Prólogo

                Nunca pensei que teria de fazer isso!

Quando apostei com meu melhor amigo no dia do casamento dele a possibilidade de perder nem passou pela minha cabeça. Lembro-me muito bem daquele momento, apesar dos muitos anos passados. Ainda posso ouvir nossas vozes animadas em um dos raros instantes de felicidade em meio a uma guerra repleta de desgraças:

                -Pontas, que decepção! Você é uma vergonha para os marotos!  Nunca pensei que chegasse a esse ponto! Casar, meu amigo?! Como você pode fazer uma besteira dessas?

                -Ah! Meu caro Almofadinhas, você ainda vai entender o que estou fazendo. Um dia vai amar tanto uma mulher que não irá conseguir imaginar a vida sem ela.

                -Eu? Você enlouqueceu? Nunca vou me casar! Achei que você soubesse disso.

                -Eu pensava assim também, só que me apaixonei por Lílian e tudo mudou. Aposto que um dia ainda vai conhecer alguém capaz de lhe fazer sentir assim. A mulher capaz de aprisionar o indomável coração de Sirius Black está perdida em algum lugar, apenas esperando que você a encontre.

                -Pois eu continuo a achar que você está enganado. Aposta quanto?

                -Se o senhor Almofadinhas, o maior dos inconstantes, um dia amar a ponto de desejar passar a vida toda com uma mulher e chegar a ponto de querer se casar com ela, você terá que escrever a história de nossos romances.

                -E se o senhor Pontas, o maior dos consultores sentimentais estiver enganado?

                -Eu escrevo como me tornei uma decepção para meus melhores amigos e sobre a sua vida de conquistador.

                -Boa idéia! Só que temos que definir um prazo.

                -Que tal, se você não me procurar falando que está apaixonado até a Eliza se casar eu me conformo com a derrota.

                -Estava me perguntando quando ia falar nela! Quantas vezes serei obrigado a repetir que ela é como se fosse minha irmã?

                -Não sou eu que não me convenço disso, é você mesmo meu amigo!

                -Eu não falei dela em momento algum.

                -Eu sou seu melhor amigo, esqueceu? Conheço você bem demais!- eu sorri. Tiago jamais mudaria.

                Eu entrei naquela aposta já sabendo que tinha perdido, mas mesmo assim tentei  negar e me enganar. O fato é que naquela época eu tinha uma vida que não permitia relacionamentos sérios, e eu não desejava mudar isso. Gostava de meu trabalho perigoso e da diversão das conquistas. Quanto ao meu amigo, ele e a sua querida noiva tinham sido feitos um para o outro, sem a menor dúvida, e é a história deles (e também a minha própria, mesmo não sabendo o final ainda) que vou escrever.