Capítulo 2: O Kneazle
Hogwarts aparecia em todo o seu esplendor no horizonte.No meio do lago, começava a aparecer a frota de barcos, liderada por Hagrid, destinada a encaminhar os novos alunos para a Cerimônia de Seleção.Quando ele se aproximou mais, pôde avistar Harry e os outros indo para o castelo com os outros.Eles se acenaram rapidamente, pois havia muita gente transitando por ali.
- Aquele é Rúbeo Hagrid, um grande cara. – explicou Rony a Noriçá – Em todos os sentidos.É ele que leva os alunos novos para serem admitidos.
- Então é com ele que eu tenho que ir. – disse Noriçá mudando de direção rapidamente e acenando para eles – A gente se vê lá dentro!
Andando rápido, ela chegou a Hagrid e lhe mostrou a Ordem de Transferência. Ele fez um sinal positivo com a cabeça e a convidou a sentar no seu barco.Diferente de todos os alunos do primeiro ano, ela estava completamente calma – não se via mais em seu rosto o olhar ansioso de quando chegava em Hogwarts.Em vez disso, sorria elegantemente.
Harry, Rony e Hermione já estavam sentados na mesa da Grifinória esperando a Cerimônia de Seleção.Fred, Jorge e Lino conversavam com Gina sobre os Novos Marotos, e, pela expressão dela, pareciam estar enchendo sua bola.
- Então, como a gente sabe que você é a maior poetisa de toda a Grifinória... – começou Fred.
- A gente queria saber se nos dá a honra de compor o "Hino do Maroto". – terminou Jorge, com uma reverência.
- Sei, obviamente eu me torno uma Marota com isso, certo? – respondeu Gina, parecendo achar tudo muito divertido.
- Seria uma honra, srta. Gina!É só escolher um codinome e compor o hino! – coroou Lino, também com uma reverência.Rony balançava a cabeça, incrédulo.
- Não acredito que querem envolver Gina nisso.Mamãe os mata se descobrir! – cochichou para Harry.
- Ora Rony, Gina já é bem crescida para decidir o tipo de encrenca em que se meter, você não acha? – disse Harry sem pensar muito.
- Ah, agora Gina é crescida? – Rony levantou as sobrancelhas – Até o ano passado ela era apenas "minha irmã", lembra-se?
- Pára com esse ciúme idiota, Rony. – Harry disse muito mal disfarçadamente e sentindo corar involuntariamente de novo.Rony abriu a boca para responder, mas Mione o interrompeu com um cutucão.
- Gente, vai começar!Fiquem quietos!
Os dois pararam, mas Rony ficou olhando para Harry com o canto dos olhos por um bom tempo, até que profa. Minerva começou a chamar os alunos.Quando a chamada já estava lá pela metade, a própria Mione começou a falar baixinho.
- Acho que a Noriçá vai ficar na Grifinória também, e vocês? – ela perguntou aos dois.Harry pensou um pouco antes de responder.
- Não sei, Mione.Ela tem mais jeito de ir pra Corvinal, acho.E você, Rony?
- Eu concordo com os dois.Ou é Grifinória ou é Corvinal, com certeza.
A chamada tinha acabado de terminar quando Dumbledore anunciou:
- Atenção!Este ano nós temos um caso que raramente acontece, uma aluna foi transferida para Hogwarts e irá para o 5o ano. – sussurros correram pelo salão – Ela veio do Brasil e espero que todos a tratem bem.Srta. Nomini?
Noriçá levantou sonelemente e todas as cabeças do salão se viraram para ela, exceto Draco, que insistia em olhar para a porta, ignorando os comentários de Crable e Goyle de que a aluna nova é muito bonita.Harry e os outros acenaram discretamente e ela respondeu com um rápido cumprimento de cabeça.Com a mesma calma de antes, Noriçá sentou-se no banquinho e profa. Minerva colocou o Chapéu Seletor nela.Os murmúrios do salão cessaram.
