6-Ciúmes
nota da autora: Mil desculpas pela demora! Vou tentar evitar que isso volte a acontecer. O ritual descrito por Lílian em sua primeira mensagem no diário foi baseado em As Brumas de Avalon. Como o próprio dom da Lílian também é inspirado no livro.
-Sirius, como é a seleção?-era a milionésima vez que Eliza me fazia a mesma pergunta durante aquelas férias. Ela parecia ter esperanças de que eu respondesse sem querer.
-Lizzy, eu já falei que é surpresa. Você saberá quando chegar lá.
-Isso não é justo! Não seja malvado! Eu estou tão nervosa e você pode me acalmar. Por que não faz isso?
-Eliza pare de pressioná-lo. Manter em segredo a forma como os alunos de Hogwarts são separados nas casas é uma tradição. Aprenda a ser mais paciente!-a Sra. Wyse se intrometeu em nosso diálogo tentando defender a minha atitude, mas tudo que conseguiu foi um olhar irritado da filha.
-Lizzy se eu te contar perde toda a graça.-disse procurando acalmar os ânimos.
Nesse instante chegamos a estação. Eu quis ajudá-la com a bagagem, no entanto ela não aceitou. Eu estava tão ansioso quanto ela para saber em que casa Eliza ficaria. No íntimo eu torcia pela Grifinória mesmo considerando improvável.
-Oi Remo!-foi Eliza quem primeiro avistou um dos meus amigos antes mesmo de atravessarmos a barreira.
-Olá Lizzy! Como foi o fim de férias, Sirius? Animada?
-Foi normal. Ela está uma pilha de nervos! Cuidado com o que ela pergunta, porque Lizzy está tentando descobrir sobre o segredo antes da hora.
-Claro que estou. Eu quero estar preparada.Duvido que vocês não tenham ficado nervosos quando foi a vez de vocês. Quer dizer, você não conta Sirius, porque você se acha demais e nunca vai ter medo de ser incapaz de alguma coisa.-como eu queria que ela estivesse certa, mas obviamente que aquilo devia ser verdade naquele tempo.
-Lizzy, eu sinto muito, só que a minha mãe já estava doente no ano em que entrei para Hogwarts, então eu estava preocupado com outra coisa.
-Ah, me desculpe! Falando nisso como vai ela?-os Marotos passaram duas semanas das férias na minha casa e Remo teve que ir embora antes por causa da lua cheia e utilizara a saúde fraca da mãe como desculpa.
-Melhor agora, mas ela vive piorando. Acho melhor irmos logo para a plataforma 9 e ½, já está quase na hora.
-Não vão se despedir de mim?-a Sra Wyse chamou nossa atenção antes que atravessássemos.
-Adeus mãe.-Eliza disse enquanto era abraçada. Não pude deixar de reparar que ela retribuiu o gesto de forma forçada.
-Tchau, dinda!-eu disse envergonhado com a atitude de Eliza.
-Oi gente!-Já chegáramos na plataforma e Tiago viera ao nosso encontro. Todos nós o cumprimentamos e fomos indo juntos para o trem - Lizzy, me deixa levar seu malão para você?-ele disse já livrando-a do peso.
-Muito obrigada!
-Hei! Por que você não me deixou te ajudar?-indaguei fingindo estar com ciúmes e talvez eu realmente estivesse.
-O motivo é tão óbvio, Sirius! Você está carregando o seu malão e seria injusto te sobrecarregar com mais um, só que a do Tiago já está no trem então ele está livre para me ajudar. Além do mais, minha mãe me considera incapaz de me virar sozinha e se eu demonstrar dependência de você na frente dela, ela vai pensar assim eternamente.
Chegamos para o vagão que Pedro estava guardando para nós e nos acomodamos. Eliza acabou ficando conosco. Metade da viagem passou sem que fossemos perturbados. No entanto junto com a moça do carrinho de doces veio uma visita que atrapalhou a nossa paz:
-O que os senhores desejam?-cada um de nós comprou algumas guloseimas variadas.
-Como foram as férias?-Chloe indagou assim que a mulher foi embora.
-Boas e a sua?-Remo perguntou.
No entanto ela não teve tempo de responder, pois nesse instante Lílian entrou no vagão. Um misto de sensações me invadiu ao vê-la.
