Capítulo 11
- Os Sinais -
Era manhã de domingo. Pouco depois do nascer do sol, Harry acorda e tateia na mesa de cabeceira, em busca de seus óculos, quase derrubando o vaso com as landárias que ainda não haviam brotado.
Ao colocá-los no rosto, desajeitadamente, Harry vê que ao contrário de ontem, acordou bem cedo sendo um dos primeiros a se levantarem para tomar o café.
Ao se levantar, um envelope que estava na cama cai no chão. Harry se abaixa para pegar e o examina, mas o envelope estava completamente branco. Então ele se senta na cama, abre o envelope e lê duas linhas escritas tremulamente em um pequeno bilhete que estava dentro dele.
"Herdeiro de Slytherin, o tempo não pode parar e o seu está por terminar. Maldições assombram o seu destino enquanto não tiver em mãos aquilo que lhe pertence"
Harry amassa imediatamente o papel e se levanta, olhando ao redor. Tudo estava calmo e silencioso, sem nenhum sinal de invasão ou coisa parecida. Então ele resolve falar com a professora Minerva pois estava achando aquela brincadeira de muito mal gosto.
Após se trocar e descer as escadas, Harry sai do salão e pára em frente ao quadro da mulher gorda, esperando a parede se fechar.
"Alguém entrou aqui durante a noite?" disse Harry, enquanto o quadro se colocava no lugar e a mulher ainda parecia estar meio sonolenta...
"ninguém entrou"
"Como não? E como isso veio parar na minha cama?" - Harry mostra a bolinha de papel, que era o bilhete.
"alguém colocou lá. Mas ninguém entrou enquanto vocês dormiam. Sem senha, não se pode entrar..." dizia a mulher, pacientemente.
"...algum aluno de outra casa entrou aqui?" disse Harry, hesitante.
"apenas alunos da Griffinória e a professora McGonagall devem saber a senha. Nenhum outro aluno entrou aqui sob minha vigilância se é o que está insinuando." - A mulher parecia começar a se irritar.
"...obrigado..." - Harry guarda a bolinha no bolso e segue para o grande salão, pensativo.
Chegando ao salão, Harry Pára bem na entrada e olha para a mesa dos professores, mas poucos estavam lá. Apenas Julius que aparentemente costumava chegar cedo nas refeições, a professora Sprout e Flitwick, que conversavam animadamente. Nas mesas das casas, poucas cadeiras estavam ocupadas. Os alunos queriam aproveitar o último dia antes do início das aulas para acordar tarde.
Harry então olha a mesa da Corvinal e se lembra que tem algo para dizer à Cho, mas ela não estava ali no momento. Ele resolve tomar o café antes de procurar as pessoas com quem quer falar, mas nesse momento Cho diz seu nome bem atrás, num tom fúnebre...
"Harry..."
Ele se vira e olha direto na boca de Cho, mas então desvia o olhar para seus olhos. Nesse momento ele se lembrava do primeiro beijo na sala onde realizavam os encontros do 'Exército de Dumbledore', mas de alguma forma ele não se sentia mais tão nervoso perto dela.
Cho Chang parecia mais bonita e crescida que uns meses atrás, mas não tão atraente quanto há dois anos. 'Para variar' ela estava acompanhada de algumas amigas, que pareciam estar conversando excitantemente, ignorando completamente a presença de Harry.
"Cho... oi..." disse Harry, igualmente fúnebre. Era como se respeitassem a memória do namoro que acabou numa discussão.
"oi..." disse Cho, calando-se em seguida. Ela não parecia muito à vontade...
Um espera o outro dizer algo, ficando ambos em silêncio por alguns segundos, mas então Cho resolve tomar a iniciativa.
"como foi seu aniversário?" disse Cho, numa tentativa pífia de puxar assunto antes de falar o que realmente queria falar.
"foi bom." - dizia Harry vagamente - "meus amigos mandaram cartas e tudo mais..."
Então Harry nota que não deveria ter dito isso, pois Cho desvia o olhar. Ter perguntado do aniversário significava que ela lembrava, mas como não havia mandado nenhuma carta, então é porque ela não quis. Pensar nessa possibilidade fez Harry ficar um pouco rancoroso no momento.
"que bom..." - dizia Cho procurando a mesa da sua casa - "olha, foi bom te achar agora porque queria dizer que não vou poder ir para suas aulas de defesa, pois esse ano tá um pouco complicado pra mim..."
"tudo bem. Era isso o que eu queria perguntar." - Então Harry olha além de Cho e vê a amiga dela que havia denunciado o grupo para Umbridge. Ela parecia conversar animadamente com suas amigas, mas uma rápida espiada denuncia que ela prestava atenção nos dois. Ele não tinha a menor intenção de convidá-la a continuar nas aulas.
"bem... e o pessoal da Corvinal me pediu pra avisar também que não poderiam continuar..."
"certo. Vou avisar os outros disso..." disse Harry, voltando a olhar Cho. De repente seus desejos se tornavam realidade. Ele queria que continuassem nas aulas apenas os amigos mais próximos.
eles continuam em silêncio por poucos segundos e como não tinham mais nada para dizer, Cho se despede.
"até mais!" disse Cho, voltando-se para suas amigas. Harry se vira e vai para a mesa da Griffinória onde toma o café sozinho, pensando no ocorrido e em como a garota tinha parecido chata.
Harry toma seu café, calmamente, enquanto as mesas iam enchendo. Seus amigos ainda não chegaram e de vez em quando, ele dava uma espiada na mesa dos professores que também não estava completamente cheia. Durante essas espiadas, ele percebia que Julius voltava sua atenção para a mesa da Griffinória como se ele sentisse estar sendo observado. Julius comia sozinho e terminou a refeição brevemente, levantando-se e saindo de lá.
Harry o acompanhava com olhar, quando alguém coloca a mão em seu ombro, fazendo-o estremecer. Então ele vira o rosto para vislumbrar o imponente olhar da professora McGonagall, que fazia até os alunos mais próximos se calarem apreensivos.
"Harry!" - começou a dizer, num tom de bronca - "quero falar com você agora, na minha sala."
"sim senhora..." - disse Harry, surpreso demais pra fazer perguntas.
Ele se levanta e segue a professora, passando por Rony e Hermione que estão chegando ao salão nesse instante. Rony dá uma espiada após passar por eles e depois se vira para comentar com Hermione.
"será que é por causa dos NOMs?" dizia Rony
"rápido demais pra ser isso. As notas devem sair só daqui a uma semana. Deve ser coisa do time" - Hermione andava abraçada ao seu livro e ao chegar na mesa, ela o derruba fazendo os pratos tremerem.
"então deviam ter me chamado. Eu também sou do time!" - disse Rony, olhando o livro com atenção e dando graças por não ter tirado nota suficiente para entrar na turma do Snape.
"Ah, sei lá Rony. Depois você pergunta pra ele!" - disse Hermione impacientemente. Ela se servia rapidamente e pensava em como ia organizar o seu horário para estudar. Mal teria tempo para respirar esse ano...
Rony olha Hermione comer rapidamente e pensa em dizer algo, mas assim que ela nota sua atenção, ele disfarça.
.......
Chegando em sua sala, Minerva entra e espera Harry entrar, para fechar a porta em seguida. Gllandow estava ali, sentado em frente à mesa da professora e brincando com uma das coisas dela, que ele coloca de volta no lugar rapidamente, antes que ela o visse.
"Desculpe por fazê-lo esperar, professor. Mas vai ser rápido." dizia a professora, indicando a cadeira para Harry se sentar.
Gllandow acena, querendo dizer que não se importava com isso, mas a cara que fazia dava a entender que estava sendo irônico.
Harry senta e cruza as mãos, esperando a professora falar. Ela vai até sua cadeira e se senta, tomando fôlego.
"Harry... eu estava indo para a Griffinória quando a senhora do quadro me avisou que você achava que um desconhecido entrou na casa." dizia McGonagall, fazendo Gllandow erguer as sobrancelhas.
"ah, ah sim, é verdade!" - Harry estava mais aliviado - "alguém deixou uma coisa em cima da minha cama, mas ela disse que ninguém de outro lugar tinha entrado."
"eu sei, ela também me disse que ninguém tinha entrado, mas se é só porque alguém deixou uma coisa em sua cama que você achou que um estranho entrou na casa, devo dizer que está assustado demais..."
"mas não foi qualquer coisa, veja!" - Harry tira o papel amassado e entrega para a professora. Gllandow acompanha tudo com o olhar e enquanto a professora desamassa, ele se inclina um pouco para ler. Então a professora olha para ele, que volta a se encostar na cadeira, disfarçando, como se estivesse se ajeitando.
"hum..." - ela lê o bilhete todo - "foi só isso o que tinha na carta?"
