmes, enquanto todos os habitantes dos quadros o seguiam com o olhar. Mesmo após Hermione ter mostrado o jornal, ele não mudara sua opinião sobre Julius e seus amigos. "Só porque é o que é, não quer dizer que deixa de ser um Malfoy" Rony disse para a amiga. Ele também não se conformou com a notícia sobre Dumbledore e queria ver com seus próprios olhos. Era muito provável que se o diretor estivesse com alguma doença grave, eles não iriam revelar para o jornal ou Voldemort saberia de sua fragilidade.
Ele se aproxima da porta da enfermaria e quando vai bater, escuta a voz de Hagrid. Rony pára para ouvir...
"hum, então é isso. Não vou deixar que saibam até a hora certa." dizia Hagrid.
"Muito bom, Hagrid. Vai ser melhor assim." dizia Dumbledore, com uma voz ligeiramente baixa e cansada.
Rony abaixa a mão que ia usar para bater na porta e encosta um pouco a orelha, mas Hagrid abre a porta repentinamente fazendo Rony quase dar um salto para trás de tanto susto e ficar completamente vermelho.
"Oh, Rony! O que faz por aqui?" disse Hagrid, surpreso.
"eu, eu... eu..." Rony tentava lembrar o que fazia ali, após ter esquecido até seu nome por causa do susto.
Dumbledore também sai da enfermaria e Rony consegue ver de relance que ele escondia sob as mangas das vestes, um frasco com uma poção de cor vermelha bem diluída.
"Bom dia, senhor Weasley" disse Dumbledore, com voz baixa.
"b-bom dia, diretor..." Rony pensava em como iria perguntar sobre o que eles estavam falando sem dar a impressão que ele não estava ouvindo atrás da porta.
"Ele estava ouvindo atrás da porta! Yuhuuuu! Monitor bisbilhoteiro, grande malcriado!" Era pirraça que cantava e dava cambalhotas no ar, logo atrás de Rony.
Rony olha surpreso para pirraça, ficando mais vermelho ainda.
"Seu mentiroso! Como chegou aqui sem que eu visse?" disse Rony bem nervoso.
"uhhh, agora vai se dar mal! O monitor da grifflândia vai pra detenção aprender uma lição" Pirraça fazia caretas e pairava bem perto do rosto de Rony, que se afastava.
"Pode se retirar, Pirraça. Está tudo em ordem" disse Dumbledore calmamente. Apesar de não parecer, ele estava dando uma ordem e pirraça não ousava desobedecer o diretor.
"Yaaaaaa o pequeno Weasley acha que é como os irmãos! Mas ele não ééé..." dizia Pirraça, indo embora pela janela. Algumas pessoas nos quadros riam daquilo tudo e principalmente da cara de Rony, quando ele se virou para falar com o diretor.
"vocês não acreditaram, acreditaram?" dizia Rony, tentando olhar Hagrid e Dumbledore ao mesmo tempo.
"o que você acha, diretor?" dizia Hagrid, olhando para Dumbledore com cara de quem está se divertindo.
"eu acho que uma boa detenção a sua escolha será o suficiente, Hagrid... cof, cof!" Dumbledore também parecia estar se divertindo, mas sua tosse o faz mudar de expressão como se estivesse sentindo muita dor na garganta.
"Pode deixar, diretor. eu, hum, já sei o que vou fazer." disse Hagrid, voltando a olhar Rony.
"Diretor Dumbledore, só vim ver se o senhor estava bem. Só isso!" dizia Rony com cara de preocupação.
"obrigado pela preocupação, Sr. Weasley. Por enquanto estou bem, só um pouco resfriado. Nada que uma pequena dose do Xarope Destilado da madame Pomfrey não possa curar."
"Venha comigo Rony. Sua, er... detenção vai começar agora." disse Hagrid segurando no ombro de Rony e puxando-o para ir embora.
"Detenção?! Mas as aulas nem começaram!" disse Rony, apavorado.
"Se não quer isso, eu.. hum, acho que vou tirar uns 100 pontos da griffinória. O que acha?" disse Hagrid, ainda em tom de brincadeira.
"Não!" Rony não estava entendendo o que se passava, pois nunca antes tinha imaginado Hagrid dizer isso. Rony estava assustado demais para pensar que tudo isso não passaria de uma brincadeira.
Eles seguem para fora do colégio enquanto Dumbledore vai para a sua sala, pigarreando e tirando o frasco com a poção de baixo da manga de seu manto.
Já fora do colégio, o dia estava limpo e claro. Vários estudantes passeavam pelos jardins ou pelo lago, aproveitando os últimos dias de férias já que as aulas iriam começar nessa segunda feira. Mas nem todos ainda estavam de férias. Os alunos do primeiro ano já estavam tendo sua primeira aula de vôo e Rony ao passar por perto, relembrou de seu primeiro ano e do incidente com Longbottom.
"Saudades, Rony?" Hagrid notou como Rony olhava saudosamente para a turma.
"Só tava lembrando..." dizia Rony, voltando a olhar para frente.
"Vou precisar de sua ajuda mais do que nunca, esse ano." disse Hagrid.
"Por que?"
"Bem, hum, porque eu acho que você não deveria contar nada do que ouviu." disse Hagrid, abaixando o tom de voz.
"er... está bem..." Rony finge saber do que Hagrid e Dumbledore tinham falado, pois assim ele poderia até ter alguma chance de realmente saber o que eles conversaram.
"nem mesmo pro Harry ou Hermione. Eles, ahn, iriam ficar preocupados demais." disse Hagrid, olhando dos lados para ver se alguém se aproximava.
"Por que? Eles merecem saber de tudo!" disse Rony, tentando arrumar alguma informação importante.
"Não sei se eles iriam, hum, aceitar a notícia do mesmo jeito que você aceitou."
"Já somos crescidos, Hagrid."
"ha ha, pra mim ainda são pequenas pessoas" dizia Hagrid, colocando a mão na cabeça de Rony que parecia minúsculo perto do amigo.
"perto de você, quem não é?"
Eles passam direto pela cabana de Hagrid e se dirigiam até os portões do colégio, onde tinham cerca de 20 caixas de madeira fechadas, do tamanho do malão de Harry mas com o dobro da largura.
"O que é aquilo, Hagrid?"
"Hum, caixas ora. Também é sua detenção. Vai me ajudar a carregar elas para minha casa." nisso, Rony sente uma imensa preguiça e se arrepende de ter ficado lendo o jornal e não ter ido mais cedo para a enfermaria, onde com certeza conseguiria ouvir mais coisas.
De repente, um zumbido agudo bem distante chama a atenção de Rony e Hagrid. Eles olham para os lados, mas não vêem nada. Quando o zumbido se torna mais forte, eles percebem que vem de trás e se viram para ver uma aluna voando na sua vassoura, descontroladamente, indo na direção dos dois.
"PARE!" foi a primeira coisa que Rony pensou dizer, achando que ela realmente estava em condições de obedecer um monitor.
"AAAAAAAAAA" a aluna tentava se segurar no cabo, enquanto a vassoura girava freneticamente deixando até Rony um pouco tonto. Hagrid e Rony dão um salto para o lado e a aluna passa bem por onde eles estavam, indo em direção às caixas. Hagrid olha assustado e aperta as mãos.
"NÃO! NÃO BATA AÍ!" gritou Hagrid.
Como se estivesse ouvindo aos pedidos desesperados de Hagrid, a garota consegue subir fazendo uma curva de quase noventa graus e ganhando altitude rapidamente. Ela ainda continuava girando quando se desprende da vassoura e começa a cair de uns 10 metros. Rony puxa a varinha de sua mão e aponta na direção da garota que caía, mas ele tremia muito e não conseguia mirar nela direito.
