Capítulo Vinte e Dois – Detenção com a Profª. Stevens
Um mês turbulento se passou depois da final de quadribol. Maio se foi, e junho chegou quente e abafado. A excitação com a chegada do final do ano letivo e, principalmente, com a proximidade dos exames dava ao castelo uma atmosfera quase palpável.
A vitória da Corvinal sobre a Grifinória foi assunto de Hogwarts por duas semanas, mais precisamente até que os alunos começassem a se desesperar por causa dos exames e das montanhas de lições de casa, que pareciam ter quadruplicado. Já Draco Malfoy se pavoneava pelos corredores junto com seus amiguinhos sonserinos, tirando sarro de qualquer grifinório que passasse a menos de cinqüenta metros de distância dele por causa da derrota no quadribol. Ele só parou quando a Profª. McGonagall tirou vinte pontos da Sonserina dizendo que "Malfoy estava perturbando o ambiente escolar".
Ao mesmo tempo, a irritação da Profª. McGonagall não demorou muito a passar, para o imenso alívio de Harry. A professora, um dia depois da partida, chamou Harry à sua sala, para onde ele se encaminhou tremendo dos pés à cabeça. Desmentindo os pensamentos absurdos do rapaz de que ela iria destituí-lo do posto de capitão, a mestra se mostrou bastante compreensiva, e até elogiou Harry e o time pela atuação. Hermione não perdeu a oportunidade de dizer o quanto a professora tinha tido uma atitude valorosa e digna de aprovação. Rony disse que isso era somente a obrigação dela. Os dois discutiram mais uma vez.
Harry recebera apenas uma carta de Sirius nesse período, e ela tinha apenas umas cinco linhas. Dizia que ele estava ocupado no trabalho e na Ordem, que Harry deveria se cuidar e não fazer nenhuma bobagem. O rapaz achou bem difícil, até para ele, fazer alguma "bobagem"; segundo os jornais, Voldemort estava bem longe de Hogwarts, mais precisamente do outro lado do país. Rony disse que a única bobagem que Harry poderia fazer era mesmo bombar no teste de Poções, mas Hermione insistiu que, em se tratando de Harry, ela nunca duvidaria que ele ainda conseguisse se meter em encrencas.
As montanhas de deveres de casa quase não davam tempo para os alunos se distraírem. Hermione tinha montado horários para Harry e Rony, os quais não eram respeitados pelos dois na grande maioria das vezes. Como conseqüência, eles acabaram varando madrugadas para terminar deveres em cima da hora. Harry definitivamente se achou um zumbi certo dia quando acordou e viu suas olheiras, portanto resolveu tentar seguir os horários que a amiga preparara. Rony acabou sem opção, e também seguiu os benditos horários.
O primeiro dia de exames amanheceu quente e ensolarado. No Salão Principal, os alunos observavam invejosos o céu azul do teto encantado que refletia o céu real de fora do castelo. Os quintanistas e setimanistas aproveitavam os últimos minutos antes dos seus N.O.M.s e N.I.E.M.s para revisarem a matéria, enquanto engoliam qualquer coisa do café da manhã. Já os outros alunos não estavam tão desesperados, com exceção, é claro, de Hermione, que estava escondida atrás de um grosso livro de Herbologia.
- Mimbelus mimbletonia é um cactus muito raro originário da Assíria. – ela repetiu pela quinta vez, olhando para Harry, que estava sentado à sua frente, como se estivesse falando com ele. – Seu mecanismo de defesa é jorrar uma gosma não-venenosa que afasta os inimigos pelo cheiro.
- Eca, e você repetindo isso enquanto eu tô comendo? – Rony disse enojado. – Você quer que eu tenha uma dor de estômago, é?
- Mas eu preciso decorar isso, Rony!
- Eu já desisti... – Harry confessou. – Esse nome é muito complicado...
- Ah, eu não acho! – Neville, que estava a algumas cadeiras de distância e ouviu a conversa, interveio. – É muito fácil, aliás, eu tenho essa planta, ganhei do meu tio-avô.
- É sério? – Hermione perguntou empolgada, e ela e Neville começaram uma conversa animada sobre as propriedades medicinais da Mimbelus mimbletonia. Harry e Rony se entreolharam com caras de tédio.
Harry terminou de encher novamente seu copo de suco de abóbora e, no momento em que estava espetando o garfo no seu bacon com ovos, uma corujinha mínima pousou com estardalhaço sobre seu prato, enchendo sua comida de penas.
- PÍCHI! – Rony gritou irritado, enquanto arrancava a pequena coruja do prato de Harry com uma mão só. Pichitinho se piava agudamente presa na mão do dono. – Essa coruja ainda vai se tornar tão perigosa quanto Errol...
- O próximo passo será dar de cara nos vidros das janelas, você vai ver... – Harry brincou, ao mesmo tempo em que tentava avariar o estrago na sua comida.
- O que é isso? – Rony perguntou levantando uma Píchi barulhenta até colocá-la na altura dos olhos.
- Se você não notou, Rony, isso é um envelope. – Hermione, que já tinha terminado sua conversa com Neville, falou com seu tom de sabe-tudo apontando o envelope preso à pata de Píchi.
- Eu sei que é um envelope, Hermione. – Rony retrucou com um olhar fulminante. – Eu quero é saber o que diz!
- Então experimente abri-lo e ler a carta que está dentro dele!
- Puxa, Hermione, se você não me dissesse isso eu nunca saberia o que fazer! – o rapaz disse sarcástico, enquanto Harry reprimia o riso. Hermione sorriu cinicamente para o namorado.
Um pouco emburrado, Rony desprendeu o envelope da pata de Píchi, que voou até o prato de comida que Harry tinha deixado de lado. Rony começou a limpar o envelope dos restos de ovos que tinham grudado nele e, quando virou-o para olhar o remetente, seus olhos se esbugalharam, e ele engoliu em seco.
- Que foi? – Hermione perguntou preocupada. – De quem é a carta?
- É da mi... da minha mãe... – ele respondeu trêmulo.
- Então abre logo! – Harry pediu com urgência. Provavelmente a carta deveria ter notícias do estado de Gina.
Rony rasgou o envelope e desdobrou um pergaminho enorme, todo preenchido com uma letra rabiscada e corrida. Hermione se aproximou do namorado para ler por cima de seus ombros, mas Harry, que estava do outro lado da mesa, teve que se desdobrar para ver alguma coisa e, mesmo assim, não conseguia ler a carta. Tentou ler ao contrário, mas as mãos de Rony tremiam tanto que o papel não parava quieto, e Harry já estava ficando enjoado de tentar ler de cabeça para baixo. Acabou desistindo e esperou até que Rony e Hermione terminassem de ler, observando as expressões dos dois.
Rony estava paralisado; seus olhos estavam saltados e sua boca entreaberta. Ele parecia surpreso demais para esboçar qualquer outro tipo de reação. Harry já estava ficando agoniado por vê-lo assim. O que teria acontecido? Gina certamente deveria ter piorado para ele ficar dessa maneira... Mas então, por que Hermione estava sorrindo?
- O que diz? – Harry perguntou desesperado assim que Rony baixou o papel sobre a mesa e o encarou boquiaberto.
- Ela... ela...
- FALA LOGO! – Harry gritou, levantando-se e se debruçando na mesa para poder balançar Rony, que começou a rir descontroladamente.