"sim! o envelope era branco e normal... igual a uma carta trouxa! E não foi o primeiro! No beco diagonal eu recebi outro parecido com esse mas apenas dizia que o que estava escondido me pertencia e só eu podia revelar... ainda tenho guardado, se a senhora quiser..."
"O que?!? Professora, deixe-me ver essa carta" - Disse Gllandow, tomado por uma grande surpresa.
A professora olha para ele, mas ele não se intimida e estende a mão. Ela continua parada e ele fica vermelho...
"por favor..." - disse Gllandow
"assim está melhor" - disse a professora, entregando o bilhete para ele que lê ansiosamente.
Harry fica olhando para os dois e a professora faz um comentário mais com intenção de reclamar.
"Desde que era aluno, o professor Gllandow é um pouco nervoso e não liga muito para os bons modos, Harry..."
Gllandow lia e fingia não se importar, mas estava ficando cada vez mais vermelho.
"...mas eu quero ver essa outra carta sim. Depois gostaria que trouxesse até mim. Vou deixar a guardiã do quadro atenta para qualquer aluno que entre com um envelope na casa e quando eu descobrir quem é, tomarei as providências. Não comente com ninguém, está certo?"
Harry achou essa atitude sensata, mas não entendeu porquê Gllandow estava tão interessado na carta.
"entendi. Vou trazer a outra... mas essa carta é só uma brincadeira, não é?" - e Harry fica atento à reação da professora. Ela inspira fundo e ajeita os óculos.
"espero que sim, Harry. Mas pode ser que não..." disse a professora, pesadamente.
"E o que essa carta significa? Eu não sou herdeiro de Slytherin! Do que ela fala? O que é que me pertence?" dizia Harry, começando a se preocupar mais com a carta.
"o testamento, Harry." - disse Gllandow, chamando a atenção de Harry - "o testamento de Salazar." - e Gllandow dobra o papel, guardando no bolso. - "creio que vou ficar com esse bilhete para mostrar aos outros. Voldemort está de olho no testamento e está tentando fazer Harry pegá-lo"
Minerva faz ruídos de descontentamento. Parecia que ela não gostou de Harry ter ouvido isso.
"Não seja apressado, Gllandow. Essa história do testamento é uma das lendas da escola e muitos alunos já fizeram brincadeiras com elas. Essa pode ser só mais uma." - dizia Minerva.
"Seria coincidência demais. Voldemort volta, a vidente surge e o guardião adoece. Se isso for uma brincadeira, quem quer que tenha feito merece meus parabéns pela sorte..." dizia Gllandow.
"esperem! Do que estão falando? Que testamento é esse?" - Harry já estava aflito por não entender nada do que eles diziam.
"Eu explico!" disse Gllandow, mas então a professora Minerva toma a dianteira, falando num tom mais alto que o professor.
"O testamento, Harry, ninguém sabe o que tem nele..." - dizia McGonagall - "mas uma das lendas do colégio diz que Salazar, antes de morrer, encerrou seu testamento num lugar secreto e o protegeu fortemente para evitar ser encontrado por qualquer um. Apenas em certos momentos seria possível pegar esse testamento e tudo leva a crer que esse momento está próximo..."
"o diretor adoeceu. Seus cuidados com o castelo enfraqueceram e Voldemort terá mais facilidade para entrar aqui. Não que seja fácil, mas não será tão difícil quanto antes." - disse Gllandow
"mas vocês estão aqui! Os três!" - disse Harry.
"sim..." - Gllandow dá uma pausa - "estamos aqui... mas parece que ele também está aqui de alguma forma ou não teria entregue essa carta"
"a não ser que seja uma brincadeira de algum aluno" disse McGonagal, interrompendo Gllandow.
"essa lenda é verdadeira? o que quiseram dizer com meu tempo está acabando? digo... o tempo do herdeiro?"
"Você conhece alguma lenda que seja mentira?" - disse Gllandow fazendo Harry lembrar da câmara secreta. - "seu tempo está acabando porque..."
"Gllandow! Não há necessidade disso! Eu conheço várias lendas falsas e essa pode muito bem ser uma delas. O diretor é da mesma opinião minha!" McGonagall interrompe Gllandow mais uma vez.
"então porque ele nos chamou para ensinar aqui assim que soube sobre a garota?" disse Gllandow, se referindo ao momento em que Dumbledore contatou os Cavaleiros de Merlim, antes do ataque de Hermione.
A professora Minerva se vê sem argumentos...
"desculpe professora Minerva, mas não sou mais aluno da Griffinória e considero esse momento o ideal para Harry saber o que se passa. Vou contar ao garoto o que ele deve saber, goste você ou não." disse Gllandow com uma expressão nervosa no rosto.
"pois vai me obedecer pois seu conceito de momentos ideais é distorcido e as consequências podem ser graves! Se existir um testamento, ele deve ser mantido onde está até o fim dos tempos, ou algo pior pode acontecer e você sabe muito bem que se disser qualquer bobagem agora, esse algo pior vai acontecer!" - McGonagall erguia o tom de voz aos poucos.
Gllandow faz uma cara de reprovação. Harry entra na discussão...
"Será que eu nunca posso confiar em você!? Sempre vai me esconder coisas como se eu fosse um garotinho?" - disse Harry, falando mais alto que a professora, chamando a atenção dos dois. Como eles não dizem nada, Harry continua.
"Eu tenho que saber! Se acham que sou o Herdeiro de Salazar e se por alguma maldição no meu destino eu fiquei ligado ao Voldemort, então isso tudo tá relacionado diretamente comigo e minha vida corre perigo! Se não me contarem, serei obrigado a não confiar mais em vocês e nunca mais dizer nada que acontecer comigo!"
"MUITO BEM" - a professora grita, fazendo Harry parar de falar. Então ela dá uma pausa, se acalma, e continua falando - "eu vou explicar cada palavra nessas cartas. Bem como você disse que tinha na primeira carta, essa pessoa sabe da sua ligação com Voldemort e sabe da existência da lenda do testamento. Se a lenda for verdade, apenas o Herdeiro de Salazar pode retirar o testamento de seu esconderijo e abrí-lo e como você está ligado com Voldemort, quem escreveu a carta achou que você poderia abrir..."
"pode ter sido o próprio Voldemort quem escreveu!" disse Harry
"SIM HARRY" - a professora ergue a voz mais uma vez para não ser mais interrompida - "pode sim! pode ser que não! Não vou explicar suposições, vou explicar os fatos como você quer! Bem... nessa outra carta que você me mostrou, a pessoa que escreveu demonstra ter mais conhecimento sobre a lenda. Ao dizer que seu tempo está acabando é porque ela sabe que a partir do momento em que os sinais aparecem, existe um limite de tempo para que o testamento seja pego. Se o limite acabar, o testamento só poderá ser pego quando os sinais aparecerem novamente e não se sabe em quanto tempo isso pode acontecer. Os sinais são o nascimento do Herdeiro, óbvio, o despertar da vidente e o adoecer do guardião. Voldemort nasceu há muitos anos e pode-se dizer que renasceu há quase 1 ano. Você também sabe que Hermione despertou suas habilidades de prever o futuro e o diretor pegou um leve resfriado. Ele é o guardião desse colégio, onde supostamente o testamento está guardado. Quanto às maldições, não existe nada na lenda contando sobre isso até porque na lenda não fala nada de alguém ligado ao verdadeiro herdeiro. Foi só uma forma que a pessoa que escreveu a carta encontrou para lhe assustar!"
Gllandow parecia incomodado em sua cadeira, sempre ameaçando dizer algo mas não se pronunciava. Após uma breve pausa, Harry pergunta...
"e qual é o limite de tempo? quantos dias?"
"pode ser 1 dia, pode ser 1 ano... o seu tempo acaba quando a vidente perde sua habilidade." disse McGonagall. Gllandow tenta não deixar escapar um sorriso, mas não consegue.
"satisfeito, Gllandow?" disse Minerva, irritada.
"é..." disse Gllandow, ainda com um sorriso no rosto.
"ainda não entendo tudo perfeitamente! Quando é que Hermione vai perder a habilidade? e porque não queriam me contar só isso?"
"pergunte à senhorita Granger. E eu não queria lhe contar isso porque sei muito bem como o senhor é curioso e provavelmente tentaria procurar o testamento escondido antes que o tempo acabasse" disse McGonagall, deixando Harry meio corado.
"não sou idiota... se tem um testamento de Salazar, ele não deve ser retirado de onde está."
"ótimo! É bom que pense assim! Agora vá trazer o outro bilhete, por favor..." disse Minerva. Após uma breve pausa, Harry levanta e sai da sala, fechando a porta em seguida.
"...." Minerva olha para Gllandow, que ainda tinha o sorriso no rosto.