- Hum, interessante! – o Chapéu lia a mente dela – São muito raros os alunos que vêm assim, transferidos a essa altura...oh...entendo...não, não estou assustado. Realmente você é especial, mais até do que sabe ou imagina.A sua maneira de lidar com isso é admirável, sabe?Mesmo com todos os obstáculos, dá pra ver que é muito firme no que quer.Existe uma certa casa que precisa de pessoas assim, faz tempo.Finalmente chegou a oportunidade!Boa sorte na... SONSERINA!
O Chapéu anunciou a casa para todos.Foi uma surpresa na mesa da Grifinória. Hermione pôs as mãos na boca, pálida.Rony arregalou tanto os olhos que parecia atingido pela Maldição Cruciatus.Gina coçou a cabeça com uma expressão desentendida no rosto e os gêmeos e Lino começaram a chorar.Harry, também surpreso, percebeu que Noriçá não parecia abalada ou coisa parecida.Levantou-se calmamente, como havia sentado, deixou o chapéu no banquinho e deu um sorriso conformado na direção de Harry.Então andou de cabeça erguida até a mesa da Sonserina, onde todos os alunos aplaudiram, mesmo que Draco o fizesse de um modo que lembrava Snape nas homenagens a Harry.Mesmo assim, ela deu um sorriso maroto a ele e sentou-se na ponta da mesa.Sem perceber, ele ficou um pouco vermelho.
- Eu acho que o Chapéu Seletor ficou caduco de vez! – soltou Rony, incrédulo.
- Pára com isso, Rony.Claro que ele sabe o que faz!Se você tivesse lido Hogwarts: uma história... – Mione ia continuar, mas Rony balançou a cabeça e ela parou, aborrecida.
- Eu não acho que ela seja má pessoa – falou Gina – mesmo que tenhamos conhecido ela faz pouco tempo...
- Acho que a gente tem que aceitar e ver o que acontece – Harry respondeu a Gina, sorridente.Ela corou um pouco e concordou com a cabeça.
Nesse momento, Dumbledore apresentou a todos o professor de Defesa Contra Artes das Trevas: Olho-Tonto Moody continuaria, apesar dos problemas do ano anterior.Snape ficou roxo de raiva e respirou fundo algumas vezes, provavelmente pensando como seria bom se Moody tivesse um ataque de paranóia e fosse embora.Harry achou isso uma boa notícia, pra variar.Então, todos se fartaram no banquete e foram para seus dormitórios.Na saída do salão comunal, Harry e os outros ouviram que alguém os chamava.
- Harry!Ei, Harry! – era Noriçá que corria atrás deles. – Esperem um pouco!
Eles pararam para que ela os alcançasse.Perceberam que alguma coisa a preocupava.
- Sim, fale Noriçá. – disse Gina gentilmente.
- Eu só queria dizer que... – parecia meio sem jeito – sabe, lá no meu colégio antigo não tinha esse negócio de casas...é bem diferente.
- Boa sorte pra você na Sonserina! – falou Rony dando um tapinha nas costas dela, como se ela tivesse sido convocada pra uma guerra ou coisa parecida.
- Acho...que vai dar tudo certo! – ela corou um pouco nessa parte – A gente...vai continuar se falando, né?O pessoal da Sonserina não parece muito amigável, e...eu vi...a cara de vocês quando o Chapéu me selecionou...
Foi a vez de Rony e Mione corarem.Gina cruzou os braços e deu um sorriso.
- Ora!Quem sabe esteja na hora de terminar o que Griffyndor e Slytherin começaram!
- Quem? – perguntou Noriçá sem entender.
- Eu te explico assim que a gente se falar de novo!Né, gente? – Gina olhou firme para os outros.
- Gina tem razão, sabe?Claro que vamos continuar nos falando! – Harry emendou. Noriçá sorriu e os olhos acompanharam.
- Fico feliz, de verdade.Mas, agora é melhor eu ir para o dormitório, antes que fique pra fora.Até outra hora! – e saiu correndo pelo corredor.Depois que ela se foi, Harry, Rony, Mione e Gina se entreolharam, convencidos de que não havia diferença nenhuma a casa em que Noriçá estivesse, e foram para o dormitório mais calmos.
