Título: Enfrentando a pior das batalhas

Autora: Bélier

E-mail: belier.aries@bol.com.br

Categoria: Romance Yaoi

Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.

Resumo: Após os anos de exílio, Mu tenta reencontrar seu lugar dentro do Santuário. Seria esse lugar nos braços de outro cavaleiro? Alerta: Conteúdo Yaoi. Lemon para futuros capítulos

Capítulo 1 Relembrando o passado

- Bom dia, Mu!!! A que devo a honra da sua visita?

Mu teve um sobressalto. Estava tão pensativo que não percebeu a presença de Aldebaran na entrada do seu próprio templo. Grande cavaleiro de Athena ele estava nesta manhã...

- Bom dia, meu amigo. Perdoe-me por não ter avisado antes, mas estou só de passagem...

- Ah, assuntos importantes a tratar com Athena?

- Para falar a verdade, não é Athena quem estou indo ver... Recebi agora a pouco um recado telepático de Shaka... - o cavaleiro de Áries hesitou um pouco - Ele... quer falar comigo.

Aldebaran, que só tinha cara de bobo, notou um leve rubor nas faces do jovem. Isto, e mais o fato de um dos cavaleiros mais extra-sensoriais do Santuário estar praticamente andando nas nuvens, ao ponto de sequer notar sua - enorme - presença, só podia significar problemas...

Mu, internamente, rezou para que Aldebaran não perguntasse mais nada.

Como que ouvindo suas preces, o outro cavaleiro virou-se para entrar no templo de Touro e, dando de ombros, apenas disse:

- Apresse-se então, não se deve deixar o homem mais próximo de Deus esperando!

- É claro...

Mu passou pela casa de Touro e continuou subindo as escadas. Sabia perfeitamente porque o recado de Shaka o estava deixando tão nervoso. Desde o término da Batalha das Doze Casas que Mu não conversava pessoalmente com Shaka. Quase ninguém no Santuário se encontrava com o cavaleiro de Virgem, pois este vivia sempre na sua meditação, como se estivesse a se preparar para uma nova batalha.

É claro que isto é o que todos os cavaleiros deveriam estar fazendo, mas a verdade é que depois da batalha de Seiya e os demais cavaleiros contra Posseidon, as coisas no Santuário haviam "esfriado" um pouco. Athena agora estava vivendo lá definitivamente, e trouxera consigo os seus inseparáveis cavaleiros de bronze. Ela ainda não havia escolhido um novo Mestre, e Mu acreditava que a deusa ou julgava desnecessário agora que ela estava presente, ou ainda estava escolhendo alguém. Ela também não havia determinado que Seiya, Shiryu, Hyoga e Shun usassem as armaduras de ouro dos cavaleiros que haviam perecido durante as batalhas - Ikki não contava, pois ia e vinha quando bem entendia, não se podia dizer que sua presença ali era definitiva. Isto levava Mu e os demais cavaleiros de ouro a imaginar que, pelo menos durante algum tempo, o Santuário não ia se preparar para novas batalhas. Apenas estavam sendo selecionados novos cavaleiros de prata. Mu só esperava que desta vez fosse feita uma melhor escolha, pois tirando Marin e Shina, os antigos haviam sido medíocres.

Assim, todos que lá viviam estavam passando seus dias com certa tranqüilidade. Ele teve bastante trabalho restaurando - pela enésima vez - as armaduras de Seiya e dos outros. Aldebaran, Milo e Aiolia ajudavam os cavaleiros de bronze no treinamento de novos garotos. Após a queda de Saga, os treinos não eram mais uma carnificina como se via antes. Os novos aprendizes eram treinados de acordo com a antiga doutrina, com muito esforço físico, sim, mas sem glorificar o ódio e a maldade.

Somente o cavaleiro de Virgem continuava trancafiado em seu templo. Era muito comum ver os demais cavaleiros circulando pela área "social" do Santuário, mas Mu nunca via Shaka. Mesmo os cavaleiros das casas acima da sexta, nunca o viam quando por lá passavam. Ficara surpreso quando, logo de manhãzinha, sentira o cosmo característico dele a lhe chamar.

Enquanto pensava em tudo isso, Mu chegou à casa de Gêmeos. Atravessou-a sem dificuldade e continuou seu caminho em direção a casa de Câncer.

