7. Cicatrizes e Sonhos
Ela teve uma rápida visão do quarto, fracamente iluminada com um fogo baixo na lareira. Uma janela. Uma das grandes camas de Hogwarts, de quatro colunas, colchão macio e travesseiros de penas. Ela sentiu a fragrância da lenha queimando, e a essência do homem que a carregava.
"Eu posso andar" ela protestou delicadamente.
"Eu não posso esperar." A voz dele zombava dela, assim como sua boca, passando sobre sua garganta assim que ele a colocou na cama.
"Mãos ou varinhas?" ele perguntou e a deixou confusa.
"Mãos então," ele decidiu e começou a desabotoar o robe dela, botão por botão. Os braços dela o cercaram, seus dedos mergulhando nos cabelos dele, puxando-o para mais perto, sem toques suaves, sem carícias, apenas segurando a ele. A boca dele se apressou no seu colo, sem gentileza, sem suavidade, mas quente, quase vicioso. Ela lutou por controle.
"Se deixe levar" ele murmurou. "Pare de negar isso para você." Era doloroso para ele o quanto ele a queria. Mas ela batalhando para se segurar o desafiava ao mesmo tempo.
"Eu não devo. Eu não conseguirei parar."
A boca dele a provocava e passeava livremente.
"Aqui, comigo, você pode. Só aqui."
Os lábios dele encontraram os seios dela, encaixando-se neles, quente e úmido. Ela tremeu com o êxtase quando ele começou a se apoderar dela, calmamente mas sem dó.
"Eu irei cair." Ela mordeu os lábios em desespero.
"Eu irei te pegar."
Laurel mal podia escutá-lo, seu pulso trovejando em seus ouvidos como baterias gigantes. E era assim que ela se sentia - como uma bateria, preparada para cada um dos seus toques, tão tensa que chegava a ser doloroso.
"Se deixe levar."
Ele disse suavemente, respirando com dificuldade, escorregando um dedo sobre seu corpo, sem dúvidas, sabendo exatamente o que ele estava fazendo. Ela estava pronta. Sua mão seguia o ritmo da sua boca nos seios dela. Os gemidos dela o guiavam, permitindo a ele que a levasse do estado de surpresa para rendição completa.
Ela se sentiu escorregando e levou as mãos até o pulso dele, entre suas coxas. Pressionando contra a palma dele, os seus dedos, ela sentiu uma bola de calor explodir e se espalhar em ondas quentes por todo seu corpo. Ofegando por ar ela se desmanchou, mas ele não a liberou. Acariciando-a com seus dedos, ainda no corpo dela, ele a guiou até que ela estivesse deitada sobre ele.
"De novo. Quantas vezes você precisar." A boca dele cobriu a dela, suas línguas explorando cada pedaço. Dessa vez ela foi suavemente, sem surpresas, confiando completamente nele. Quando ela alcançou o pico, ele compartilhou com ela a respiração ofegante, os gemidos dela, o movimento do corpo dela contra sua mão, seu corpo. Os olhos dela a mantinham preso.
Ela levou a mão novamente para ele, mas não para as mãos dele. Ela tocou seu corpo dolorido e ele estremeceu. Tirando a mão carinhosa dela de si mesmo, ele rolou para cima dela, abrindo suas pernas e tomando-a para si completamente.
Ele pôde ver os olhos dela se abrindo enquanto ele se movimentava para dentro dela, os seus lábios abertos em gemidos silenciados. Dobrando-se debaixo dele, ela o acolheu com seu calor. Mais uma vez ele se apoderou do corpo dela, deixando-a chegar ao êxtase absoluto e a segurando firmemente, não a deixando cair. Somente então, quando ela estava deitada, tremendo e sem fôlego, que ele a tomou para si com força e se permitiu chegar ao final.
Quando Laurel abriu os olhos, já devia ser início de tarde. Neve caia suavemente atrás da janela enevoada. Alguma coisa havia acordado ela, alguma coisa que não lhe era familiar. Ela se sentou rapidamente.
Severus não ficou na cama com ela depois do encontro, mas se ajeitou em uma das poltronas acolchoadas na sala ao lado. Ela sabia, sem palavras, que ele não poderia suportar a proximidade de uma cama compartilhada.
Descalça, um lençol enrolado em volta dela como um robe improvisado, ela caminhou silenciosamente para a sala ao lado. O fogo já havia se extinguido, mas as sobras das lenhas ainda lançavam uma sombra avermelhada sobre a poltrona e o homem debaixo da coberta. De princípio ela imaginou que ele estivesse dormindo, mas logo percebeu como sua cabeça mexia de um lado para outro e leves murmúrios deixavam sua boca.
Ela se ajoelhou ao lado dele, tentando se lembrar do que ela sabia sobre pesadelos. Não muito, somente que não era recomendado acordar a pessoa. Ou isso era para sonambulismo? Snape lutava contra um adversário invisível e murmurava palavras que ela não entendia. Um suor frio cobria sua testa e seus lábios estavam mais pálidos que de costume.