-Oi para todos. Quem é?-questionou com o ar de desdém apontando para a Eliza.
-É a Eliza Wyse uma amiga minha de infância. Ela está entrando este ano em Hogwarts.-respondi.-Lizzy essas são Lílian Evans e Chloe Chant ambas corvinais.
-Muito prazer!-Chloe sorriu simpática.-Os Wyse costumam ir para a Lufa-lufa, né?
-Eu quase achei que fosse para um menino.-Lily interrompeu com seu costumeiro jeito absurdamente sincero.-Você não poderia ir procurar o pessoal da sua idade só por um instante para nós conversarmos?
-Vou me trocar.-Lizzy falou pegando suas vestes e abandonando o vagão, visivelmente chateada. Eu desejei segui-la, contudo tinha certeza de que Lílian tinha um motivo para não querer que Eliza ouvisse a conversa e eu queria escutar o que ela tinha a dizer.
-E então o que andou acontecendo pelo Mundo Mágico nessas férias?
-Nada demais. Atacaram a casa de Helen Armstrong. Parece que também roubaram livros sobre os ancestrais da família.-Chloe respondeu
-Outra aluna do nosso ano. Tinha alguém em casa dessa vez?
-Infelizmente sim. Uma tia já idosa e a avó da Helen.-foi Remo quem falou dessa vez.-As duas foram assassinadas com a maldição da morte.
-Foi realmente um absurdo. E você Evans descobriu alguma coisa?
-Minha mãe parece realmente estar fugindo de algo e ela finalmente assumiu para mim que é uma bruxa.
-Ela falou por quê escondia isso? E o que sabe sobre os ataques?-indaguei animado.
-Não ela só admitiu, porque eu a obriguei a isso. Ela tem um diário e eu ia abri-lo, entretanto, ela apareceu bem na hora e acabou confessando.
-Por que você não leu o diário dela?-perguntei irritado.
-Ela falou que ali tinha segredos que eu ainda não estava preparada para compreender e eu achei melhor não insistir.
-Como você pode ser tão estúpida?-questionei-a furioso.-Achei que quisesse tanto quanto nós descobrir o que está acontecendo.
-Sirius, veja pelo lado dela também. Eu conheço a mãe da Lily, se ela disse que a Lily não está preparada para saber ela provavelmente não está.-Chloe me interrompeu.
-Então a nossa união para desvendar o mistério acaba aqui?-Remo se intrometeu na conversa.
-É claro que não. Acho que podemos descobrir o que Você-sabe-quem está querendo com esses ataques, sem que para isso tenhamos que conhecer o segredo da minha mãe. E não é que eu tenha desistido de descobri-lo, eu apenas achei que brigar com ela não ajudaria em nada. Até tentei encontrar o diário novamente, mas minha mãe me conhece e o escondeu muito bem.
-Lily! Você não pode estar falando sério! Achei que você fosse obedecer a sua mãe. Quer dizer, talvez nós realmente devêssemos desistir.
-Eu concordo com a Chlo!-Pedro falou pela primeira vez.-Isso tudo pode ser realmente perigoso.
-Se o Pedro concorda eu devo estar muito errada.
-Engraçadinha!-exclamou Remo.-Isso só é perigoso se nós chegarmos realmente perto de descobrir tudo e alguém do grupo não for confiável.-Ele disse e olhou ao seu redor encarando cada um dos amigos.-Mas acho que esse não é o caso.
-Sei você está se esquecendo do Seboso Snape.-eu falei para provocar Lily.
-Quantas vezes terei que dizer que confio mais nele do que em você?- Lílian indagou irritada.
-Vocês dois querem parar de discutir pelo menos uma vez.-Chloe se apresou a dizer antes que eu pudesse falar qualquer coisa em resposta.
-Eu preciso falar com o Severo. Vamos Chlo.-ela disse e as duas deixaram o vagão.
-Vocês não acham que a Lizzy já deveria ter voltado?-indaguei algum tempo depois. Eu não estava exatamente preocupado apenas receoso de que Evans a tivesse magoado.-Acho que vou procurá-la.-não precisei ir muito longe.-Por que não voltou para a cabine?-a questionei.