- Calma, Harry! – Hermione pediu, sorrindo, enquanto colocava a mão sobre o braço do amigo. – É a Gina!
- O que tem ela? – o rapaz perguntou, parando de balançar Rony, mas ainda com as mãos sobre os ombros dele. Algumas pessoas começavam a olhá-los curiosos.
- Ela acordou! – Rony exclamou com um sorriso de orelha a orelha.
Harry teve exatamente a mesma reação de Rony. Ele caiu sentado na cadeira, boquiaberto e surpreso. Não, ele deveria estar sonhando, isso estava mesmo acontecendo? Era a primeira notícia boa que tinha em meses!
- Você tá falando sério?
- Claro que é sério, por que acha que eu tô com esse sorriso bobo no rosto? – Rony disse, rindo. – Veja por si mesmo!
Rony passou a carta para Harry, que a puxou violentamente das mãos do amigo e começou a ler freneticamente. A letra da Sra. Weasley estava corrida e quase ilegível por causa de sua excitação, mas isso era insignificante no momento. A cada linha, o sorriso no rosto de Harry aumentava mais.
Meu filho Rony,
Você é a primeira pessoa que está recebendo essa notícia. Estou sozinha aqui no hospital hoje; Gui e Carlinhos estão em casa ajeitando algumas coisas, e só vão saber o que eu estou lhe contando agora nessa carta quando vierem para cá, o que será logo que eu puder avisá-los também. Seu pai e seus outros irmãos estão trabalhando, e eu deveria já ter me comunicado com eles, mas preferi escrever primeiro essa carta a você, pois sei que é um dos que mais merece saber disso em primeira mão, por toda a sua dedicação para comigo e Gina nesse momento difícil pelo qual passamos.
Até mesmo para mim, que estava presente, foi difícil acreditar, e até agora penso que estou sonhando. Hoje, sua irmã acordou! É a coisa mais maravilhosa que já me aconteceu, é como se eu tivesse visto Gina nascer novamente... Estávamos somente eu e ela no quarto; eu tinha passado a noite aqui. Era para ter passado a noite acordada, mas acabei cochilando e, pela manhã, fui acordada da melhor forma possível! Acordei com o chamado de Gina por mim, foi tudo que uma mãe poderia querer da vida em um momento como esse...
Espero que esteja conseguindo ler essas linhas manchadas, mas eu simplesmente não consigo parar de chorar de alegria depois que aconteceu! E os curandeiros tinham dito que ainda demoraria muito para que isso acontecesse... eles estavam até mesmo perdendo as esperanças, filho, e agora isso aconteceu!
É claro que Gina ainda não está totalmente recuperada. Ela ainda tem alguns lapsos de memória, e é realmente complicado ela se mover sozinha, além das dores, mas tudo já é tão maravilhoso que eu não tenho do que reclamar. Agora mesmo ela está passando por alguns exames, nos quais eu não posso acompanhá-la, então resolvi escrever essa carta para você e depois irei avisar seu pai e seus irmãos.
Provavelmente ela terá que passar mais alguns dias aqui, em observação, mas creio que logo poderá ir para casa conosco. Quando começarem as suas férias ela já estará em casa com certeza. Eu queria muito que você estivesse aqui junto com todos nós para celebrar, mas também sei que precisa terminar seus estudos. Não se preocupe, filho, logo os exames terminarão, e você poderá se juntar a nós. Estou contando os minutos até que esse dia finalmente chegue, e toda a nossa família esteja reunida novamente.
Termino aqui, mandando abraços para você, Harry e Hermione, que estão aí com você, tenho certeza.
Saudades da mamãe,
Molly Weasley
- Eu quase não posso acreditar... – foi a única coisa que Harry conseguiu dizer depois de ler a carta.
- Mas é verdade... – Rony falou, pegando novamente o pergaminho e correndo os olhos por ele, como se quisesse provar que era mesmo real. – É verdade...
Enquanto observava Hermione abraçar Rony por trás e beijar sua bochecha, Harry imaginou se conseguiria dizer à Gina que ainda gostava dela quando a encontrasse novamente.
Passaram-se cinco dias nos quais Rony estava feliz como nunca esteve em uma semana de exames. Na verdade, Harry não via o amigo tão feliz desde que ele e Hermione tinham começado a namorar. Rony falava toda hora sobre voltar para casa e rever a família e, principalmente, a irmã. Hermione não dizia nada, mas Harry tinha percebido que, ao mesmo tempo em que ela estava feliz pelo que tinha acontecido, também estava um pouco chateada por estar chegando o momento em que teria que se separar de Rony. Hermione já tinha dito aos garotos que seus pais queriam viajar no começo das férias para a Irlanda, onde a mãe de Hermione tinha parentes e, por isso, ela não poderia vê-los durante todo esse tempo.
Harry não pensava muito no momento em que o ano letivo terminaria. Dumbledore nunca lhe explicara direito para onde ele iria quando esse dia chegasse. Para a casa dos Dursleys, Harry tinha certeza de que não iria nem arrastado. Odiava aquele lugar e, além disso, tinha brigado com os tios antes de sair de lá. Não teria como retornar para a casa deles. Pensou em Sirius, mas o padrinho parecia ocupado demais; outro lugar que lhe passou pela cabeça foi A Toca, mas Harry se sentiria mal em pedir para passar as férias lá. Apesar de saber que os Weasleys nunca lhe negariam isso, Harry não queria se intrometer nesse momento que eles queriam ficar em família. E ainda tinha Gina...
Obviamente, no primeiro momento, Harry ficou imensamente feliz com a recuperação de Gina, mas depois ele começou a pensar melhor nas conseqüências disso. Ele teria que encarar Gina novamente, e isso era algo com o qual ele não se sentia preparado. A última vez que realmente conversou com a garota foi exatamente na noite que ela terminou o namoro, e depois disso, o que ficou entre eles foi aquele clima frio e desconfortável. Quando visse Gina novamente, Harry temia que esse clima voltasse a se formar, e ele não conseguisse falar para ela o que queria. Se bem que ele não sabia direito o que queria na realidade.
Os sentimentos de Harry ficaram realmente conturbados depois de tudo que Gina lhe dissera naquela noite já distante. Ele sabia que sentia algo especial pela menina, mas ao mesmo tempo, não sabia nomear esse sentimento. Gina disse que isso não era amor, e essa frase dela ficou na cabeça dele por muito tempo. E, apesar de ter sentido muito o que tinha acontecido com Gina, Harry ainda tinha uma pontinha de raiva dela. Gina tinha lhe magoado muito com todas aquelas palavras duras, e ele não saberia dizer se seu orgulho o permitiria falar com ela como antes. E mesmo que Gina tivesse mudado de idéia, Harry achava que sempre teria essa desconfiança de que ela não sentisse o mesmo que ele. Tudo era tão confuso em sua cabeça, que ele preferia tentar esquecer isso e ocupar sua cabeça com outros problemas como, por exemplo, os exames.
Em Herbologia até que não fora tão ruim; Harry achava que tinha dado para passar no final das contas. O mesmo acontecia com Transfiguração e Astronomia. Até o momento, o melhor desempenho do rapaz fora exatamente em Feitiços, enquanto que o pior fora em Adivinhação e História da Magia. Em Trato de Criaturas Mágicas, a maioria dos alunos tirou boas notas, pois as corísporas, bem no dia do teste, estavam tendo problemas estomacais e vomitavam qualquer coisa que lhes dessem de comer. Hagrid, como sempre, foi generoso e deu boas notas para os alunos.