Laurel não podia mais vê-lo lutar mais. Gentilmente ela tocou o ombro dele, ciente de que ele poderia atacá-la quando acordasse. Exatamente o que aconteceu. Ela agarrou ambos os punhos dele, tentando acalmá-lo. "Shhh. Está tudo bem. Severus, você está me escutando? Você teve um sonho, um pesadelo."
"Onde eu estou?" Ele disse, hiper ventilando.
"Você está em casa" ela tentou acalmá-lo, mas apenas viu os olhos dele se abrindo em temor.
"Casa?"
"Nós estamos em Hogwarts. Foi apenas um sonho ruim. Acabou."
Ele olhou para os lados como se esperasse um ataque a qualquer minuto.
Laurel, suavemente, acariciou a fronte de Snape, retirando a franja da frente dos olhos dele.
"Não há mais ninguém aqui além de você e eu. Ninguém pode te achar aqui."
A respiração dele diminuía gradativamente, mas sua face permanecia sem o menor vestígio de cor. Quando Laurel tocou no seu cabelo novamente, ele pegou a mão dela e olhou-a como se nunca a tivesse visto antes.
"Ninguém pode te machucar" ela repetiu.
"Você está realmente errada quanto a isso" ele pensou e deixou-se mergulhar nos braços dela.
Ela acordou e abraçou o travesseiro antes de abrir os olhos. A luz ainda era fraca, mas dessa vez devia ser quase de manhã. Uma sombra passou pela sua cabeça e ela quase pulou de susto. Foi quando se lembrou da noite passada e não pôde reprimir um sorriso satisfatório. Não importava o quanto aquele homem podia ser impessoal e frio no dia a dia. Ele não era daquela maneira na cama.
Severus estava parado em frente à lareira, vestindo apenas calças e meias. Quando ele pegou sua camisa e se virou, ela deixou escapar uma interjeição de assombro. As costas dele eram cobertas por teias de cicatrizes, algumas apenas linhas prateadas, outras tiras de peles pálidas e ásperas.
Ele se virou em um movimento suave e a encarou.
"Qual o problema?"
"Suas costas" ela disse, tremendo.
Por um momento a expressão no rosto dele voltou a ser fria e perigosa. Ela entendeu perfeitamente bem porque todos os estudantes o viam com espanto, e até mesmo vários dos professores o evitavam.
Então ele continuou a colocar a camisa.
"Não é nada da sua conta."
"É por isso que você não me deixava tocá-lo?"
"Você deveria se vestir. Talvez agora eles nos deixam sair."
A voz dele não traía o tumulto dentro dele. Ele estava confuso e fora de sincronia, não sabendo o que tirar daquela noite. Tremendo involuntariamente ele se lembrou das noites na casa de Lúcio Malfoy. Música alta, poções e álcool. Mulheres que não ficavam satisfeitas até que houvesse sangue. Que se apegavam à dor, à violência. Mas essa noite tinha sido diferente. Ela era diferente.
Com raiva de si mesmo ele amarrou seu robe e evitou olhar para ela.
Laurel foi até a pia e lavou o rosto com água. Os traços dos velhos ferimentos nas costas dele a haviam perturbado, mas não tanto quanto o silêncio. Eles tinham acabado de passar uma noite apaixonante juntos e ele havia feito ela se sentir de uma maneira que ninguém já havia feito. No entanto - ela sabia que não tinha direito de exigir uma explicação.
Snape estava parado em frente à janela quando ela retornou para a sala.
Ela reuniu toda a coragem que tinha, mas sua voz ainda tremeu quando ela falou. "Sobre a noite passada. Eu. Eu não sabia que poderia ser assim."
Os dentes dele se cerraram e ele continuou olhando pela janela.
Bravamente ela continuou "Foi como se meu corpo e minha alma estivessem a ponto de se fundir."
"É assim que deve ser" ele respondeu suavemente sem olhar para ela. "Todas as vezes. Não deixe ninguém te enganar."
"Eu estava com medo. de me soltar. Toda a minha vida eu lutei por controle e agora."
Ele se virou, o rosto dele escondido nas sombras de modo que ela não consegui ler sua expressão. "Essa é a única situação em que você não precisa se controlar. Eu estarei lá para te segurar quando você precisar."
"Obrigada" ela tentou sorrir. "Eu sei bem que você fez mais pelo meu prazer do que eu fiz pelo seu."
"Não, sou eu quem devo agradecer. Pela sua coragem."
"Coragem?"
"Por entrelaçar seu destino com o meu. Essa não é sua guerra."
"Eu não tenho mais certeza sobre isso." A boca dela havia ficado novamente teimosa. "Se alguém tenta me matar, eu tomo isso como uma declaração de guerra."
Eles estava parados em frente a porta, hesitantes. Laurel não sabia o que ela mais temia: encontrar o corredor infinito do lado de fora ou o real. Ela olhou para cima e observou o rosto reservado do professor de poções.
