1 Esse capítulo é praticamente um flashback, eu achei melhor fazer assim, porque se não seriam vários pequenos e a história iria ficar confusa. Lamento por não tê-lo postado antes, mas não deu.

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5 CAPÍTULO II



Kenji agora tinha dez anos e era seu primeiro dia na escola. Ele estava parado em frente aos portões, ao lado de seu pai. Foram entrando, no pátio as crianças começavam a formar filas. Kenji, diferente do que seu pai havia imaginado, não estava com medo como algumas crianças que choravam nos braços dos pais. Ele nunca tinha medo, podia se assustar, mas não medo. Kenshin sempre se perguntava se isso era bom ou ruim. Seu filho era inteligente, disso não havia dúvida, já havia dado várias provas. Por mais que o conhecesse, ele era sempre um mistério, às vezes parecia ter um autocontrole surpreendente, que até o assustava, e outras vezes explodia.

-Kenji, acho que aquela é a sua fila. Vamos lá, que eu quero falar com a sua professora.

Antes de seguir adiante, Kenji olhou para ver se era mesmo a fila certa. Não que não confiasse no seu pai, mas às vezes achava que ele era um pouco atrapalhado.

-Com licença, a senhora é a professora?

-Sim, sou. Chamo-me Tsuni Miri – era uma mulher de estatura média possuidora de um sorriso simpático. – E o senhor é?

-Meu nome é Himura Kenshin.

-Deve ser seu filho, não? A semelhança é visível.

-Sim, é. Eu queria...bem...eu acho que é melhor você saber que ele é bem agitado.

-Não se preocupe, a maioria nessa idade é. Estranho seria se ele fosse quieto.

-Não, eu quero dizer agitado acima do normal. Tome cuidado.

-Pai!

-Eu vou indo, Kenji. Entre na fila e não arranje muita confusão, é seu primeiro dia.

Já na fila viu seu pai se afastando, quando se virou, viu uma menina de cabelos castanhos e olhos verdes.

-Você tem um cabelo engraçado. Qual seu nome?

-Meu cabelo não é engraçado!

-Tá bom, seu cabelo não é engraçado. Qual seu nome, você tem um não tem?

-Himura Kenji.

-O meu é Hika Ayla.

Logo que todos os alunos chegaram, eles foram encaminhados para a sala. Kenji e Ayla se sentaram um do lado do outro.

-Bom dia. Meu nome é Tsuni Miri, vocês podem me chamar de prof. Miri. Vou ser sua professora durante o ano, o mínimo que eu espero de vocês é respeito, me respeitem e eu os respeitarei também. Eu não vou admitir comportamento impróprio aqui. É só não me irritarem que eu vou ser legal com vocês. Agora cada um diga seu nome.

Todos se apresentaram um a um. A aula correu tranqüila e Miri era realmente simpática. Estavam todos quietos terminando seus deveres, quando Miri anunciou que era recreio e que eles podiam sair.

-E então Kenji, o que você achou da professora? – Ayla havia se transformado em amiga do garoto.

-Bem legal, mas eu não sei porque, mas não quero ver ela zangada, pelo menos não comigo. – nisso lançou um olhar, que passou despercebido, para um garoto um pouco maior que ele com cabelos pretos.

-Não liga para ele, é um imbecil.

-Quem?

-Eu vi o olhar que você deu para o Matsu. Aquele garoto é horrível! Uma vez ele foi com o pai dele à minha casa, eu não sei como eu agüentei.

-Quem é ele?

-Ele? Ninguém, mas o pai dele é um político influente. Então ele acha que pode tratar as pessoas como bem quiser. Chega de falar dele. Vamos lá no parquinho!

-Vamos!

Quando os dois chegaram, os brinquedos já estavam cheios. Todas as crianças estavam se divertindo e, em poucos segundos, eles também. Estavam no balanço, se revezavam, ora um empurrava, ora o outro.

-Vocês dois, saiam daí. – Kenji, que estava no balanço, e Ayla, que estava empurrando, se viraram para ver quem tinha falado. Quando viram quem foi, simplesmente se viraram e recomeçaram.

-Não me escutaram?! Eu mandei sair! – Matsu estava vermelho de raiva.

-Você não manda aqui e não vamos sair.

