~*~
Capítulo 4 - Na Saúde e Na Doença
Nos dias que se passaram, eles mal conversaram. Ruby ficava o seguindo por toda parte, observando suas ações, o que o deixava muito irritado. Ele agradecia por ela não segui-lo quando ele ia dormir ou tomar banho.
Remus notou que ela parecia cada vez mais fraca e pálida, e não demorou a deduzir que era pela falta de comida. Ele continuava não fazendo comida para ela, mas também não sabia que ela realmente não tinha a menor noção de culinária; achava que ela sabia pelo menos o necessário. Ele tivera certeza, no começo, que ela dissera que não cozinhava para irritá-lo, ou até mesmo por preguiça de cozinhar. Quando vira que ela não mentira, começou a cozinha um pouco mais e deixar o resto para ela. Ruby não comeu, e ele deveria ter adivinhado. Ele já tinha dito que não cozinharia para ela; Carter era muito orgulhosa para admitir que estava com fome e queria a ajuda dele.
O resultado foi uma fraqueza de dar dó. Ele em vão tentou fazê-la comer.
- Eu não preciso da sua ajuda, lobisomem! Você não disse que não ia cozinhar para mim? Então continue não cozinhando! Não quero dó de ninguém! Eu me viro!
Remus achava um absurdo. Ele sabia que o pacote de bolacha estava acabando, e que ela estava vivendo apenas de água. Ele já estava considerando seriamente amarrá-la e enfiar à força comida na sua boca quando ela desmaiou de fraqueza.
Ele ficou seriamente preocupado quando a ergueu. Ele estava achando que Ruby estava leve demais. Não que ele já tivesse sentido o peso dela antes, mas mesmo assim, não achava normal. Ele a colocou na sua cama, e correu para a cozinha.
~*~
Quando Ruby acordou, a primeira coisa que ela viu foi Remus sentado numa cadeira ao lado da cama dela, adormecido. Ela olhou ao redor do quarto; no criado-mudo ao lado dela, havia uma bandeja com um prato enorme das mais variadas comidas, e uma jarra de suco de abóbora. Ele está cuidando de mim, ela pensou. Mas por quê? Ela não havia sido legal com ele em nenhum momento, e mesmo assim, ele tinha até mesmo ficado esperando que ela acordasse. Ela descartou a possibilidade de ele estar fazendo isso sem querer nada em troca. Lobisomens eram traiçoeiros demais; para ela, não havia um que tivesse um bom coração.
Ela pegou o prato tentando não fazer barulho, o que era praticamente impossível para qualquer mulher da família Carter.
Remus abriu os olhos. Ruby tinha acabado de se sentar na cama, e estava com o prato de comida no colo. Ele a olhou.
- Esta melhor?
- Sim.
Ela começou a comer, e Remus a estudou. Ela parecia que nunca vira comida na vida, e ele estava feliz que ela estava voltando a comer.
- Carter, você vai ter que voltar a comer todos os dias agora. Eu vou cozinha para você.
- Eu não tenho escolha, tenho? Se eu não comer, fico doente novamente, e perdemos tempo. Desse jeito, não conseguiremos sair em um mês. Significa mais tempo trancada com você.
Ele suspirou. Alem de arrogante, era ingrata.
- Um simples obrigado estava de bom tamanho, sabe? Por ter cuidado de você.
- Não pedi para um maldito lobisomem cuidar de mim, e você obviamente está querendo algo em troca.
- Não, não quero.
- Como se eu fosse acreditar!
Ele não respondeu. Não valia a pena. Apenas perguntou:
- Por que você me odeia?
- Como?
- Por que você me odeia? Eu não te fiz nada.
- Você particularmente não. Mas um da sua maldita raça fez. E eu quero que todos os lobisomens sejam exterminados, são todos da mesma laia.
- Então você acredita que todos os lobisomens são ruins porque um faz algo de mal para você? Eu acho que você deveria rever seus conceitos.
- Você não sabe o que ele fez.
- Então me conte.
- Não é da sua conta.
Ela colocou o prato de lado e jogou as pernas para fora da cama.
- Aonde você vai?
- Ao banheiro. Posso?
- Eu te ajudo. Você ainda está fraca.
- Você vai ficar olhando, Lupin?
- Claro que não! Eu vou te ajudar a ir até lá.
- Eu posso ir sozinha!
Ruby se levantou, e deu dois passos. Se Remus não estivesse atento, não teria conseguido pegá-la antes de ela cair. Ele passou o braço esquerdo em volta da cintura dela, e com a mão livre, segurou a mão direita dela, que ele colocou em volta de seu ombro.
- Me larga, Lupin!
- Você não consegue ir sozinha, já ficou provado!
Ela tentou em vão se desvencilhar dele, e Remus ficou impaciente. Ele a pegou no colo, e a levou até o banheiro, tentando não ouvir suas reclamações.
Remus tentou ignorar a sensação de estar com Ruby no colo. Ele tinha plena consciência de que ela era bonita, e ele era um homem. Apesar de ela ser inteiramente fechada, Ruby intrigava Remus de tal maneira que ele não desistiria de conhecê-la melhor, de conhecer a verdadeira Ruby Carter; ele tinha certeza que aquela era apenas uma máscara que ela usava.
Ele notou que ela tinha parado de se debater, e o olhava com as sobrancelhas franzidas.
- Eu não te entendo, Lupin.
- Nem eu te entendo. Então nós devemos tentar no entender melhor logo que você sair do banheiro.