A passos duros, Noriçá se dirigia à Torre da Sonserina.Estava bem mais séria que há um minuto atrás, parecendo perdida em pensamentos, quando aconteceu a última coisa que ela desejava naquela noite.
- Perdeu alguma coisa por aqui? – a voz de Draco tirou-a do transe.Revirando os olhos, ela estacou e girou nos calcanhares, cruzando os braços numa expressão cansada.
- Qual é o seu problema, garoto? – ela o encarou, levantando as sobrancelhas – Não devia estar no seu dormitório também, ou será que é bom demais pra ele?
Noriçá virou-se e começou a andar de novo.Draco foi atrás e ela irritou-se, mas ignorou.Quando chegou no quadro, o monitor a parou, com cara de poucos amigos.Draco parou um pouco atrás, escondido, parecendo esperar alguma coisa.
- Onde estava, novata?Deve saber que não deve perambular à noite pelo castelo.Coisas ruins podem acontecer, principalmente a uma garota... – ela não gostou nada conotação da última frase.
- Eu não tava fazendo nada de mais, e já estou aqui, viu?É melhor eu entrar logo.
- Por que a gente não conversa um pouco? – ele a segurou pelo braço.Com um puxão, ela se soltou e estreitou os olhos ameaçadoramente, igual no trem.
- Nunca pense em encostar em mim... – ela rosnou – pro seu próprio bem... – ia saindo, mas ele parecia disposto a segura-la ali, fechando o quadro.
- Abra isso agora... – ela mostrou os dentes, sem se dar conta.Ele sorriu ironicamente.
- Vai me morder, é?Nada mal...
Ela ia responder, mas nesse instante Draco apareceu de vez e o monitor assustou-se.Noriçá olhou-o de canto.
- Que ceninha interessante... – riu-se ele – espera só isso cair na boca do povo...
- Malfoy... – o monitor ficou mais pálido que Draco, e tremia até as pontas dos pés – você não vai espalhar isso, né?A gente sempre se deu bem, você sabe do que estou falando.
- Ah, não vou dizer nada, não agora, pelo menos... – fez uma cara mais cínica que o normal – então!Se eu precisar de um favor...
- Você sabe que estou sempre aí! – disse o garoto rapidamente – É por isso que sou monitor, não é?Pra auxiliar os alunos, claro!
Noriçá soltou um "Bah!" tão sonoro que só aí perceberam que ela ainda estava ali. Quando o monitor a olhou de volta – já menos empolgado – tremeu com a expressão do rosto dela.Parecia que estava prestes a avançar sobre ele, sem deixar nem um pedacinho depois.Draco levantou as sobrancelhas.
- A porcaria da senha – rangeu ela entre dentes - agora...
- Claro. – disse o monitor desconcertado – Basilisco!
A porta apareceu e Noriçá entrou, seguida de Draco, e quando o monitor foi entrar, ela fechou a passagem na cara dele com força, tanto que o nariz dele sangrou com a batida e ele passou uns cinco minutos xingando lá fora.Quando estavam lá dentro, Draco começou a rir.
- Novamente, qual o seu problema, ô garoto?É cínico ou é lesado assim mesmo? – ela ainda estava irritada com o abuso do monitor.
- Eu só estou pensando como não percebi que você viria pra Sonserina.É tão óbvio!
- Eu não acho óbvio, e meus amigos também não. – ela foi indo para o dormitório feminino, morrendo de vontade de dormir de uma vez e esquecer que existia.Mas Draco cerrou os punhos, inconformado com o que ela dizia.
- AMIGOS?No primeiro dia já se bandeou pro lado do Potter?Olha só isso... aquele Chapéu andou bebendo antes da seleção, só pode! – vociferou.
- Quer parar de se achar o máximo a essa hora da noite?Já me basta o idiota do monitor!Eu devia ter...não, não devia. – ela sussurrou a última frase, de modo que Draco não ouvisse.Ele sentou-se em uma poltrona, descontraído.