-Não quis atrapalhar vocês. Resolvi permitir que vocês ficassem em paz sem ter que aturar uma pirralha como eu.-ela disse chateada.
-Me poupe! Você sabe que nenhum de nós pensa isso de você. Eu sempre apreciei a sua companhia.
-A sua amiguinha ruiva então me adora. Sirius, você acha que eu não percebi nas férias as muitas vezes que vocês paravam de falar quando eu me aproximava? Eu não sou tão estúpida quanto pareço. Agora pode voltar para a companhia de seus amigos e não se preocupe comigo.
Eu fiz o que ela mandou, porque sabia que de nada adiantara insistir. Quando chegamos em Hogsmeade tentei vê-la entre a multidão de primeiro-anistas que seguiam Hagrid, mas ela devia estar no meio do bando.
Observei com uma atenção anormal à cerimônia de seleção. Começando pela entrada dos alunos. A maioria deles estava entre o assombro e o nervosismo. Lizzy parecia estar realmente deslumbrada com o feitiço do teto. A vi ficar espantada ao ouvir o chapéu começar a cantar e aguardei ansiosamente a vez dela. Quando finalmente chegou e infelizmente Wyse é um dos últimos da lista, ela ficou um bom tempo com o chapéu na cabeça antes dele finalmente anunciar Lufa-lufa. Não pude deixar de notar que ela não pareceu exatamente feliz com aquela decisão. Eu estranhei aquela reação, porque Alex pertencera aquela casa.
-Lizzy e então mais animada agora que já foi selecionada?-perguntei após o banquete.
-Sirius, eu preciso seguir o monitor, senão vou me perder. Ao contrário de você eu não conheço o caminho para minha sala comunal. Nós não podíamos deixar essa conversa para outra hora?
-Não, enquanto você não me explicar o motivo de não ter gostado de ir para a Lufa-lufa.
-Não é óbvio?-ela indagou irada.- Estou cansada de todos me compararem com meu irmão. Tudo que queria era que percebessem que eu sou diferente dele. E ir para a mesma casa que ele não contribui muito para isso.
-Por que te incomoda tanto que te achem parecida com Alex? Ele foi uma pessoa maravilhosa!
-É exatamente esse o problema. Eu sinto como se não estivesse a altura dele. Como se estivesse condenada a sempre viver a sombra dele. Você já reparou o quanto minha mãe vive nos comparando, diz que meu irmão não a desobedecia, que ele isso e aquilo. Alex era perfeito e eu sou apenas Eliza. Eu realmente não quero me perder Sirius.-ela disse seguiu seu caminho atrás de alguns alunos mais velhos da Lufa-lufa.
Eu estranhei aquelas palavras dela e fui refletindo sobre isso até a Grifinória. O que me perturbava era que várias atitudes de Lizzy pareciam refletir o desejo dela de ser como o irmão e agora ela falava isso. Eu realmente não a compreendia. Claro que eu já a ouvira dizer isso muitas vezes para a mãe, quando esta comparava os dois filhos, mas naquelas ocasiões era diferente. Algo me dava a certeza de que Eliza não me contara o verdadeiro motivo de não ter gostado da decisão do chapéu seletor.
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-Você poderia tê-la pressionado mais para que ela contasse a verdade. Assim nós já teríamos entendido tudo ou pelo menos estaríamos bem mais adiantados. Ao em vez disso estamos aqui tentando traçar um paralelo entre esses ataques.
- Se for para você ficar insistindo nesse assunto eu vou embora.
-Não, Lily espere! Está bem eu paro de te lembrar o quanto você foi idiota-ela me repreendeu com o olhar.-Agora me diga o que seu amiguinho seboso descobriu sobre a invasão a Mansão Malfoy.
-Você finalmente se convenceu de que não foi uma encenação? Tudo que o Severo conseguiu que o Malfoy lhe dissesse foi que roubaram livros sobre a genealogia da família.
-Continuo achando que isso foi só para disfarçar, mas não custa nada investigarmos. Garanto que Malfoy falou isso, porque sabe que é uma das coisas que há em comum nos outros ataques e não quer que descubram que nada aconteceu realmente na casa dele.
