2. Aula de poções

Laurel se lembrava daquelas palavras tristes quando se sentou na sala de poções na manhã seguinte. Ela havia dormido muito bem, considerando que aquele era um prédio antigo cheio de sons estranhos. Mas, por outro lado, ela nunca teve um quarto com uma lareira acesa antes. Com certeza, era melhor do que aquecimento interno. Já sua colega de quarto era outra história. Serene havia tomado conta do quarto no minuto que pisou nele. Suas roupas e robes enchiam todos os baús, enquanto dúzias de pequenos frascos e garrafas enchiam a pequena superfície em frente ao espelho. Mas pelo menos por enquanto, ambas tinham que se dar bem. Laurel suspeitava que levaria algum tempo ainda até que ela conseguisse provar que seu lugar não era ali. Então, Serene poderia ter o quarto todo para ela, finalmente.

Ela olhou ao redor rapidamente, sentindo-se feliz de estar novamente entre os alunos da Grifinória. Ela gostava bem deles, especialmente Hermione e seus dois amigos. Ron piscou e lhe lançou um sorriso, que logo morreu assim que a porta se abriu violentamente.

Snape apareceu na frente da sala enquanto todos os alunos ainda se viravam para a porta. Laurel tinha certeza de que isso não tinha nada a ver com mágica, e sim com furtividade. Novamente ele estava vestido inteiramente em preto, salvo apenas uma gola branca aparecendo levemente por debaixo das vestes. Seus olhos estavam ainda mais sombrios do que na noite anterior. Ele olhou direto sobre ela.

"Como eu sei por anos de experiência, todos vocês tiveram as férias inteiras para esvaziar seus cérebros. E, com certeza, a grande maioria de vocês já devem ter esquecido das regras básicas de mistura. Portanto, vamos usar essa hora para repetição".

Laurel olhou ao redor. Todos os alunos tinham as cabeças abaixadas sobre seus cadernos, ninguém se atrevendo a sussurrar ou rir enquanto Snape passava mais uma vez as regras básicas. Sua voz era muito mais agradável do que sua aparência. Ela não se atrevia a olhar para ele, ainda se sentindo insegura quando lembrava da força que aquele olhar continha. Mas a voz era um instrumento poderoso também. Quando de repente ele ficou em silêncio, ela sentiu como se tivesse acordando de um sonho. Ela olhou para cima. Snape estava parado diante dela, apontando para o caderno em branco.

"Bem, Srta. Hunter, acredito que você já sabe tudo isso, já que não está fazendo nenhuma anotação?"

Ela corou, sentindo a raiva tomar conta dela ao mesmo tempo. Ela não era mais uma garotinha na escola, e aquele gárgula não tinha o direito de pegar no pé dela, tinha?

Ele não esperou por uma explicação ou uma desculpa, mas terminou a aula, sem deixar de avisar que na próxima aula eles deveriam estar com os capítulos dois e três do livro de poções lidos.

Hermione, Harry e Ron esperavam por Laurel enquanto ela saía da sala de aula. Serene e Ben haviam ficado para trás, pesteando Snape com perguntas e dúvidas. Hermione olhou para ela compassível. "Isso foi rápido. Geralmente ele não é tão ruim na primeira semana de aula".

"Eu não fiz nada!" Laurel bateu o pé no chão, sem acreditar no que tinha feito. Isso era como voltar no tempo para a sua quinta série!

"Ele viu você com a gente" Harry refletiu. "Isso é o suficiente para ele se colocar contra você."

"Vamos admitir. Ele odeia a gente" Ron suspirou. "Por sermos amigos do Harry. Por sermos da Grifinória..."

"E por ficarem vadiando quando deviam estar indo para a próxima aula." uma voz gélida terminou a frase. Os quatro se viraram, temerosos. Snape estava parado atrás deles, com Serene e Ben ao seu lado. Serene tinha um sorriso malicioso no rosto, enquanto Ben balançava a cabeça descrente. Laurel contraiu os lábios.

"Menos 5 pontos para cada. Isso significa 15 pontos a menos para Grifinória, e não é nem hora do almoço ainda. Muito bem. Quanto a você. Srta. Hunter..."