Sexta-feira era o último dia, e os sextanistas tanto da Grifinória, quanto da Sonserina, tinham dois exames que fariam juntos: Poções, pela manhã, e Defesa Contra as Artes das Trevas à tarde. Ao contrário de Hagrid, Snape não fora nada generoso com os alunos. A tarefa era fazer a poção mais complicada que ele já tinha ensinado durante todo o ano, e Snape fez questão de escolher uma que foi ensinada bem no começo do ano, de quando ninguém mais lembrava direito. Snape fez uma cara tão malvada quando Harry entregou sua amostra da poção, que o rapaz acabou saindo da prova achando que tinha tirado um zero bem redondo.
De tarde, não foi muito diferente. Samantha também não fora nada boazinha com os alunos. Como nem ela, nem os alunos, podiam ficar soltando maldições uns nos outros, ela optou por fazer uma chamada oral; cada aluno entrava sozinho na sala dela e respondia dez perguntas sobre a matéria. Não adiantava se os que tinham ido primeiro tentassem passar as perguntas para os que vinham depois; Samantha tinha tido a pachorra de fazer perguntas diferentes para cada aluno, o que tornava impossível que um contasse para outro as respostas.
Harry e Rony estavam de fora da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, junto com mais um grupo grande de alunos que também esperavam para serem chamados. Grifinórios de um lado e Sonserinos de outro. Enquanto esperava, Harry ficou observando os alunos: Rony, ao seu lado, olhava desesperado algumas anotações, pois não tinha estudado muito bem para a matéria de tão preocupado que tinha ficado com Poções; Neville também folheava seu livro vorazmente, com medo de ir tão mal na prova quanto tinha ido com sua poção pela manhã; Dino e Parvati estavam entretidos conversando, já que Simas e Lilá, que sempre estavam com eles, já tinham feito seus exames. Do lado dos Sonserinos, Goyle escutava abobado enquanto Pansy Parkinson inutilmente tentava lhe explicar a matéria, e Draco Malfoy estava tendo uma tentativa frustada de conversar com Katherine Willians, que lhe dizia um desaforo a cada cinco segundos enquanto tentava estudar.
A porta da sala se abriu, e Hermione saiu, parecendo totalmente esgotada. Ela veio andando lentamente até Harry e Rony, enquanto a cabeça de Samantha Stevens aparecia no vão da porta e gritava:
- Goyle, Gregory!
Goyle deixou Pansy Parkinson, que lhe explicava a matéria, falando sozinha e saiu gingando até a porta, numa imitação bastante genuína de Duda andando. Harry sentiu o estômago revirar com essa lembrança "gordurosa".
- E aí, como foi? – Rony perguntou ansioso quando Hermione se aproximou.
- Terrível!
Harry olhou assustado para a amiga; Hermione nunca saía de um exame dizendo que ele tinha sido terrível.
- Por quê? Foi tão ruim assim?
- Ruim é pouco, essa mulher é uma tirana! – a garota exclamou. Harry e Rony engoliram em seco; Hermione nunca dizia algo assim de um professor. – Ela escolheu as piores perguntas para mim, e eu tenho certeza que fez de propósito!
- Nossa! – Rony exclamou quase apavorado. – Mas você foi bem, não é?
- Claro que eu fui! – Hermione respondeu ofendida. – Só tive dúvida em uma questão, mas consegui lembrar a tempo. Se bem que eu acho que ela vai me tirar alguns pontos... Aquela nojenta disse que eu não tinha respondido completo como deveria...
- Você realmente está assustando a gente, Mione... – Harry desabafou.
- Ah, não se preocupem com isso. – ela fez um gesto displicente. – Tenho certeza que ela foi mais dura comigo porque não gosta de mim, mas com vocês não deve ser tão difícil...
- E por que você tem certeza de que ela não gosta de você? – Rony perguntou desconfiado.
Hermione abriu a boca e fechou-a várias vezes, e Harry teve a certeza de que ela estava pensando em alguma desculpa para não dizer a verdade. Quando a garota ia finalmente dizer alguma coisa, a porta da sala abriu novamente, e Samantha gritou:
- Longbottom, Neville!
Neville deu um sobressalto e caminhou tremendo até Samantha, que deu passagem a ele para entrar na sala. Antes de fechar a porta, porém, ela olhou com as sobrancelhas erguidas para Hermione e perguntou:
- O que ainda está fazendo aqui, Srta. Granger? Eu não quero que fique comentando a prova com os outros alunos que ainda não a fizeram!
- Eu não estou comentando a prova! – Hermione respondeu com azedume.
- Então vá embora e converse com seus amigos depois que eles terminarem os exames!
E ela bateu a porta com estrondo. Draco Malfoy, que estava do outro lado do corredor, sorriu cinicamente e provocou:
- Hoje vai chover! A senhorita perfeição levou uma bronca de um professor!
- Cala a boca, Malfoy! – Rony retrucou irritado.
- Cuidado, Weasley, ou eu posso quebrar seu nariz de novo!
- Que eu me lembre quem saiu com o nariz quebrado foi você, Malfoy. – Harry se intrometeu. – E não foi uma vez só, mas se quiser eu posso quebrá-lo novamente!
- E eu posso te deixar inconsciente com um único golpe, Potter! – Malfoy respondeu com o rosto vermelho.
- Será que vocês podem calar a boca? – Katherine Willians interveio. – Tem gente querendo estudar aqui!
Um silêncio se sobrepôs a essas palavras, e todos olharam para a garota como se ela fosse de outro planeta. Foi Hermione que quebrou o silêncio.
- E depois eu sou a chata... – ela falou negligentemente.
Willians, que estava sentada encostada na parede, olhou fulminantemente para Hermione por cima dos livros que estavam sobre seu colo.
- Você é chata mesmo.
- Se eu sou chata, você é chata ao quadrado.
Todos olharam confusos para Hermione, exceto Harry, que riu e parecia ter sido o único a entender a frase. Willians olhou com desprezo para Hermione, dando de ombros e voltando à leitura. Hermione sorriu.
- Vou indo, meninos. Boa prova pra vocês.
- O que aquilo significava? – Rony perguntou para Harry dois minutos depois, quando ninguém mais estava discutindo.
- Era matemática. Bruxos não estudam matemática antes de irem para escolas de magia?
- Estudar, estudam, mas isso não é muito importante, é?
Harry deu de ombros.
- Sei lá, eu achava legal quando estudava isso.
Muito tempo se passou depois disso. O corredor ia se esvaziando à medida em que os alunos faziam suas provas. Durante esse tempo foram chamados "Malfoy, Draco", "Parkinson, Pansy", "Patil, Parvati" e, finalmente:
- Potter, Harry!
Harry se levantou do chão, um pouco descadeirado, e olhou para a porta onde estava Samantha; ela estava com uma cara de poucos amigos que intimidava qualquer um. Rony disse baixinho:
- Boa sorte, amigo.
- É, parece que eu vou mesmo precisar...
Harry caminhou até a porta, que Samantha segurava aberta. Ela não sorria, pelo contrário, olhava-o daquela maneira que ele detestava. Harry passou por ela, e a professora encostou a porta depois disso.