-Severo garante que o Senhor Malfoy não é um comensal, apesar de concordar com os ideais de Você-sabe-quem. Ele diz que Malfoy considera abaixo de seu nível se sujeitar a servir outro bruxo por mais poderoso que ele seja.
-Acho tão ridículo ficarem chamando Voldemort de você-sabe-quem! Está claro que Snape falou isso apenas para defender o pai do amiguinho dele. Não me surpreenderia se descobríssemos que os pais do Snape também são.
-Você está sendo preconceituoso. Aposto que diz isso só porque eles são sonserinos. Agora só falta você começar a dizer que eu sou inferior por meu pai ser trouxa. Deixe para lá, eu vou indo. Já te passei todas as informações que eu tinha.
-Não espere!
Eu segurei o braço dela impedindo-a de sair, não queria que ela fosse embora chateada comigo. Lily se virou e nossos olhos se encontraram. Eu fitei os olhos verdes e senti uma vontade incontrolável de sentir os lábios dela nos meus. Aproximei-me e a beijei. O toque dos lábios dela nos meus foi suave e aos poucos o beijo foi ficando mais intenso. Separamo-nos e eu sorri ao perceber que Lily estava da cor de seus cabelos.
-Acho que nós ainda temos que conversar sobre um assunto muito mais interessante, não?
-Posso saber qual é?-ela perguntou fingindo inocência.
-Sei que é uma pergunta, cuja resposta é óbvia, só que tenho que fazê-la. Quer namorar comigo?
-Vou pensar no seu caso.-ela disse.
-Vocês corvinais pensam demais.-eu falei me aproximando dela e sentindo suas resistências caírem. A beijei mais uma vez dessa vez o toque de nossos lábios foi mais sedutor e aprofundamos mais o beijo.
-Não ache que me convence assim tão fácil Black.-ela falou me provocando e caminhou na direção o castelo me deixando abobalhado.
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Diário de Lily Evans-05 de setembro de 1973
Mia,
Como eu odeio o estúpido Black! Ele é tão lindo e tão convencido. Hoje ele me beijou e logo depois me pediu em namoro. Eu não dei resposta, porque ele fez o pedido de forma petulante e me irritou. Eu quero aceitar e ao mesmo tempo não sei se devo. Droga! Por que ele tem que ser tão bonito? Simplesmente sou incapaz de ficar perto dele e não ficar pensando naqueles lindos olhos azuis. Hoje quando nossos olhos se encontraram achei que fosse derreter. Parece que pela primeira vez vou escrever como uma menina normal.Quer dizer eu imagino que é isso que povoa a mente das trouxas da minha idade e das bruxas também. Pelo menos da maioria.
Sinto muito te decepcionar, mas preciso te contar sobre a minha primeira aula de adivinhação. Eu falei com a professora sobre o meu dom (eu acho que é mais uma maldição isso sim) e ela chamou o diretor, apesar de eu mesma ter pensado em conversar com ele achei um pouco de exagero. Dumbledore me perguntou sobre minhas visões passadas. É claro que eu não contei nada sobre a mulher de olhos verdes, mas parecia que ele sabia que eu estava omitindo algo. É horrível ter que encarar aqueles gentis olhos azuis e mentir.
A professora parece não ter poder algum de adivinhação,só que ela é uma estudiosa séria sobre o assunto e sabe bastante sobre a teoria. Ela resolveu ver uma demonstração dos meus poderes e me ordenou que buscasse uma bacia de prata limpa e areada e a enchesse de água da chuva. Fui para a cozinha e consegui facilmente que os elfos me arranjassem a bacia. Passei na sala do professor de poções e após muitas explicações ele me cedeu a água da chuva que tinha em seu estoque. Depois que enchi a bacia voltei para a torre sem poder falar com ninguém. Encontrei Severo no corredor e fui um pouco grossa ignorando o cumprimento dele.Isso me preocupa, porque conhecendo Severo ele é capaz de se juntar até a Chloe para descobrir o que estou escondendo, caso desconfie de algo. Quando voltei a primeira coisa que a professora me mandou fazer foi soltar meus cabelos, tirar meus brincos e qualquer outra jóia que estivesse usando e colocasse longe da bacia e proibiu qualquer pergunta, disse que mais tarde explicaria tudo. Acabei ficando apenas com as roupas de baixo. Em seguida a professora colocou alguns grãos de ervas de um cheiro adocicado na bacia de água. Em seguida me disse em uma voz baixa e neutra para olhar para a água, ficar com a mente perfeitamente imóvel e descrever o que eu via. Eu não me lembro de nada do que eu vi. Ela me falou que aos poucos eu aprenderia a lembrar de uma visão induzida. Mesmo assim eu fiquei preocupada, pois, enquanto isso,vou contar coisas a ela sem saber e se eu tiver dito alguma coisa sobre a mulher misteriosa? Bem,é só isso por hoje.