"Como você se sente?"
Os olhos negros dele não diziam nada. "O que você quer dizer?"
"É só que você parece... diferente."
Ele soltou um suspiro leve. "Eu dormi."
"E?"
"Eu não tenho tido mais de duas horas de sono desde que..."
"Mas você é o Professor de Poções. Foi você que nos disse que existe uma poção para todo problema."
"Não. Eu disse que existe uma poção para todos os fins. Assim como mágica, também segue as leis do equilíbrio. O que você ganha, você paga em dobro. Amor induzido por uma poção do amor irá eventualmente se virar contra você. Procure sono com uma poção para dormir e depois de um tempo você não conseguirá mais dormir."
Não que ele não houvesse tentando, ele pensou. Afinal, ele sabia mais sobre poções do que qualquer um em Hogwarts. Mas tudo o que ele encontrou foi o vício. E isso era a última coisa que ele precisava. Foi preciso semanas para ele se livrar daquela poção. Então noite após noite ele acordava suando frio e ofegando aterrorizado. Mas não na última noite.
"Nessa noite eu dormi como uma pedra."
Ela sorriu.
"Devemos tentar? Abrir a porta?"
"Espere." Ele colocou a mão em cima da mão dela, sobre a maçaneta da porta. "Nós precisamos conversar. Quando nós sairmos, as coisas vão ser diferentes."
Laurel puxou a mão de volta. Ela esperava essa conversa e estava determinada a sair na dianteira. "Não precisa de desculpas, ok? Nós vamos cada um para nosso caminho e fingimos que essa noite nunca aconteceu."
Silêncio foi a única resposta. Quando ela não conseguiu mais encarar o carpete ela olhou para cima.
"Se é isso que você quer, eu não vou ficar no seu caminho" Snape respondeu casualmente. "Mas não é sobre isso que a gente precisa conversar."
"Oh"
"Você deve se lembrar que a partir de agora existe um laço entre nós dois."
"Significando?"
"Uma conexão. De que tipo eu não tenho certeza. Quando eu disse que queria poupá-la, eu não estava querendo poupá-la apenas da minha... atenção." Os olhos dele ficaram mais sombrios. "Estando conectada comigo posso a colocar em perigo. Eu disse a Dumbledore, mas ele não me escutou."
"Seja lá quem esteja tentando me matar, está tentando machucar você. Eu não estaria segura, com ou sem laço. E deixe-me lembrá-lo, professor, que eu não sou criança. Eu tomo minhas próprias decisões. Eu dormi com você porque eu queria."
Ele aceitou a declaração dela com um aceno de cabeça. "Eu irei protegê-la o quanto eu puder."
"E eu irei..." ela estava sem palavras. "O que eu posso te oferecer?"
Snape virou a cabeça, sua expressão mais séria do que ela já tinha visto antes. Ela já tinha o visto com raiva, sim; sarcástico, sim; até mesmo repugnado; mas nunca desse jeito. "Sua honestidade."
"Minha honestidade?"
"Não vai haver nenhuma... mentira... entre nós. Se eu chegar a me perder nesse labirinto de enganações e traições, eu vou precisar de alguém que me lembre quem eu sou."
Ela respondeu sem palavras, apenas tocando o braço dele levemente. Então, respirando fundo, ela deu um passo para trás, se afastando dele.
"E agora que nós estamos... conectados, posso pegar emprestado seu olhar ameaçador que você reserva para o Harry? Qualquer assassino cairia duro se eu usasse aquele olhar."
"Eu acho que não. Não leve as coisas assim. Isso não é uma piada."
"Eu sei."
"Bom. Porque nenhum de nós pode acabar dando a última risada." Ele apontou sua varinha para a porta. "Allohomora."
A porta se abriu e do lado de fora, o corredor estava cheio de estudantes em direção ao café da manhã.
"Você aí, Finch-Fletcheley!" Snape gritou quando um jovem com cabelos selvagens passou correndo por eles. "Dez pontos da Lufa-Lufa por correr no corredor. E corte esse cabelo!"
Laurel suspirou. Bem vinda de volta ao mundo real.
* * *
"Onde diabos você esteve?" Serene estava perturbada.
"Eu estava doente. Envenenamento por comida."
"Você não passou a noite passada no quarto nem na enfermaria! Eu chequei."
Laurel evitou o olhar curioso da colega de quarto procurando seus livros na sua cômoda.
"Nós vamos nos atrasar para a aula." Geralmente isso era o suficiente para fazer Serene se calar e correr, mas não dessa vez.
"E daí? Eu acho que tenho o direito de saber o que você andou fazendo!"
Laurel se sentou na própria cama. "Tem? O que exatamente a faz pensar isso? Encare, Serene, nós não somos melhores amigas. Nós não somos nem mesmo amigas. Por que eu deveria contar alguma coisa para você?"
"Porque eu estava preocupada com você."