- Ora, ora... O exame de Harry Potter! – ela exclamou em tom de zombaria, enquanto passava por Harry e se sentava atrás da mesa do professor. – Isso vai ser interessante...
- Não vejo porquê. – Harry retrucou despreocupado. – Não é nada interessante fazer prova.
Samantha sorriu e se encostou à cadeira.
- Ah, mas com certeza para mim vai ser bastante interessante. – ela piscou. – Você não vai se sentar?
Harry sentou na cadeira que ela indicava, à frente dela. Na mesa de Samantha havia diversos papéis espalhados, diferentemente da costumeira organização. Ela se debruçou sobre os papéis, parecendo procurar algo.
- Hum, onde eu deixei a sua folha de exercícios? – ela resmungou pra si mesma até encontrar uma folha no meio das outras. – Ah, sim, é esta! Finalmente! – Samantha suspirou lentamente e olhou para Harry. – Você não parece nervoso como os outros alunos...
- É mesmo? – ela assentiu, sorrindo. – Talvez porque eu tenha estudado bastante.
- Acho que não. Creio que seja mais por você ser o melhor aluno do ano nessa matéria...
Harry sentiu as bochechas ligeiramente quentes e não respondeu ao elogio. Samantha deu uma risadinha estridente e começou a fazer perguntas para Harry. Ao contrário do que Hermione tinha previsto, as perguntas eram bastante complicadas, e o olhar de Samantha, como se estivesse estudando Harry, era um fator bastante desfavorável para seu desempenho no exame. À medida que Harry ia respondendo as questões, a professora fazia pequenas anotações na sua folha, murmurando palavras incompreensíveis. Pelas expressões que ela fazia, Harry não poderia precisar se estava indo bem ou mal, mesmo que estivesse respondendo a todas as perguntas que ela fazia sem titubear.
- Quem criou a Maldição da Terra das Sombras? – Samantha perguntou com a sua voz rouca de sempre.
Harry pensou por alguns instantes e, subitamente, se lembrou daquele livro que lera na seção reservada da biblioteca.
- Salazar Slytherin... – ele respondeu um pouco indeciso.
Samantha deu um largo sorriso; os olhos azuis dela miravam Harry com tanta intensidade, que ele sentiu um frio na espinha. Era como se ela estivesse vendo através dele. Harry desejava que ela parasse logo de encará-lo assim.
- Muito bem, Harry! – ela falou subitamente, desviando o olhar dele e anotando algo no papel. Harry se sentiu imensamente aliviado. – Você foi bem, como eu esperava.
- Ah, que bom...
- Quer saber a nota?
Harry olhou intrigado para ela; os professores nunca diziam as notas depois dos exames, mas Samantha o olhava com um sorriso tão maroto, que ele acabou assentindo. Ela riu daquele seu jeito um tanto escandaloso e respondeu:
- Ora, não é óbvio? Você tirou a nota máxima!
- Sério?
- Claro, eu não poderia esperar outra coisa de você. E devo acrescentar que ainda não dei a nota máxima a nenhum outro aluno...
Harry abriu e fechou a boca algumas vezes antes de dizer:
- Hum, bem... Samantha... não precisa me ajudar só porque...
- Porque somos amigos? – ela riu. – Não, eu estou te dando a nota justa. Você é um ótimo aluno na minha matéria mesmo, Harry. Além disso, sempre tirou boas notas em Defesa Contra as Artes das Trevas, que eu saiba. Essa nota é mérito seu.
Definitivamente, Harry estava sentindo o rosto arder. Ele levantou rapidamente, e tentou não olhar para ela.
- Já acabou, não é? Posso ir?
- Puxa, está querendo fugir de mim, é? – ela fez um muxoxo. Harry não soube o que dizer. – Só preciso te dizer uma coisa antes de ir, sente-se novamente, por favor.
Harry se sentou pesadamente sobre a cadeira, sentindo-se estranhamente desconfortável. Não sabia por quê, mas tinha certeza de que o que ela diria não seria nada bom.
- Lembra-se daquela detenção que eu apliquei a você e mais aqueles outros seis alunos por perturbarem a minha aula? – ela perguntou com um tom sério. Harry assentiu. – Pois bem, eu já tenho uma data para ela.
- E qual é?
- Amanhã.
- Amanhã? – Harry perguntou boquiaberto. – Mas...
- Algum problema? – o tom dela era de quem não queria ser contrariada.
- Anh... bem... acho que não.
- Ótimo! – ela sorriu cínica. – Eu já avisei os alunos que tiveram exame comigo antes, e agora só faltava você, o Sr. Weasley e o Sr. Thomas. As detenções dos outros serão amanhã à noite com o Hagrid, mas isso não importa para você, já que a sua será comigo.
- No mesmo horário?
- Sim. Esteja aqui, na minha sala, amanhã às oito da noite. Em ponto. – ela completou.
- O que eu vou fazer?
- Ah, você verá amanhã. Não se preocupe, não serei má com você. Talvez só um pouquinho...
- Oh, muito bom. – ele disse sarcástico, enquanto se levantava novamente. – Posso ir agora?
- Claro. Vejo você amanhã.
Ele assentiu e já ia abrir a porta, quando ela se levantou de um salto, adiantou-se, e abriu a porta. Harry olhou intrigado para ela, que disse somente:
- Preciso chamar o próximo aluno!
Harry passou pela professora, enquanto ela chamava:
- Thomas, Dino!
Dino se apressou para atender ao chamado da professora. Harry se dirigiu até onde estava Rony, que lhe perguntou baixinho:
- Muito ruim?
- Depende do ponto de vista... – Harry respondeu displicente. – Mas terá uma surpresa no final da prova.
Rony ergueu as sobrancelhas, enquanto Harry acenava para ele e seguia no lado oposto, imaginando o que lhe reservava essa detenção com a misteriosa e intrigante Profª. Samantha Stevens.
- Agora eu sei qual era a surpresa a que você estava se referindo, Harry! – Rony resmungou.
Os dois e Hermione estavam reunidos na cabana de Hagrid, que preparava um chá para os quatro. Os bolinhos jaziam esquecidos sobre a mesa, pois nenhum dos três adolescentes se atrevia a experimentá-los. Era um fim de tarde abafado, e lá fora nos jardins os alunos aproveitavam o fim dos exames. Os três tinham resolvido visitar Hagrid para conversarem um pouco com o amigo, já que não tinham tido muito tempo com tantos afazeres.
- Mas não será tão ruim. – Hermione falou. – Você terá detenção com o Hagrid...
Rony não disse nada, apenas fez uma careta desgostosa. Parecia que a perspectiva de cuidar dos "bichinhos" de Hagrid não lhe era muito agradável.
- Oh, assim eu fico ofendido, Rony! – Hagrid exclamou em tom de brincadeira, enquanto enchia as xícaras dos garotos com chá. – Pensei que gostasse da minha companhia!
- Eu gosto, Hagrid, mas... – Rony fez uma careta. – Bem... é... quais serão os animais que teremos que cuidar, hein?
- Thestrals e hipogrifos! – Hagrid respondeu animado, sentando-se ao lado de Harry. O banco cedeu um pouco com seu peso. – Não é maravilhoso?
- Ótimo...
- Hipogrifos são legais. – Harry falou. – O Bicuço é muito bom.
- O Bicuço sim, mas hipogrifos selvagens?
- Ora, Rony, pra quem consegue lidar com Malfoy, você não terá problemas com um hipogrifo! – Hermione falou rindo.