- John é assim, sabe?A besta ainda não se tocou que todo ano eu espio ele ficar ali na entrada esperando uma perdida no primeiro dia, mas mesmo que se tocasse, o cargo dele já está aqui mesmo! – e mostrou a palma da mão, sorrindo.Noriçá pareceu indignada.
- Então todo ano ele faz isso, é?E você faz chantagem em vez de ferrar logo um cara desses!Mas nem quero saber, já tenho problema demais, boa noite!
- Peraí! – ele gritou, ainda sentado.Ela virou-se devagar e perguntou o quê.
- Não vai me agradecer por eu ter te livrado? – ele virou a cabeça pro lado bobamente, esperando um xingamento ou uma saída furiosa da parte dela.Mas, em vez disso, Noriçá fez cara de surpresa e riu divertida na cara dele.
- No dia em que eu for salva por você, Draco, vou soltar bombas de bosta debaixo da cadeira do Snape! – E saiu do salão, ainda rindo.Draco ficou ali, bobo da vida, sem saber porque não a insultou, surpreso por ter apenas pensado em quanto o riso dela era divertido, de um jeito que ele nunca vira.E ficou ali, por um bom tempo.
No quarto, Noriçá jogou-se na cama e fechou os olhos, pensando em coisas que ainda não digerira completamente.
- Mas porque ir pra Europa?O meu colégio é ótimo!
- Filha, é pro seu próprio bem, veja: uma bolsa em Hogwarts não é pra qualquer um, até nós, que somos trouxas, já sabemos disso!
- Mas pai, não vejo necessidade...
- Escute seu pai.Vai ser bom, prometa que não vai ficar magoada conosco, por favor.No final tudo vai dar certo e estaremos juntos de novo...
-...Tudo bem, então.Eu nunca poderia ficar magoada com vocês, mesmo...mas eu vou voltar de vez assim que me formar, não importa o que aconteça.
- Não importa o que aconteça... – ela repetia em voz baixa pra si mesma – eles não sabem, mas tenho que voltar o mais rápido possível.Não importa o que aconteça...
Noriçá acordou péssima no dia seguinte.Além do monitor, a discussão com Draco (aquele garoto infantil duma figa) e, principalmente, a pressa e as meias-explicações que cercaram sua vinda indiscutível para Hogwarts, ainda tivera sonhos horríveis envolvendo sua família no Brasil – e outras coisas menos importantes. Tentou se alegrar lembrando que sua 1a aula seria Trato das Criaturas Mágicas – e com a Grifinória!Finalmente conseguiu esboçar um sorriso desde que abriu os olhos.Mas, ao sair do dormitório, viu que o dia não seria tão bom assim.
- Ah, acordou alegrinha é?Vejo que é verdade que brasileiros riem feito bobos o tempo todo – falou uma voz sem graça e cínica às suas costas.
- Quem é você? – perguntou Noriçá sem acreditar que o dia já ia começar mal.Virou a cabeça e viu que a garota em questão, também do 5o ano, estava sentada em uma poltrona (pensa que isso é um bordel? Senta decentemente, pensava Noriçá) e olhava pra ela dos pés a cabeça, como que a avaliando.Depois deu um sorriso ainda mais cínico que a voz (combina perfeitamente com essa cara de buldogue dela, analisava Noriçá discretamente) e encostou-se na poltrona.
- Perdi meu tempo...você não serve!
Noriçá levantou as sobrancelhas com uma expressão sacana, que Pansy não esperava e não gostou.
- Que é? – perguntou ela, irritada.
- Você ficou esperando aí pra me analisar e ver se eu sirvo? – olhou sonsa para ela – Eu não sou preconceituosa, pode dizer. – pôs um pé pra trás para auxiliar um impulso numa emergência iminente, e falou mais sonsa ainda – Você é lésbica?
Pansy arregalou os olhos o mais que pôde e parecia pronta para a briga, assustando um pouco a outra, mas em vez disso respirou fundo e riu de novo – mas sem olhar Noriçá.
