Um jantar muito quente...
O dia não podia ter corrido melhor. Shun levou June aos mais belos lugares da
cidade e, por fim, assistiram a um belíssimo pôr-do-sol na beira da praia.
Mais tarde, depois de terem passado na Mansão Kido, foram a um supermercado
perto da marina, comprar os ingredientes para a tal lasanha.
Enquanto ele preparava o jantar, ela tirava suco de algumas laranjas para
fazerem uns coquetéis, aproveitando para ficar admirando o objeto de seu
desejo.
O cabelo molhado, o delicioso perfume de quem acabou de sair do banho, aquele
sorriso com um quê de malícia, a camiseta preta que ficava ajustada ao corpo
bem malhado... Tudo parecia deixá-lo ainda mais atraente, mais sedutor.
Não seria uma noite fácil...
Shun não tirava os olhos de cima de June. Parecia tão irresistível, tão
maravilhosa.
Seus olhos, gulosos, percorriam todo o corpo da amazona, que vestia uma saia
que ia até os joelhos, mas que tinha uma provocante fenda lateral e uma blusa
frente-única, com decote generoso, onde seus olhos insistiam em deter-se, por
mais que le tentasse evitar. Ou pelo menos achava que estava tentando...
Tentou olhá-la nos olhos enquanto conversavam, mas os seus acabavam fixando-se
em seus lábios carnudos, avermelhados. Lembrou-se da primeira e única vez que
os havia beijado. Era a única lembrança boa do dia em que se despediram no
Santuário...
A lasanha já estava assando e eles aproveitaram para tomar os coquetéis que
haviam preparado. Eram deliciosos e, apesar da boa quantidade de vodka que
continham, quase não se sentia o gosto dela.
Conversaram sobre os mais diversos assuntos, desde os treinamentos até o tempo que viveram na Ilha de Andrômeda. Inevitávelmente
acabaram falando na morte de Albiore...
June: Ainda se culpa pelo que aconteceu, não é?
Shun: E não deveria? Se eu não tivesse participado daquele maldito Torneio
Galático, talvez nosso mestre ainda estivesse vivo.
June: Não foi o torneio, Shun... - parou ao perceber o olhar contestador dele -
Não foi SÓ o torneio. O mestre Albiore sempre se recusou a atender aos chamados
do Santuário. Quem não estava a favor do Grande Mestre estava contra ele. Você
sabe muito bem disso...
Shun: Não foi só a morte dele, ou a destruição da ilha, June. Muitas pessoas
sofreram por MINHA CULPA. Se eu não fosse tão fraco e tivesse conseguido
destruir Hades enquanto ainda estava no meu corpo, eu teria evitado a batalha
final contra ele...
June: Você não é fraco. Quando vai se convencer disso...
Shun: Como não? Eu não fui capaz de derrotá-lo. O maldito estava dentro do meu
corpo e eu não pude detê-lo...
June: E você acha que seus amigos ficariam felizes de ter vencido a batalha
desse jeito? Sua vida em troca de não precisarem confrontar
Hades?
Shun: E de que adiantou? Quase foi a minha vida pela de Seiya. Eu teria evitado
muita coisa se tivesse morrido naquela luta...
June: O que, por exemplo?
Shun: A humilhação de, ainda hoje, ser chamado de traidor e ter te feito sofrer
quando nos afastamos...
Os dois pararam a discussão. Nunca haviam tocado nesse assunto. Nem entre eles
e nem com ninguém.
Sempre foi mais fácil pensar que tudo tinha sido fogo de momento, uma paixão
sem futuro, mas não era verdade.
Pelas antigas regras do Santuário, as amazonas teriam de abandonar as suas
armaduras, caso resolvessem se envolver com outro cavaleiro.
Ser amazona sempre foi o sonho de June, ao contrário de Shun, que, na verdade,
nunca quis se tornar um cavaleiro. Ele achava que isso era injusto e até tentou
renunciar á sua armadura, mas Saori não aceitou seu pedido, dizendo que, apesar
de todo o ocorrido na luta contra Hades, sentiasse segura com ele e queria
tê-lo como seu guardião direto.
Shun achou melhor afastar-se de June, evitando assim, que ela precisasse
renunciar à armadura de Camaleão.
Mas, a cerca de um ano, Saori havia conseguido mudar essa regra, assim como a
que obrigava as amazonas a permanecerem de máscara. A máscara tornou-se parte
da armadura delas, sendo de uso obrigatório apenas em batalha e as amazonas não
perderiam mais seu posto de guerreiras caso se envolvessem com um cavaleiro.
Mudança que favoreceu o casamento de Marin e Aioria.
Mudaram de assunto, nenhum dos dois tinha intensão de mexer numa ferida que
parecia estar cicatrizando.
Viraram vários copos de hi-fi até que a lasanha ficasse pronta e só sentiram
seu efeito quando tentaram se levantar.
Resolveram jantar na pequena mesa de centro da sala. Sentaram-se no chão, um do
lado do outro, ainda um tanto incomodados com o rumo
que a conversa havia tomado instantes atrás, mas foram relaxando aos poucos,
fosse pelo efeito do álcool ou pela intervenção da deusa Afrodite, que
acompanhava cada movimento deles. Em pouco tempo, estavam conversando
animadamente...