"quero ver quanto tempo vai demorar pra ele saber que a senhora não contou toda a verdade" disse Gllandow, olhando Minerva nos olhos.
"se ele souber de tudo, Gllandow, eu vou saber perfeitamente bem quem foi que contou a ele" - disse Minerva encarando o professor, que não se intimidou.
.....................
A última noite de férias havia chegado porém muitos alunos ainda perambulavam pelas acomodações do castelo. Harry havia entregue a primeira carta junto com os dois envelopes, e quando ele fez isso, Gllandow já não estava mais na sala. Ele ainda tentou obter mais informações, mas a professora disse as mesmas coisas que havia dito antes.
Durante a tarde, Harry se encontrou com Rony no campo de quadribol, onde estava jogando com alguns alunos do terceiro ano. Ele explicou tudo o que havia se passado e combinou com Rony para entrarem na área restrita da bilioteca após o jantar, em busca de algo que fale mais sobre a lenda. Harry já havia procurado na área livre, mas não encontrou nada sobre isso e nem mesmo Hermione sabia algo. Ela também ouviu a história de Harry, mas não ouviu todos os detalhes porque ele não quis atrapalhá-la. Ela parecia estar empenhada em terminar de ler o livro antes mesmo da primeira aula.
Harry e Rony estavam cobertos pela capa da invisibilidade, mas andavam com dificuldade. Tinham que andar bastante inclinados para seus pés não aparecerem e seguiram um caminho longo até a biblioteca, pois o mais curto ainda estava meio movimentado.
Ao chegar na biblioteca, sentem o silêncio invadir suas cabeças e seus pensamentos se organizarem. Hermione estava em uma das mesas ali, concentrada na leitura do livro de poções.
"Será que ela vai se lembrar de vigiar direito?" sussurrou Rony, já sentindo um leve torcicolo.
"vamos descobrir agora" - Harry e Rony chegam perto da porta que dá acesso à área restrita e olham ao redor para se certificarem de que ninguém os observava.
Vendo que estavam sozinhos, Harry abre a porta e os dois entram rapidamente, fechando-a em seguida. A área restrita estava mais deserta que o resto da biblioteca, então eles tiram a capa.
"Espero que saiba por onde começar" disse Rony, olhando as inúmeras estantes.
"na verdade não. Como somos dois, o tempo de procura cai pela metade" disse Harry, andando rapidamente por um dos corredores de estantes de livros e vendo por cima os títulos que haviam neles.
"isso me deixa mais tranquilo..." ironizou Rony, enquanto seguia Harry e olhava para a estante do lado oposto no corredor.
"não vou sair enquanto não achar o que procuro. Sei que se a professora não me conta tudo é por um bom motivo, mas eu não posso ficar parado esperando as coisas acontecerem." - e Harry pára, puxando um livro com capa de couro velho. - "Lendas e Mitos da magia negra na idade média. Não é esse... mas deve estar por aqui..."
"concordo com você Harry, mas será que esse bom motivo não seria bom demais? Sei lá... acho melhor deixar essa história de testamento pra lá. Se você não for atrás do testamento, nada de mal vai acontecer" disse Rony, também puxando outro livro com um título que parecia ter algo a ver com o que eles procuravam.
"não estou atrás do testamento. Não quero pegar nessa maldita coisa, mas eu quero saber que lenda é essa." - Harry deslizava os dedos pelos livros.
"o que tem no testamento deve ser algo muito grande, ou não estaria escondido há tanto tempo. Desde a morte de Salazar até hoje. Será que foi por causa dele que invadiram a sede da ordem?" - disse Rony, folheando o livro que pegou mas vendo que não tinha nada de interessante. Ele coloca o livro de volta e continua procurando.
"talvez. Se Dumbledore é o guardião, então Voldemort pode ter achado que o testamento estivesse em um lugar como aquele. O colégio é óbvio demais, então ele talvez tenha achado que o testamento estivesse com a ordem!"
"mas ele não sabia onde ficava a ordem." - Rony pega um livro grande, porém fino.
"e se denunciaram!? Lembra do que Hermione disse? Algum novo membro pode ter denunciado! Ou então o próprio Snape, se ele voltou a ser um comensal... Como eles não acharam nada na sede da ordem, então as chances daquilo estar aqui no colégio aumentaram. Lembre-se de que só me mandaram a carta depois que a sede da ordem foi invadida." - Harry chegava ao fim da estante e virava para Rony que estava folheando o livro fino.
"é verdade...." - Rony dá uma pausa - "Harry! Veja! Acho que aqui tem!"
Harry se aproxima e Rony mostra a capa, onde estava escrito 'A gênesis'.
"Uma espécie de diário escrito pelos quatro fundadores do colégio! Garanto que nem Hermione leu uma coisa dessas em Hogwarts, uma história" disse Rony, folheando rapidamente até parar em uma página com o nome de Salazar, perto do fim do livro.
"volte mais! volte mais! Acho que vi alguma coisa!" disse Harry, voltando algumas folhas.
Eles param em uma parte onde havia escrito no meio da página a palavra 'testamento' com destaque. Harry começa a ler apressadamente...
"Meu maior segredo! Aquilo pelo qual passei a vida inteira procurando, finalmente se resume a um rolo de pergaminho! Não deixarei que qualquer um tome conhecimento disso, mas apenas um legítimo bruxo, da linhagem dos Slytherin, deve abrí-lo! Nenhum lugar é seguro a não ser sob a proteção daqueles que não aceitaram minhas idéias. Meus seguidores tentariam obter esse conhecimento a qualquer custo, sei perfeitamente bem disso. Mesmo sabendo que eles não conseguirão, não posso deixar que essa preciosidade seja perdida no tempo. Ela deve permanecer em um lugar fixo que ninguém saiba, inclusive seus próprios guardiões. Já sei onde guardar, mas apenas meu verdadeiro herdeiro saberá onde encontrá-lo ao ler essas palavras..." - Harry lia em voz alta.
Nesse momento, eles escutam a voz de Hermione lá na biblioteca, em um tom alto.
"Professora Minerva! Professora Minerva!" dizia Hermione meio aflita, fazendo Rony e Harry darem um salto. Eles fecham o livro rapidamente e o socam na vaga onde estava, derrubando uns livros do outro lado.
Dá para se ouvir um murmurar contínuo da voz da professora, mas não entende-se o que ela está dizendo. Harry e Rony correm para o outro lado da estante e recolocam os livros no lugar.
Então a porta range abrindo e fechando rapidamente, seguindo-se passos apressados. Harry e Rony colocam a capa com nervosismo e se esgueiram pela estante, observando o movimento da professora por trás dos livros.
A professora pára e se vira na direção deles, bem no lugar onde estava o 'A gênesis'. Os dois ficam observando a professora tirar lentamente o livro. Ela segura com as duas mãos e o examina atenciosamente, olhando dos lados em seguida. Harry não percebeu, mas eles haviam colocado o livro de cabeça para baixo.
"Professora McGonagall" - a voz penetrante de Victória ecoa pela área restrita. Harry e Rony olham ao lado e conseguem perceber os trajes e o cabelo de Victória pelas brechas entre uma fileira de livros e outra.
"Professora Helenna, foi você quem pegou esse livro?" disse Minerva, apreensiva.
"sim. Estava dando uma olhada há poucos minutos para saber algo mais do que eu sei sobre a lenda"
"Como ela entrou aqui?" - Rony sussurra no ouvido de Harry.
"Parece que ela já estava aqui..." - Harry responde.
"Creio que já saiba tudo o que há escrito sobre a lenda." disse Minerva, abraçando-se ao livro como se fosse Hermione levantando-se da mesa do café.
"sim. Descobri que sim. É por isso que estou apreensiva. O colégio não estará mais seguro em poucos dias, muito menos se esse testamento puder ser pego por ele."
"enquanto ninguém encontrar esse testamento, Victória, todos estarão seguros. Você deveria se concentrar mais em encontrar quem mandou os bilhetes para o Harry, ao invés de procurar o paradeiro do testamento."
"É isso o que estou fazendo. Nas aulas vai ser mais fácil de observar todos os alunos de perto. Mas é sempre bom estar preparado para tudo. Na pior das hipóteses, um aliado deve pôr as mãos nesse testamento, caso contrário quem colocará as mãos será o próprio Voldemort."
"Tente esquecer isso um pouco. Na côrte suprema vocês podem muito bem discutir esse assunto, mas aqui no colégio você é professora de duelos e o diretor é Dumbledore. Enquanto ele estiver vivo, suas vontades vão ser respeitadas." - as duas estavam em um princípio de discussão.