Mu ficou longe do Santuário durante muito tempo, mas nunca se esqueceu da época em que treinara para ganhar a Armadura de Ouro junto com os demais. Naquela época, seu Mestre Shion, o antigo cavaleiro de Áries, ainda comandava o Santuário.

Bons tempos aqueles. Ninguém era inimigo de ninguém, e nem precisavam lutar um contra o outro. Lutavam sim, mas nunca pela própria vida, apenas para treinamento. Nunca se viu no Santuário uma leva de cavaleiros tão poderosos e tão carismáticos quanto naqueles dias em que estavam sendo escolhidas as armaduras de Ouro.

Lembrou-se com tristeza dos jovens Camus e Shura, que se sacrificaram acreditando numa mentira. Ao passar pela casa de Câncer, lembrou-se das arruaças promovidas por Máscara da Morte, e do deslumbrado Afrodite, sempre ao seu encalço. Lembrou-se das piadas contadas pelo desbocado Milo, da raiva incontida de Aiolia e da indiscrição de Aldebaran. Naquela época, apenas Saga, Aiolos e Shura já eram cavaleiros, e Libra já não se encontrava no Santuário.

Lembrou-se então do adolescente Shaka, sempre misterioso com seus olhos fechados. Sempre exuberante com seus cabelos loiros, tão raros. Sempre tão... belo. Eles foram grandes amigos nesta época, os melhores... Talvez porque seus gênios fossem parecidos. Ambos gostavam de ficar a sós, sem todo aquele tumulto que cercava o Santuário mas, no entanto, a presença de um nunca incomodou o outro. Trocavam poucas palavras, mas se entendiam perfeitamente. Estavam sempre juntos quando não estavam treinando, meditando em algum lugar tranqüilo.

Mu chegou à quinta casa, preparando-se para encontrar Aiolia, pois ainda era bem cedo e ele ainda não deveria ter descido para o treinamento. Ficou surpreso ao entrar na casa sem ser recebido pelo cavaleiro de Leão, mas logo entendeu o motivo.

Do quarto de Aiolia vinham pequenas risadas de mulher e do próprio. Mu tentou camuflar o seu cosmo o máximo possível para que não fosse notado e apressou-se para fora do templo. Ao sair, suspirou aliviado, pensando que seria um constrangimento se Aiolia percebesse que havia mais alguém ali. Por outro lado, era um constrangimento um cavaleiro de Ouro não perceber a passagem de outro pela sua casa, mas... - Mu coçou a cabeça enquanto seguia adiante - Como ele próprio não percebera a passagem de Marin pela sua?!?

Mu achava normal que Aiolia quisesse namorar. Ele sempre amara Marin, e nunca escondera de ninguém. Aliás, Aiolia era o único cavaleiro de Ouro que tinha um relacionamento estável. Aldebaran sempre se encontrava com uma ou outra moça da aldeia mais próxima do Santuário, mas nunca era nada sério. Ele não simpatizava com amazonas, gostava de moças "normais", que, por sua vez, ignoravam a sua condição de cavaleiro. Já Milo era extremamente cobiçado pelas mocinhas das redondezas, mas nunca retribuía os olhares que lhe eram lançados. Milo se mostrava bem abatido ultimamente, e Mu desconfiava que o cavaleiro de Escorpião não conseguia esquecer seu grande amor, Camus. Áries nunca soube se existiu realmente alguma coisa entre os dois, se eles haviam consumado seu amor, ou se tudo fora uma linda ilusão que terminara com a morte do cavaleiro de Aquário. De qualquer forma, Mu sentia pena de Milo. Não era fácil amar e não ter a pessoa amada ao seu lado.

Quanto a Shaka, ele ignorava totalmente a situação amorosa do amigo, mas tinha quase que absoluta certeza de que seu coração estava isento de qualquer sentimento, e que sua alma estava acima destes pensamentos mundanos. Não que estivesse qualificando o cavaleiro como frio, mas, como seu próprio signo de Virgem, e o seu desígnio de ser a reencarnação de Buda, Shaka estava destinado a viver puramente pelo resto de sua vida.

Já ele próprio...

Parou diante da entrada da casa de Virgem. Respirando fundo, entrou para se encontrar com o seu único e verdadeiro amor.