"calma, Ronald, calma" dizia Rony para si mesmo. Quando finalmente ele consegue acompanhar a queda da garota apontando a varinha, Rony diz "Immobulus" e a garota pára a 2 metros do chão, estática.
Rony e Hagrid correm até a garota e Hagrid a segura nos braços. Em seguida a turma de vôo chega ao local, alguns rindo da expressão fixa de susto que a garota mantinha no rosto, outros aliviados por ela estar bem. Os que riam era alunos da sonserina e alguns poucos da griffinória, os outros eram os amigos mais próximos da garota.
a professora de vôo vinha a passos rápidos e com expressão nada amigável. Todos se calam e dão passagem quando ela chega perto e ela vai falar diretamente com Hagrid.
"perdão professor. Ela está bem?"
"sim, está. Graças ao Rony aqui." e Rony fica vermelho.
"Isso é pra vocês aprenderem! Cinco pontos para Griffinória, pelo monitor, e cinco pontos da Griffinória por ela ter me desobedecido. E o próximo aventureiro que quiser montar numa vassoura, vai levar uma semana de detenção e perder 50 pontos. Agora eu vou levar ela pra enfermaria e quero que vocês fiquem COM OS PÉS NO CHÃO!" dizia a professora, dando ênfase no fim da frase.
Todos os alunos balançam a cabeça concordando e alguns imaginavam se alguma casa já teria pontos no primeiro dia para que eles pudessem perdê-los. Hagrid a entrega para a professora, que a leva nos braços. Os amigos da garota vão junto e o restante da turma olha para Rony.
"er... v-voltem para lá." disse Rony, o centro das atenções. Os sonserinos fazem cara feia, mas todos obedecem. Longe dali, a vassoura da garota caía dentro da floresta proibida.
"Bem, agora vamos carregar as caixas antes que fique tarde." disse Hagrid, voltando-se para as caixas e indo até elas.
"O que são elas, Hagrid?"
"uma encomenda do colégio. É melhor não abrir agora."
"o que tem dentro??"
"algo sensível à luz"
Eles chegam e Hagrid ergue três caixas empilhadas, num esforço enorme. Rony pega uma e sente como se os braços fossem cair, mas ele não quis fazer feio na frente de Hagrid e não reclamou.
"Ugh, Hagrid. Eu li o jornal... e nele dizia... um monte de coisas..." Rony falava pausadamente, tomando fôlego a cada instante.
"oh, sim, hum, é verdade. O jornal sempre diz um monte de coisas."
"er... ele também falou... de Julius..."
"Sim, provavelmente coisas boas." dizia Hagrid, com um tom de voz claramente irritado.
"como ele era... quando era aluno?"
"igual ao Snape. Parece que todos esqueceram do que ele fazia. Era ganancioso e fazia tudo o que podia pra ficar mais poderoso ou ganhar mais atenção. Teve uma vez que ele denunciou o próprio amigo pro diretor..." dizia Hagrid num tom de desabafo.
"e o que... ele tinha... feito?"
"tinha entrado na floresta proibida de noite. Lembro que ele perdeu 20 pontos e pegou 5 dias de detenção. Por pouco não foi expulso."
"é, nunca gostei... desse Julius... Ainda mais sendo um... Malfoy... E o que ele ganhou... denunciando o amigo?"
"O amigo era da griffinória e naquele ano, acho que a sonserina ganhou por 10 pontos de diferença. No outro ano, ele se tornou monitor da Sonserina. Hum, Tenho certeza de que Julius esperava por tudo isso. Já era quase o fim do ano e as aulas já estavam acabando, mas assim que pôde, ele conseguiu fazer a Griffinória perder 20 pontos e ficar em segundo lugar. Ele já estava nas graças de Snape e depois disso, é claro que tinha que se tornar monitor."
"Então por que o diretor confia tanto nele?!" disse Rony rapidamente, sem tomar fôlego, quase derrubando a caixa por causa disso.
"Bem... a diferença entre Snape e Julius, é que Julius mesmo no colégio, ahn... tinha uma forte tendência em ser justo."
"Denunciar o amigo... não é nada justo." Rony falava revoltado.
"eu sei, eu sei. Também acho isso, mas Julius não. Se o amigo estava saindo da linha, ele denunciava. Até esse dia o amigo sempre contava tudo a Julius pois até então, eram coisas bobas. Mas depois disso, esse amigo passou a saber o momento certo de dizer as coisas para ele."
"eles continuaram amigos?!?!" disse Rony, surpreso. Seus dedos começavam a ceder, mas ele fez força para não deixar a caixa cair.
"Continuaram. Bem... Como eu disse, Julius não é igual a, hum, Snape. Você não precisa ter medo de ser evenenado... de noite... e também, Julius não parece ter algo contra trouxas... não que ele tenha algo a favor. Sempre soube que Julius considerava um erro permitir gente que não é puro sangue entrar no colégio. Mas mesmo assim ele, hum... não ligava."
"Eu sabia... Um Malfoy... tinha que pensar... assim."
"Desde o começo ele sabia que Lucius era comensal, mas não tinha como provar. Garanto que se tivesse, ia denunciar o própiro irmão só pra conseguir a confiança de todo mundo."
"pelo menos... ficava... entre família..."
"Justo ou não, Julius não tem escrúpulos! Hum, eu acho que Dumbledore não deveria, você sabe, chamar ele pra ensinar aqui... nunca se sabe quando uma pessoa deixa de ser justa..."
"Hagrid... obrigado... por me... apoiar..." - Rony estava mais cansado - "ao menos você... pensa... um... pouco"
"o que quer dizer?"
"Harry... e Mione... estão cegos..." dizia Rony, erguendo fortemente a cabeça como se isso fosse ajudar a carregar a caixa.
"cegos?"
"é... acho... que eles se... impressionaram.... com as espadas..."
Eles chegam na porta da cabana e Hagrid põe as caixas no chão, abrindo a porta. Canino estava dormindo embaixo da mesa e Hagrid entra silenciosamente, colocando as caixas perto da porta. Rony larga a caixa ao lado das outras, fazendo barulho e enxuga a testa que estava derretendo de tanto suor. Canino acorda e olha preguiçosamente pros dois.
"Cuidado com isso!" disse Hagrid.
"desculpa..."
"Hum, não desista agora. Tem muito mais esperando a gente!" disse Hagrid animadamente, saindo da cabana. Rony respira fundo e vai com ele, a contragosto.
........
Na imensa e vazia biblioteca, apenas três pessoas estavam lá. A bibliotecária, um aluno da corvinal e Hermione. Tinham tantos lugares vazios que Hermione até teve trabalho pra escolher qual seria o melhor lugar, quando ela finalmente se senta em uma pequena mesa com quatro lugares perto da ala dos livros de poções. Estava tudo tão calmo que, enquanto ela lia a sétima página (as letras eram minúsculas) tudo o que ela ouvia além da própria respiração, eram as respirações do aluno da corvinal que estava no canto da biblioteca e passos de gente entrando ali.
Hermione escora a cabeça com as mãos na testa e parece ter ficado aflita. Ela então marca uma palavra no livro e abre o dicionário de francês que arranjou ali na biblioteca. Um ágil braço passa à esquerda do rosto de Hermione até a mão apontar a palavra marcada.
"propriedades" sussurrou a pessoa atrás de Hermione. Ela olha para trás e vê o sorridente Maxmilian trajando o uniforme do colégio com o símbolo da Sonserina.
"perdão?"
"propriedades, é o significado dessa palavra, Hermione." e Max se senta em frente a ela.
"obrigada... Maxmilian"
"Fico honrado que tenha lembrado de meu nome, Hermione. É um prazer finalmente falar com você, ainda mais depois de ontem."
"o que aconteceu ontem?"
"tive o desprazer de conversar com algumas pessoas da Sonserina que não são muito amigáveis..." dizia Max, erguendo uma sobrancelha.