"Espero que as vontades dele sejam respeitadas por muito tempo, Minerva..." - disse Victória, seguindo-se um momento de silêncio. Então ela continua - "eu posso ser professora, mas ainda sou membro da côrte e meu dever é estar preparada para qualquer situação. Não é porque Dumbledore quer que ninguém encontre esse testamento que devemos achar que ninguém vai encontrar. Até mesmo ele está preparado para isso, ao contrário da maioria dos professores ao que me parece..."
"já que é assim, fico mais tranquila..." - Minerva parecia estar ficando sem argumentos - "mas espero que não saiam por aí procurando. Dumbledore tem minha plena confiança e se ele diz que ninguém deve pôr as mãos no testamento, ninguém colocará. Se me der licença, vou levar esse livro comigo."
"claro..." - Victória dá passagem a Minerva, que segue a passos firmes até a saída. Ela abre, sai e fecha a porta em seguida.
Os garotos ficam parados, esperando a reação de Victória, mas ela apenas olha para trás como se procurasse por eles e depois sai da área restrita. Eles tiram a capa e respiram aliviados, mas a tensão volta logo.
"ela nos viu! tenho certeza! a professora nova nos viu aqui e não fez nada!" - dizia Rony, aflito.
"A professora McGonagall realmente não quer que eu saiba sobre essa lenda. Ela sabia que eu viria aqui e veio buscar o livro. Acho que só vamos descobrir algo se Victória nos contar. Ela disse que sabia tudo!"
"calma! Também não podemos ir perguntar assim, de qualquer jeito! Por que ela não nos denunciou? E você viu como as duas pareciam não se entender?" disse Rony.
"nem ela, nem os outros dois. Pareceu também que nenhum dos membros da corte suprema concordava com Dumbledore. Eles querem que um aliado pegue o testamento, mas Dumbledore não. Será que eles sabem o que tem no testamento?"
"Vamos embora daqui antes que elas resolvam voltar. Também temos que contar tudo pra Hermione... depois que ela terminar de estudar..." disse Rony cobrindo-se com a capa.
Harry também se cobre e eles saem da área restrita cuidadosamente, dirigindo-se para o salão da Griffinória onde iriam esperar Hermione voltar para explicar tudo a ela.
................
Já no salão comunal da Griffinória, Rony estava sentado em um dos sofás enquanto Harry andava de um lado para o outro em frente à lareira. Ele não havia notado, mas Rony estava começando a se sentir incomodado pois já fazem uns três minutos que a garota do incidente da aula de vôo havia sentado aos pés da escada que leva ao dormitório feminino, junto com outras amigas. Elas conversavam alegremente, dando uma espiada em Harry e Rony de vez em quando.
"Harry... se senta..." sibilou Rony por trás dos dentes.
"ela já devia ter voltado! Ela tá demorando! Dava tempo da gente procurar mais coisa!" dizia Harry, ainda dando voltas.
"Calma. Você sabe como ela fica quando tá concentrada. A qualquer momento, ela..... ah! olha ela aí!" - dizia Rony no momento em que a entrada do salão abre e Hermione entrava, abraçada ao livro.
Ela parecia exausta e se joga na cadeira, colocando o livro ao lado e fazendo Rony se afastar um pouco para não ser esmagado.
"desculpem a demora. Eu procurei umas pessoas pra perguntar das aulas do Harry mas parece que de repente, todo mundo ficou ocupado demais..." dizia Hermione, descansando no encosto do sofá.
"Ah, é... eu falei com a Cho e ela também disse que os alunos da corvinal não poderiam... quer dizer, acho que ela não falou pela Luna" disse Harry, sentando na cadeira em frente aos dois.
"As gêmeas também vão continuar. Parvati me disse hoje..." disse Rony.
"quero só ver onde você vai arranjar tempo, Harry. Tem aula todo dia, de manhã e de tarde!" disse Hermione.
"não... o horário até que está um pouco livre... eu acho" disse Harry, forçando a memória para ter certeza de que estava certo.
"o seu, Harry. O meu não tá tão livre assim." disse Hermione.
Os garotos ficam em silêncio e como se adivinhasse o que pensavam, ela se pronuncia.
"mas não se preocupem com isso. Encontrem um horário bom pra todos e se der, eu vou às aulas. Se não der, não vou. Mas isso não importa agora... o que conseguiram achar na biblioteca?" Hermione se ajeita no sofá para ouvir melhor.
"bem...a gente encontrou o tal livro que tem a lenda. Eu acho que era esse, mas a professora Minerva entrou lá e pegou o livro antes que eu conseguisse ler algo de importante. Só li que realmente existe essa história de testamento..." dizia Harry.
"desculpa gente, quando vi a professora chegando eu tentei pará-la!" disse Hermione, meio frustrada.
"tudo bem. Nós vimos e deu tempo de nos escondermos. Mas lá dentro, quando a professora Minerva pegou o livro, a professora Victória apareceu lá! Ela já estava lá! Com certeza ela nos viu!" disse Harry.
"eu não lembro de ter visto ela entrar..."
"Então ela estava há mais tempo procurando algo. Provavelmente procurando aquele livro também" disse Rony.
"ou não... mas e o que aconteceu? Como vocês escaparam dela?"
"acontece que ela não nos denunciou para a professora. Elas começaram a conversar e pareciam estar se desentendendo, mas saiu sem dizer nada sobre nós dois." disse Harry, para a surpresa de Hermione.
"Então ela não viu vocês. Devia estar entretida com outra coisa" disse Hermione.
"Parece que Dumbledore e a côrte não estão se entendendo, ou algo assim... parece que a côrte queria encontrar o testamento antes que Voldemort o fizesse, mas Dumbledore não quer que ninguém ache o testamento" disse Rony.
"Então é por isso que aqueles três estão aqui?! Achei que tivessem sidos chamados pelo diretor" disse Hermione.
"mas foram. Acho que o diretor está receoso que Voldemort ataque o colégio, procurando o testamento" disse Harry.
"aí eles aproveitam e resolvem procurar também. Não gosto disso. Não gosto de pensar num Malfoy pondo as mãos nesse testamento" dizia Rony.
"Mas ele não pode, a não ser que seja o verdadeiro Herdeiro de Salazar, o que sabemos que ele não é. Não sei direito sobre essa lenda, mas pelo que Harry disse, eles não têm muito tempo para encontrar o testamento. Por que então, eles não deixam esse tempo acabar ao invés de ficar procurando?" disse Hermione.
"não é um tempo fixo. Quero dizer, a professora não explicou direito. Ela disse que o tempo acabava quando você não pudesse mais prever o futuro. Quando é que isso vai acontecer?" disse Harry.
Rony fica levemente corado e desvia o olhar para a lareira, mas Hermione pareceu não se alterar, apesar de pensar um pouco antes de responder...
"Bem... eu nunca me interessei muito por adivinhação, mas já li em alguns lugares que quem consegue prever o futuro perde os poderes quando encontra a pessoa certa..." dizia Hermione.
"pessoa certa pra que?"
"Harry! Quando se apaixona! Essas coisas..." disse Hermione, que agora sim parecia estar se alterando.
"então isso não deve demorar muito" disse Harry com o mesmo sorriso cheio de insinuações que ele deu no dia anterior. Rony olha para Harry, ansioso por mais explicações, mas Hermione interrompe
"O fato é que não se sabe quanto tempo isso vai demorar e Voldemort não está medindo esforços pra encontrar esse testamento. Agora eu acho que foi ele quem invadiu a sede da ordem, procurando pel testamento e deve ter sido ele quem mandou as cartas para você."
"sim, sim, eu também acho! E foi o Snape quem denunciou! E eu não me surpreenderia se o Julius estivesse dando uma de agente duplo..." disse Rony.
"não faz sentido! Os interesses dele são outros! Parece que ele não gosta muito do Voldemort..." disse Hermione, lembrando-se aos poucos das coisas que o professor disse durante a inscrição.
"tem outra coisa que eu não entendi..." - disse Harry, chamando a atenção dos dois - "no trecho do livro, dizia que o Herdeiro iria saber onde o testamento está guardado, caso ele lesse aquele trecho... mas acontece que eu não sei onde está guardado..."
"por que você não é o herdeiro, Harry. E é melhor parar de achar que é o Herdeiro. Você é aluno da Griffinória e merece isso." disse Hermione.
Segue-se um breve momento de silêncio.
"está ficando..." - e Rony dá um longo bocejo - "...tarde. Eu vou me deitar..."
"eu também vou. Amanhã temos que acordar cedo pra aula de história da magia" disse Hermione, juntando os livros e levantando.
"nós não estamos inscritos nessas aulas" disse Rony.
"ah, é... esqueci..." - Hermione pareceu triste. - "até amanhã, meninos..."
"até..." Rony e Harry se despendem, indo em direção ao dormitório enquanto Hermione ia para o seu. O salão comunal começava a ficar vazio.
