24. O espelho

Laurel acordou no meio da noite. A vela que acendera tinha queimado quase totalmente e na lareira só restava um pouco de brasa avermelhada. Preguiçosamente ela procurou por Severus. Mas as suas mãos apenas encontraram o lençol vazio do lado dele da cama.

Sentando e abraçando os joelhos, ela olhou pela janela para ver o céu da noite clara. Só então ela se lembrou de que estava nas masmorras no quarto de Severus. Um grande sorriso surgiu no seu rosto. Ele havia conjurado uma janela e feito alguma coisa na parede da masmorra para imitar o céu como o teto do Grande Hall. Que mulher precisaria de um anel quando podia conseguir uma janela?

Ela olhou para a cadeira perto do fogo, usada para Severus dormir. Mas a cadeira estava vazia.

Laurel olhou em volta. Ela estava sozinha no quarto. Um medo gelado encheu seu coração. Teria ele sido chamado no meio da noite e não ter tido tempo de chamá-la? Eles nem sabiam se ele seria capaz de resistir aos chamados de Voldemort. O que aconteceria se em um de seus atos de impensada bravura, ele a deixasse dormindo para encarar morte certa?

Ela pulou surpresa quando alguns livros e pergaminhos caíram da prateleira. O seu bloco-fantasma caiu aberto. Apareceu uma série de letras e ela concluiu, pela caligrafia rebuscada, que o Barão Sangrento tinha empurrado os livros para chamar sua atenção.

"O que você quer?" Ela perguntou, ainda sem saber em qual direção falar quando se dirigia à algum dos fantasmas. "Eu não tenho tempo para jogos agora." Ela se lembrou que ele tentara estrangulá-la porque, na sua opinião, ela havia ferido Severus.

O bloco-fantasma foi arrastado pelo chão até para aos seus pés descalços.

"O Mestre de Poções está na Ala Norte, no quarto andar, terceira porta à direita."

Ela olhou para as palavras. "Obrigada... Eu... Obrigada, Sir."

A página se virou e mais palavras apareceram. "Vista-se e vá encontrá-lo, vadia." Por um momento as palavras pararam até que a última foi apagada, e outra apareceu. "Minha Senhora."

Laurel se sentiu incrivelmente boba, mas antes de sair, fez uma reverência para um Barão que não podia ver.


A terceira porta do quarto andar tinha sido selada e barrada até pouco tempo. Laurel concluiu, pelas várias trancas, que tinha sido necessário mais do que um simples 'Alohomora' para destrancá-la.

Ela abriu a porta e entrou no quarto que estava totalmente vazio de mobília, exceto por um grande espelho numa linda moldura.

Severus estava sentado no chão na frente do espelho, as pernas cruzadas, totalmente envolvido no que estava vendo. Laurel suspirou aliviada. Ele parecia bem embora um pouco pálido.

Ele tinha ouvido quando ela entrou e a puxou para perto dele sem deixar de olhar para o espelho. Laurel sentou ao lado dele e deixou que a puxasse para seus braços até que ela se sentisse segura em seu abraço.

"Este é o Espelho de Ojesed?" Ela perguntou.

Severus concordou e deu um beijo rápido na testa dela. "Já falaram a você o que ele faz?"

"Mais ou mentos. Ele nos mostra o que nós desejamos."

"O desejo mais desesperado que escondemos mais fundo em nosso coração. O que você vê, Laurel?"

Ela pigarreou. "Eu vejo o monte perto do lago. A árvore no topo está maior. Nós estamos sentados na sombra dela."

A mão dele preguiçosamente acariciava o braço dela e ela se recostou no corpo dele com um suspiro de contentamento.

"Você está com a cabeça no meu colo, seus olhos fechados, e eu leio para você." Ela forçou a vista. "É…"

"O Sangue de Dragão e seu uso Em Poções."

"Não. Na verdade é 'Hogwarts – Uma história revisada' e - uau, parece que eu sou a autora." Ela riu. "Você agüenta bravamente."

"Imagino que seja um caso de 'Feche os olhos e pense em poções'. Não deixe subir à sua cabeça."

"Você parece feliz. Cabelos cinzas caem bem em você, meu querido."

"Eu sei que você caiu pelo meu rosto bonito." Ele riu suavemente. "Eu gosto daquela faixa branca no seu cabelo. Você vai envelhecer adorável. Aquele xale cai muito bem em você também."

"Nossos netos me deram como presente de aniversário de casamento." A voz dela tremeu. "Como você sabe, Severus? Como você sabe que estou usando um xale?"

O Mestre de Poções ficou em silêncio por um longo momento. Então pegou a mão dela e beijou seu pulso. Enterrando o rosto no cabelo dela e sentindo o cheiro de amêndoas, ele sussurrou em seu ouvido.

"Porque eu vejo o mesmo."

FIM

Nota da autora: Finalmente (e com tristeza) cheguei ao fim dessa tradução. Primeiramente gostaria de agradecer a todos que me escreveram durante os meses que correram durante essa tradução. E pedir desculpas à aqueles que porventura eu tenha esquecido de responder.

Alguns agradecimentos especiais devem ser feitos...

Primeiramente à minha pré-beta-reader, que acompanhou tanto minha tradução quanto meu entusiasmo quando eu descobri essa fic. Não é B?

Assim como minhas beta-readers... Aninha e Carlinha, que tiveram que aguentar mudança atrás de mudança entre uma beta e outra... ^_^ Mil desculpas garotas... e muito obrigada pelo trabalho maravilhoso que vocês fizeram...

E também para uma pessoa especial que me ajudou como base nas traduções dos últimos 8 capítulos. Eu perdi seu e-mail... mas ainda assim, espero que você possa ler isso. Acho que nunca cheguei a agradecer tanto, o quanto você merecia.

E principalmente, devo agradecer muito vocês, que estão lendo isso agora (Sei muito bem quem são alguns de vocês... aqueles que realmente me apoiaram e viviam me enchendo para traduzir logo... para postar logo... Vocês nunca foram chatas, e sim um incentivo maior para continuar a tradução). Sem vocês, leitores, não teria muito sentido uma fic.

Com sorte, esse não será o fim, mas sim o começo de uma bela trilogia... E que se Deus quiser, terei o prazer de estar trazendo para vocês no ano que se segue...

Feliz Natal, Feliz ano Novo. E mais uma vez, muito obrigada!

Harue-chan
Dezembro de 2003.