"ah, bem, obrigada. Digo, o prazer é meu. Como soube meu nome?" Hermione fechava o dicionário.
"Ora, quando você encontra alguém interessante, deve no mínimo procurar saber algo sobre ela antes de ir falar, não concorda?"
"er..." Hermione fica corada "sim..."
"E além do mais, eu já a conhecia há muito tempo. Nunca tinha visto, mas já conhecia. Me falaram muito bem de você. Lembra de Hugo?"
"claro!" Hermione quase dá um salto na cadeira. O que ela suspeitava parecia ser verdade. Havia uma ligação entre Hugo e Max.
"Shhhhhhhh" o aluno da corvinal reclama do barulho. Max abaixa o tom de voz, se aproximando da mesa.
"pois é, foi ele quem me falou de você e meu irmão não economizou nos detalhes. Ele dizia que você era a personificação da beleza"
Hermione fica envergonhada mais uma vez, só que ela achava que Hugo não tinha irmãos e resolve perguntar...
"ele me disse que não tinha irmãos..."
Então Max ergue o corpo e se encosta na cadeira, sem mais um sorriso no rosto. Até parecia um pouco zangado.
"Dizer que tem irmão bruxo não é uma conversa normal entre trouxas..."
"mas eu não sou trouxa! Digo, eu estudo aqui, ora..."
"não foi isso o que ele me disse"
"ah... talvez seja porque... eu não tenha dito isso a ele..." Hermione olha intensamente para o livro, evitando Max.
"Claro. Eu sabia, hehe" - Max volta a ficar animado - "Dizer que estuda em escola de bruxos também não é uma coisa normal de se dizer"
"Maxmilian..." dizia Hermione, ainda fingindo ler.
"Só Max"
"claro. Max, desculpa. Não quis dizer que seu irmão era mentiroso..."
"eu sei que não. Mas eu também não sou, hehe."
"não, não!" - e Hermione ergue o olhar mais uma vez - "eu também não quis dizer isso!"
"Bem, acho que vou deixar você estudando em paz. Uma outra ocasião a gente conversa mais." e Max levanta-se.
"Espere!" Hermione pensava em dizer pra ele ficar, mas ela lembra que deve adiantar o assunto.
"sim?"
"ahn... você vai fazer poções também?"
"claro! É essencial para qualquer bruxo!"
"Eu também acho! Olha, a inscrição para as turmas de NIEM´s é hoje à tarde... se quiser ir comigo, a gente conversa mais..."
"Eu adoraria. Se não fosse atrevimento meu ou incômodo para você, eu até pediria para que me mostrasse o colégio. Não conheço muita coisa aqui e ninguém da Sonseria parecia empolgado em me mostrar..."
"Claro, claro! Não é incômodo nenhum. Eu mostro pra você."
"é ainda mais simpática pessoalmente" dizia Max. Ele então se abaixa e beija o rosto de Hermione, fazendo uma rápida carícia em sua nuca, por baixo do cabelo. Depois ele vai embora e Hermione o acompanha com o olhar até ele sair. Ela volta a tentar se concentrar no livro, mas só consegue depois de 10 minutos.
.........
Em frente à sala de Julius, Harry pára e pensa em não bater.
"o que eu estou fazendo aqui? Só porque me disseram aquilo ontem, não quer dizer que eu devo aborrecer direto!" pensava Harry. Ele escuta uma cadeira arrastando dentro da sala.
"não... não é direto. Isso é importante!" pensava Harry. Então ele ergue a mão e bate na porta.
Imediatamente depois de bater uma vez, a porta abre. Harry olha surpreso quando vê que era Victoria quem abriu a porta e não Julius.
"..." Harry apenas olhava a mulher, querendo muito dizer alguma coisa, mas não conseguia.
"As inscrições são à tarde, Sr. Potter" disse Victoria.
"Não! Eu não vim por isso! Queria falar com Julius!" Harry conseguiu desentalar.
Victoria olha para dentro da sala e dá passagem a Harry que entra e se sente bastante pressionado naquele lugar. Na mesa havia vários pergaminhos enrolados e uma pena descansava após provavelmente ter escrito mais de 1 metro. Havia também alguns livros de defesa contra a arte das trevas e porta retratos virados para a cadeira do professor. Nas paredes, alguns quadros olhavam para Harry. Em um deles, a turma da Sonserina no último ano que Julius estudou em Hogwarts. Em outro, num cenário montanhoso, um quadro até certo ponto inesperado. Julius abraçado à Victória e Gllandow, todos usando trajes de alpinismo e sorrindo. Provavelmente estavam em alguma comemoração. Em um quadro, cinco crianças, dois garotos e três meninas de longos cabelos que atingiam a cintura, posavam comportadamente e por trás deles, um casal de aparência nobre e austera. Um garoto parecia com Draco Malfoy, mas o outro era menor e tinha cabelos negros. As garotas eram belas e todas aparentavam ser esnobes. Uma era loira, outra morena e a outra ruiva, mas com exceção do cabelo, todas eram idênticas. O pai era imponente e usava uma longa capa igual à de lucius, além de estar segurando uma bengala com uma cabeça de cobra de marfim na ponta. A mãe usava um longo vestido justo e um brilhante colar. O pai era parecido com Julius e a mãe era loira. Outro quadro ali era o de Julius de quando aparentemente estudava no último ano, segurando um bebê. Tinham vários quadros de pessoas desconhecidas para Harry e na parede atrás da mesa do professor, havia o brasão da Sonserina e a espada de Julius descansava embaixo dela na horizontal, sobre dois suportes de metal. Bem embaixo dos pés de Harry, havia um grande tapete com o brasão da família Malfoy. Ao ver isso, Harry dá alguns passos atrás para sair de cima do tapete e olha para Julius, que estava em frente à janela. Também haviam algumas poltronas e um grande baú no canto da parede, ao lado de uma estante repleta de livros, estranhos artefatos e frascos com diversas poções.
Victória fecha a porta.
"desculpe..." disse Harry, se referindo ao tapete.
"se eu ligasse, não teria colocado aí" Disse Julius, fazendo Harry ficar mais tranquilo, mas não o suficiente.
"eu... eu..." Harry estava nervoso com aquela sala repleta de coisas da família Malfoy e da Sonserina.
"Sei que não aprecia minha família nem minha casa, então, se quiser voltar outra hora para falar comigo, não me importo" disse Julius.
"Eu quero falar sobre o diretor!" disse Harry rapidamente, antes que não conseguisse mais dizer.
"Ele está melhor." disse Julius.
"Eu sei, eu vi no jornal, mas eu queria saber se tudo o que o jornal diz é verdade." disse Harry.
"e por que veio até um Malfoy?" disse Julius.
"eu... achei que vocês fossem me contar tudo."
"só porque contamos aquilo ontem, não quer dizer que precisamos contar tudo para você" disse Julius, rispidamente.
"mas..." dizia Harry, antes de ser interrompido por Victória.
"ele só está velho, Sr. Potter. Sua resistência a mudanças climáticas não é mais a mesma."
Harry olha Victória na intenção de terminar a conversa com ela, que parecia mais disposta a cooperar.
"mas ele quase desmaiou ontem na frente de todo mundo!"
"Ele está excessivamente preocupado com Voldemort, o colégio e a corte suprema. Isso o abalou e enfraqueceu suas energias momentaneamente, mas ele está melhor agora."
Harry olha para Julius esperando sua reação, mas ele nada faz.
"Então... também não devo me preocupar..." disse Harry.
"não" disse Julius.
"Obrigado, professor e Victória..."
"aconselho que não venha aqui sempre que precisar saber de algo. Fale com a professora chefe da Griffinória, ou ela vai achar que perdeu sua confiança. Não vou dizer nada do que aconteceu aqui se ela não perguntar para mim..." disse Julius.