Até qualquer dia,
Lily
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Depois de pensar um pouco na reação de Lílian ao meu pedido de namoro acabei concluindo que ela acabaria aceitando. Após alguns dias quando estávamos mais uma vez no lago trocando informações.
-Sobre a sua proposta eu andei refletindo e resolvi dizer que sim.-beijei-a novamente dessa vez foi mais doce e ao mesmo tempo pareceu conter mais sentimento.
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Diário de Lily-15 de setembro de 1973
Mia,
Namorar Sirius é ainda melhor do que eu esperava. Ele não é tão irritantemente presunçoso quando você o conhece bem. Mesmo assim às vezes detesto o sorriso confiante dele que ao mesmo tempo me atrai.Confuso, né?
A única sombra que se abateu na minha atual felicidade é aquele maldito dom. Grande novidade! A questão é que eu já vi algumas vezes o Sirius beijando a amiguinha dele do primeiro ano. É claro que eu me esforço para não demonstrar que sinto ciúmes dela, mas de vez em quando é complicado. Ele passa tanto tempo com ela. Não sentiria isso se não tivesse as visões, mas eu tenho e é algo que não posso mudar. Fico me repetindo que o que eu vejo não vai necessariamente acontecer e me acalmo, entretanto, é só vê-lo com ela novamente que a insegurança volta.Sou tão idiota!
Beijos,
Lily
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Já estávamos em outubro e nesse período a tensão fora da escola continuava a mesma. Pedro era quem andava mais apavorado do que o normal, pois sua casa fora atacada. Um velho amigo da família, que estava hospedado na casa, acabou se tornando a vítima. Novamente a biblioteca foi o alvo principal. Eu não conseguia parar de me perguntar o que os comensais queriam com livros sobre a árvore genealógica de cada família.
Meu namoro com Lílian ia bem, embora eu de vez em quando percebesse que ela andava um pouco tensa e que escondia algo. Ela e Lizzy não se suportavam. Isso me incomodava um pouco, porque algumas situações desconfortáveis surgiam desse antipatia mútua e acabou sendo esta a causa do término do nosso namoro, pelo menos da primeira vez.
Como eu estava narrando tudo se passou em uma manhã de sábado. Estava tomando café e o correio coruja chegou como normalmente. Nada demonstrava que algo ruim aconteceria naquele dia, até que avistei Eliza vindo em minha direção parecendo descontrolada.
-Sirius, você poderia me emprestar a sua vassoura?-ela me questionou parecendo um pouco triste.
-Claro, mas antes você tem que me dizer o que aconteceu. E não tente me enganar dizendo que é só vontade de voar, porque eu não vou engolir essa.
-Não te interessa. Agora você poderia pegar a vassoura, por favor?
-Nada disso, ou você me conta ou não há empréstimo. Hei, desabafe Lizzy! Você se sentirá melhor se o fizer.
-Vá buscar a vassoura, enquanto isso eu penso se te falo ou não. Anda logo, senão eu roubo uma da escola.
Eu acabei fazendo o que ela queria, porque conhecendo Eliza ela queria ficar muito tempo simplesmente planando no ar e eu não confiava nas vassouras (se é que aquelas antiguidades podiam ser chamadas de vassouras) da escola desde aquele acidente na minha primeira aula de vôo.
-Fale agora, senão eu não te entrego nada.-disse erguendo a mão que segurava a vassoura colocando-a fora de alcance para Lizzy.
-Se quer mesmo saber meus pais se separaram. Agora você poderia me dar isso?-ela me questionou chateada.
Eu entreguei a vassoura a ela e fui correndo em busca de Tiago:
-Pontas, você poderia me emprestar a sua vassoura?