"Sem Srta... e como eu não estou em nenhuma casa, você não poderá tirar pontos."

Ela mantinha a cabeça alta, olhando diretamente nos olhos dele. Novamente ela sentiu a força, mas dessa vez ela estava preparada. Era ele quem parecia não conseguir desviar o olhar facilmente.

"Mesmo?" ele disse rispidamente. "Mas isso não vai impedi-la de pegar uma detenção, Hunter. Hoje à noite, sete horas, na sala de aula." Ele se virou com um floreio de robes e entrou novamente na sala.

"Pobre Laurel!" a voz de Serene soava com um falso tom de piedade. "Parece que você fez um inimigo poderoso e isso apenas no primeiro dia. Mais uma semana e você consegue ser expulsa de Hogwarts nesse ritmo. Mas você nem queria vir pra cá em primeiro lugar." ela passou pelo grupo, seguida por um Ben infeliz no seu encalço.

***

Às sete horas naquela noite, Laurel abriu a porta da sala de poções para observar Snape debruçado sobre alguns pergaminhos.

"A detenção será cobrada na sala de aula, não no corredor, Srta. Hunter" Ele parecia determinado a utilizar o Srta. "Entre e feche a porta."

Ela foi direto para a mesa dele.

"Sente-se".

Ela continuou em pé.

Exasperado, ele suspirou, olhando para cima. "Suponho que você pensou na possibilidade de não aparecer para a detenção?"

Ela concordou, solenemente. Um músculo ao lado de seus lábios se contraiu. "E o que a fez mudar de idéia?"

"Eu gostaria de ter uma conversa em particular com você, professor".

"Particular? E você consegue pensar em lugar melhor do que na masmorra pra isso?"

"Guarde seu sarcasmo, ok?" Isso o silenciou por um momento.

"O que você fez para aquelas crianças hoje foi cruel e desnecessário. Que tipo de escola é essa? Elas são apenas crianças! Elas precisam brincar, fazer amigos!"

"Elas precisam estudar!" ele explodiu. "Como eles podem sobreviver num mundo cheio de trouxas quando as únicas coisas em que eles pensam são amizades e quadribol?"

Laurel lançou um olhar incrédulo. "E pensar que você já foi uma criança, um aluno nessa escola! Você nunca se sentiu sozinho? Nunca teve saudades de casa?"

Enquanto Laurel falava, a face de Snape se transformava numa máscara de gelo. Seus olhos lançavam olhares ameaçadores para ela. Sem nem perceber, Laurel deu um passo para trás.

Por quase um minuto, ele permaneceu em silêncio. Quando ele finalmente encontrou palavras, sua voz era tão fria quanto seu olhar. "Sozinho? Todo dia. Com saudades de casa? Nunca".

"Bem, você provavelmente não se lembra. Eles estavam apenas tentando me fazer sentir em casa. Eles estavam sendo amigos."

"Ah. Agora estamos chegando em algum lugar. Você está se sentindo mal por causa da penalidade deles e quer que eu retire, não é?" sua expressão passou de amargo para satisfeito em apenas um segundo.

Laurel se sentou em uma das escrivaninhas. Ela queria ficar longe dele, sua presença tão perto a deixava extremamente desconfortável. "Talvez..."

"Eu tenho uma reputação a zelar, Srta. Hunter. Retirando uma punição... o que os alunos iriam pensar?"

"Que você é apenas humano, talvez?"

Ele riu. Não seu riso cínico, mas um riso sincero. Quando finalmente recuperou o fôlego, ele se sentou na escrivaninha em frente a ela. "Deixar aqueles pequenos monstros descobrirem que eu sou humano será o primeiro passo no caminho para o inferno".

Ele balançou a cabeça. "Seja lá o que você pensa sobre mim - e eu estou pouco me lixando pra isso -eu me importo com meus alunos. Eu posso não ser a pessoa mais amigável..."

Foi a vez de Laurel rir, enquanto Snape aceitou pacientemente.