-Quem você acha que é sua garota metida – nisso ele a empurrou no chão e avançou para cima dela, mas antes que chegasse lá, Kenji já estava em pé entre o dois, olhando para o garoto com cara de poucos amigos.

Matsu estava esperando alguma reação, mas a única que viu foi Kenji olhando-o de cima abaixo e depois, sem falar nada, se virar para agudar a menina ainda caída.

-Quem você acha que é para me dar às costas? – ele botou a mão no ombro do outro e o forçou a virar-se.

-Quem você acha que é? – tirando a mão do garoto do seu ombro.

-Ora seu...

Os dois começaram a rolar pelo chão. Matsu era maior e mais forte que Kenji, mas, por incrível que pareça, estavam lutando equilibradamente. Há esta hora, todas as crianças estavam olhando, mas nenhuma se aventurava a intervir, tamanha era a intensidade da briga. Poucos minutos depois chega a professora e para a briga. Mesmo que não tenha durado muito, foi o suficiente para os dois ficarem cheios de machucados, Kenji com a boca sangrando e Matsu com o olho roxo fora arranhões e hematomas.

-O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO ? Isso aqui é uma escola! Venham comigo, vão direto para a sala do diretor. Não vou admitir meus alunos se espancando pelo pátio!

-Eu não fiz nada, professora. Foi ele que começou. – com isso Kenji aprendeu uma das características de Matsu: ele era extremamente cínico.

-O que, foi você que empurrou a Ayla no chão!

-Quietos! Não me interessa quem começou, eu vi os dois rolando pelo chão, portanto os dois vão para o diretor.

-Mas professora...

-Não se meta nisso, srta Hika. Os demais vão para a sala e me esperem lá.

Ela saiu arrastando os dois para dentro. Falou brevemente com o diretor e depois saiu em direção à sala. Um pouco depois da aula ter terminado, Matsu entrou e, sem dizer uma palavra, pegou seu material e saiu. Uns quinze minutos depois, quando ela já estava quase acabando de arrumar suas coisas, entrou Kenji.

-Por que você não veio pegar seu material antes, quando foi liberado?

-Porque eu fui liberado agora – Kenji ainda estava com raiva do que havia acontecido na sala do diretor, e não tinha mais paciência para ouvir mais reprimendas. Mentalmente torceu para que ela não falasse mais nada e o deixasse ir.

-Como assim agora, o Matsu passou aqui tem uns quinze minutos.

-Isso porque ele não teve uma conversa com o diretor "porquê não se pode brigar com o filho de um político influente".

-Eu não acredito que ele te disse isso. Todos vocês deveriam ser tratados igualmente aqui! Kenji, você não pode ficar brigando por aí, Ayla me contou o que houve, então dessa vez eu não vou brigar com você, mas tente se controlar.

-Tudo bem, até amanhã.

Kenji já estava quase saindo do colégio, mas alguém coloca a mão no seu ombro. Quando ele vira vê um homem alto, com músculos trabalhados aparentando uns quarenta anos.

-Foi você eu brigou hoje no recreio?

-Errr...sim...por que?

-Eu sou o mestre se kendo da escola. Você não quer vir ver o treino. Eu sempre estou procurando jovens que gostem de brigar.

-Bem eu ...

-Ótimo! Venha às cinco, hoje a tarde. – ele disse e foi embora, não deixando Kenji responder.

Kenji que ria ter dito que ele não gostava de brigar, só fazia quando era preciso. Ele não gostou nem um pouco do homem, não sabia porquê, mas não gostaria nunca de tê-lo como professor. Por um momento olhou para a rua procurando seu pai, pouco depois o viu. Tinha perdido a hora, por que estava lavando a roupa.

Naquela noite Kenji estava no dojo da escola com seu pai vendo a aula. Ainda não entendia porque tinha vindo, não tinha ido com a cara do professor e não queria que ele lhe ensinasse seja o que fosse. Ainda assim, lá estava ele com seu pai, que, mesmo tendo se passado cinco anos ainda estava muito triste com a morte de sua mãe, não que ele mesmo não estivesse, mas ele ainda era muito pequeno quando ela falecera e seu pai nunca lhe deixara faltar nada.