- Pelo menos hipogrifos não ficam xingando minha família e falando arrastado... – Rony mostrou a língua, enojado. – Já é um bom começo.
- E você, Harry? – Hagrid perguntou. – Não vai entrar na floresta conosco, não é?
- Não, minha detenção é com Sa... – Harry pigarreou. – Com a Profª. Stevens.
- Se eu estivesse em detenção, preferiria entrar na floresta a ter que estar com essa mulher. – Hermione falou emburrada. Harry e Rony olharam intrigados para ela, enquanto Hagrid parecia confuso.
- É verdade, Hermione? Mas eu conheço Samantha há muito tempo, e ela sempre foi tão...
- Nojenta? – a garota não resistiu. Hagrid ergueu as longas sobrancelhas.
Harry depositou a xícara de chá que bebericava no pires e olhou profundamente para Hermione:
- Mione, eu posso te perguntar uma coisa?
Ela respirou fundo, e sua expressão dava a impressão de que seu cérebro estava trabalhando rapidamente. Rony e Hagrid se entreolharam, e depois olharam curiosos para Harry e Hermione.
- Claro, Harry. – ela falou firme.
- Por que você odeia tanto essa mulher? – Harry perguntou, olhando inquisidoramente para a amiga. – Eu concordo que ela seja um tanto... excêntrica, autoritária às vezes, mas... ninguém odeia tanto alguém assim gratuitamente.
- Não é óbvio? Essa mulher é muito... arrogante, e ela sempre está com aquela pose inabalável! – Hermione não olhava diretamente nos olhos de Harry, o que o fez desconfiar ainda mais se a amiga estaria mesmo dizendo toda a verdade. – Além disso, parece que todos os garotos do castelo estão enfeitiçados por ela, e vamos falar sério, ela não é tão atraente assim!
- Ah, nesse ponto eu tenho que discordar... – Rony disse lentamente. Hermione lhe lançou um olhar tão feio, que o rapaz se encolheu na cadeira.
Hagrid soltou sua risada estrondosa.
- Eu me lembro bem da época em que Samantha estudava aqui em Hogwarts. Foi na mesma época que seus pais, Harry. As garotas também não gostavam dela. – ele riu novamente. – Lílian odiava mesmo Samantha, as duas não podiam ficar dois minutos no mesmo ambiente que saía briga.
- Parece que sua mãe tinha bom senso, Harry. – Hermione falou seriamente, cruzando os braços e se encostando na cadeira. – Diferente de você, e de você também, Rony!
Rony se encolheu mais um pouco na cadeira. Por sua vez, Harry, apesar de ainda estar desconfiado, não pôde deixar de sorrir ao ouvir a frase da amiga. Hagrid coçou a barba e falou:
- Teve uma vez que elas brigaram feio... Vocês querem ouvir?
- Eu quero sim. – Harry pediu. As perguntas que ele queria fazer à Hermione já tinham sido totalmente esquecidas. Os amigos o olharam com um pouco de dó, mas Harry não percebeu.
Hagrid se recostou no banco, depositando a enorme xícara de chá no pires e olhando nostalgicamente para o teto, fazendo uma expressão de quem estava vasculhando a memória em busca de algo muito bem escondido lá dentro. Ele riu lentamente e começou a falar:
- Foi no começo do sétimo ano delas e dos garotos, que eu me lembre. Seus pais já estavam juntos, assim como Sirius e Samantha; eles ainda não tinham se separado. Era engraçado, porque Lílian e Samantha não se suportavam, mas tinham que passar momentos juntas já que os seus namorados eram melhores amigos entre si. Elas brigavam muitas vezes, e geralmente quem apartava essas brigas eram Tiago e Sirius; isso sempre acontecia, mas aquele dia eu acabei assistindo, e mesmo que na hora eu tenha ficado muito bravo com elas, depois, pensando melhor, até que foi engraçado...
- E qual poderia ser a graça disso? – Hermione perguntou sem entender.
- Ah, Mione, quando se assiste a uma briga de meninas, na hora dá medo, mas depois... – Rony riu. – Pensando bem, é cômico!
- Não vejo por quê! – ela falou cruzando os braços.
- Quando elas começam a puxar o cabelo é engraçado! – Harry falou sorrindo, e Rony assentiu, rindo. Hermione olhou muito emburrada para ele. – Mas continue, Hagrid.
O meio gigante, que estava segurando a risada, limpou a garganta e recomeçou:
- Eu não vi desde o começo a briga de Lílian e Samantha naquele dia, mas o momento em que eu cheguei foi realmente o mais cômico. Tiago e Sirius estavam segurando as meninas para elas não se baterem, e o mais impressionante é que elas estavam tão nervosas, que eles estavam tendo dificuldades para segurá-las! Chegou uma hora em que eles não conseguiram mais; elas se soltaram, começaram a puxar os cabelos uma da outra e...
Hagrid parou por um instante e começou a rir. Harry, Rony e Hermione se entreolharam confusos, e Hagrid prosseguiu, tentando se controlar:
- Na época eu cuidava de Pigsteals, eu não sei se vocês sabem o que são...
- Eu sei! – Rony exclamou. – Tem lá na Toca, minha mãe cria alguns... Eles fedem!
- São uma espécie de porcos. – Hermione completou para Harry, que não estava entendendo.
- Mas o que isso tem a ver?
- Tem a ver, Harry... – Hagrid riu novamente. - ...que as duas se desequilibraram e... caíram no estrume dos Pigsteals!
Hermione soltou um gritinho, enquanto Rony começou a gargalhar. Harry estava boquiaberto, e tentou imaginar sua mãe e Samantha sujas de estrume.
- Deve ter sido horrível para elas! – Hermione exclamou horrorizada, mas depois deu um leve sorriso. – Se bem que eu acharia muito engraçado ver a Profª. Stevens suja de cocô...
- Imagina só, deve ter sido um sarro! – Rony falou.
- E o meu pai e o Sirius, o que fizeram?
- Coitados, eles é que pagaram o pato depois... – Hagrid disse. – Eles riram tanto das duas, que elas, por causa disso, ficaram brigadas com eles por uma semana!
- Ei, isso não é justo! – Rony exclamou. – Elas que brigam e se sujam, e eles é que se ferram?
- Mas eles não deviam ter rido!
- Não dá pra não rir em uma situação como essa, Hermione... – Hagrid confessou.
Os quatro passaram mais algum tempo na cabana, tomando chá, enquanto Hagrid contava histórias, às vezes dos Marotos, outras vezes dele mesmo na época de Hogwarts. Uma delas interessou muito Harry, pois envolvia a sua avó Arabella.
Faltando alguns minutos para as oito, Harry e Hermione se despediram de Rony, que ficaria na cabana para ter sua detenção com Hagrid. Já de noite, os dois amigos se dirigiram ao castelo, onde Harry também seguiria para a sua detenção.
- Ainda bem que não precisamos esbarrar em nenhum sonserino pelo caminho... – Harry comentou com a amiga. – Eu não estava a fim de ver aquela cara ensebada do Malfoy...
- Por isso que eu falei para a gente vir logo embora! - Hermione respondeu, enquanto os dois subiam a escadaria de mármore. – Mas o Rony ficou segurando a gente lá, você notou?
- Sim, eu reparei. Mas pra ele tanto faz, vai ter que ver a cara do Malfoy de qualquer jeito mesmo.