"Eles têm medo de mim - o que significa que eles se esforçam nos estudos para conseguirem passar por mim sem problemas. E isso nos faz voltar à sua detenção, Srta. Hunter."

Laurel se enrijeceu, esperando.

"Nós nunca tivemos alunos adultos em Hogwarts, e acredito que seu tipo deveria prestar mais atenção nas aulas. Afinal de contas, vocês têm que compensar o tempo perdido."

Ela pulou da escrivaninha e começou a andar pela classe. "Eu não sei nada sobre 'o meu tipo'. Eu nunca pedi para vir para cá." ela resmungou. "Eles me seqüestraram e me trouxeram para esse lugar e não pretendo me envolver em seja lá no que vocês estejam envolvidos!"

"Não?" a voz de Snape ficou mais suave, mas não menos ameaçadora. "Então deixe-me dizer uma coisa, Srta. Hunter. Pessoas como você são um perigo para a sociedade. Hogwarts existe por um motivo." ele se levantou subitamente, ficando de frente para ela. Só então, Laurel percebeu o quão alto ele era, aproximadamente uma cabeça mais alta. Ela se viu encarando seus lábios de frente. "Eu não vou nessa bobagem de puro sangue, ou sangue sujo. Os alunos não vêem a Hogwarts porque seus pais ou avós foram bruxos ou bruxas. Eles vêem para cá por causa de seus talentos. Eu acredito em talentos. Mas mágica é uma força poderosa, que precisa de controle."

Ele apontou para um caldeirão pendurado sobre o fogo da lareira. Alguma coisa dentro, esverdeada, fervia e borbulhava. "Essa poção vai esquentar e eventualmente explodir, se eu não diminuir o fogo. Somente você pode controlar o poder que existe dentro de você. E é melhor aprender como fazer isso antes que acabe machucando alguém."

"Eu não quero ser uma bruxa!" ela deu um passo para trás. "Eu não quero explodir coisas, envenenar pessoas ou transformá-las em sapo ou coisa parecida! Eu quero minha vida normal de volta! Meu futuro!"

"Seu futuro?"

A voz fria de Snape só piorava as coisas.

"Meu futuro. Uma carreira como escritora. Uma família. Filhos. Uma casa na praia. Uma porcaria de cerca branca!"

"Entendo. Embora não consiga imaginar porque alguém iria querer ter isso, você ainda pode tê-las sendo uma bruxa. Então deixe-me perguntar. Existe alguém que você ama?"

Ela fitou Snape. Como aquela conversa tinha ido tão longe? Que diabos ela estava fazendo abrindo seu coração para aquele... aquele bastardo cruel?

"Claro que sim!" Ela pensou nos seus pais, na sua irmã, cunhado e sobrinhos. Nos seus avôs. Samantha, sua melhor amiga e antiga companheira de quarto. Claro que existia pessoas que ela amava!

Snape deixou cair um grande volume encadernado de couro em cima da mesa, levantando uma pequena nuvem de poeira. Sua voz estava novamente ameaçadora. "Então, Srta. Hunter, eu sugiro que você estude muito mesmo, para que um dia você não acabe explodindo-o."

***

No dia seguinte, Laurel pulou o almoço e foi direto para as masmorras vazias. Ela não precisava de expectadores quando fosse tentar pela primeira vez o que havia aprendido assistindo uma aula naquela manhã com alunos da Lufa-Lufa: Levitação. Professor Flitwick tinha feito tudo parecer tão fácil. Apenas sacudir a varinha, dizer as palavras corretamente e voilá - a pena irá subir.

Pelo menos havia subido quando ele tentou.

Mas agora a pena parecia um pedaço de madeira, caída no chão empoeirado da sala e não se movia um centímetro, não importava como ela sacudia aquela maldita varinha. Ela mordeu seus lábios. Claro, ela poderia pedir ajuda para Hermione, ou pior, para Serene. Mas ela ainda não estava pronta para desistir. Ela tentou novamente, sentindo a raiva tomar conta dela novamente. Estúpida pena, estúpida varinha. Estúpida idéia de se tornar uma bruxa!