As duas mulheres se encaravam. Serene foi a primeira a quebrar o silêncio. "Escute, eu sei que nós não somos próximas ou qualquer coisa parecida. Mas eu realmente fiquei preocupada com você. Eu imaginei que você tivesse fugido de Hogwarts. E Ben notou que Dumbledore, Snape e McGonagall não estavam presentes no jantar. Então eu presumi que os professores já estivessem cientes da sua fuga."
Laurel balançou a cabeça negativamente. "Eu não fugi. Eu só... queria um tempo para mim mesma, e pedi para Madame Pomfrey dispensar qualquer visita." Aquela noite, ela pensou, tinha sido a primeira noite em que ela não perdeu tempo pensando em fugir.
"Eu aprecio sua preocupação." Ela deu a Serene um sorriso hesitante. "Vamos agora ou nós vamos nos atrasar mais ainda."
* * *
Nos dias que se seguiram, ninguém poderia imaginar que Professor Snape e Srta. Hunter haviam trocado aperto de mãos, imagine então beijos apaixonados. Em classe ele a tratava como qualquer não-sonserino, ela se resumia a "sim, Sr." e "não, Sr." e ambos tomavam extremo cuidado para não se tocarem quando ele passava uma faca ou ingrediente para ela.
Laurel percebeu olhares preocupados de Dumbledore durante o jantar e deu a ele um sorriso assegurador. Mas o diretor não podia ser enganado. Snape não estava presente no jantar novamente, alegando ter que re-estocar seus suprimentos. E a garota - para Dumbledore qualquer mulher mais nova que McGonagall era uma garota - tentava bravamente fingir que nada havia acontecido. Ele estava surpreso que ninguém em Hogwarts, nem mesmo seus colegas, parecia perceber o fraco raio de luz que ligava Snape à garota sempre que eles estavam na mesma sala. Ele duvidava que até mesmo os dois não tinham noção disso.
* * *
Depois de algumas semanas Serene eventualmente parou de perturbar Laurel com perguntas.
Agradecida, Laurel fez todo o possível para manter as coisas dessa maneira. À noite ela ia para a cama cedo e se escondia atrás de livros e pergaminhos, enquanto Serene fazia o mesmo. Uma das poucas vantagens de ser uma aluna adulta era a falta de um monitor que dissesse a eles para fazer as leituras e tarefas na sala comunal.
Uma batida rápida na porta fez com que as duas mulheres abaixassem seus livros.
Serene entortou a boca. "Aposto que é a Hermione Granger, de novo. Então você vai abrir!"
"Ela me ajudou bastante com meus feitiços, ultimamente."
"Ela é apenas uma pentelha enxerida." Serene disse com desdém. "E ela não é tão esperta quanto os amigos dela dizem ela ser."
"Nossa... se não estamos sem piedade essa noite!" Laurel sussurrou enquanto colocava os livros de lado e se levantava. Era claro que Serene invejava Hermione. Afinal a garota tinha tudo que Serene havia desejado a vida toda.
Ela jogou um agasalho por cima dos ombros e caminhou descalça até a porta.
Quando ela abriu e reconheceu o visitante noturno, ela se esgueirou para fora do quarto e fechou a porta tão rápido que Serene não pôde ver o homem lá fora.
Laurel estava parada no corredor gelado e se sentiu sem jeito.
"Eu imaginei que vocês bruxos andassem pelo castelo usando Pó de Flu? Mas também Serene provavelmente iria desmaiar se você aparecesse no nosso quarto a essa hora da noite. Ela é sensível para todas as coisas Sonserinas, você sabe."
As palavras foram sumindo quando ela notou melhor a expressão no rosto dele. Sério em dias bons, ele estava agora atormentando. Ela viu dor, sombras negras em baixo de seus olhos.
"O que aconteceu?" Preocupação tomou conta da sua voz. "Severus, o que foi?"
Ele apenas a encarava, os cabelos revoltosos, o pijama quadriculado, os pés descalços. O calor que ela irradiava. Ele era um tolo por deixá-la entrar na sua vida, ou seja lá o que estava acontecendo ultimamente.
"Severus?" Ela pousou a mão no rosto gelado dele.
Ele se rendeu.
"Os pesadelos... Eu não me arrisco a dormir."
"Oh."
"Eu sei que não tenho o direito de lhe pedir isso, mas..."
Ele a viu tremer na corrente fria do corredor e mudou de idéia. "Esqueça. Volte para o quarto antes que você pegue um resfriado."
Quando ele se virou para voltar para seu quarto nas masmorras, ela agarrou sua manga. "Se eu voltar para pegar meus chinelos, Serene não vai me deixar sair novamente sem um milhão de perguntas."
A mente dele trabalhava tão devagar que demorou meio minuto para ele entender. Então ele a pegou no colo e a carregou escada abaixo, para as masmorras.
Os quadros começaram a murmurar excitados. Snape lançou a eles olhares venenosos. "Existe poções que dão ótimos removedores de tintas, sabiam?" ele disse casualmente quando passou por uma condessa. "Então calem a boca, sim?"