- HÁ HÁ HÁ HÁ!Eu conheço esse tipo AMADOR de provocação, não vai me tirar do sério com isso, novata!
- Não é provocação, é o que parece... – resmungou Noriçá, mas Pansy ignorou e continuou falando, agora apontando um dedo para ela e fazendo cara de "vou matar um hoje, não queira me zangar".
- Escuta aqui, estrangeira! – o tom que Pansy usou em "estrangeira" fez Noriçá se eriçar inteira – Eu vi tudo ontem!Você se faz de boa moça, andando com os grifinórios, mas não passa de uma aproveitadora!Mal chegou e já quer pegar o namorado das outras!
- Ãh?Eu quê?Pirou? – Noriçá coçava a cabeça, pensando em que tipo de ninho de doidos ela foi parar.
- Eu vou dizer só uma vez, sonsinha...FICA LONGE DO DRACO, VOCÊ NÃO SERVE PRA ELE E ELE JÁ TEM A MIM!!!!!!! – falou tão alto que os quadros ao redor, que geralmente adoram uma discussão entre alunos, xingaram e saíram do recinto.Noriçá demorou um pouco pra assimilar o que tinha ouvido, mas quando entendeu, animou-se de vez.
- HÁ HÁ HÁ HÁ!EU INDO ATRÁS DO DRACO?Roubando seu namorado? – respirou fundo pra recuperar o fôlego e controlar o riso – Fica tranqüila querida, aquele garoto infantil nem vale a pena pegar pra terminar de criar! – e fez um gesto de pouco caso e foi em direção a porta.Mas, antes de alcançar o quadro, sentiu uma mão na sua nuca.
- Nunca...nunca fale mal do Draco na minha presença! – então Pansy a largou para um lado e saiu sonelemente do salão comunal.Noriçá se endireitou e revirou os olhos antes de sair também.
- Cada qual com seu igual, mesmo... – e riu de novo pelo caminho, só pra si.
No refeitório, Harry e seus amigos comiam animados, pois o primeiro dia de aula prometia.Trato das Criaturas Mágicas seguido de Defesa Contra Artes das Trevas, e essas eram só as aulas da manhã.Por outro lado, Gina gemeu quando olhou seu horário e o amassou dentro do bolso.
- Dois tempos de Adivinhação logo de cara.E Poções depois.Só o Colin mesmo pra ficar feliz – olhou aborrecida para o garoto animadérrimo alguns lugares adiante – ele diz que a profa. Sibila é a "mulher da vida dele"!
Gina fez cara de nojo e Rony riu, dando um tapinha em Harry.
- Quem sabe ele não resolve guardar as fotos para ela, hein Harry?
- Como dizem os trouxas,"que os anjos digam amém!" – respondeu Harry levantando as mãos para o céu e fazendo Rony rolar de rir com mais essa "besteira de trouxa".Quando ele disse isso, Hermione deixou a colher cair da mão, fazendo um barulho metálico que atraiu a atenção de Harry e Rony.Quando ela olhou pra eles, parecia disposta a tacar uma Avada Kedavra na cabeça do Rony ali mesmo.
- Fique sabendo, Rony – começou ela – QUE EU FAZIA ESSE TIPO DE "BESTEIRA DE TROUXA" SEMPRE QUE ME SENTIA MAL!E AJUDAVA, AJUDA ATÉ HOJE! – disse isso e saiu correndo pelo salão, chamando a atenção de todo mundo.Com certeza ia chorar no quarto até se acabar.Harry e Rony se entreolharam, este parecia que tinha visto uma acromântula chamá-lo de filho.O comentário de Gina não melhorou seu estado.
- Rony, seu GRANDE IDIOTA!Não sabe que os trouxas levam a fé deles muito a sério, tanto quanto nós, senão mais? E esqueceu que Mione foi trouxa até os 11 anos e com certeza levou isso como ofensa pra ela e pra família toda?NEM PARECE FILHO DE ARTHUR WEASLEY!