- É, dá pena dele... Mas ainda estou mais preocupada com você, Harry.
- Não vejo por quê. Só vou ter uma detenção com a Profª. Stevens, Mione. Não deve ser nada de mais...
Hermione parou de andar assim que os dois chegaram ao terceiro andar, e olhou firmemente para o amigo:
- Pode ter muita coisa. – ela disse séria. – Lembra que o Sirius sempre te previne para se manter longe dela?
- Às vezes o Sirius exagera... – Harry disse despreocupado. – Acho que você deveria se preocupar mais com Rony, Mione. Afinal, ele vai estar com os animais do Hagrid, e você sabe como eles podem ser "inofensivos".
- O Rony sabe lidar com isso. Nossas experiências com o Fofo, o Bicuço e os explosivins serviram para alguma coisa.
- Você esqueceu da Aragogue. – Harry completou. – Eu e Rony enfrentamos Aragogue no segundo ano.
- Que seja... – Hermione fez um gesto displicente. – Mas talvez até a Aragogue seja menos perigosa que a Profª. Stevens.
- Você diz isso porque não viu a Aragogue. Mas... por que você diz isso? Hermione, o que ela fez pra você?
A garota não disse nada por alguns segundos antes de responder:
- Tenho meus motivos. E é melhor você ir, porque já está atrasado, e não quer piorar as coisas, não é? – Hermione postou a mão no ombro de Harry. – Toma cuidado.
E ela seguiu na direção contrária, deixando um Harry intrigado para trás. Ele olhou o relógio de pulso: oito e cinco. Era melhor se apressar. Deu meia volta, e seguiu na outra direção, tomando o caminho da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.
O corredor estava mais silencioso do que nunca, e Harry podia ouvir o eco dos seus passos nas paredes e no teto. Lembrou-se de Sirius; com tão poucas cartas que trocou com o padrinho, Harry nem teve oportunidade de dizer que teria essa detenção. Também, se tivesse contado, Sirius provavelmente já teria tido um ataque por causa disso. Harry gostaria de saber qual seria todo o motivo para Sirius odiar tanto Samantha. É claro que ela tinha lhe traído, mas... mesmo assim, a mágoa não poderia ser tão grande para durar tantos anos, ou poderia?
Além dele, havia outras pessoas que não suportavam Samantha. Snape era uma delas, mas Harry não confiava no julgamento do mestre de Poções. Se bem que aquele dia, na masmorra, Harry tinha ouvido uma conversa muito esquisita... Snape insinuara que Samantha servia Voldemort, mas ela negou, e até o próprio Snape comprovou isso procurando a Marca Negra no braço dela. Tudo era muito confuso, como um grande quebra-cabeças.
E agora tinha também Hermione, com esse comportamento esquisito em relação à professora. Ao mesmo tempo, Hagrid ainda continuava a afirmar que gostava de Samantha e que ela era uma boa pessoa. Apesar de saber que Hagrid poderia se enganar em relação a animais, o amigo ainda assim saberia distinguir uma pessoa de caráter para outra que não o tivesse. "Mas o Hagrid é meio ingênuo...", Harry pensou.
A porta da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas estava fechada. Harry respirou fundo antes de fechar o punho e bater três vezes na porta. Ele ouviu passos abafados, até que a porta se abrisse, e ele ficasse cara a cara com Samantha.
Ela não usava o costumeiro vestido negro. A blusa de seda verde-escuro caía-lhe bem junto com o jeans preto. Os cabelos estavam ligeiramente desarrumados, e caíam sobre seu rosto, encobrindo uma parte dele. Harry achou diferente ela estar usando uma roupa mais simples do que o normal.
- Atrasado. – ela resmungou às vias de "boa-noite".
- Boa noite pra você também, professora. – Harry respondeu cínico. Ela emburrou a cara.
- Não precisa me chamar assim. Vamos, entre.
Harry passou pelo vão da porta, e observou a sala. As carteiras tinham sido encostadas num canto e, perto da janela, havia uma mesa redonda, com duas cadeiras e muitos papéis sobre ela. Samantha encostou a porta, e o barulho deu a Harry a estranha sensação de estar... preso.
- Por que se atrasou? – Samantha perguntou, enquanto se adiantava até a mesa redonda, sentando-se numa das cadeiras.
- Eu estava conversando com o Hagrid na cabana dele e acabei perdendo a hora. – Harry disse verdadeiramente. Samantha girou a longa cabeleira e sorriu.
- Vou perdoar, mas só porque você estava com um amigo meu. – ela indicou a outra cadeira, e Harry se sentou de frente a ela. – Um amigo em comum, pode-se dizer.
- Ele fala muito bem de você.
- Hagrid é uma das poucas pessoas que falam bem de mim. Talvez seja a única pessoa. – ela franziu as sobrancelhas. – Não, estou exagerando. Minha mãe também fala bem de mim, mas mãe não conta. Se bem que ela fala umas boas verdades também quando é necessário.
Samantha riu levemente, e em seguida olhou para Harry um pouco embaraçada.
- Oh, sinto muito, eu não queria...
Harry percebeu que ela se referia ao fato de que ele praticamente nunca teve mãe.
- Tudo bem, não se preocupe.
Samantha assentiu, e passou a mexer em uns papéis, procurando algo. Harry olhou para ela e achou esquisito esse seu jeito amável. Geralmente Samantha tinha uma língua ferina e um jeito bastante superior, mas naquele momento Harry teve a impressão de que ela estava, talvez... chateada ou triste.
- Você mora com a sua mãe quando não está em Hogwarts? – Harry perguntou, tentando quebrar o silêncio desagradável que se estabeleceu no lugar.
- Não, eu moro sozinha. Já faz muito tempo que não moro com minha mãe. Muito tempo mesmo. – ela disse, em um estranho tom de desabafo. Definitivamente, algo tinha acontecido com ela, algo que tinha fragilizado a couraça que sempre estava ao seu redor. – Achei!
Harry levou um susto com o grito repentino da mulher. Ela levantou um rolo enorme de pergaminho e o abriu sobre a mesa. Observando melhor, Harry viu que havia nomes nele, nomes de alunos.
- Sabe o que é isso? – ela perguntou, indicando o pergaminho. Harry se aproximou um pouco mais para vê-lo.
- Notas?
- Isso mesmo! São as notas dos exames de todos os anos e todas as turmas. Preciso da sua ajuda com isso.
- Mas como eu posso ajudar? – ele perguntou confuso.
- Você entende de matemática?
- O suficiente, eu acho. Faz tempo que eu aprendi isso na escola de trouxas.
- Bem, se você souber somar, subtrair, multiplicar e dividir, já estará ótimo pra mim. – ela confessou. – Eu realmente odeio números, e faz muito tempo que eu não mexo com isso. E para fazer as médias das notas eu precisaria fazer muitas contas...
- Você não sabe fazer?
- Saber eu sei, mas é muito complicado... E chato também. Eu sempre era a pior aluna da classe na época que aprendi isso e, céus, isso faz muito tempo...
Harry riu ligeiramente.
- Então a minha detenção é fazer as médias dos alunos. É isso?
- Você pega as coisas rápido, Harry. – ela piscou para ele. – Acha que pode fazer o trabalho?