* * *
Ela teve uma rápida visão do quarto, fracamente iluminada com um fogo baixo na lareira. Uma janela. Uma das grandes camas de Hogwarts, de quatro colunas, colchão macio e travesseiros de penas. Ela sentiu a fragrância da lenha queimando, e a essência do homem que a carregava.
"Eu posso andar" ela protestou delicadamente.
"Eu não posso esperar." A voz dele zombava dela, assim como sua boca, passando sobre sua garganta assim que ele a colocou na cama.
"Mãos ou varinhas?" ele perguntou e a deixou confusa.
"Mãos então," ele decidiu e começou a desabotoar o robe dela, botão por botão. Os braços dela o cercaram, seus dedos mergulhando nos cabelos dele, puxando-o para mais perto, sem toques suaves, sem carícias, apenas segurando a ele. A boca dele se apressou no seu colo, sem gentileza, sem suavidade, mas quente, quase vicioso. Ela lutou por controle.
"Se deixe levar" ele murmurou. "Pare de negar isso para você." Era doloroso para ele o quanto ele a queria. Mas ela batalhando para se segurar o desafiava ao mesmo tempo.
"Eu não devo. Eu não conseguirei parar."
A boca dele a provocava e passeava livremente.
"Aqui, comigo, você pode. Só aqui."
Os lábios dele encontraram os seios dela, encaixando-se neles, quente e úmido. Ela tremeu com o êxtase quando ele começou a se apoderar dela, calmamente mas sem dó.
"Eu irei cair." Ela mordeu os lábios em desespero.
"Eu irei te pegar."
Laurel mal podia escutá-lo, seu pulso trovejando em seus ouvidos como baterias gigantes. E era assim que ela se sentia - como uma bateria, preparada para cada um dos seus toques, tão tensa que chegava a ser doloroso.
"Se deixe levar."
Ele disse suavemente, respirando com dificuldade, escorregando um dedo sobre seu corpo, sem dúvidas, sabendo exatamente o que ele estava fazendo. Ela estava pronta. Sua mão seguia o ritmo da sua boca nos seios dela. Os gemidos dela o guiavam, permitindo a ele que a levasse do estado de surpresa para rendição completa.
Ela se sentiu escorregando e levou as mãos até o pulso dele, entre suas coxas. Pressionando contra a palma dele, os seus dedos, ela sentiu uma bola de calor explodir e se espalhar em ondas quentes por todo seu corpo. Ofegando por ar ela se desmanchou, mas ele não a liberou. Acariciando-a com seus dedos, ainda no corpo dela, ele a guiou até que ela estivesse deitada sobre ele.
"De novo. Quantas vezes você precisar." A boca dele cobriu a dela, suas línguas explorando cada pedaço. Dessa vez ela foi suavemente, sem surpresas, confiando completamente nele. Quando ela alcançou o pico, ele compartilhou com ela a respiração ofegante, os gemidos dela, o movimento do corpo dela contra sua mão, seu corpo. Os olhos dela a mantinham preso.
Ela levou a mão novamente para ele, mas não para as mãos dele. Ela tocou seu corpo dolorido e ele estremeceu. Tirando a mão carinhosa dela de si mesmo, ele rolou para cima dela, abrindo suas pernas e tomando-a para si completamente.
Ele pôde ver os olhos dela se abrindo enquanto ele se movimentava para dentro dela, os seus lábios abertos em gemidos silenciados. Dobrando-se debaixo dele, ela o acolheu com seu calor. Mais uma vez ele se apoderou do corpo dela, deixando-a chegar ao êxtase absoluto e a segurando firmemente, não a deixando cair. Somente então, quando ela estava deitada, tremendo e sem fôlego, que ele a tomou para si com força e se permitiu chegar ao final.
Quando Laurel abriu os olhos, já devia ser início de tarde. Neve caia suavemente atrás da janela enevoada. Alguma coisa havia acordado ela, alguma coisa que não lhe era familiar. Ela se sentou rapidamente.
Severus não ficou na cama com ela depois do encontro, mas se ajeitou em uma das poltronas acolchoadas na sala ao lado. Ela sabia, sem palavras, que ele não poderia suportar a proximidade de uma cama compartilhada.
Descalça, um lençol enrolado em volta dela como um robe improvisado, ela caminhou silenciosamente para a sala ao lado. O fogo já havia se extinguido, mas as sobras das lenhas ainda lançavam uma sombra avermelhada sobre a poltrona e o homem debaixo da coberta. De princípio ela imaginou que ele estivesse dormindo, mas logo percebeu como sua cabeça mexia de um lado para outro e leves murmúrios deixavam sua boca.
Ela se ajoelhou ao lado dele, tentando se lembrar do que ela sabia sobre pesadelos. Não muito, somente que não era recomendado acordar a pessoa. Ou isso era para sonambulismo? Snape lutava contra um adversário invisível e murmurava palavras que ela não entendia. Um suor frio cobria sua testa e seus lábios estavam mais pálidos que de costume.