- Eu...não...quis... – Rony estava quase chorando.Tinha a impressão de que Mione nunca mais falaria com ele, e isso realmente era horrível de se pensar.
- Rony, melhor se desculpar agora, ou danou-se tudo. – aconselhou Harry, calmamente.Gina continuava balançando a cabeça e resmungando coisas incompreensíveis.
- É, eu...eu vou pedir desculpas agora! – e saiu em disparada pelo salão, tal qual Mione.Harry e Gina se levantaram e foram para suas aulas, adivinhando que não adiantava esperar pelos dois.
Quando Harry chegou na aula, todos os alunos já se aglomeravam esperando Hagrid chegar, meio curiosos, meio apavorados.Como sempre, a aula seria com a Sonserina, mas Harry nem teve tempo de lamentar.
- Oi, Harry! – Noriçá chegou ao lado dele, sorridente como Harry sempre a vira – Tudo bem?
- Oi, Noriçá!Tá tudo bem.E você? – Harry apontou a cabeça discretamente na direção da Sonserina, pois todos os alunos olhavam torto pra ela (menos Draco, Harry reparou. Quando Noriçá se aproximou dos grifinórios, rapidamente Malfoy desviou o olhar e puxou conversa com Pansy).
- Não se preocupe.Não falam comigo, mas quando falo com alguém de outra casa me olham assim.Ou isso ou sou mesmo muito linda! – disse sorrindo.Harry sorriu também, mas o sorriso logo acabou quando viu Hagrid se aproximar com uma ENORME caixa.
- Uau, o que será que a gente vai estudar? – Noriçá disse interessada, com os olhos brilhando para Harry.
- Não se empolga muito não...vindo do Hagrid, a aula é sempre "VIGILÂNCIA CONSTANTE!" –ele aconselhou, imitando Olho-Tonto Moody.Mas Noriçá não pareceu se abalar, pelo contrário, ficou mais feliz ainda.
- Ai, o que será...o que ele costuma trazer?
- Bem, no 3o ano nós vimos Hipogrifos, no 4o Explosivins e Unicórnios. – para Harry isso realmente não era uma grande coisa, visto que os bichos não eram nada amistosos (exceto claro os unicórnios), mas Noriçá ficou de boca aberta.
- Hipogrifos...Explosivins...UNICÓRNIOS!Isso é que eu chamo de aula! – brandiu ela, animada porque Hagrid começava a abrir a caixa.Harry pensou "Ah Deus,mais uma pra empolgar o Hagrid", mas se tranqüilizou ao ver que a maior excitação dela foi pelos unicórnios, doces unicórnios.
- Atenção, classe!Hoje eu trouxe algo "leve" pra vocês, por ser o 1o dia de aula.Espero que aproveitem bem, pois esses bichos são realmente únicos!
Dito isso, Hagrid saiu da frente da caixa, deixando-a a vista dos alunos.A maioria respirou aliviada (alguns voltaram a respirar) quando viu que a caixa era na verdade uma jaula, e que nela estavam três estranhos bichos, não muito grandes, semelhantes a gatos malhados, com grandes orelhas e rabo de leão.Os olhinhos amendoados transmitiam inteligência.Resumindo, eram realmente interessantes e não ofereciam perigo imediato.Hagrid parecia muito orgulhoso dos bichinhos e da expressão da turma.
- Então?Quem pode me dizer o que é isso? – ele passeou os olhos pelos alunos.Noriçá levantou a mão na mesma hora, lembrando Hermione – Srta. Nomini?
- É um Kneazle, também conhecido como Amasso. – respondeu ela, segura.
- Correto!Cinco pontos para a Sonserina. – acrescentou Hagrid.Era a primeira vez que Sonserina ganhava pontos na aula de Trato de Criaturas Mágicas, e isso fez com que os sonserinos se entreolhassem de um modo enigmático.
- Agora, alguém sabe pra que serve um Kneazle? Perguntou novamente Hagrid. – Ninguém? – como ninguém se pronunciou, Noriçá levantou a mão de novo.