A aula tinha começado, garotos mais velhos começavam a fazer exercícios de aquecimento e depois iniciaram o treino em si. Dois garotos estavam empenhados na luta, quando um deles finalmente conseguiu desarmar o outro, ao em vez de parar o garoto começou a bater no outro até que Sr. Shoen chegasse. Nessa hora Kenji sentiu uma mudança no espírito de seu pai, um sentimento de intriga transformando-se em descontentamento. Ele viu logo porquê: o tal mestre começou a brigar com o que tinha deixado a espada cair, falando que ele era fraco. No final perguntou ao outro porque ele havia parado, quando o aluno respondeu que ele ficou com pena, ele deu uma bronca nele também e falou para ele bater mais. Nesse momento Kenshin só viu seu filho se levantar e antes que pudesse pará-lo, o jovem já estava encarando Shoen, com uma expressão que a maioria dos garotos de dez anos não teria.

-Você não pode fazer isso, não vê que ele já está machucado.

-O que?! Garoto insolente! Você não sabe de nada, ele vai apanhar porque é fraco – respondeu depois de ter se recomposto do choque de ver uma criança lhe enfrentando.

-Não acho que ele seja fraco, mas de repente não ensinaram direito para ele a se defender, o que eu acho é seu trabalho.- ele respondeu com um sorriso maroto nos lábios

Nesse momento, o dojo estava em silêncio, observando. Kenshin sentiu que a raiva do mestre estava aumentando e que tampouco seu filho iria desistir e decidiu se aproximar.

-Você é muito impertinente, moleque. Acha que é errado, então você vai receber o castigo dele.- dizendo isso tomou uma shinai do garoto que estava ao seu lado, e se preparou para bater em Kenji.

Em vez de o garoto sair correndo como ele esperava, ele simplesmente ficou ali parado, o encarando com olhos azuis que pareciam gelo. Vacilou por um momento, mas no outro estava descendo a espada de bambu. Para sua surpresa o garoto tinha desviado e agora um homem ruivo estava diante dele com um olhar que ele nunca tinha visto, mas que não iria esquecer.

-Não ouse tentar bater no meu filho de novo – a voz era baixa, mas penetrante.

-Estou certo que o senhor lhe dará um castigo apropriado.

-É verdade que ele deveria ter um pouco mais de respeito, mas fora isso não vejo o que ele fez de errado.

-Quem você acha que é para falar da minha aula? Você acha que sabe mais kenjutsu do que eu? Agora já sei porque ele tem esse tipo de atitude.- deu um olhar desprezível a Kenji se voltou para Himura – Ele é o garoto que arrumou briga com o filho do sr. Mino, pelo visto ele não tem nenhuma disciplina e respeito.

-Não fala com o meu pai assim!

-E você, moleque, eu já falei para ficar quie...

-Vamos Kenji – dizendo isso Kenshin pega a mão do filho e começa a sair, deixando o professor falando sozinho.

-Vai se arrepender de fazer isso. Um dia seu filho vai precisar usar uma espada e ai...

-...aí ele vai saber usar uma, embora eu espero que ele não precise.

-Quem vai ensiná-lo, você? E mesmo que consiga alguém para ser mestre dele, duvido que ele consiga fazer muita coisa.

Os dois continuaram andando, mas antes de saírem, Kenshin ouviu quando o pai do outro garoto que estivera observando a aula falou com Shoen.

-Foi ele que brigou com meu filho, os pais não devem dar educação nenhuma.

**Flashback**



Depois de algum tempo estava em casa. Chegando lá, seu pai o estava esperando na porta com um olhar sereno.

-É melhor você ir dormir, ou já se esqueceu que amanhã vamos cedo treinar na floresta.

-Ta bom! Depois à noite eu vou ao festival com a Ayla. A propósito, você vai também?

-Vou sim, mas pode deixar que não vou atrapalhar vocês. – disse dando um sorriso maldoso que Kenji fingiu não ver.





Gostaram? Primeiro eu pensei em fazer vários flashbacks, mas depois decidi que era melhor fazer na forma de um capítulo. No próximo capítulo Kenji e Ayla vão para um festival que acontecerá na cidade. Para variar vão arranjar confusão, ou melhor, a confusão vai vir até eles. Por favor, deixem seus comentários! Vou tentar colocar o próximo o mais rápido que der.