"por favor, não diga. Não é necessário..." disse Harry.
"também não era necessário você vir aqui para saber do estado de saúde do diretor. E Victória será professora substituta no colégio, então não a chame por aí apenas por Victória." disse Julius.
"eu não ligo para isso, mas outros estudantes podem ligar..." disse Victória.
"eu, eu... eu entendo... desculpe... era só isso o que queria falar..." dizia Harry, forçando para não ficar vermelho de vergonha.
"se tiver algo realmente necessário para nos contar, que você tenha certeza de que apenas nós podemos ajudar, pode vir. Eu ficarei feliz em ajudá-lo e presumo que Victória também" disse Julius enquanto Victória abria a porta.
"sem dúvida." disse Victória.
"sim professor... Obrigado" e Harry vai saindo.
Após passar a porta, Victória a fecha e Harry deixa-se ficar vermelho enquanto pensava "Droga! Droga! Bem... pelo menos agora eu sei que Dumbledore está bem..."
- Um turbulento começo -
Os alunos novatos são guiados pelos corredores de Hogwarts, cada um para seu devido salão comunal. A balbúrdia era generalizada enquanto os monitores tentavam acalmar a todos e estabelecer o silêncio, dizendo que não tinha nada com o que se preocuparem.
"ATENÇÃO, VOCÊS AÍ NO FUNDO!" gritava Hermione, tentando ser ouvida pelos garotos que estavam mais atrás.
"Sonorus..." disse Rony, apontando sua varinha no pescoço de Hermione.
"ANTEÇÃO VOCÊS AÍ NO FUNDO!" repetiu Hermione, fazendo sua voz ecoar fortemente pelo corredor em frente ao quadro da mulher gorda. Todos se assustam e se calam.
"essa não é a senha. Sem senha, sem entr..." dizia a mulher gorda no quadro.
"NÃO, NÃO,..." - Hermione pára e usa o feitiço quietus para retornar sua voz ao normal - "desculpe, a senha é: Omelete de queijo"
"Senha correta" e a mulher gorda faz uma reverência enquanto o quadro gira e dá passagem aos alunos impressionados com o salão comunal.
Todos os novatos entram boquiabertos e os veteranos dirigem-se direto para seus aposentos.
"Essas escadas levam ao dormitório masculino! Essas outras ao feminino! Suas coisas já estão ao lado de suas camas!" explicava Hermione, enquanto Rony olhava ansiosamente a entrada. Então, Harry chega ao salão em silêncio e testa franzida, pisando firme.
"Harry! O que houve? Como ele está?" disse Rony, correndo até o amigo e deixando Hermione com os novatos.
"Nada! Não aconteceu nada de mais! Nada que não devemos nos preocupar!" disse Harry, rispidamente.
"Como nada?" e Rony dá um olhar surpreso para Harry.
"Eu sei! Claro que aconteceu algo, mas você acha que eles vão dizer? Claro que não!" Harry larga-se no sofá, olhando para o teto.
"você o viu?"
"não, eu não o vi! Só vi a professora McGonagall e ela disse que estava tudo bem!"
"Harry" - Hermione chegava - "o que houve?"
Harry dá um longo suspiro de cansaço e responde pacamente - "não me disseram"
"não era coisa boa. Com certeza que não era, ainda mais para alguém na idade dele" disse Rony, sentando-se no sofá.
"e os professores pareceram bastante preocupados. O Senhor chapéu também estava. Será que ele já sabia de algo?" dizia Hermione, sentando-se entre os dois.
"Acho que não. Se eles soubessem de algo, diriam para a gente."
"HÁ HÁ" - Rony e Hermione olham para o sorriso de deboche de Harry - "Vocês acham?"
"bem... se fosse algo REALMENTE importante..." dizia Hermione, dando ênfase ao realmente.
"não importa. Amanhã eu vou na enfermaria e se ele não estiver lá, eu vou na sala da enfermeira saber o que houve." disse Rony.
"deixa eu adivinhar..." e Harry pigarreia igual a Rony quando vai recitar algum feitiço - "o senhor Dumbledore está melhor, querido. Só estava cansado." - dizia Harry, tentando imitar madame Pomfrey.
"Harry. Se for algo realmente grave, eles não vão poder esconder isso do colégio inteiro." disse Hermione.
"Se for algo realmente grave, eles vão esconder até quando der para esconder. Mas eu sei com quem falar para saber o que está havendo. Com certeza eles não irão mentir." dizia Harry.
"Você tá falando de Julius? É louco? Um Malfoy não vai mentir?" disse Rony.
"Eu não estou falando dele. Estou falando dos outros dois."
"por que eles seriam diferentes?" disse Rony, levantando o tom de voz como se estivesse surpreso.
"Rony, você não conhece ele. Não o julgue pelo sobrenome" disse Hermione.
"Nada que venha daquela família pode ser coisa boa, Mione."
"Eu sei, Rony, mas... mas..." - Hermione tentava arrumar algum argumento - "VOCÊS, O QUE ESTÃO OLHANDO?!" - Hermione berra para três novatos que pareciam estar escutando a conversa. Eles sobem as escadas correndo.
"olha, eu sei que posso confiar neles." disse Harry, pondo-se de pé.
"como sabe?" disse Rony.
"Eu sei, ok? Vou dormir. Amanhã vou acordar cedo pra falar com eles..." disse Harry, indo para as escadas sem se despedir.
"eu também vou dormir, mas amanhã eu vou falar com a enfermeira. Boa noite Mione." disse Rony, se levantando e seguindo o amigo.
"boa noite..." Respondeu Hermione, ainda pensando no argumento que lhe faltou antes. Ela então percebe que o salão ainda está meio cheio e se levanta, tentando pôr ordem, mandando todos irem dormir.
No dormitório masculino, Harry sentava em sua cama e abria o malão, revirando-o bruscamente. Rony chegava em seguida e abria a sua mala, para arrumar as coisas.
"Harry, isso tudo foi muito derepente. Garanto que amanhã, a professora ou até o próprio diretor vai explicar tudo." dizia Rony, tentando acalmar o amigo.
"eu sei..." - Harry estava agora mais calmo - "você pode estar certo, mas é incrível! A professora falou comigo como se eu estivesse no segundo ano."
"O que ela disse, Harry?" perguntou Neville, que estava terminando de arrumar suas coisas.
"que não era nada pra eu me preocupar e depois me mandou dormir" resmungou Harry, tirando um vaso vazio e um saco de plástico de dentro da mala. Ele abre o saco e despeja no vaso um monte de terra.
"o diretor parecia tão bem durante o jantar" dizia Neville, prestando atenção no que Harry fazia.
"é..." e Harry tira uma caixa, abrindo-a e pegando as sementes de Landárias. Ele coloca na terra e usa sua varinha pra deixar a terra úmida.
Cada um termina de arrumar suas coisas e dormem, mas Harry precisou da ajuda do presente de Dumbledore para dormir esta noite.
Após uma noite de sono não muito tranquila, Harry acorda e vê que dormiu um pouco mais do que devia, pois muitos alunos já haviam acordado. Ele rapidamente se levanta e guarda o dodecaedro no criado mudo ao lado de sua cama, indo se arrumar para o café. Isso se ainda tivesse sobrado algum café. Ele chega correndo no grande salão a tempo de ver Hermione levantando e pegando um pesado livro que estava ao seu lado na mesa.
"Bom dia!" disse Harry, ofegante. Ele senta e olha em volta, vendo o que sobrou do café.
