N/A: Desculpem pela demora, eu estava sem internet... Aliás, ainda estou. Ela só conecta quando quer. Espero que gostem! Deixem suas reviews!

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Aquela Magia Antiga 3

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Capítulo 3 – A Mordida

No dia seguinte, ela estava realmente com muita fome. Afinal, só tinha comido duas bolachas; ela tinha um mês naquela Casa e apenas um pacote de bolacha. Remus fingiu não tomar conhecimento da fome dela, e ela também não disse nada sobre o assunto. Os dois não se falavam, até que ela disse:

- Escute, nós não faremos nenhum avanço dessa maneira. Eu preciso terminar o interrogatório, Lupin.

- Termine, então. Mas não vou responder nenhuma das suas perguntas ofensivas.

Ela suspirou. Não adiantava discutir. Os dois se sentaram nos mesmos lugares do dia anterior e recomeçaram.

- Você estava com alguém quando foi mordido?

- Não. Estava sozinho. Meus pais tinham parado numa livraria, e eu saí escondido de lá. Um lobisomem me pegou e quando meus pais me acharam, já estava feito.

- Você tomou alguma outra poção, além da de Snape, para tentar se curar?

- Meus pais tentaram de tudo. Acho até provável que eu já tenha tomado essa poção antes. Mas, como você pode ver, nada adiantou.

- Você já mordeu alguém?

Remus não respondeu imediatamente. Ele olhou para os lados, quase nostálgico.

- Sim. – ele por fim disse. – Uma vez.

- Essa pessoa morreu ou se transformou em lobisomem?

- Transformou em lobisomem.

- Eu preciso do nome. Você sabe?

- Theodora. Theodora James.

Ruby o olhou, boquiaberta. Ele só podia estar brincando! Theodora James? A famosa Theodora James?

- Theodora James? A Theodora James?

- Sim. Você a conhece?

- Claro que eu a conheço, Lupin! Todo caçador a conhece! Uma das únicas vampisomens do mundo! Não conheço um caçador sequer que não tenha tentado pegá-la.

- E eu presumo que você está incluída aí.

- Claro! Mas James é praticamente impossível. Não acredito que foi você que a mordeu! Você faz idéia de como a James é lendária?

- Ela já era famosa quando era apenas vampira.

- Eu sei disso. Mas eu não era caçadora nessa época.

- Você era uma criança nessa época. Eu tinha vinte e um anos quando a mordi.

Ruby se levantou rapidamente, foi até a cozinha, pegou uma bolacha e voltou.

- Está bem, então, vovô. Se importa de me contar como?

- Você realmente precisa saber?

- Claro que sim! Ou você acha que eu realmente quero gastar meu tempo conversando com você?

Remus nem se preocupou em responder. Estava começando a ficar acostumado com as tiradas da caçadora.

- Theo quis virar vampisomem. Ela entrou no meu quarto numa lua-cheia, e eu já tinha dito para ela ir embora. Eu não tomava a poção Mata-Cão naquela época, então não tinha controle sobre os meus atos. Ela entrou, e não assumiu a forma de vampira. Então não estava imune. Eu a mordi. Quando acordamos, eu vi o que tinha feito, e ela me agradeceu.

- A primeira vampira que conheço que quis ser mordida.

- Ela sabia que ficaria mais poderosa assim. E ela queria sobreviver. Ela já tinha setecentos anos nessa época, estava ficando cada vez mais difícil fugir de caçadores. Sendo vampisomem, tinha mais chances, já que as qualidades de vampiros e lobisomens se misturariam.

Ruby escutou avidamente. Pegar Theodora James era sua meta. E agora aquele lobisomem estava contando sobre a transformação da vampira! De repente, a ficha caiu. O que Remus quis dizer com "ela entrou no meu quarto". Como eles se conheciam? Ela resolveu perguntar.

- Como você e a James se conheciam?

- Theo era minha namorada.

Ruby gargalhou friamente. Agora ela não achava que ele estava brincando, ela tinha certeza.

- Você não pode estar falando serio!

- Escute. Eu não gosto de falar da Theo, e só estou falando por que você diz que tem que saber para me ajudar. Então quando você resolver acreditar, me avise, por que eu não vou ficar aqui escutando você gargalhar de descrença.

Ela parou. Estava curiosa demais para deixar o lobisomem sair da sala daquela maneira.

- É difícil de acreditar. Você é um lobisomem, e ela era apenas vampira na época.

- Eu sei. Vampiros e lobisomens nunca se dão bem. Mas nós nos demos. Olha, Carter, eu não sei como isso pode me ajudar, mas você não tem que ficar sabendo da minha relação com a Theo.

- Eu não tenho que ficar sabendo, nem quero. – ela mentiu; não admitiria que estava curiosíssima para saber sobre os dois. – Você se lembra de quando estava a mordendo?

- Não. Não lembro de nada.

Ruby desviou o olhar do pedaço de pergaminho que segurava. Ela anotava o que ele dizia, para não precisar perguntar de novo depois. E estudaria todos os fatos.

- Eu preciso ver sua mordida.

Remus podia jurar que tinha visto ela corar em um relance. Mas achou que tinha apenas imaginado. Carter não era do tipo que ficava corada quando pedia para homens tirarem a camisa, ela parecia ser do tipo que arrancava a camisa violentamente, se possível machucando o parceiro.

- Agora?

- Sim, se possível. – ela respondeu, rapidamente.

Ele aceitou. Não pelo fato de ajudá-lo, mas sim porque pela primeira vez, ela foi um pouco educada com aquele "se possível". Remus tirou seu robe, e a camisa branca. Ficou apenas com as calças pretas que estava usando. Virou-se de costas para a caçadora; sua mordida era um pouco abaixo do ombro direito, na parte de trás.

Ruby se aproximou e examinou a cicatriz. Havia várias no corpo de Remus, ela não pôde deixar de notar. Mas a mordida era a mais acentuada.

- O que são essas outras cicatrizes? – ela perguntou quase murmurando.

- Eu mesmo fiz, quando me transformava. Não tinha poção Mata-Cão quando eu era jovem, como bem sabe.

Ruby fez que sim com a cabeça, mas ele não viu. Ela ergueu o braço e pousou o dedo na mordida, e Remus se surpreendeu com a delicadeza do toque.

- Dói? – ela perguntou.

- Não mais. Doeu por muito tempo. Mas acho que Poção Mata-Cão deu um jeito nisso também.

Ela passou o dedo na cicatriz.

- Parece ser bem profunda. Foi um lobisomem adulto que te mordeu. Já dá para eliminar três tipos de lobisomens olhando sua mordida. Esses três têm mordidas superficiais.

Ele se virou para ela. Ela era uma cabeça mais baixa do que ele, e seus olhos se encontraram. Ela abaixou a mão, e nenhum dos dois ousou dizer alguma coisa. Os olhos verdes vivos dela presos nos verdes pálidos dele, como se estivessem hipnotizados. Ruby estava muito próxima dele, e se ela não tivesse dito nada aquela hora, quebrando o contato visual, Remus teria feito uma besteira.

- Mas ainda existem nove tipos. - ela se afastou. – E eles são muito parecidos entre si.

Ela se sentou de novo, e ele recolocou a camisa. O que ele achou que tinha sido um lampejo de um relacionamento mais agradável entre os dois desapareceu tão rápido quanto tinha surgido.