- Os Sinais -
Era manhã de domingo. Pouco depois do nascer do sol, Harry acorda e tateia na mesa de cabeceira, em busca de seus óculos, quase derrubando o vaso com as landárias que ainda não haviam brotado.
Ao colocá-los no rosto, desajeitadamente, Harry vê que ao contrário de ontem, acordou bem cedo sendo um dos primeiros a se levantarem para tomar o café.
Ao se levantar, um envelope que estava na cama cai no chão. Harry se abaixa para pegar e o examina, mas o envelope estava completamente branco. Então ele se senta na cama, abre o envelope e lê duas linhas escritas tremulamente em um pequeno bilhete que estava dentro dele.
"Herdeiro de Slytherin, o tempo não pode parar e o seu está por terminar. Maldições assombram o seu destino enquanto não tiver em mãos aquilo que lhe pertence"
Harry amassa imediatamente o papel e se levanta, olhando ao redor. Tudo estava calmo e silencioso, sem nenhum sinal de invasão ou coisa parecida. Então ele resolve falar com a professora Minerva pois estava achando aquela brincadeira de muito mal gosto.
Após se trocar e descer as escadas, Harry sai do salão e pára em frente ao quadro da mulher gorda, esperando a parede se fechar.
"Alguém entrou aqui durante a noite?" disse Harry, enquanto o quadro se colocava no lugar e a mulher ainda parecia estar meio sonolenta...
"ninguém entrou"
"Como não? E como isso veio parar na minha cama?" - Harry mostra a bolinha de papel, que era o bilhete.
"alguém colocou lá. Mas ninguém entrou enquanto vocês dormiam. Sem senha, não se pode entrar..." dizia a mulher, pacientemente.
"...algum aluno de outra casa entrou aqui?" disse Harry, hesitante.
"apenas alunos da Griffinória e a professora McGonagall devem saber a senha. Nenhum outro aluno entrou aqui sob minha vigilância se é o que está insinuando." - A mulher parecia começar a se irritar.
"...obrigado..." - Harry guarda a bolinha no bolso e segue para o grande salão, pensativo.
Chegando ao salão, Harry Pára bem na entrada e olha para a mesa dos professores, mas poucos estavam lá. Apenas Julius que aparentemente costumava chegar cedo nas refeições, a professora Sprout e Flitwick, que conversavam animadamente. Nas mesas das casas, poucas cadeiras estavam ocupadas. Os alunos queriam aproveitar o último dia antes do início das aulas para acordar tarde.
Harry então olha a mesa da Corvinal e se lembra que tem algo para dizer à Cho, mas ela não estava ali no momento. Ele resolve tomar o café antes de procurar as pessoas com quem quer falar, mas nesse momento Cho diz seu nome bem atrás, num tom fúnebre...
"Harry..."
Ele se vira e olha direto na boca de Cho, mas então desvia o olhar para seus olhos. Nesse momento ele se lembrava do primeiro beijo na sala onde realizavam os encontros do 'Exército de Dumbledore', mas de alguma forma ele não se sentia mais tão nervoso perto dela.
Cho Chang parecia mais bonita e crescida que uns meses atrás, mas não tão atraente quanto há dois anos. 'Para variar' ela estava acompanhada de algumas amigas, que pareciam estar conversando excitantemente, ignorando completamente a presença de Harry.
"Cho... oi..." disse Harry, igualmente fúnebre. Era como se respeitassem a memória do namoro que acabou numa discussão.
"oi..." disse Cho, calando-se em seguida. Ela não parecia muito à vontade...
Um espera o outro dizer algo, ficando ambos em silêncio por alguns segundos, mas então Cho resolve tomar a iniciativa.
"como foi seu aniversário?" disse Cho, numa tentativa pífia de puxar assunto antes de falar o que realmente queria falar.
"foi bom." - dizia Harry vagamente - "meus amigos mandaram cartas e tudo mais..."
Então Harry nota que não deveria ter dito isso, pois Cho desvia o olhar. Ter perguntado do aniversário significava que ela lembrava, mas como não havia mandado nenhuma carta, então é porque ela não quis. Pensar nessa possibilidade fez Harry ficar um pouco rancoroso no momento.
"que bom..." - dizia Cho procurando a mesa da sua casa - "olha, foi bom te achar agora porque queria dizer que não vou poder ir para suas aulas de defesa, pois esse ano tá um pouco complicado pra mim..."
"tudo bem. Era isso o que eu queria perguntar." - Então Harry olha além de Cho e vê a amiga dela que havia denunciado o grupo para Umbridge. Ela parecia conversar animadamente com suas amigas, mas uma rápida espiada denuncia que ela prestava atenção nos dois. Ele não tinha a menor intenção de convidá-la a continuar nas aulas.
"bem... e o pessoal da Corvinal me pediu pra avisar também que não poderiam continuar..."
"certo. Vou avisar os outros disso..." disse Harry, voltando a olhar Cho. De repente seus desejos se tornavam realidade. Ele queria que continuassem nas aulas apenas os amigos mais próximos.
eles continuam em silêncio por poucos segundos e como não tinham mais nada para dizer, Cho se despede.
"até mais!" disse Cho, voltando-se para suas amigas. Harry se vira e vai para a mesa da Griffinória onde toma o café sozinho, pensando no ocorrido e em como a garota tinha parecido chata.
Harry toma seu café, calmamente, enquanto as mesas iam enchendo. Seus amigos ainda não chegaram e de vez em quando, ele dava uma espiada na mesa dos professores que também não estava completamente cheia. Durante essas espiadas, ele percebia que Julius voltava sua atenção para a mesa da Griffinória como se ele sentisse estar sendo observado. Julius comia sozinho e terminou a refeição brevemente, levantando-se e saindo de lá.
Harry o acompanhava com olhar, quando alguém coloca a mão em seu ombro, fazendo-o estremecer. Então ele vira o rosto para vislumbrar o imponente olhar da professora McGonagall, que fazia até os alunos mais próximos se calarem apreensivos.
"Harry!" - começou a dizer, num tom de bronca - "quero falar com você agora, na minha sala."
"sim senhora..." - disse Harry, surpreso demais pra fazer perguntas.
Ele se levanta e segue a professora, passando por Rony e Hermione que estão chegando ao salão nesse instante. Rony dá uma espiada após passar por eles e depois se vira para comentar com Hermione.
"será que é por causa dos NOMs?" dizia Rony
"rápido demais pra ser isso. As notas devem sair só daqui a uma semana. Deve ser coisa do time" - Hermione andava abraçada ao seu livro e ao chegar na mesa, ela o derruba fazendo os pratos tremerem.
"então deviam ter me chamado. Eu também sou do time!" - disse Rony, olhando o livro com atenção e dando graças por não ter tirado nota suficiente para entrar na turma do Snape.
"Ah, sei lá Rony. Depois você pergunta pra ele!" - disse Hermione impacientemente. Ela se servia rapidamente e pensava em como ia organizar o seu horário para estudar. Mal teria tempo para respirar esse ano...
Rony olha Hermione comer rapidamente e pensa em dizer algo, mas assim que ela nota sua atenção, ele disfarça.
.......
Chegando em sua sala, Minerva entra e espera Harry entrar, para fechar a porta em seguida. Gllandow estava ali, sentado em frente à mesa da professora e brincando com uma das coisas dela, que ele coloca de volta no lugar rapidamente, antes que ela o visse.
"Desculpe por fazê-lo esperar, professor. Mas vai ser rápido." dizia a professora, indicando a cadeira para Harry se sentar.
Gllandow acena, querendo dizer que não se importava com isso, mas a cara que fazia dava a entender que estava sendo irônico.
Harry senta e cruza as mãos, esperando a professora falar. Ela vai até sua cadeira e se senta, tomando fôlego.
"Harry... eu estava indo para a Griffinória quando a senhora do quadro me avisou que você achava que um desconhecido entrou na casa." dizia McGonagall, fazendo Gllandow erguer as sobrancelhas.
"ah, ah sim, é verdade!" - Harry estava mais aliviado - "alguém deixou uma coisa em cima da minha cama, mas ela disse que ninguém de outro lugar tinha entrado."
"eu sei, ela também me disse que ninguém tinha entrado, mas se é só porque alguém deixou uma coisa em sua cama que você achou que um estranho entrou na casa, devo dizer que está assustado demais..."
"mas não foi qualquer coisa, veja!" - Harry tira o papel amassado e entrega para a professora. Gllandow acompanha tudo com o olhar e enquanto a professora desamassa, ele se inclina um pouco para ler. Então a professora olha para ele, que volta a se encostar na cadeira, disfarçando, como se estivesse se ajeitando.
"hum..." - ela lê o bilhete todo - "foi só isso o que tinha na carta?"