"Bom dia Harry. Dormiu muito, não foi?" Hermione estava bem humorada como quase sempre estivera nos primeiros dias do ano letivo. Vendo o olhar curioso que Harry empunhava em sua direção, ela tira o exemplar do profeta diário de dentro do grande livro e entrega para Harry, que vê logo na primeira página em letras garrafais "Um turbulento começo". A foto do grande salão repleto de alunos e do diretor discursando parecia estática, mas todos os alunos realizavam pequenos movimentos e o diretor balançava suas mãos como se o discurso tivesse sido bem longo. Harry começa a ler as primeiras linhas...
"O início do ano letivo em Hogwarts, escola de bruxos, foi marcado pelo quadro de saúde de seu diretor, Alvo Dumbledore, que demonstrou um pouco de fragilidade no fim de seu discurso ao quase desmaiar diante de centenas de alunos, mas permaneceu firme até o final enquanto era retirado do salão embaixo de uma grande saraivada de aplausos." - Harry sorri pela forma como o profeta diário estava descrevendo a cena - "A enfermeira do colégio nos informou que o diretor Alvo Dumbledore apenas sentiu uma leve tontura devido a um pequeno resfriado que havia pego durante a manhã de sexta feira, mas que ele já estava bem. O próprio diretor nos concedeu algumas palavras, informando que estava melhor e agradecia a preocupação de todos. Não só os alunos, como também membros da corte suprema e do ministério da magia, se sentem aliviados por esse pequeno susto não ter passado de um simples e pequeno susto."
"isso é ótimo..." dizia Harry sem muita animação, que mesmo depois de ler aquilo ainda pensava em falar com Victória.
"leia as outras matérias" disse Hermione, ainda sorrindo ansiosa. Harry desdobra o jornal e lê as outras manchetes.
"Equipe de peso em Hogwarts. Três membros da corte suprema e também cavaleiros de Merlim, ingressaram a equipe de professores de Hogwarts, a pedido do diretor Alvo Dumbledore e a pedido dos próprios membros. Segundo o diretor, 'a qualidade de nossas aulas de defesa contra a arte das trevas deve ser otimizada, para contrabalancear o prejuízo que tivemos ano passado.' numa óbvia e direta acusação à Dolores Umbridge, ex-professora de Defesa, que lecionou em Hogwarts no ano passado." - Harry sente seu coração pular de alegria - "em sua defesa, Umbridge nos disse que sempre seguiu os regulamentos do ministério e ensinou conforme o ministério achava necessário. Se Dumbledore não aprovou o seu método, ele não estava aprovando o método do ministério. O ministério da magia não quis comentar sobre o assunto."
"isso é ótimo!" dizia Harry, agora com muito mais animação na voz.
"Leia mais!" Hermione estava ainda mais ansiosa.
"Julius Malfoy, atual professor de Defesa contra a arte das trevas, declarou à equipe do profeta diário que não estava fazendo mais do que cumprir com o seu dever e que passaria aos alunos todos os seus conhecimentos e experiências que ele achasse adequado. Segundo o professor, 'estar preparado para combater ou evitar bruxos sem escrúpulos é extremamente necessário para qualquer bruxo, jovem ou velho, ainda mais em dias como os atuais em que um grande mal está de volta. Nós da corte suprema e todo o ministério estamos fortemente empenhados na caçada a Tom Riddle, mas não cabe apenas a nós a defesa de toda a população. Cada um deve saber como agir nas piores situações possíveis e não me reconhecerei como professor se ao menos um aluno sair do colégio sem saber como se defender em um caso real'. Julius Malfoy, irmão caçula de Lucius Malfoy, disse também à equipe do profeta diário que seu irmão estava sendo punido pelos seus atos e escolhas erradas. ´Lucius havia escolhido ser comensal e, desde que eu escolhi ser auror, jurei que caçaria e prenderia qualquer bruxo que usasse a magia para causar o mal e terror generalizado´ disse Julius ao ser perguntado sobre o seu relacionamento atual com o irmão. Lucius Malfoy e outros comensais presos tentaram fugir da prisão de Azkaban ainda no começo dessa semana , mas por esforços da guarda mágica nacional e do próprio ministério, a fuga foi controlada e agora eles são mantidos sob maior segurança."
E harry começa a folhear o jornal, vendo que existem muitos e muitos mais parágrafos contando sobre as medidas tomadas pelo ministério quanto à fuga, mas sua barriga resmunga e seus olhos cansam.
"então? o que achou?" disse Hermione, ansiosa pela opinião de Harry.
"bem... é estranho..." dizia Harry, inseguro.
"muito, não é? Eu estou gostando desse professor novo e ele é um Malfoy. Depois do almoço no caldeirão furado, eu já tava começando a mudar minha opinião sobre ele, mas depois de ontem fiquei meio abalada. Mas hoje, ler isso me deixou segura de que ele é exatamente o oposto do irmão!" dizia Hermione, euforicamente.
"Você não está sendo rápida demais? Digo... tudo bem que ele tenha dito essas coisas, mas..."
"ora, Harry. Quem é que tinha tanta certeza de que os amigos de Julius eram confiáveis? De onde veio tanta certeza?"
"não sei..." Harry não queria falar sobre o que ele conversou com os três na carruagem, pois lembrou do juramento que fez a Victória e Gllandow.
"pois bem, eu ouvi o que Dumbledore disse antes e pelas atitudes de Julius até agora, não tenho do que reclamar." disse Hermione, abraçando o livro.
"é. Você tá certa." Harry também lembrou que Julius tinha dado um voto de confiança a Harry e apoiado Victoria quando ela disse a verdade sobre o motivo deles terem vindo para cá.
"Esse ano vai ser ótimo, Harry!"
"que livro é esse? Hogwarts, uma história?" dizia Harry, rindo enquanto dobrava o jornal.
"ha ha, muito engraçado. Esse livro é o mesmo que você comprou e não fez questão nem de olhar a capa. É o livro de poções que Snape adotou."
"o francês?"
"sim. Eu não quero ter problemas com Snape esse ano. Sei que vou ter, mas quero minimizá-los. Então vou começar lendo hoje mesmo. Ah, e à tarde eu te pego pra gente fazer as inscrições nas turmas dos NIEM´s"
"certo. Você sabe francês, Mione?" Harry viu pelo título que não era uma versão traduzida.
"fiz um curso antes de entrar aqui no colégio, mas depois eu parei... tá na hora de voltar a treinar"
"Eu não sabia. Que legal. Francês é uma língua bonita" dizia Harry, enchendo uma xícara de café.
"quer que eu te ensine?"
"não..." Harry toma um gole rapidamente, fazendo careta pois esqueceu o açúcar.
"bah, então eu vou pra biblioteca. Até mais, Harry." e Hermione vai embora abraçada fortemente ao livro, como se fosse seu bem mais precioso.
Harry olha tristemente para a cesta de pães, pois só havia ela com um pouco de pão seco. Todas as outras cestas de pães e frutas estavam praticamente vazias.
.....
Rony seguia decidido pelos corredores de Hogwarts, indo em direção à enfermaria a passos firmes, enquanto todos os habitantes dos quadros o seguiam com o olhar. Mesmo após Hermione ter mostrado o jornal, ele não mudara sua opinião sobre Julius e seus amigos. "Só porque é o que é, não quer dizer que deixa de ser um Malfoy" Rony disse para a amiga. Ele também não se conformou com a notícia sobre Dumbledore e queria ver com seus próprios olhos. Era muito provável que se o diretor estivesse com alguma doença grave, eles não iriam revelar para o jornal ou Voldemort saberia de sua fragilidade.
Ele se aproxima da porta da enfermaria e quando vai bater, escuta a voz de Hagrid. Rony pára para ouvir...
"hum, então é isso. Não vou deixar que saibam até a hora certa." dizia Hagrid.
"Muito bom, Hagrid. Vai ser melhor assim." dizia Dumbledore, com uma voz ligeiramente baixa e cansada.
Rony abaixa a mão que ia usar para bater na porta e encosta um pouco a orelha, mas Hagrid abre a porta repentinamente fazendo Rony quase dar um salto para trás de tanto susto e ficar completamente vermelho.