- Ele é um ótimo bichinho de estimação, e pode alertar sobre pessoas de más intenções. – e deu uma olhadela para Draco na última parte.Mas foi rápida demais para vê-lo ficar vermelho, embora Pansy tenha visto e rangido os dentes.
- Muito bem, srta. Nomini! – sorriu Hagrid – Mais cinco pontos para a Sonserina.É isso mesmo.O Kneazle é inteligente e independente, mas pode se tornar uma companhia muito agradável.Além disso, se seu dono se perde ele pode guia-lo com facilidade até em casa.Mas é preciso ter cuidado ao se lidar com um desses, pois ele pode ser agressivo com estranhos.
Hagrid se aproximou da jaula e os bichos ronronaram para ele.Tirou um pedaço de bife do casaco e o jogou a um deles, que comeu alegremente.
- Se ele não aceitar comida, corra.O principal é não demonstrar medo ou estados ruins, como raiva e impaciência, ou ele vai te atacar sem nem piscar.Agora, tem muitos bifes ali naquele barril.Quero que vocês tentem fazer os Kneazles aceitarem.Vamos, quem se habilita?
Lino Jordan, despeitado por Grifinória não ter ganhado nem um ponto na aula, e Sonserina dez (cadê a Hermione, gente?) deu um passo à frente e foi decidido dar o bife ao Kneazle mais próximo.
- Pegue! – e esticou o bife entre as grades.O Kneazle olhou-o com uma expressão aborrecida e tentou saltar sobre o braço de Lino, que felizmente o tirou a tempo, mas não escapou da "bifada" que o gato deu-lhe na cara.Cheirando a carne crua e sob risos dos sonserinos, voltou ao lugar.
- Você foi impaciente, Lino.O Kneazle não poderia ter tido outra reação.Quem é o próximo? – perguntou Hagrid, depois de dar um lenço para Lino limpar o rosto (embora o lenço estivesse pior que ele).
Em seguida foi Pansy Parkinson, mas jogou o bife com tanta força na jaula (na certa querendo que Noriçá estivesse lá dentro) que o Kneazle arreganhou os dentes e cuspiu direto na cara dela.Foi a vez dos grifinórios rirem.Draco desistiu de ir depois dessa.Harry também não estava se sentindo muito seguro, depois da Sra. Figg e de Bichento, não ficava a vontade na presença de gatos.
- Só isso? – Hagrid pareceu desapontado – Pena, mas...Srta. Nomini?
Noriçá havia levantado a mão, sob os olhares atentos dos grifinórios e dos sonserinos.Hagrid fez que sim com a cabeça, observador.Noriçá pegou o bife e ofereceu-o ao Kneazle.O gato esnobou.Os sonserinos sorriram.Foi quando Noriçá fechou os olhos, concentrada, e ofereceu novamente o bife.
- Por favor, caro Kneazle, queira aceitar este bife.
- Hunf!E porque eu deveria?Está sendo divertido brincar com estes humanos.
- Eu lhe peço de coração que aceite, com todas as palavras.
- Bem...gosto de você, senhorita.É muito educada, e percebo que conhece os felídeos muito bem...certo.Aceitarei seu presente.
- Fico lisonjeada.
O Kneazle pegou o bife e o comeu devagar.Mas não tão devagar quanto o tempo de todos os alunos se darem conta do que tinha acontecido.Para ela e o Kneazle foi um diálogo comum, mas para o restante dos presentes não passou de uma troca de miados sem sentido.Harry não acreditava no que ouvira.Hagrid estava de boca aberta até agora.Pansy se remoía de ódio e Draco arregalara os olhos mais do que tio Valter nos seus piores dias.Noriçá, no entanto, estava calmíssima.
- Ela...ela é feniliglota! – Simas concluiu "genialmente". Murmúrios correram pelos alunos, enquanto Harry olhava embasbacado pra Noriçá, que deu um sorrisinho divertido.O barulho só parou quando Hagrid recuperou a fala e bateu palmas pedindo silêncio.
-10 pontos...pra Sonserina... – e o sinal tocou.
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