Capítulo sete - Trégua

A noite havia sido longa para ambos. Amy se revirara na cama até as cinco da manhã, quando pegou no sono, que durou até as nove. Já Ron, madrugara. Não conseguira dormir um minuto sequer, por isso, "levantou-se" mais ou menos oito e meia, e foi preparar o café da manhã.

"Bom dia, Amy!" Ron cumprimentou assim que ouviu os passos da garota.

"Bom dia?!" perguntou irritada "Bom dia pra você, que não foi dormir às cinco e levantou às nove!"

Ron parou o que estava fazendo, respirou fundo e tentou se controlar, mas não conseguiu. Aquela menina estava passando dos limites.

"É, realmente..." começou calmamente "Eu não dormi às cinco e acordei às nove. E sabe porque, Amy? Porque eu simplesmente NÃO DORMI!" gritou com o rosto à ponto de entrar em combustão "Panquecas?" acalmara-se novamente.

Ela olhou para o prato de panquecas que ele lhe oferecia. Por mais que amasse panquecas, não iria aceitar.

"Eu odeio panquecas." Disse em tom monótono.

Ron suspirou, jogou o prato no chão, e saiu da cozinha em passos firmes.

Amy se assustou com o comportamento de Ron, mas resolveu abrir a geladeira e procurar alguma coisa pra comer.

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A semana passou a muito custo, e os dois quase não se olharam, e trocaram apenas palavras necessárias.

"É Ron...parece que seus pressentimentos eram verdadeiros...isso não está dando certo!" disse baixinho a si mesmo enquanto estava deitado em sua cama. Amy o odiava, e ele teria que agüentá-la por mais algum tempo. "Apenas 358 dias...Você consegue." No momento em que disse isso, ouviu um som alto vindo do quarto dela. "Pensando bem...não, eu não vou conseguir agüentar mais 358 dias com a peste em pessoa!" Ele se levantou bruscamente e seguiu até o quarto de Amy, sem se importar se estava só de calça do pijama ou não.Ao chegar a porta, a abriu em um único empurrão, fazendo a garota parar de cantar e levar um susto. Quando o susto passou, ela parou e começou a encarar Rony, como se o desafiasse a falar alguma coisa. Mas a verdade, é que ela estava querendo observar o ruivo melhor. Para um homem de 48 anos, ele não estava nada mal. Tinha o peitoral bem definido, quase não tinha rugas, nem cabelos brancos, e o seu jeito as vezes era bem intimidador. Era de se estranhar que ainda estivesse sozinho. Ainda estavam se encarando, quando ele sorrindo disse:

"Acha que me incomoda com isso?" Amy não respondeu, apenas aumentou o volume. Então, Ron a pegou no colo e a levou para a sala, enquanto ela se debatia e implorava para que Ron a soltasse. E ele o fez, mas a "jogou" no sofá, enquanto desligava o rádio com a varinha e olhava zangado para ela.

"Olha aqui, mocinha! Seus pais a elogiaram muito, eu te conheço desde pequena, também gosto de Nirvana, e até toelro suas babaquices de adolescente. Mas você está passando dos limites agora, e..."

"Eu já tenho dezoito anos!" interrompeu ela

"Primeiro, eu odeio que me interrompam. Segundo, eu sei que você tem 18 anos, mas está sob minha custódia aqui na Suécia. Ou seja, eu controlo seus passos, já que sou cidadão sueco e você é inglesa. E não fique pensando que com essas babaquices eu vou te deixar voltar pra Inglaterra, pois eu não vou!"

"Você não é meu pai nem minha mãe, portanto, NÃO MANDA EM MIM!"

Os dois gritavam feito loucos, e desta vez Ron perdeu o total controle.

"Olha aqui, sua mimadinha," ele a pegou pelo braço e o apertou "sua mãe e sua irmã estão correndo risco de vida, seu pai está depressivo, e eu não vou abandonar meus melhores amigos nessa mandando você pra lá só porque você é uma mimadinha com pinta de rebelde e que pensa que é a dona do mundo, entendeu?" soltou o braço da garota, que ficou quieta por um tempo com os olhos marejados.