"Oh, Rony! O que faz por aqui?" disse Hagrid, surpreso.
"eu, eu... eu..." Rony tentava lembrar o que fazia ali, após ter esquecido até seu nome por causa do susto.
Dumbledore também sai da enfermaria e Rony consegue ver de relance que ele escondia sob as mangas das vestes, um frasco com uma poção de cor vermelha bem diluída.
"Bom dia, senhor Weasley" disse Dumbledore, com voz baixa.
"b-bom dia, diretor..." Rony pensava em como iria perguntar sobre o que eles estavam falando sem dar a impressão que ele não estava ouvindo atrás da porta.
"Ele estava ouvindo atrás da porta! Yuhuuuu! Monitor bisbilhoteiro, grande malcriado!" Era pirraça que cantava e dava cambalhotas no ar, logo atrás de Rony.
Rony olha surpreso para pirraça, ficando mais vermelho ainda.
"Seu mentiroso! Como chegou aqui sem que eu visse?" disse Rony bem nervoso.
"uhhh, agora vai se dar mal! O monitor da grifflândia vai pra detenção aprender uma lição" Pirraça fazia caretas e pairava bem perto do rosto de Rony, que se afastava.
"Pode se retirar, Pirraça. Está tudo em ordem" disse Dumbledore calmamente. Apesar de não parecer, ele estava dando uma ordem e pirraça não ousava desobedecer o diretor.
"Yaaaaaa o pequeno Weasley acha que é como os irmãos! Mas ele não ééé..." dizia Pirraça, indo embora pela janela. Algumas pessoas nos quadros riam daquilo tudo e principalmente da cara de Rony, quando ele se virou para falar com o diretor.
"vocês não acreditaram, acreditaram?" dizia Rony, tentando olhar Hagrid e Dumbledore ao mesmo tempo.
"o que você acha, diretor?" dizia Hagrid, olhando para Dumbledore com cara de quem está se divertindo.
"eu acho que uma boa detenção a sua escolha será o suficiente, Hagrid... cof, cof!" Dumbledore também parecia estar se divertindo, mas sua tosse o faz mudar de expressão como se estivesse sentindo muita dor na garganta.
"Pode deixar, diretor. eu, hum, já sei o que vou fazer." disse Hagrid, voltando a olhar Rony.
"Diretor Dumbledore, só vim ver se o senhor estava bem. Só isso!" dizia Rony com cara de preocupação.
"obrigado pela preocupação, Sr. Weasley. Por enquanto estou bem, só um pouco resfriado. Nada que uma pequena dose do Xarope Destilado da madame Pomfrey não possa curar."
"Venha comigo Rony. Sua, er... detenção vai começar agora." disse Hagrid segurando no ombro de Rony e puxando-o para ir embora.
"Detenção?! Mas as aulas nem começaram!" disse Rony, apavorado.
"Se não quer isso, eu.. hum, acho que vou tirar uns 100 pontos da griffinória. O que acha?" disse Hagrid, ainda em tom de brincadeira.
"Não!" Rony não estava entendendo o que se passava, pois nunca antes tinha imaginado Hagrid dizer isso. Rony estava assustado demais para pensar que tudo isso não passaria de uma brincadeira.
Eles seguem para fora do colégio enquanto Dumbledore vai para a sua sala, pigarreando e tirando o frasco com a poção de baixo da manga de seu manto.
Já fora do colégio, o dia estava limpo e claro. Vários estudantes passeavam pelos jardins ou pelo lago, aproveitando os últimos dias de férias já que as aulas iriam começar nessa segunda feira. Mas nem todos ainda estavam de férias. Os alunos do primeiro ano já estavam tendo sua primeira aula de vôo e Rony ao passar por perto, relembrou de seu primeiro ano e do incidente com Longbottom.
"Saudades, Rony?" Hagrid notou como Rony olhava saudosamente para a turma.
"Só tava lembrando..." dizia Rony, voltando a olhar para frente.
"Vou precisar de sua ajuda mais do que nunca, esse ano." disse Hagrid.
"Por que?"
"Bem, hum, porque eu acho que você não deveria contar nada do que ouviu." disse Hagrid, abaixando o tom de voz.
"er... está bem..." Rony finge saber do que Hagrid e Dumbledore tinham falado, pois assim ele poderia até ter alguma chance de realmente saber o que eles conversaram.
"nem mesmo pro Harry ou Hermione. Eles, ahn, iriam ficar preocupados demais." disse Hagrid, olhando dos lados para ver se alguém se aproximava.
"Por que? Eles merecem saber de tudo!" disse Rony, tentando arrumar alguma informação importante.
"Não sei se eles iriam, hum, aceitar a notícia do mesmo jeito que você aceitou."
"Já somos crescidos, Hagrid."
"ha ha, pra mim ainda são pequenas pessoas" dizia Hagrid, colocando a mão na cabeça de Rony que parecia minúsculo perto do amigo.
"perto de você, quem não é?"
Eles passam direto pela cabana de Hagrid e se dirigiam até os portões do colégio, onde tinham cerca de 20 caixas de madeira fechadas, do tamanho do malão de Harry mas com o dobro da largura.
"O que é aquilo, Hagrid?"
"Hum, caixas ora. Também é sua detenção. Vai me ajudar a carregar elas para minha casa." nisso, Rony sente uma imensa preguiça e se arrepende de ter ficado lendo o jornal e não ter ido mais cedo para a enfermaria, onde com certeza conseguiria ouvir mais coisas.
De repente, um zumbido agudo bem distante chama a atenção de Rony e Hagrid. Eles olham para os lados, mas não vêem nada. Quando o zumbido se torna mais forte, eles percebem que vem de trás e se viram para ver uma aluna voando na sua vassoura, descontroladamente, indo na direção dos dois.
"PARE!" foi a primeira coisa que Rony pensou dizer, achando que ela realmente estava em condições de obedecer um monitor.
"AAAAAAAAAA" a aluna tentava se segurar no cabo, enquanto a vassoura girava freneticamente deixando até Rony um pouco tonto. Hagrid e Rony dão um salto para o lado e a aluna passa bem por onde eles estavam, indo em direção às caixas. Hagrid olha assustado e aperta as mãos.
"NÃO! NÃO BATA AÍ!" gritou Hagrid.
Como se estivesse ouvindo aos pedidos desesperados de Hagrid, a garota consegue subir fazendo uma curva de quase noventa graus e ganhando altitude rapidamente. Ela ainda continuava girando quando se desprende da vassoura e começa a cair de uns 10 metros. Rony puxa a varinha de sua mão e aponta na direção da garota que caía, mas ele tremia muito e não conseguia mirar nela direito.
"calma, Ronald, calma" dizia Rony para si mesmo. Quando finalmente ele consegue acompanhar a queda da garota apontando a varinha, Rony diz "Immobulus" e a garota pára a 2 metros do chão, estática.
Rony e Hagrid correm até a garota e Hagrid a segura nos braços. Em seguida a turma de vôo chega ao local, alguns rindo da expressão fixa de susto que a garota mantinha no rosto, outros aliviados por ela estar bem. Os que riam era alunos da sonserina e alguns poucos da griffinória, os outros eram os amigos mais próximos da garota.
a professora de vôo vinha a passos rápidos e com expressão nada amigável. Todos se calam e dão passagem quando ela chega perto e ela vai falar diretamente com Hagrid.
"perdão professor. Ela está bem?"
"sim, está. Graças ao Rony aqui." e Rony fica vermelho.
"Isso é pra vocês aprenderem! Cinco pontos para Griffinória, pelo monitor, e cinco pontos da Griffinória por ela ter me desobedecido. E o próximo aventureiro que quiser montar numa vassoura, vai levar uma semana de detenção e perder 50 pontos. Agora eu vou levar ela pra enfermaria e quero que vocês fiquem COM OS PÉS NO CHÃO!" dizia a professora, dando ênfase no fim da frase.