"sim! o envelope era branco e normal... igual a uma carta trouxa! E não foi o primeiro! No beco diagonal eu recebi outro parecido com esse mas apenas dizia que o que estava escondido me pertencia e só eu podia revelar... ainda tenho guardado, se a senhora quiser..."
"O que?!? Professora, deixe-me ver essa carta" - Disse Gllandow, tomado por uma grande surpresa.
A professora olha para ele, mas ele não se intimida e estende a mão. Ela continua parada e ele fica vermelho...
"por favor..." - disse Gllandow
"assim está melhor" - disse a professora, entregando o bilhete para ele que lê ansiosamente.
Harry fica olhando para os dois e a professora faz um comentário mais com intenção de reclamar.
"Desde que era aluno, o professor Gllandow é um pouco nervoso e não liga muito para os bons modos, Harry..."
Gllandow lia e fingia não se importar, mas estava ficando cada vez mais vermelho.
"...mas eu quero ver essa outra carta sim. Depois gostaria que trouxesse até mim. Vou deixar a guardiã do quadro atenta para qualquer aluno que entre com um envelope na casa e quando eu descobrir quem é, tomarei as providências. Não comente com ninguém, está certo?"
Harry achou essa atitude sensata, mas não entendeu porquê Gllandow estava tão interessado na carta.
"entendi. Vou trazer a outra... mas essa carta é só uma brincadeira, não é?" - e Harry fica atento à reação da professora. Ela inspira fundo e ajeita os óculos.
"espero que sim, Harry. Mas pode ser que não..." disse a professora, pesadamente.
"E o que essa carta significa? Eu não sou herdeiro de Slytherin! Do que ela fala? O que é que me pertence?" dizia Harry, começando a se preocupar mais com a carta.
"o testamento, Harry." - disse Gllandow, chamando a atenção de Harry - "o testamento de Salazar." - e Gllandow dobra o papel, guardando no bolso. - "creio que vou ficar com esse bilhete para mostrar aos outros. Voldemort está de olho no testamento e está tentando fazer Harry pegá-lo"
Minerva faz ruídos de descontentamento. Parecia que ela não gostou de Harry ter ouvido isso.
"Não seja apressado, Gllandow. Essa história do testamento é uma das lendas da escola e muitos alunos já fizeram brincadeiras com elas. Essa pode ser só mais uma." - dizia Minerva.
"Seria coincidência demais. Voldemort volta, a vidente surge e o guardião adoece. Se isso for uma brincadeira, quem quer que tenha feito merece meus parabéns pela sorte..." dizia Gllandow.
"esperem! Do que estão falando? Que testamento é esse?" - Harry já estava aflito por não entender nada do que eles diziam.
"Eu explico!" disse Gllandow, mas então a professora Minerva toma a dianteira, falando num tom mais alto que o professor.
"O testamento, Harry, ninguém sabe o que tem nele..." - dizia McGonagall - "mas uma das lendas do colégio diz que Salazar, antes de morrer, encerrou seu testamento num lugar secreto e o protegeu fortemente para evitar ser encontrado por qualquer um. Apenas em certos momentos seria possível pegar esse testamento e tudo leva a crer que esse momento está próximo..."
"o diretor adoeceu. Seus cuidados com o castelo enfraqueceram e Voldemort terá mais facilidade para entrar aqui. Não que seja fácil, mas não será tão difícil quanto antes." - disse Gllandow
"mas vocês estão aqui! Os três!" - disse Harry.
"sim..." - Gllandow dá uma pausa - "estamos aqui... mas parece que ele também está aqui de alguma forma ou não teria entregue essa carta"
"a não ser que seja uma brincadeira de algum aluno" disse McGonagal, interrompendo Gllandow.
"essa lenda é verdadeira? o que quiseram dizer com meu tempo está acabando? digo... o tempo do herdeiro?"
"Você conhece alguma lenda que seja mentira?" - disse Gllandow fazendo Harry lembrar da câmara secreta. - "seu tempo está acabando porque..."
"Gllandow! Não há necessidade disso! Eu conheço várias lendas falsas e essa pode muito bem ser uma delas. O diretor é da mesma opinião minha!" McGonagall interrompe Gllandow mais uma vez.
"então porque ele nos chamou para ensinar aqui assim que soube sobre a garota?" disse Gllandow, se referindo ao momento em que Dumbledore contatou os Cavaleiros de Merlim, antes do ataque de Hermione.
A professora Minerva se vê sem argumentos...
"desculpe professora Minerva, mas não sou mais aluno da Griffinória e considero esse momento o ideal para Harry saber o que se passa. Vou contar ao garoto o que ele deve saber, goste você ou não." disse Gllandow com uma expressão nervosa no rosto.
"pois vai me obedecer pois seu conceito de momentos ideais é distorcido e as consequências podem ser graves! Se existir um testamento, ele deve ser mantido onde está até o fim dos tempos, ou algo pior pode acontecer e você sabe muito bem que se disser qualquer bobagem agora, esse algo pior vai acontecer!" - McGonagall erguia o tom de voz aos poucos.
Gllandow faz uma cara de reprovação. Harry entra na discussão...
"Será que eu nunca posso confiar em você!? Sempre vai me esconder coisas como se eu fosse um garotinho?" - disse Harry, falando mais alto que a professora, chamando a atenção dos dois. Como eles não dizem nada, Harry continua.
"Eu tenho que saber! Se acham que sou o Herdeiro de Salazar e se por alguma maldição no meu destino eu fiquei ligado ao Voldemort, então isso tudo tá relacionado diretamente comigo e minha vida corre perigo! Se não me contarem, serei obrigado a não confiar mais em vocês e nunca mais dizer nada que acontecer comigo!"
"MUITO BEM" - a professora grita, fazendo Harry parar de falar. Então ela dá uma pausa, se acalma, e continua falando - "eu vou explicar cada palavra nessas cartas. Bem como você disse que tinha na primeira carta, essa pessoa sabe da sua ligação com Voldemort e sabe da existência da lenda do testamento. Se a lenda for verdade, apenas o Herdeiro de Salazar pode retirar o testamento de seu esconderijo e abrí-lo e como você está ligado com Voldemort, quem escreveu a carta achou que você poderia abrir..."
"pode ter sido o próprio Voldemort quem escreveu!" disse Harry
"SIM HARRY" - a professora ergue a voz mais uma vez para não ser mais interrompida - "pode sim! pode ser que não! Não vou explicar suposições, vou explicar os fatos como você quer! Bem... nessa outra carta que você me mostrou, a pessoa que escreveu demonstra ter mais conhecimento sobre a lenda. Ao dizer que seu tempo está acabando é porque ela sabe que a partir do momento em que os sinais aparecem, existe um limite de tempo para que o testamento seja pego. Se o limite acabar, o testamento só poderá ser pego quando os sinais aparecerem novamente e não se sabe em quanto tempo isso pode acontecer. Os sinais são o nascimento do Herdeiro, óbvio, o despertar da vidente e o adoecer do guardião. Voldemort nasceu há muitos anos e pode-se dizer que renasceu há quase 1 ano. Você também sabe que Hermione despertou suas habilidades de prever o futuro e o diretor pegou um leve resfriado. Ele é o guardião desse colégio, onde supostamente o testamento está guardado. Quanto às maldições, não existe nada na lenda contando sobre isso até porque na lenda não fala nada de alguém ligado ao verdadeiro herdeiro. Foi só uma forma que a pessoa que escreveu a carta encontrou para lhe assustar!"
Gllandow parecia incomodado em sua cadeira, sempre ameaçando dizer algo mas não se pronunciava. Após uma breve pausa, Harry pergunta...
"e qual é o limite de tempo? quantos dias?"
"pode ser 1 dia, pode ser 1 ano... o seu tempo acaba quando a vidente perde sua habilidade." disse McGonagall. Gllandow tenta não deixar escapar um sorriso, mas não consegue.
"satisfeito, Gllandow?" disse Minerva, irritada.
"é..." disse Gllandow, ainda com um sorriso no rosto.
"ainda não entendo tudo perfeitamente! Quando é que Hermione vai perder a habilidade? e porque não queriam me contar só isso?"
"pergunte à senhorita Granger. E eu não queria lhe contar isso porque sei muito bem como o senhor é curioso e provavelmente tentaria procurar o testamento escondido antes que o tempo acabasse" disse McGonagall, deixando Harry meio corado.
"não sou idiota... se tem um testamento de Salazar, ele não deve ser retirado de onde está."
"ótimo! É bom que pense assim! Agora vá trazer o outro bilhete, por favor..." disse Minerva. Após uma breve pausa, Harry levanta e sai da sala, fechando a porta em seguida.
"...." Minerva olha para Gllandow, que ainda tinha o sorriso no rosto.