Laurel não podia mais vê-lo lutar mais. Gentilmente ela tocou o ombro dele, ciente de que ele poderia atacá-la quando acordasse. Exatamente o que aconteceu. Ela agarrou ambos os punhos dele, tentando acalmá-lo. "Shhh. Está tudo bem. Severus, você está me escutando? Você teve um sonho, um pesadelo."
"Onde eu estou?" Ele disse, hiper ventilando.
"Você está em casa" ela tentou acalmá-lo, mas apenas viu os olhos dele se abrindo em temor.
"Casa?"
"Nós estamos em Hogwarts. Foi apenas um sonho ruim. Acabou."
Ele olhou para os lados como se esperasse um ataque a qualquer minuto.
Laurel, suavemente, acariciou a fronte de Snape, retirando a franja da frente dos olhos dele.
"Não há mais ninguém aqui além de você e eu. Ninguém pode te achar aqui."
A respiração dele diminuía gradativamente, mas sua face permanecia sem o menor vestígio de cor. Quando Laurel tocou no seu cabelo novamente, ele pegou a mão dela e olhou-a como se nunca a tivesse visto antes.
"Ninguém pode te machucar" ela repetiu.
"Você está realmente errada quanto a isso" ele pensou e deixou-se mergulhar nos braços dela.
Ela acordou e abraçou o travesseiro antes de abrir os olhos. A luz ainda era fraca, mas dessa vez devia ser quase de manhã. Uma sombra passou pela sua cabeça e ela quase pulou de susto. Foi quando se lembrou da noite passada e não pôde reprimir um sorriso satisfatório. Não importava o quanto aquele homem podia ser impessoal e frio no dia a dia. Ele não era daquela maneira na cama.
Severus estava parado em frente à lareira, vestindo apenas calças e meias. Quando ele pegou sua camisa e se virou, ela deixou escapar uma interjeição de assombro. As costas dele eram cobertas por teias de cicatrizes, algumas apenas linhas prateadas, outras tiras de peles pálidas e ásperas.
Ele se virou em um movimento suave e a encarou.
"Qual o problema?"
"Suas costas" ela disse, tremendo.
Por um momento a expressão no rosto dele voltou a ser fria e perigosa. Ela entendeu perfeitamente bem porque todos os estudantes o viam com espanto, e até mesmo vários dos professores o evitavam.
Então ele continuou a colocar a camisa.
"Não é nada da sua conta."
"É por isso que você não me deixava tocá-lo?"
"Você deveria se vestir. Talvez agora eles nos deixam sair."
A voz dele não traía o tumulto dentro dele. Ele estava confuso e fora de sincronia, não sabendo o que tirar daquela noite. Tremendo involuntariamente ele se lembrou das noites na casa de Lúcio Malfoy. Música alta, poções e álcool. Mulheres que não ficavam satisfeitas até que houvesse sangue. Que se apegavam à dor, à violência. Mas essa noite tinha sido diferente. Ela era diferente.
Com raiva de si mesmo ele amarrou seu robe e evitou olhar para ela.
Laurel foi até a pia e lavou o rosto com água. Os traços dos velhos ferimentos nas costas dele a haviam perturbado, mas não tanto quanto o silêncio. Eles tinham acabado de passar uma noite apaixonante juntos e ele havia feito ela se sentir de uma maneira que ninguém já havia feito. No entanto - ela sabia que não tinha direito de exigir uma explicação.
Snape estava parado em frente à janela quando ela retornou para a sala.
Ela reuniu toda a coragem que tinha, mas sua voz ainda tremeu quando ela falou. "Sobre a noite passada. Eu. Eu não sabia que poderia ser assim."
Os dentes dele se cerraram e ele continuou olhando pela janela.
Bravamente ela continuou "Foi como se meu corpo e minha alma estivessem a ponto de se fundir."
"É assim que deve ser" ele respondeu suavemente sem olhar para ela. "Todas as vezes. Não deixe ninguém te enganar."
"Eu estava com medo. de me soltar. Toda a minha vida eu lutei por controle e agora."
Ele se virou, o rosto dele escondido nas sombras de modo que ela não consegui ler sua expressão. "Essa é a única situação em que você não precisa se controlar. Eu estarei lá para te segurar quando você precisar."
"Obrigada" ela tentou sorrir. "Eu sei bem que você fez mais pelo meu prazer do que eu fiz pelo seu."
"Não, sou eu quem devo agradecer. Pela sua coragem."
"Coragem?"
"Por entrelaçar seu destino com o meu. Essa não é sua guerra."
"Eu não tenho mais certeza sobre isso." A boca dela havia ficado novamente teimosa. "Se alguém tenta me matar, eu tomo isso como uma declaração de guerra."
Eles estava parados em frente a porta, hesitantes. Laurel não sabia o que ela mais temia: encontrar o corredor infinito do lado de fora ou o real. Ela olhou para cima e observou o rosto reservado do professor de poções.