Ela sentiu sua raiva explodir em chamas, assim como a varinha. Uma bola de fogo saiu da ponta de sua varinha e ricocheteou pela sala. Laurel se jogou no chão e cobriu a cabeça com as mãos.

"Péssimo hábito, esse o seu."

De repente ela reconheceu Snape recostado na parede, nas sombras. Sua mão esticada matinha a bola de fogo parada na sua palma. "Você não pode colocar fogo no mundo quando ele não obedece às suas ordens" Ele fechou a mão e desfez a bola de fogo em cinzas. "Por mais sedutora que a idéia pareça."

"Eu não consigo" ela disse secamente. Ele não a ajudou a se levantar, o que ela agradeceu mentalmente. Sua auto-estima já havia sofrido demais por um dia. "Eu simplesmente não consigo. Eles cometeram um engano. Eu não sou uma bruxa."

"O ministério não comete esse tipo de engano, acredite." ele pegou a varinha dela. "Ninguém disse que iria ser fácil. Há um motivo para que os alunos venham para cá ainda jovens. Precisa-se de anos de treino."

Ela balançou a cabeça. "Eu fiz tudo o que o professor Flitwick disse. O movimento certo, as palavras certas. Ainda assim não deu certo."

Quando ela se dirigiu para pegar sua varinha de volta, Snape se desfez dela, jogando a varinha para o outro lado da sala.

"O poder não está na varinha. Está aqui." ele disse, tocando levemente na sua testa. Ela sentiu um arrepio de leve. Olhando para o professor, Laurel imaginou que ele também tivesse sentindo, já que logo que ele a tocou, ele retirou a mão depressa, como se tivesse encostado num caldeirão fervendo. "A varinha é só um pedaço de madeira. Ela serve para ajudá-la a se concentrar, a clarear sua mente."

"E o feitiço?"

"As palavras são importantes para conseguir exatamente aquilo que você quer fazer. Palavras moldam o mundo. Agora tente."

Laurel o fitou e deu de ombros. Ela se virou para a pena e disse novamente o feitiço. Logo depois, ela sentia que perdia contato com o chão. Tudo na sala começava a sair vagarosamente do chão, levitando. Tudo menos a maldita pena!

Snape a segurou pela barra do jeans, puxando-a de volta para o chão.

"Era exatamente isso que você tinha em mente?" sua expressão era impossível de se ler.

"Não" Ela não conseguia segurar uma risada. "Não exatamente."

"Então se concentre, pelo amor de Merlin!" ele disse, austero. "Da próxima vez pode ser eu levitando. E particularmente não quero isso. Não gosto de alturas"

Laurel suspirou fundo e tirou tudo da sua mente, até a presença perturbadora de Snape ao seu lado. Nada existia além da pena e do seu desejo de vê-la flutuando."

E funcionou.

A pena levantou graciosamente do chão, flutuando por cima da mão de Laurel, até cair levemente na sua palma aberta. Laurel olhou maravilhada para a pena. Ela havia conseguido.

"Funcionou! Você viu? Eu fiz a pena voar!" Ela exclamou, virando-se para onde Snape havia estado um minuto atrás. Mas ele não estava mais lá.

***

Dumbledore passou a vasilha de couve pela mesa. "Parece que todos estão se ajustando" ele disse após uma boa olhada através do salão. Os alunos conversavam, riam e se divertiam. Depois da primeira semana, era sempre um alívio ver as coisas voltarem ao normal.

"Agora me diga, Professora McGonagall, o que você acha dos nossos novos alunos?" ele acenou na direção de Laurel, Serene e Ben, que haviam sido ditos para se sentarem com a Corvinal na próxima semana.

Minerva McGonagall esfregou a ponta do nariz. Ele coçava, o que geralmente indicava problemas. "Estou surpresa o quão bem eles se adaptaram. Afinal, não deve ser fácil começar a estudar na idade deles. Mas Ben e Serene sempre souberam que eles eram... bem... diferentes. Eles tiveram tempo para se acostumarem com a idéia. Já Laurel, imaginei que ela fosse continuar em negação, depois dos primeiros dias. Ela parecia chocada. Era realmente necessário abduzi-la daquela forma e jogá-la nesse mundo novo sem aviso?"