"quero ver quanto tempo vai demorar pra ele saber que a senhora não contou toda a verdade" disse Gllandow, olhando Minerva nos olhos.
"se ele souber de tudo, Gllandow, eu vou saber perfeitamente bem quem foi que contou a ele" - disse Minerva encarando o professor, que não se intimidou.
.....................
A última noite de férias havia chegado porém muitos alunos ainda perambulavam pelas acomodações do castelo. Harry havia entregue a primeira carta junto com os dois envelopes, e quando ele fez isso, Gllandow já não estava mais na sala. Ele ainda tentou obter mais informações, mas a professora disse as mesmas coisas que havia dito antes.
Durante a tarde, Harry se encontrou com Rony no campo de quadribol, onde estava jogando com alguns alunos do terceiro ano. Ele explicou tudo o que havia se passado e combinou com Rony para entrarem na área restrita da bilioteca após o jantar, em busca de algo que fale mais sobre a lenda. Harry já havia procurado na área livre, mas não encontrou nada sobre isso e nem mesmo Hermione sabia algo. Ela também ouviu a história de Harry, mas não ouviu todos os detalhes porque ele não quis atrapalhá-la. Ela parecia estar empenhada em terminar de ler o livro antes mesmo da primeira aula.
Harry e Rony estavam cobertos pela capa da invisibilidade, mas andavam com dificuldade. Tinham que andar bastante inclinados para seus pés não aparecerem e seguiram um caminho longo até a biblioteca, pois o mais curto ainda estava meio movimentado.
Ao chegar na biblioteca, sentem o silêncio invadir suas cabeças e seus pensamentos se organizarem. Hermione estava em uma das mesas ali, concentrada na leitura do livro de poções.
"Será que ela vai se lembrar de vigiar direito?" sussurrou Rony, já sentindo um leve torcicolo.
"vamos descobrir agora" - Harry e Rony chegam perto da porta que dá acesso à área restrita e olham ao redor para se certificarem de que ninguém os observava.
Vendo que estavam sozinhos, Harry abre a porta e os dois entram rapidamente, fechando-a em seguida. A área restrita estava mais deserta que o resto da biblioteca, então eles tiram a capa.
"Espero que saiba por onde começar" disse Rony, olhando as inúmeras estantes.
"na verdade não. Como somos dois, o tempo de procura cai pela metade" disse Harry, andando rapidamente por um dos corredores de estantes de livros e vendo por cima os títulos que haviam neles.
"isso me deixa mais tranquilo..." ironizou Rony, enquanto seguia Harry e olhava para a estante do lado oposto no corredor.
"não vou sair enquanto não achar o que procuro. Sei que se a professora não me conta tudo é por um bom motivo, mas eu não posso ficar parado esperando as coisas acontecerem." - e Harry pára, puxando um livro com capa de couro velho. - "Lendas e Mitos da magia negra na idade média. Não é esse... mas deve estar por aqui..."
"concordo com você Harry, mas será que esse bom motivo não seria bom demais? Sei lá... acho melhor deixar essa história de testamento pra lá. Se você não for atrás do testamento, nada de mal vai acontecer" disse Rony, também puxando outro livro com um título que parecia ter algo a ver com o que eles procuravam.
"não estou atrás do testamento. Não quero pegar nessa maldita coisa, mas eu quero saber que lenda é essa." - Harry deslizava os dedos pelos livros.
"o que tem no testamento deve ser algo muito grande, ou não estaria escondido há tanto tempo. Desde a morte de Salazar até hoje. Será que foi por causa dele que invadiram a sede da ordem?" - disse Rony, folheando o livro que pegou mas vendo que não tinha nada de interessante. Ele coloca o livro de volta e continua procurando.
"talvez. Se Dumbledore é o guardião, então Voldemort pode ter achado que o testamento estivesse em um lugar como aquele. O colégio é óbvio demais, então ele talvez tenha achado que o testamento estivesse com a ordem!"
"mas ele não sabia onde ficava a ordem." - Rony pega um livro grande, porém fino.
"e se denunciaram!? Lembra do que Hermione disse? Algum novo membro pode ter denunciado! Ou então o próprio Snape, se ele voltou a ser um comensal... Como eles não acharam nada na sede da ordem, então as chances daquilo estar aqui no colégio aumentaram. Lembre-se de que só me mandaram a carta depois que a sede da ordem foi invadida." - Harry chegava ao fim da estante e virava para Rony que estava folheando o livro fino.
"é verdade...." - Rony dá uma pausa - "Harry! Veja! Acho que aqui tem!"
Harry se aproxima e Rony mostra a capa, onde estava escrito 'A gênesis'.
"Uma espécie de diário escrito pelos quatro fundadores do colégio! Garanto que nem Hermione leu uma coisa dessas em Hogwarts, uma história" disse Rony, folheando rapidamente até parar em uma página com o nome de Salazar, perto do fim do livro.
"volte mais! volte mais! Acho que vi alguma coisa!" disse Harry, voltando algumas folhas.
Eles param em uma parte onde havia escrito no meio da página a palavra 'testamento' com destaque. Harry começa a ler apressadamente...
"Meu maior segredo! Aquilo pelo qual passei a vida inteira procurando, finalmente se resume a um rolo de pergaminho! Não deixarei que qualquer um tome conhecimento disso, mas apenas um legítimo bruxo, da linhagem dos Slytherin, deve abrí-lo! Nenhum lugar é seguro a não ser sob a proteção daqueles que não aceitaram minhas idéias. Meus seguidores tentariam obter esse conhecimento a qualquer custo, sei perfeitamente bem disso. Mesmo sabendo que eles não conseguirão, não posso deixar que essa preciosidade seja perdida no tempo. Ela deve permanecer em um lugar fixo que ninguém saiba, inclusive seus próprios guardiões. Já sei onde guardar, mas apenas meu verdadeiro herdeiro saberá onde encontrá-lo ao ler essas palavras..." - Harry lia em voz alta.
Nesse momento, eles escutam a voz de Hermione lá na biblioteca, em um tom alto.
"Professora Minerva! Professora Minerva!" dizia Hermione meio aflita, fazendo Rony e Harry darem um salto. Eles fecham o livro rapidamente e o socam na vaga onde estava, derrubando uns livros do outro lado.
Dá para se ouvir um murmurar contínuo da voz da professora, mas não entende-se o que ela está dizendo. Harry e Rony correm para o outro lado da estante e recolocam os livros no lugar.
Então a porta range abrindo e fechando rapidamente, seguindo-se passos apressados. Harry e Rony colocam a capa com nervosismo e se esgueiram pela estante, observando o movimento da professora por trás dos livros.
A professora pára e se vira na direção deles, bem no lugar onde estava o 'A gênesis'. Os dois ficam observando a professora tirar lentamente o livro. Ela segura com as duas mãos e o examina atenciosamente, olhando dos lados em seguida. Harry não percebeu, mas eles haviam colocado o livro de cabeça para baixo.
"Professora McGonagall" - a voz penetrante de Victória ecoa pela área restrita. Harry e Rony olham ao lado e conseguem perceber os trajes e o cabelo de Victória pelas brechas entre uma fileira de livros e outra.
"Professora Helenna, foi você quem pegou esse livro?" disse Minerva, apreensiva.
"sim. Estava dando uma olhada há poucos minutos para saber algo mais do que eu sei sobre a lenda"
"Como ela entrou aqui?" - Rony sussurra no ouvido de Harry.
"Parece que ela já estava aqui..." - Harry responde.
"Creio que já saiba tudo o que há escrito sobre a lenda." disse Minerva, abraçando-se ao livro como se fosse Hermione levantando-se da mesa do café.
"sim. Descobri que sim. É por isso que estou apreensiva. O colégio não estará mais seguro em poucos dias, muito menos se esse testamento puder ser pego por ele."
"enquanto ninguém encontrar esse testamento, Victória, todos estarão seguros. Você deveria se concentrar mais em encontrar quem mandou os bilhetes para o Harry, ao invés de procurar o paradeiro do testamento."
"É isso o que estou fazendo. Nas aulas vai ser mais fácil de observar todos os alunos de perto. Mas é sempre bom estar preparado para tudo. Na pior das hipóteses, um aliado deve pôr as mãos nesse testamento, caso contrário quem colocará as mãos será o próprio Voldemort."
"Tente esquecer isso um pouco. Na côrte suprema vocês podem muito bem discutir esse assunto, mas aqui no colégio você é professora de duelos e o diretor é Dumbledore. Enquanto ele estiver vivo, suas vontades vão ser respeitadas." - as duas estavam em um princípio de discussão.