"Como você se sente?"
Os olhos negros dele não diziam nada. "O que você quer dizer?"
"É só que você parece... diferente."
Ele soltou um suspiro leve. "Eu dormi."
"E?"
"Eu não tenho tido mais de duas horas de sono desde que..."
"Mas você é o Professor de Poções. Foi você que nos disse que existe uma poção para todo problema."
"Não. Eu disse que existe uma poção para todos os fins. Assim como mágica, também segue as leis do equilíbrio. O que você ganha, você paga em dobro. Amor induzido por uma poção do amor irá eventualmente se virar contra você. Procure sono com uma poção para dormir e depois de um tempo você não conseguirá mais dormir."
Não que ele não houvesse tentando, ele pensou. Afinal, ele sabia mais sobre poções do que qualquer um em Hogwarts. Mas tudo o que ele encontrou foi o vício. E isso era a última coisa que ele precisava. Foi preciso semanas para ele se livrar daquela poção. Então noite após noite ele acordava suando frio e ofegando aterrorizado. Mas não na última noite.
"Nessa noite eu dormi como uma pedra."
Ela sorriu.
"Devemos tentar? Abrir a porta?"
"Espere." Ele colocou a mão em cima da mão dela, sobre a maçaneta da porta. "Nós precisamos conversar. Quando nós sairmos, as coisas vão ser diferentes."
Laurel puxou a mão de volta. Ela esperava essa conversa e estava determinada a sair na dianteira. "Não precisa de desculpas, ok? Nós vamos cada um para nosso caminho e fingimos que essa noite nunca aconteceu."
Silêncio foi a única resposta. Quando ela não conseguiu mais encarar o carpete ela olhou para cima.
"Se é isso que você quer, eu não vou ficar no seu caminho" Snape respondeu casualmente. "Mas não é sobre isso que a gente precisa conversar."
"Oh"
"Você deve se lembrar que a partir de agora existe um laço entre nós dois."
"Significando?"
"Uma conexão. De que tipo eu não tenho certeza. Quando eu disse que queria poupá-la, eu não estava querendo poupá-la apenas da minha... atenção." Os olhos dele ficaram mais sombrios. "Estando conectada comigo posso a colocar em perigo. Eu disse a Dumbledore, mas ele não me escutou."
"Seja lá quem esteja tentando me matar, está tentando machucar você. Eu não estaria segura, com ou sem laço. E deixe-me lembrá-lo, professor, que eu não sou criança. Eu tomo minhas próprias decisões. Eu dormi com você porque eu queria."
Ele aceitou a declaração dela com um aceno de cabeça. "Eu irei protegê-la o quanto eu puder."
"E eu irei..." ela estava sem palavras. "O que eu posso te oferecer?"
Snape virou a cabeça, sua expressão mais séria do que ela já tinha visto antes. Ela já tinha o visto com raiva, sim; sarcástico, sim; até mesmo repugnado; mas nunca desse jeito. "Sua honestidade."
"Minha honestidade?"
"Não vai haver nenhuma... mentira... entre nós. Se eu chegar a me perder nesse labirinto de enganações e traições, eu vou precisar de alguém que me lembre quem eu sou."
Ela respondeu sem palavras, apenas tocando o braço dele levemente. Então, respirando fundo, ela deu um passo para trás, se afastando dele.
"E agora que nós estamos... conectados, posso pegar emprestado seu olhar ameaçador que você reserva para o Harry? Qualquer assassino cairia duro se eu usasse aquele olhar."
"Eu acho que não. Não leve as coisas assim. Isso não é uma piada."
"Eu sei."
"Bom. Porque nenhum de nós pode acabar dando a última risada." Ele apontou sua varinha para a porta. "Allohomora."
A porta se abriu e do lado de fora, o corredor estava cheio de estudantes em direção ao café da manhã.
"Você aí, Finch-Fletcheley!" Snape gritou quando um jovem com cabelos selvagens passou correndo por eles. "Dez pontos da Lufa-Lufa por correr no corredor. E corte esse cabelo!"
Laurel suspirou. Bem vinda de volta ao mundo real.
* * *
"Onde diabos você esteve?" Serene estava perturbada.
"Eu estava doente. Envenenamento por comida."
"Você não passou a noite passada no quarto nem na enfermaria! Eu chequei."
Laurel evitou o olhar curioso da colega de quarto procurando seus livros na sua cômoda.
"Nós vamos nos atrasar para a aula." Geralmente isso era o suficiente para fazer Serene se calar e correr, mas não dessa vez.
"E daí? Eu acho que tenho o direito de saber o que você andou fazendo!"
Laurel se sentou na própria cama. "Tem? O que exatamente a faz pensar isso? Encare, Serene, nós não somos melhores amigas. Nós não somos nem mesmo amigas. Por que eu deveria contar alguma coisa para você?"
"Porque eu estava preocupada com você."