June: Shun, está uma delícia!!!
Shun: Quem,? Eu ou a lasanha?
June: Convencido... - dá um tapinha no braço dele.
Shun: Ora, vamos... Satisfaça meu ego... - June o olha meio de canto, se
fazendo de difícil.
Shun: Faça um cavaleiro feliz e ganhe um beijinho. Que tal? - levando um pedaço
de lasanha até a boca dela.
A proposta era tentadora. Afinal, qualquer coisa que ela respondesse seria
verdade. A lasanha era deliciosa, e ele também. Só restava saber qual era mais
e se ele iria cumprir com a sua parte no acordo...
Shun deu mais um pouco de lasanha na boca de June, e permaneceu esperando a
resposta.
June: Hmmm... Digamos que... - disse, provocando-o. Shun sorriu, malicioso.
June: Bem, eu estava me referindo à lasanha. Mas você também é...
Shun: Nossa. Eu não sabia que você me achava bonito...
June: Eu nunca disse que não.
Shun: Mas também nunca disse que sim.
Ele ofereceu mais uma garfada de lasanha e ficou encarando June. Estava
acostumado aos elogios femininos, às cantadas. Não negava que adorava o
assédio, às vezes até provocava as garotas, só para ver até onde ia seu poder
de sedução, mas nunca pensou que pudesse exercer tal "magnetismo"
sobre June.
O jogo estava ficando interessante e ele queria saber até onde isso tudo podia
chegar. Estava na hora de brincar de seduzir...
Shun: Que bom que você gostou. - levou mais um pedaço a boca de June - Gosto de
mulheres que apreciam boa comida.
June: É mesmo?
Shun: Você não imagina o quanto é desagradável quando uma garota aceita ir à
pizzaria com você, mas fica anotando todas as calorias que está consumindo e
reclamando que vai engordar...
June: Faço idéia. Mas isso não significa que eu não esteja me preocupando. Meu
treinamento vai ser bem mais puxado amanhã...
Shun: Mas você não precisa se preocupar com isso. Tem um corpo lindo...
June sentiu um arrepio percorrer-lhe desde o dedo do pé até o último fio de
cabelo. O homem que estava a sua frente, definitivamente, não se parecia em
nada com o que ela conversava instantes atrás.
De repente, a casa pareceu estar pegando fogo...
June: Ahn... nossa, como ficou quente aqui. Que tal mais uma bebida? - um tanto nervosa.
Shun: Hmmm... Claro, por que não? Eu preparo pra você...
June: Só coloque menos vodka, por favor... - interrompeu-o.
Shun: Hehe... O que foi? Está com medo de mim, June? - sarcástico.
June: Não, imagina. Só acho que já bebi demais...
E era verdade. Ela não estava com medo dele. Estava com medo de si mesma e de
até onde ela poderia ir com essa brincadeira. A
vontade de resistir àqueles galanteios era muito pouca. Essa era a verdade...
Shun logo trouxe sua bebida, assim como ela havia pedido, quase sem vodka, mas,
ao invés de sentar-se no chão, ao seu lado, ele sentou no sofá, logo atrás dela
e começou a fazer uma suave massagem em seus ombros.
Shun: Tá bem, relaxa.
June: Relaxar? Ele só pode estar brincando... - pensou, ansiosa.
Apesar do nervosismo, a massagem era muito gostosa e June relaxou em instantes.
Shun massageou-a por algum tempo e depois a abraçou por trás, encostando seu
rosto no dela e provocando arrepios.
Shun: A propósito, te devo um beijo...
June: Deve mesmo...
Shun: Então, aqui está. - beijou o rosto dela.
June mirou-lhe, confusa. Shun continuava transpirando sensualidade, mas agora
de forma bem menos agressiva. Os olhos já não tinham aquele
grande apelo erótico, mas nem por isso deixavam de ser provocantes.
Não queria terminar aquele jogo. Não agora...
Sem se virar, June deslizou a ponta dos dedos pelo rosto de Shun. Sorriu ao
tocar, de leve, nos brincos da orelha. Havia ficado uma gracinha com eles...
Prosseguiu com o carinho e acabou encontrando os lábios dele.
Sua primeira reação foi de afastar seus dedos, mas não conseguiu. Sentia-se
tentada a continuar.
Demorou-se no carinho, até se dar conta de que havia passado dos limites.
Tentou afastar os dedos, mas Shun não permitiu. Segurou sua mão e começou a
beijar dedo por dedo.
Passou a mão dela por trás do seu pescoço e aproximou a boca de sua orelha...
Shun: Por que parar? Tava tão gostoso... - com a voz
rouca.
June não teve tempo de reagir. Derreteu-se ao sentir o queixo áspero arranhando
levemente a sua pele, os lábios dele descendo pelo seu pescoço, indo parar nos
ombros.
Aquele jantar estava indo longe demais...
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Sei que vocês devem estar querendo me matar por interromper
as coisas assim, quando estavam começando a ficar boas,
mas é por uma boa causa. Muito mais está por vir. Aguardem...