"Espero que as vontades dele sejam respeitadas por muito tempo, Minerva..." - disse Victória, seguindo-se um momento de silêncio. Então ela continua - "eu posso ser professora, mas ainda sou membro da côrte e meu dever é estar preparada para qualquer situação. Não é porque Dumbledore quer que ninguém encontre esse testamento que devemos achar que ninguém vai encontrar. Até mesmo ele está preparado para isso, ao contrário da maioria dos professores ao que me parece..."
"já que é assim, fico mais tranquila..." - Minerva parecia estar ficando sem argumentos - "mas espero que não saiam por aí procurando. Dumbledore tem minha plena confiança e se ele diz que ninguém deve pôr as mãos no testamento, ninguém colocará. Se me der licença, vou levar esse livro comigo."
"claro..." - Victória dá passagem a Minerva, que segue a passos firmes até a saída. Ela abre, sai e fecha a porta em seguida.
Os garotos ficam parados, esperando a reação de Victória, mas ela apenas olha para trás como se procurasse por eles e depois sai da área restrita. Eles tiram a capa e respiram aliviados, mas a tensão volta logo.
"ela nos viu! tenho certeza! a professora nova nos viu aqui e não fez nada!" - dizia Rony, aflito.
"A professora McGonagall realmente não quer que eu saiba sobre essa lenda. Ela sabia que eu viria aqui e veio buscar o livro. Acho que só vamos descobrir algo se Victória nos contar. Ela disse que sabia tudo!"
"calma! Também não podemos ir perguntar assim, de qualquer jeito! Por que ela não nos denunciou? E você viu como as duas pareciam não se entender?" disse Rony.
"nem ela, nem os outros dois. Pareceu também que nenhum dos membros da corte suprema concordava com Dumbledore. Eles querem que um aliado pegue o testamento, mas Dumbledore não. Será que eles sabem o que tem no testamento?"
"Vamos embora daqui antes que elas resolvam voltar. Também temos que contar tudo pra Hermione... depois que ela terminar de estudar..." disse Rony cobrindo-se com a capa.
Harry também se cobre e eles saem da área restrita cuidadosamente, dirigindo-se para o salão da Griffinória onde iriam esperar Hermione voltar para explicar tudo a ela.
................
Já no salão comunal da Griffinória, Rony estava sentado em um dos sofás enquanto Harry andava de um lado para o outro em frente à lareira. Ele não havia notado, mas Rony estava começando a se sentir incomodado pois já fazem uns três minutos que a garota do incidente da aula de vôo havia sentado aos pés da escada que leva ao dormitório feminino, junto com outras amigas. Elas conversavam alegremente, dando uma espiada em Harry e Rony de vez em quando.
"Harry... se senta..." sibilou Rony por trás dos dentes.
"ela já devia ter voltado! Ela tá demorando! Dava tempo da gente procurar mais coisa!" dizia Harry, ainda dando voltas.
"Calma. Você sabe como ela fica quando tá concentrada. A qualquer momento, ela..... ah! olha ela aí!" - dizia Rony no momento em que a entrada do salão abre e Hermione entrava, abraçada ao livro.
Ela parecia exausta e se joga na cadeira, colocando o livro ao lado e fazendo Rony se afastar um pouco para não ser esmagado.
"desculpem a demora. Eu procurei umas pessoas pra perguntar das aulas do Harry mas parece que de repente, todo mundo ficou ocupado demais..." dizia Hermione, descansando no encosto do sofá.
"Ah, é... eu falei com a Cho e ela também disse que os alunos da corvinal não poderiam... quer dizer, acho que ela não falou pela Luna" disse Harry, sentando na cadeira em frente aos dois.
"As gêmeas também vão continuar. Parvati me disse hoje..." disse Rony.
"quero só ver onde você vai arranjar tempo, Harry. Tem aula todo dia, de manhã e de tarde!" disse Hermione.
"não... o horário até que está um pouco livre... eu acho" disse Harry, forçando a memória para ter certeza de que estava certo.
"o seu, Harry. O meu não tá tão livre assim." disse Hermione.
Os garotos ficam em silêncio e como se adivinhasse o que pensavam, ela se pronuncia.
"mas não se preocupem com isso. Encontrem um horário bom pra todos e se der, eu vou às aulas. Se não der, não vou. Mas isso não importa agora... o que conseguiram achar na biblioteca?" Hermione se ajeita no sofá para ouvir melhor.
"bem...a gente encontrou o tal livro que tem a lenda. Eu acho que era esse, mas a professora Minerva entrou lá e pegou o livro antes que eu conseguisse ler algo de importante. Só li que realmente existe essa história de testamento..." dizia Harry.
"desculpa gente, quando vi a professora chegando eu tentei pará-la!" disse Hermione, meio frustrada.
"tudo bem. Nós vimos e deu tempo de nos escondermos. Mas lá dentro, quando a professora Minerva pegou o livro, a professora Victória apareceu lá! Ela já estava lá! Com certeza ela nos viu!" disse Harry.
"eu não lembro de ter visto ela entrar..."
"Então ela estava há mais tempo procurando algo. Provavelmente procurando aquele livro também" disse Rony.
"ou não... mas e o que aconteceu? Como vocês escaparam dela?"
"acontece que ela não nos denunciou para a professora. Elas começaram a conversar e pareciam estar se desentendendo, mas saiu sem dizer nada sobre nós dois." disse Harry, para a surpresa de Hermione.
"Então ela não viu vocês. Devia estar entretida com outra coisa" disse Hermione.
"Parece que Dumbledore e a côrte não estão se entendendo, ou algo assim... parece que a côrte queria encontrar o testamento antes que Voldemort o fizesse, mas Dumbledore não quer que ninguém ache o testamento" disse Rony.
"Então é por isso que aqueles três estão aqui?! Achei que tivessem sidos chamados pelo diretor" disse Hermione.
"mas foram. Acho que o diretor está receoso que Voldemort ataque o colégio, procurando o testamento" disse Harry.
"aí eles aproveitam e resolvem procurar também. Não gosto disso. Não gosto de pensar num Malfoy pondo as mãos nesse testamento" dizia Rony.
"Mas ele não pode, a não ser que seja o verdadeiro Herdeiro de Salazar, o que sabemos que ele não é. Não sei direito sobre essa lenda, mas pelo que Harry disse, eles não têm muito tempo para encontrar o testamento. Por que então, eles não deixam esse tempo acabar ao invés de ficar procurando?" disse Hermione.
"não é um tempo fixo. Quero dizer, a professora não explicou direito. Ela disse que o tempo acabava quando você não pudesse mais prever o futuro. Quando é que isso vai acontecer?" disse Harry.
Rony fica levemente corado e desvia o olhar para a lareira, mas Hermione pareceu não se alterar, apesar de pensar um pouco antes de responder...
"Bem... eu nunca me interessei muito por adivinhação, mas já li em alguns lugares que quem consegue prever o futuro perde os poderes quando encontra a pessoa certa..." dizia Hermione.
"pessoa certa pra que?"
"Harry! Quando se apaixona! Essas coisas..." disse Hermione, que agora sim parecia estar se alterando.
"então isso não deve demorar muito" disse Harry com o mesmo sorriso cheio de insinuações que ele deu no dia anterior. Rony olha para Harry, ansioso por mais explicações, mas Hermione interrompe
"O fato é que não se sabe quanto tempo isso vai demorar e Voldemort não está medindo esforços pra encontrar esse testamento. Agora eu acho que foi ele quem invadiu a sede da ordem, procurando pel testamento e deve ter sido ele quem mandou as cartas para você."
"sim, sim, eu também acho! E foi o Snape quem denunciou! E eu não me surpreenderia se o Julius estivesse dando uma de agente duplo..." disse Rony.
"não faz sentido! Os interesses dele são outros! Parece que ele não gosta muito do Voldemort..." disse Hermione, lembrando-se aos poucos das coisas que o professor disse durante a inscrição.
"tem outra coisa que eu não entendi..." - disse Harry, chamando a atenção dos dois - "no trecho do livro, dizia que o Herdeiro iria saber onde o testamento está guardado, caso ele lesse aquele trecho... mas acontece que eu não sei onde está guardado..."
"por que você não é o herdeiro, Harry. E é melhor parar de achar que é o Herdeiro. Você é aluno da Griffinória e merece isso." disse Hermione.
Segue-se um breve momento de silêncio.
"está ficando..." - e Rony dá um longo bocejo - "...tarde. Eu vou me deitar..."
"eu também vou. Amanhã temos que acordar cedo pra aula de história da magia" disse Hermione, juntando os livros e levantando.
"nós não estamos inscritos nessas aulas" disse Rony.
"ah, é... esqueci..." - Hermione pareceu triste. - "até amanhã, meninos..."
"até..." Rony e Harry se despendem, indo em direção ao dormitório enquanto Hermione ia para o seu. O salão comunal começava a ficar vazio.