As duas mulheres se encaravam. Serene foi a primeira a quebrar o silêncio. "Escute, eu sei que nós não somos próximas ou qualquer coisa parecida. Mas eu realmente fiquei preocupada com você. Eu imaginei que você tivesse fugido de Hogwarts. E Ben notou que Dumbledore, Snape e McGonagall não estavam presentes no jantar. Então eu presumi que os professores já estivessem cientes da sua fuga."
Laurel balançou a cabeça negativamente. "Eu não fugi. Eu só... queria um tempo para mim mesma, e pedi para Madame Pomfrey dispensar qualquer visita." Aquela noite, ela pensou, tinha sido a primeira noite em que ela não perdeu tempo pensando em fugir.
"Eu aprecio sua preocupação." Ela deu a Serene um sorriso hesitante. "Vamos agora ou nós vamos nos atrasar mais ainda."
* * *
Nos dias que se seguiram, ninguém poderia imaginar que Professor Snape e Srta. Hunter haviam trocado aperto de mãos, imagine então beijos apaixonados. Em classe ele a tratava como qualquer não-sonserino, ela se resumia a "sim, Sr." e "não, Sr." e ambos tomavam extremo cuidado para não se tocarem quando ele passava uma faca ou ingrediente para ela.
Laurel percebeu olhares preocupados de Dumbledore durante o jantar e deu a ele um sorriso assegurador. Mas o diretor não podia ser enganado. Snape não estava presente no jantar novamente, alegando ter que re-estocar seus suprimentos. E a garota - para Dumbledore qualquer mulher mais nova que McGonagall era uma garota - tentava bravamente fingir que nada havia acontecido. Ele estava surpreso que ninguém em Hogwarts, nem mesmo seus colegas, parecia perceber o fraco raio de luz que ligava Snape à garota sempre que eles estavam na mesma sala. Ele duvidava que até mesmo os dois não tinham noção disso.
* * *
Depois de algumas semanas Serene eventualmente parou de perturbar Laurel com perguntas.
Agradecida, Laurel fez todo o possível para manter as coisas dessa maneira. À noite ela ia para a cama cedo e se escondia atrás de livros e pergaminhos, enquanto Serene fazia o mesmo. Uma das poucas vantagens de ser uma aluna adulta era a falta de um monitor que dissesse a eles para fazer as leituras e tarefas na sala comunal.
Uma batida rápida na porta fez com que as duas mulheres abaixassem seus livros.
Serene entortou a boca. "Aposto que é a Hermione Granger, de novo. Então você vai abrir!"
"Ela me ajudou bastante com meus feitiços, ultimamente."
"Ela é apenas uma pentelha enxerida." Serene disse com desdém. "E ela não é tão esperta quanto os amigos dela dizem ela ser."
"Nossa... se não estamos sem piedade essa noite!" Laurel sussurrou enquanto colocava os livros de lado e se levantava. Era claro que Serene invejava Hermione. Afinal a garota tinha tudo que Serene havia desejado a vida toda.
Ela jogou um agasalho por cima dos ombros e caminhou descalça até a porta.
Quando ela abriu e reconheceu o visitante noturno, ela se esgueirou para fora do quarto e fechou a porta tão rápido que Serene não pôde ver o homem lá fora.
Laurel estava parada no corredor gelado e se sentiu sem jeito.
"Eu imaginei que vocês bruxos andassem pelo castelo usando Pó de Flu? Mas também Serene provavelmente iria desmaiar se você aparecesse no nosso quarto a essa hora da noite. Ela é sensível para todas as coisas Sonserinas, você sabe."
As palavras foram sumindo quando ela notou melhor a expressão no rosto dele. Sério em dias bons, ele estava agora atormentando. Ela viu dor, sombras negras em baixo de seus olhos.
"O que aconteceu?" Preocupação tomou conta da sua voz. "Severus, o que foi?"
Ele apenas a encarava, os cabelos revoltosos, o pijama quadriculado, os pés descalços. O calor que ela irradiava. Ele era um tolo por deixá-la entrar na sua vida, ou seja lá o que estava acontecendo ultimamente.
"Severus?" Ela pousou a mão no rosto gelado dele.
Ele se rendeu.
"Os pesadelos... Eu não me arrisco a dormir."
"Oh."
"Eu sei que não tenho o direito de lhe pedir isso, mas..."
Ele a viu tremer na corrente fria do corredor e mudou de idéia. "Esqueça. Volte para o quarto antes que você pegue um resfriado."
Quando ele se virou para voltar para seu quarto nas masmorras, ela agarrou sua manga. "Se eu voltar para pegar meus chinelos, Serene não vai me deixar sair novamente sem um milhão de perguntas."
A mente dele trabalhava tão devagar que demorou meio minuto para ele entender. Então ele a pegou no colo e a carregou escada abaixo, para as masmorras.
Os quadros começaram a murmurar excitados. Snape lançou a eles olhares venenosos. "Existe poções que dão ótimos removedores de tintas, sabiam?" ele disse casualmente quando passou por uma condessa. "Então calem a boca, sim?"
* * *