-Cadê a sua?-ele me questionou.
-Está com a Lizzy. E então vai ou não me emprestar?
-Para que você quer?-ele indagou.
-Para ir atrás da Eliza. Posso ou não pegar Pontas?-eu insisti.
-Claro, mas depois você precisa me explicar essa história direito.-eu mal o ouvi e saí correndo mais uma vez em direção ao dormitório.
Como eu suspeitava encontrei Eliza simplesmente parada no ar admirando o lago com o olhar perdido. Ela não estava chorando, no entanto, parecia um pouco deprimida. Eu também me sentia um pouco assim. Quer dizer meus padrinhos eram durante muito tempo os pais que eu gostaria de ter e era como se fossem realmente meus pais. Eles andavam brigando desde que aquela confusão toda de guerra começara, mas eu não esperava que fosse tão sério assim.
-O que faz aqui?- ela me questionou, quando eu me aproximei dela por trás e passei meu braço em torno de seus ombros para confortá-la.
-Saber como você está. E então como é saber que vai ter duas casas para ir durante as férias?
-Isso não é brincadeira Sirius!-ela exclamou irritada.-Não é por eles não estarem mais juntos, mas e se eles começarem a brigar para em que casa eu vou no Natal?
-Você fica em Hogwarts. É tão simples! Você é quem está fazendo tempestade em como d'água.-disse ainda em tom brincalhão.
-Não enche Sirius! Você poderia me deixar um pouco sozinha? Sabe foi para isso que eu vim aqui.
-Lizzy a solidão não faz bem e fugir também não. Você vai ou não me dizer o que realmente está te perturbando?
-Não é nada! Pode ir. Não precisa se preocupar comigo. Só preciso de um tempo para pensar.
-Ah, deixe de bobagem! Parece até uma Corvinal. Acho que já seio que pode te animar.-eu disse e comecei a fazer cosquinhas nela, que ria freneticamente.
-Sirius, seu louco! Eu podia ter caído!-ela falou tentando parecer séria assim que eu parei um pouco.
-Ih, estou achando que não foi o suficiente.-falei ameaçado iniciar uma nova seção de cosquinhas.
-Não! NÃO! Por favor, não Sirius.-ela disse se afastando rapidamente com a vassoura
Nós estávamos entretidos nessa brincadeira, quando mais alguém resolveu sobrevoar o lago. Vindo em nossa direção com expressão de poucos amigos, eu vi Lílian Evans.
-Como vai Lily?-eu perguntei sorrindo e indo ao encontro dela.
-Nada bem, odeio quando me dão um bolo. E então se justifique Sirius.-eu lutei para não fazer cara de culpado. A verdade é que esquecera completamente que tinha marcado de encontrá-la.
-Desculpe! É que a Lizzy não estava bem e eu ache melhor não deixá-la sozinha.
-Ela me parece bem até demais!-Lílian disse me encarando com descrença.-Por que você não diz logo que prefere a companhia dela a minha?-indagou parecendo magoada.
-Lily não fale bobagem! Que ciúmes idiota! Lizzy é como se fosse minha irmã mais nova e ela só tem onze anos.
-Você tem razão eu estou sendo tola. E então a manhã ainda não está totalmente perdida e ainda temos a tarde? O que você quer fazer?
-Lily, eu falei sério, quando disse que a Lizzy está precisando de apoio. Você não se incomoda de deixarmos para outro dia?
-Sirius, você pode ir! Eu não preciso de babá. Só vou ficar por aqui mais um tempo e no almoço te devolvo a vassoura. Obrigada por emprestá-la.
-Você deixou ela voar com a sua vassoura?-Lily me questionou incrédula. Eu era bastante possessivo com a minha vassoura nova e já tinha me recusado a permitir que Lílian a usasse.
-Sim eu deixei. Eliza, você acha que eu vou deixar você escapar tão fácil? Eu não vou sair daqui e nem você, enquanto não me contar o que está te perturbando.
-Então eu vou indo e não precisa se preocupar com o nosso dia juntos. Não vai ser hoje e nem nunca.-Lily disse já se afastando.
-O que você quer dizer com isso?-eu a segui e perguntei.
-Que nosso namoro está acabado!-ela falou e foi embora.