Todos os alunos balançam a cabeça concordando e alguns imaginavam se alguma casa já teria pontos no primeiro dia para que eles pudessem perdê-los. Hagrid a entrega para a professora, que a leva nos braços. Os amigos da garota vão junto e o restante da turma olha para Rony.
"er... v-voltem para lá." disse Rony, o centro das atenções. Os sonserinos fazem cara feia, mas todos obedecem. Longe dali, a vassoura da garota caía dentro da floresta proibida.
"Bem, agora vamos carregar as caixas antes que fique tarde." disse Hagrid, voltando-se para as caixas e indo até elas.
"O que são elas, Hagrid?"
"uma encomenda do colégio. É melhor não abrir agora."
"o que tem dentro??"
"algo sensível à luz"
Eles chegam e Hagrid ergue três caixas empilhadas, num esforço enorme. Rony pega uma e sente como se os braços fossem cair, mas ele não quis fazer feio na frente de Hagrid e não reclamou.
"Ugh, Hagrid. Eu li o jornal... e nele dizia... um monte de coisas..." Rony falava pausadamente, tomando fôlego a cada instante.
"oh, sim, hum, é verdade. O jornal sempre diz um monte de coisas."
"er... ele também falou... de Julius..."
"Sim, provavelmente coisas boas." dizia Hagrid, com um tom de voz claramente irritado.
"como ele era... quando era aluno?"
"igual ao Snape. Parece que todos esqueceram do que ele fazia. Era ganancioso e fazia tudo o que podia pra ficar mais poderoso ou ganhar mais atenção. Teve uma vez que ele denunciou o próprio amigo pro diretor..." dizia Hagrid num tom de desabafo.
"e o que... ele tinha... feito?"
"tinha entrado na floresta proibida de noite. Lembro que ele perdeu 20 pontos e pegou 5 dias de detenção. Por pouco não foi expulso."
"é, nunca gostei... desse Julius... Ainda mais sendo um... Malfoy... E o que ele ganhou... denunciando o amigo?"
"O amigo era da griffinória e naquele ano, acho que a sonserina ganhou por 10 pontos de diferença. No outro ano, ele se tornou monitor da Sonserina. Hum, Tenho certeza de que Julius esperava por tudo isso. Já era quase o fim do ano e as aulas já estavam acabando, mas assim que pôde, ele conseguiu fazer a Griffinória perder 20 pontos e ficar em segundo lugar. Ele já estava nas graças de Snape e depois disso, é claro que tinha que se tornar monitor."
"Então por que o diretor confia tanto nele?!" disse Rony rapidamente, sem tomar fôlego, quase derrubando a caixa por causa disso.
"Bem... a diferença entre Snape e Julius, é que Julius mesmo no colégio, ahn... tinha uma forte tendência em ser justo."
"Denunciar o amigo... não é nada justo." Rony falava revoltado.
"eu sei, eu sei. Também acho isso, mas Julius não. Se o amigo estava saindo da linha, ele denunciava. Até esse dia o amigo sempre contava tudo a Julius pois até então, eram coisas bobas. Mas depois disso, esse amigo passou a saber o momento certo de dizer as coisas para ele."
"eles continuaram amigos?!?!" disse Rony, surpreso. Seus dedos começavam a ceder, mas ele fez força para não deixar a caixa cair.
"Continuaram. Bem... Como eu disse, Julius não é igual a, hum, Snape. Você não precisa ter medo de ser evenenado... de noite... e também, Julius não parece ter algo contra trouxas... não que ele tenha algo a favor. Sempre soube que Julius considerava um erro permitir gente que não é puro sangue entrar no colégio. Mas mesmo assim ele, hum... não ligava."
"Eu sabia... Um Malfoy... tinha que pensar... assim."
"Desde o começo ele sabia que Lucius era comensal, mas não tinha como provar. Garanto que se tivesse, ia denunciar o própiro irmão só pra conseguir a confiança de todo mundo."
"pelo menos... ficava... entre família..."
"Justo ou não, Julius não tem escrúpulos! Hum, eu acho que Dumbledore não deveria, você sabe, chamar ele pra ensinar aqui... nunca se sabe quando uma pessoa deixa de ser justa..."
"Hagrid... obrigado... por me... apoiar..." - Rony estava mais cansado - "ao menos você... pensa... um... pouco"
"o que quer dizer?"
"Harry... e Mione... estão cegos..." dizia Rony, erguendo fortemente a cabeça como se isso fosse ajudar a carregar a caixa.
"cegos?"
"é... acho... que eles se... impressionaram.... com as espadas..."
Eles chegam na porta da cabana e Hagrid põe as caixas no chão, abrindo a porta. Canino estava dormindo embaixo da mesa e Hagrid entra silenciosamente, colocando as caixas perto da porta. Rony larga a caixa ao lado das outras, fazendo barulho e enxuga a testa que estava derretendo de tanto suor. Canino acorda e olha preguiçosamente pros dois.
"Cuidado com isso!" disse Hagrid.
"desculpa..."
"Hum, não desista agora. Tem muito mais esperando a gente!" disse Hagrid animadamente, saindo da cabana. Rony respira fundo e vai com ele, a contragosto.
........
Na imensa e vazia biblioteca, apenas três pessoas estavam lá. A bibliotecária, um aluno da corvinal e Hermione. Tinham tantos lugares vazios que Hermione até teve trabalho pra escolher qual seria o melhor lugar, quando ela finalmente se senta em uma pequena mesa com quatro lugares perto da ala dos livros de poções. Estava tudo tão calmo que, enquanto ela lia a sétima página (as letras eram minúsculas) tudo o que ela ouvia além da própria respiração, eram as respirações do aluno da corvinal que estava no canto da biblioteca e passos de gente entrando ali.
Hermione escora a cabeça com as mãos na testa e parece ter ficado aflita. Ela então marca uma palavra no livro e abre o dicionário de francês que arranjou ali na biblioteca. Um ágil braço passa à esquerda do rosto de Hermione até a mão apontar a palavra marcada.
"propriedades" sussurrou a pessoa atrás de Hermione. Ela olha para trás e vê o sorridente Maxmilian trajando o uniforme do colégio com o símbolo da Sonserina.
"perdão?"
"propriedades, é o significado dessa palavra, Hermione." e Max se senta em frente a ela.
"obrigada... Maxmilian"
"Fico honrado que tenha lembrado de meu nome, Hermione. É um prazer finalmente falar com você, ainda mais depois de ontem."
"o que aconteceu ontem?"
"tive o desprazer de conversar com algumas pessoas da Sonserina que não são muito amigáveis..." dizia Max, erguendo uma sobrancelha.
"ah, bem, obrigada. Digo, o prazer é meu. Como soube meu nome?" Hermione fechava o dicionário.
"Ora, quando você encontra alguém interessante, deve no mínimo procurar saber algo sobre ela antes de ir falar, não concorda?"
"er..." Hermione fica corada "sim..."
"E além do mais, eu já a conhecia há muito tempo. Nunca tinha visto, mas já conhecia. Me falaram muito bem de você. Lembra de Hugo?"
"claro!" Hermione quase dá um salto na cadeira. O que ela suspeitava parecia ser verdade. Havia uma ligação entre Hugo e Max.
"Shhhhhhhh" o aluno da corvinal reclama do barulho. Max abaixa o tom de voz, se aproximando da mesa.
"pois é, foi ele quem me falou de você e meu irmão não economizou nos detalhes. Ele dizia que você era a personificação da beleza"
Hermione fica envergonhada mais uma vez, só que ela achava que Hugo não tinha irmãos e resolve perguntar...