Harry assentiu, e então ela começou a explicar como ele deveria fazer aquilo. Não era muito complicado. Somente algumas contas de somar e dividir, como ela mesma disse antes, e depois passar tudo isso para a folha de notas. No começo, Harry ia um pouco devagar, mas depois se acostumou e pegou o jeito da coisa. O bom do trabalho era ver as notas dos outros alunos; Harry ficou bem satisfeito em ver que a nota de Draco Malfoy fora bem ruim. Hermione tinha tirado uma nota bem próxima da máxima, enquanto que Rony tinha tido uma nota regular. Harry, para sua surpresa, tinha tirado a nota máxima, e a melhor do ano.
Samantha estava mais preocupada em escrever algumas coisas num caderno, e só falava de vez em quando com Harry para lhe dar algumas orientações. Ela estava bem esquisita naquele dia. Calada e com o olhar perdido, às vezes Harry a surpreendia encarando a janela com uma expressão triste no rosto. A professora nem ao menos tinha dado aquelas indiretas para Harry, como costumava fazer quando eles estavam a sós. Nenhum sorriso cínico, ou frases de duplo sentido. Ela estava quieta, quieta demais, e Harry estava achando aquilo muito estranho.
Já tinha se passado um pouco mais de duas horas quando Samantha se espreguiçou na cadeira, levantou e se posicionou atrás de Harry para ver o que ele estava fazendo. Ele sentiu aquele perfume forte dela e ficou bem nervoso quando a mulher apoiou o queixo sobre o seu ombro esquerdo. Ela observou o trabalho dele por alguns instantes, deu uma risadinha e disse:
- Vejo que já está terminando as notas do sexto ano e logo começa as do sétimo. – ela tirou o queixo do ombro dele, mas no lugar deixou a mão longa e gelada. – Está realmente se esforçando, Harry. Acho que merece uma recompensa.
- Sem querer reclamar, mas é isso é detenção. – ele falou.
- Mas se podemos torná-la mais agradável, por que não fazê-lo? – ela sorriu, e estranhamente seu sorriso chegava aos olhos azuis profundos. – Você gosta de chocolate quente? – Harry assentiu. – Ótimo! – ela exclamou, juntando as mãos. – Vou preparar um para nós dois, então.
Samantha lhe deu as costas e se dirigiu até uma porta que tinha no fundo da sala, mas antes de entrar, ela se virou e disse:
- Vou te deixar sozinho por alguns instantes, portanto, comporte-se! Lembre-se que ainda tem trabalho a fazer!
- Sim, professora.
- Já falei que não é pra me chamar assim! – ela bufou, virando-se e desaparecendo na porta.
Harry suspirou longamente e se encostou na cadeira. Realmente, aquela era a detenção mais pitoresca que ele já tivera. Não estava sendo nada difícil, nem desagradável, e por um instante ele se sentiu feliz por ter ficado com essa detenção. Apesar de gostar de Hagrid, uma detenção onde teria que cuidar dos bichinhos dele junto a Draco Malfoy não lhe apetecia nem um pouco.
Por outro lado, não conseguia tirar da cabeça que Samantha não estava normal. Estava gentil demais, e isso não fazia parte do seu jeito de ser. Ela não era a Samantha Stevens de sempre, e isso era inquietante.
Samantha voltou alguns minutos depois, trazendo duas xícaras cheias de chocolate nas mãos. Ao olhar para a mulher, Harry a achou mais esquisita do que antes; Samantha olhava fixamente para a xícara na sua mão direita. Assim que chegou próxima à mesa, ela reparou que Harry a olhava. Ela deu um sorriso amarelo e colocou a xícara da mão direita na frente do rapaz.
- Seu chocolate, Harry.
- Obrigado. – ele respondeu, ainda achando a atitude dela muito esquisita; ela ainda olhava fixamente para a xícara dele, parecendo perdida em pensamentos.
Harry abaixou os olhos para o chocolate; subitamente, teve um pensamento sem sentido: Olho-Tonto Moody só bebia de um frasco seu. "Que besteira!", ele reprimiu a si mesmo. "Eu não sou paranóico como ele!" Porém, no momento em que ele estava levando o chocolate aos lábios, Samantha deu um grito agudo:
- Espera!
Harry levou um susto tão grande, que a xícara que segurava tremeu, e um pouco do chocolate derramou, caindo quente sobre sua calça.
- Ai!
Samantha se levantou de um salto e praticamente arrancou a xícara da mão do rapaz. Depois de verificar que o estrago na sua calça não tinha sido muito grande, Harry levantou os olhos e viu algo que nunca tinha visto: Samantha tinha uma expressão ao mesmo tempo assustada e amedrontada no rosto.
- Você bebeu?
- Não. – ele respondeu sem entender. – Por que você gritou?
- É que... – ela abriu e fechou a boca, e evitou o olhar dele. – Eu esqueci de colocar açúcar! – ela falou muito rápido.
"Ela não esqueceu de colocar açúcar.", Harry pensou instantaneamente. "Ela colocou algo mais nesse chocolate! Cara, estou ficando paranóico. Não, isso não é paranóia, não é possível, ela colocou alguma coisa nesse troço!"
- Eu vou ir colocar açúcar! – ela disse, recolhendo depressa as xícaras e saindo novamente da sala.
Harry se encostou na cadeira mais uma vez, posicionando a mão direita sobre a têmpora. Ela tinha feito alguma coisa com aquele chocolate, ele tinha certeza. Mas por que não quis que ele bebesse no último instante? Talvez Hermione estivesse certa... E Sirius também... E se ela tivesse enganado Snape e realmente fosse uma Comensal?
E se Harry estivesse ficando maluco?
"Sim, Harry, você está ficando tão paranóico quanto Moody. Não é possível que seja uma coisa dessas! Você tá viajando! Hagrid diz que ela é legal. E mesmo dizendo para eu ficar longe dela, Sirius se envolveu com Samantha e ainda diz que a ama. Dumbledore a colocou no cargo de professora, e não faria isso se soubesse que ela é uma Comensal, faria?"
Um estalo na lareira o trouxe com um baque à realidade. Chamas esverdeadas apareceram na lareira, seguidas de uma cabeça. Tinha cabelos brancos e uma barba enorme da mesma cor.
- Professor Dumbledore?
O diretor olhou para Harry e sorriu por detrás da barba branca.
- Ah, pensei que Samantha estivesse aqui. Você está em detenção com ela, não é? – Harry assentiu. – E onde ela está?
- Estou aqui, diretor. – a professora falou, aparecendo na porta que ligava uma sala à outra. As xícaras não estavam mais na sua mão. – Algum problema?
Dumbledore olhou dela para Harry e depois para Samantha novamente.
- Preciso falar com você. É particular.
Samantha umedeceu os lábios. Parecia pensar rapidamente. Quando ela levantou os olhos, sua expressão estava decidida:
- Não posso. – Dumbledore enrugou ainda mais sua testa ao franzir as sobrancelhas. Harry ficou embasbacado; era quase impossível alguém desobedecer a uma ordem do diretor. – Tenho que terminar a detenção com o Sr. Potter.
- Harry poderá esperar até que você retorne, Samantha. – Dumbledore disse tranqüilamente. – Eu preciso falar com você agora.
Samantha respirou fundo, e seus olhos correram a sala, como se procurassem alguma saída. Como se não tivesse nenhuma, ela disse com a voz mais baixa e rouca do que nunca:
- Certo, estarei lá em um minuto.