"Minha...minha mãe o quê?"

Ron passou a mão pelos cabelos se arrependendo do que havia falado. No fundo, Amy era só uma criança com problemas para amadurecer, e ele tinha acabado de criar mais um obstáculo para ela.

"Merlin, eu não devia ter dito isso!"

Amy se levantou do sofá e correu para o quarto, onde se sentou na cama abraçando os joelhos, sem nem ao menos se preocupar em fechar a porta. Ron caminhou vagarosamente até o quarto da garota e a encontrou naquele estado. Não viu outra opção a não ser se sentar na cama de casal ao lado de Amy, e puxá-la para um abraço, o qual ela retribuiu e chorou todas as mágoas. Vez ou outra ele dizia palavras de consolo, e ela só ficou lá, chorando, até o sol raiar. Ron passou a noite acordado, e só depois que Amy adormecera, que foi para seu quarto descansar, afinal, a madrugada havia sido agitada, e era sábado.

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Acordou devia ser umas três da tarde, mas ao olhar o relógio, viu que já eram cinco. Tomou um banho, se trocou, e foi para a cozinha, pois estava com uma fome desgraçada.

"Você pode ser silenciosa, mas eu ainda assim consigo te ouvir!" disse Ron, que estava de costas para Amy preparando algo no fogão. Amy riu. "Uau! Eu devia estar com um câmera agora pra filmas isso. Afinal, não é todos dia que você sorri pra mim!" ela riu novamente "Sabe, eu já estava pensando que sua mãe havia pulado a cerca e você era filha de Draco Malfoy!"

Amy abaixou a cabeça, e ele se arrependeu do que falara.

"Hey, desculpe! Você está triste, não?"

"Olhe pra mim, Ron! O que você acha? Que eu estou pulando de alegria?"

"Não vamos começar, Amy!"

"Está bem, está bem! Você tem TV à cabo aqui?"

"Se eu tenho o quê?!"

Ela revirou os olhos "Esquece! Sabe, eu não tô afim de ficar aqui, enfurnada nesse apartamento. Não que ele seja ruim, mas eu tenho dezoito anos, e..."

"Eu já entendi. Bem, então nós podemos sair. Quer fazer compras ou conhecer a cidade?"

"Tanto faz. Contanto que eu não fique aqui..."

"Então eu lhe mostrarei a cidade hoje, e amanha você sai sozinha pra fazer compras, okay?"

"Tudo bem. Mas antes eu quero comer alguma coisa, e vou aproveitar que você cozinha bem pra pedir o que eu quiser, e não miojo como prato principal e sorvete de pote como sobremesa."

Ron riu com gosto. Parecia que as coisas estavam melhorando agora.

"Bom, senhorita, o que gostaria de jantar hoje?"

"Panquecas" disse ela.

Ron a olhou surpreso, exatamente como olhara no dia em que fora apresentar- lhe seu novo quarto e ela disse para ele "relaxar".

"A verdade é que eu gosto de panquecas" explicou ela um pouco sem graça.

"Ah...entendo." ele respondeu um pouco nervoso, o que a fez rir.

"Desculpe se te deixei irritado."

"Tudo bem. Essa era sua diversão favorita desde que você era pequena. Ms claro que antes não era como até semana passada."

Amy riu novamente.

"O papo tá muito bom, mas eu tô com fome, tio Rony! Que tal fazer minhas panquecas?!" perguntou divertida

"Tudo bem. Mas por favor, tio Rony não!" ele disse com cara de quem comeu e não gostou. Amy gargalhou novamente.

Sim, as coisas estavam muito melhores agora!

N/A: Bom, eu irei publicar esse capítulo e mais o oito hoje, pois vou viajar, e a próxima atualização será apenas em fevereiro. Eu e a Ligia trabalhamos muito para fazer os capítulos, e adoramos fazê-los, assim como esperamos que vocês gostem de lê-los!!! Muito, mas muito obrigada...FELIZ ANO NOVO e muitos beijos da Aninha e da Lígia.