"ele me disse que não tinha irmãos..."
Então Max ergue o corpo e se encosta na cadeira, sem mais um sorriso no rosto. Até parecia um pouco zangado.
"Dizer que tem irmão bruxo não é uma conversa normal entre trouxas..."
"mas eu não sou trouxa! Digo, eu estudo aqui, ora..."
"não foi isso o que ele me disse"
"ah... talvez seja porque... eu não tenha dito isso a ele..." Hermione olha intensamente para o livro, evitando Max.
"Claro. Eu sabia, hehe" - Max volta a ficar animado - "Dizer que estuda em escola de bruxos também não é uma coisa normal de se dizer"
"Maxmilian..." dizia Hermione, ainda fingindo ler.
"Só Max"
"claro. Max, desculpa. Não quis dizer que seu irmão era mentiroso..."
"eu sei que não. Mas eu também não sou, hehe."
"não, não!" - e Hermione ergue o olhar mais uma vez - "eu também não quis dizer isso!"
"Bem, acho que vou deixar você estudando em paz. Uma outra ocasião a gente conversa mais." e Max levanta-se.
"Espere!" Hermione pensava em dizer pra ele ficar, mas ela lembra que deve adiantar o assunto.
"sim?"
"ahn... você vai fazer poções também?"
"claro! É essencial para qualquer bruxo!"
"Eu também acho! Olha, a inscrição para as turmas de NIEM´s é hoje à tarde... se quiser ir comigo, a gente conversa mais..."
"Eu adoraria. Se não fosse atrevimento meu ou incômodo para você, eu até pediria para que me mostrasse o colégio. Não conheço muita coisa aqui e ninguém da Sonseria parecia empolgado em me mostrar..."
"Claro, claro! Não é incômodo nenhum. Eu mostro pra você."
"é ainda mais simpática pessoalmente" dizia Max. Ele então se abaixa e beija o rosto de Hermione, fazendo uma rápida carícia em sua nuca, por baixo do cabelo. Depois ele vai embora e Hermione o acompanha com o olhar até ele sair. Ela volta a tentar se concentrar no livro, mas só consegue depois de 10 minutos.
.........
Em frente à sala de Julius, Harry pára e pensa em não bater.
"o que eu estou fazendo aqui? Só porque me disseram aquilo ontem, não quer dizer que eu devo aborrecer direto!" pensava Harry. Ele escuta uma cadeira arrastando dentro da sala.
"não... não é direto. Isso é importante!" pensava Harry. Então ele ergue a mão e bate na porta.
Imediatamente depois de bater uma vez, a porta abre. Harry olha surpreso quando vê que era Victoria quem abriu a porta e não Julius.
"..." Harry apenas olhava a mulher, querendo muito dizer alguma coisa, mas não conseguia.
"As inscrições são à tarde, Sr. Potter" disse Victoria.
"Não! Eu não vim por isso! Queria falar com Julius!" Harry conseguiu desentalar.
Victoria olha para dentro da sala e dá passagem a Harry que entra e se sente bastante pressionado naquele lugar. Na mesa havia vários pergaminhos enrolados e uma pena descansava após provavelmente ter escrito mais de 1 metro. Havia também alguns livros de defesa contra a arte das trevas e porta retratos virados para a cadeira do professor. Nas paredes, alguns quadros olhavam para Harry. Em um deles, a turma da Sonserina no último ano que Julius estudou em Hogwarts. Em outro, num cenário montanhoso, um quadro até certo ponto inesperado. Julius abraçado à Victória e Gllandow, todos usando trajes de alpinismo e sorrindo. Provavelmente estavam em alguma comemoração. Em um quadro, cinco crianças, dois garotos e três meninas de longos cabelos que atingiam a cintura, posavam comportadamente e por trás deles, um casal de aparência nobre e austera. Um garoto parecia com Draco Malfoy, mas o outro era menor e tinha cabelos negros. As garotas eram belas e todas aparentavam ser esnobes. Uma era loira, outra morena e a outra ruiva, mas com exceção do cabelo, todas eram idênticas. O pai era imponente e usava uma longa capa igual à de lucius, além de estar segurando uma bengala com uma cabeça de cobra de marfim na ponta. A mãe usava um longo vestido justo e um brilhante colar. O pai era parecido com Julius e a mãe era loira. Outro quadro ali era o de Julius de quando aparentemente estudava no último ano, segurando um bebê. Tinham vários quadros de pessoas desconhecidas para Harry e na parede atrás da mesa do professor, havia o brasão da Sonserina e a espada de Julius descansava embaixo dela na horizontal, sobre dois suportes de metal. Bem embaixo dos pés de Harry, havia um grande tapete com o brasão da família Malfoy. Ao ver isso, Harry dá alguns passos atrás para sair de cima do tapete e olha para Julius, que estava em frente à janela. Também haviam algumas poltronas e um grande baú no canto da parede, ao lado de uma estante repleta de livros, estranhos artefatos e frascos com diversas poções.
Victória fecha a porta.
"desculpe..." disse Harry, se referindo ao tapete.
"se eu ligasse, não teria colocado aí" Disse Julius, fazendo Harry ficar mais tranquilo, mas não o suficiente.
"eu... eu..." Harry estava nervoso com aquela sala repleta de coisas da família Malfoy e da Sonserina.
"Sei que não aprecia minha família nem minha casa, então, se quiser voltar outra hora para falar comigo, não me importo" disse Julius.
"Eu quero falar sobre o diretor!" disse Harry rapidamente, antes que não conseguisse mais dizer.
"Ele está melhor." disse Julius.
"Eu sei, eu vi no jornal, mas eu queria saber se tudo o que o jornal diz é verdade." disse Harry.
"e por que veio até um Malfoy?" disse Julius.
"eu... achei que vocês fossem me contar tudo."
"só porque contamos aquilo ontem, não quer dizer que precisamos contar tudo para você" disse Julius, rispidamente.
"mas..." dizia Harry, antes de ser interrompido por Victória.
"ele só está velho, Sr. Potter. Sua resistência a mudanças climáticas não é mais a mesma."
Harry olha Victória na intenção de terminar a conversa com ela, que parecia mais disposta a cooperar.
"mas ele quase desmaiou ontem na frente de todo mundo!"
"Ele está excessivamente preocupado com Voldemort, o colégio e a corte suprema. Isso o abalou e enfraqueceu suas energias momentaneamente, mas ele está melhor agora."
Harry olha para Julius esperando sua reação, mas ele nada faz.
"Então... também não devo me preocupar..." disse Harry.
"não" disse Julius.
"Obrigado, professor e Victória..."
"aconselho que não venha aqui sempre que precisar saber de algo. Fale com a professora chefe da Griffinória, ou ela vai achar que perdeu sua confiança. Não vou dizer nada do que aconteceu aqui se ela não perguntar para mim..." disse Julius.
"por favor, não diga. Não é necessário..." disse Harry.
"também não era necessário você vir aqui para saber do estado de saúde do diretor. E Victória será professora substituta no colégio, então não a chame por aí apenas por Victória." disse Julius.
"eu não ligo para isso, mas outros estudantes podem ligar..." disse Victória.
"eu, eu... eu entendo... desculpe... era só isso o que queria falar..." dizia Harry, forçando para não ficar vermelho de vergonha.
"se tiver algo realmente necessário para nos contar, que você tenha certeza de que apenas nós podemos ajudar, pode vir. Eu ficarei feliz em ajudá-lo e presumo que Victória também" disse Julius enquanto Victória abria a porta.
"sem dúvida." disse Victória.
"sim professor... Obrigado" e Harry vai saindo.
Após passar a porta, Victória a fecha e Harry deixa-se ficar vermelho enquanto pensava "Droga! Droga! Bem... pelo menos agora eu sei que Dumbledore está bem..."