Dumbledore sorriu, acenou para Harry com a cabeça, e com um "ploft" desapareceu nas chamas. Samantha ficou ainda por algum tempo encarando as cinzas da lareira, até que acordasse do seu transe e se virasse para Harry, dizendo:
- Eu vou falar com o diretor e já volto, Harry. Algum problema para você em ficar aqui sozinho?
- Nenhum. – ele respondeu rapidamente. – Tudo bem.
- Certo. – ela falou, umedecendo novamente os lábios. – Termine seu trabalho enquanto isso e... hum... talvez seja melhor... você esperar até que eu volte...
Ele assentiu. Ela respirou fundo, se aproximou da lareira e pegou um pouco de pó de flu em um potinho que havia do lado. Jogando o pó nas chamas, ela exclamou:
- Sala do diretor!
As chamas esverdeadas a tragaram, e ela sumiu na lareira. Harry deixou-se ficar estupefato. Tudo tinha acontecido tão rápido, que a cabeça dele estava girando. Aquilo tudo era muito estranho, e ele estava tendo um pressentimento ruim sobre isso. Abaixou os olhos para seu trabalho, suspirou e pôs-se a terminá-lo.
Foi complicado terminar as contas, pois sua cabeça fervilhava em pensamentos. Os números se embaralhavam em meio à confusão que estava sua mente. Frases soltas corriam por ela, e Harry não conseguia encaixá-las. Finalmente, passada quase meia hora, ele conseguiu terminar.
Harry se levantou e caminhou até a janela. Os jardins estavam totalmente escuros; não havia luz nem ao menos na cabana do Hagrid, tampouco havia estrelas ou lua no céu. Tudo estava tenebrosamente escuro...
Ele encostou a cabeça no vidro, fechando os olhos. Harry não sabia se ela doía por causa dos números ou pelo que estava acontecendo. Um lado queria acreditar que ele estava ficando paranóico, e que tudo era ridículo, mas o outro achava que as evidências eram claras demais para que não fosse verdade. Claras e confusas, ao mesmo tempo. E a dor de cabeça só parecia aumentar...
Harry abriu os olhos e se virou. O silêncio naquela sala invadia seus ouvidos como se estivesse martelando neles. Como ele queria poder ir embora, deitar e dormir... Se pudesse pedir algo naquele instante, seria sua cama e uma boa noite de sono. O relógio de pulso marcava quase onze horas. Samantha ainda não tinha voltado. Droga, por que tinha que esperá-la? Será que ela queria ainda lhe dar mais coisas para fazer? Um daqueles chás reconfortantes do Hagrid cairia bem naquele momento...
O chocolate. O que teria naquela xícara de chocolate quente? Harry caminhou até aquela sala interligada à da classe; ao cruzar a porta, viu uma sala não muito grande, mal iluminada, redonda e com poucos adereços: uma pequena pia encostada à parede, embaixo de uma minúscula dispensa e, sobre a pia, Harry notou, estavam as duas xícaras de chocolate. Ele se aproximou e viu que estavam vazias; o líquido tinha sido jogado na pia.
Porém, algo do outro lado da sala chamou a atenção de Harry: uma bacia de pedra, marcada com runas ao seu redor. "Uma Penseira...", ele disse mentalmente a si mesmo, aproximando-se dela.
Harry se ajoelhou no chão, ao lado da Penseira, e pôde ver a luz prateada que girava lentamente dentro dela. Pensamentos de Samantha? Era óbvio que só podia ser dela... Será que ela andara relembrando-os antes que Harry chegasse para a detenção? Talvez essas lembranças fossem o motivo de ela estar tão esquisita...
Esses pensamentos... Ali estava a resposta para todas as dúvidas de Harry. Tudo que ele queria saber... Mas ele tinha o direito de vê-las? Estava invadindo a privacidade dela e de outras pessoas...
Talvez houvesse lembranças de seus pais ali dentro em meio àqueles fios prateados. A resposta para o porquê de Sirius ter tanta mágoa de Samantha... Quem sabe, até mesmo o porquê de ela tratar Harry de uma forma tão diferente...
Seu coração batia tão depressa que chegava a doer. Curiosidade e excitação corriam no seu sangue. Ele queira ver o que havia ali dentro, mas ao mesmo tempo não deveria... E se ela voltasse e o encontrasse ali? Samantha não seria bondosa e compreensiva como Dumbledore o fora naquela vez que Harry entrou na Penseira dele... Mas ele precisava ver, precisava saber, entender o porquê de tudo! Se as pessoas não lhe contavam, era obrigação dele consigo mesmo descobrir sozinho e responder a todas as dúvidas que invadiam sua mente e seu coração.
A luz prateada que saía da penseira iluminava o rosto de Harry e tremeluzia nas paredes e no teto, dando um aspecto um tanto fantasmagórico à sala. E se ele entrasse rapidamente e só visse uma lembrança? Se fosse alguma dos seus pais, ele tinha o direito de saber, não é?
Samantha demoraria muito nessa conversa com Dumbledore? Ela já estava na sala dele há meia hora... Se ela pegasse Harry em sua Penseira ele tinha certeza que estaria em maus lençóis. "Tome cuidado", Hermione disse. "Tenho meus motivos..."
"Fique longe dela!"
Harry fechou os olhos com força, respirando fundo. Ele precisava saber. Não era apenas curiosidade... Tudo aquilo lhe envolvia, e ele tinha o direito de saber!
"Fico me perguntando por que veio parar aqui, Stevens... foi por causa do Potter?"
Harry abriu os olhos e sacou sua varinha, decidido. Dane-se o que acontecesse depois, o agora era mais importante! Ele gostava do perigo, e não seria nesse momento que fugiria. Ele tocou os fios prateados da Penseira com a ponta da varinha, e eles começaram a girar rapidamente, até se tornarem transparentes. Ele se inclinou e percebeu que estava olhando para o interior de um lugar, um jardim... como se estivesse vendo através de uma janela redonda no teto, assim como o fez anos atrás na Penseira de Dumbledore.
Ele se inclinou um pouco mais, apertando a varinha firmemente entre os dedos. "Apenas faça o que tem que fazer!", seu cérebro ordenou. Ele soltou o ar longamente pela boca, seu corpo estranhamente quente. Samantha poderia estar chegando... sua cabeça estava tão perturbada que ele pensou que estava ouvindo o barulho dos saltos dela. E se ela o pegasse ali? "Dane-se, Harry! Você não vai desistir, não agora! Você precisa saber! Não pode ser enganado a vida toda!"
Harry estreitou os olhos, uma ousadia encheu seu peito junto com o ar que ele aspirava profundamente, e mergulhou o rosto na superfície dos pensamentos de Samantha, sentindo o chão tremer, quando foi tragado para dentro da Penseira.
N/A: Esse capítulo que acabaram de ler dá o passo inicial para o clímax da história, portanto, espero que estejam bem ansiosos pelo próximo capítulo. (risos) Ele realmente está dando muito trabalho, é grande e difícil, tanto que ainda não o terminei, por isso, peço pela paciência de vocês, pois não tenho certeza se poderei entregá-lo com o mesmo prazo que faço com os outros. Porém, adianto que estou trabalhando duro nele e dando meu melhor para que ele esteja bom para vocês lerem. Obrigada por todas as mensagens e incentivos que vocês me dão, estou realmente feliz com o retorno maravilhoso que essa fic me proporciona. Obrigada por tudo! :)