Dumbledore olhou preocupado para a bruxa, que sentava conversando animadamente com o monitor da Corvinal. "Acredite. Era necessário. Havia não só o perigo de envolver outras pessoas em acidentes - afina, ela explodiu um computador num lugar público, cheio de pessoas."

"Pensei que tivesse sido uma série de computadores" Snape ergueu a sobrancelha.

Dumbledore acenou que sim. "Na verdade, todas as unidades da Biblioteca Nacional explodiram naquele dia. Mas enquanto todos tentavam entender o incidente com os computadores, outro fogo tomou forma. A sala onde a Srta. Hunter deveria estar trabalhando no momento foi completamente destruído. A porta estava trancada, mas não havia chave para aquela porta. O ministério investigou, e parece que a porta foi trancada com um feitiço"

"Você está dizendo... se ela tivesse estado lá embaixo, ela teria morrido no fogo?" Snape perguntou, sua voz curiosamente restrita.

"Eu acredito que era essa a idéia."

"Eu seu arquivo, vários outros incidentes estranhos são mencionados " Minerva se lembrou, puxando os óculos e o bloco de anotações da sua bolsa. "Nevascas quando ela foi esquiar, uma avalanche que soterrou a cabana onde ela estava... Estranhas tempestades."

"O ministério achou que isso era motivo suficiente para trazê-la a Hogwarts. Não só para educá-la, mas também para mantê-la segura."

"Entendo" Minerva disse solenemente. "Mas, além do mais, ela tem talento e, ultimamente, tem tido gosto de aprender. Por mais que eu odeie admitir isso, acredito que o Professor Snape tem sido o responsável por isso"

Agora foi a vez de Dumbledore erguer a sobrancelha. "Severus? Ouvi dizer que você tem dado algumas aulas particulares ultimamente?"

"Você não deveria acreditar em todos os rumores sórdidos sobre minha pessoa, Professor Dumbledore"

O olhar venenoso de Snape era o suficiente para matar. Minerva rapidamente murmurou um feitiço de proteção. Nunca se sabe, falando de Snape, afinal.

"Bem... bem... então me diga. O que você acha dos alunos adultos?"

Snape voltou seu olhar de Minerva para os alunos. "Olsen parece ser bem inteligente, com uma mente fria e racional. Bem parecido com uma faca. Ele se dá bem com todos, mas permanece fechado pra si mesmo a maior parte do tempo."

"Ele tem a habilidade de ler mentes desprotegidas demais."

"Que dom terrível" Snape disse sarcasticamente. "Quem não gostaria de saber o que todos a sua volta pensam? Mas mesmo assim, ele é um aluno disciplinado e ávido. Srta. Kennedy, por outro lado, é ambiciosa. Você sente sua fome por poder. Muito astuta também. Como uma flecha envenenada. Seria uma ótima sonserina, se tivesse vindo para a escola no tempo certo."

"Pode apostar!" Minerva murmurou. "E a Srta. Hunter? Acredito que ela não é tão ambiciosa quanto a Srta. Kennedy."

Snape continuou em silêncio. Quando um minuto passou e ele ainda não havia dito uma palavra, Dumbledore deu uma leve cotovelada nele. "Severus? Está enfeitiçado? Ou dormiu?"

Snape se endireitou. Qual era o problema dele? "Ela é... quente."

"Ela é o que?" Dumbledore perguntou, surpreso.

"Quente".

"Você quer dizer, quente como uma chama ardente? Adoro o modo como vocês Sonserinos descrevem as pessoas..." Professora McGonagall não resistiu.

Snape olhou diretamente para os olhos dela, e o que ela viu - confusão, raiva, dor - a fizeram calar na mesma hora.

"Ela é diferente de qualquer um que eu já conheci." foi tudo o que ele disse.

Dumbledore colocou a mão gentilmente em cima da de Minerva. "É o suficiente. Vamos comer e torcer para que tenhamos muitas outras noites tão calmas quanto essa."

***