Capítulo 3-Ofensa
Na hora do almoço, o único assunto no refeitório era o que a aluna nova tinha feito na aula de Trato das Criaturas Mágicas.Embora discutissem muito sobre se isso era perigoso ou não, os alunos concordavam que realmente foi uma coisa fantástica.Colin como sempre, achou muito legal.
- Noooossa, eu queria ter visto isso!!! –empolgava-se ele – É incrível como pode existir alguém capaz de fazer algo assim!Harry, foi fantástico, não foi?Será que ela deixa eu tirar umas fotos dela conversando com um tigre?Ou até mesmo – os olhos dele brilharam quando pensou nisso – tirar uma foto com você, Harry!
- Não se toca mesmo, né Colin?Vai contar a história pro seu irmão, vai!A gente já sabe de todos os detalhes! – zangou-se Gina, empurrando Colin pra ponta da mesa, ele estava feliz demais pra reagir.Harry respirou aliviado.Qualquer coisa era motivo pra Colin querer fotografar ele, isso era irritante.
- Quem sabe um dia ele cresça, assim como a Gina cresceu – pensava ele – POR QUE ESTOU PENSANDO ISSO????
Ao ouvir o que ele mesmo pensava, Harry endireitou-se de um salto na cadeira, como que acordando.Nunca tinha mesmo pensado em Gina "crescida".No fundo isso o assustava um pouco.
- Por Merlim! – a voz de Rony trouxe Harry de volta – Uma feniliglota?É sério isso, Harry? – perguntou Rony, que estava ouvindo a história de Simas.
- É sim, Rony.Eu vi, melhor, ouvi quando Noriçá fez isso. – respondeu Harry – Mas você ainda não me disse o que aconteceu quando foi pedir desculpas pra Mione.
O efeito dessa frase foi que Rony ficou vermelho, mais ainda, roxo, passou por azul, voltou ao vermelho e parou no amarelo.Harry não pôde deixar de notar dessa vez.
- Rony...tá se sentindo bem? – perguntou ele, preocupado.
- Acho que o Snape colocou daquela Poção arco-íris na bebida dele, só isso. – zombou Gina – Ou será que foi a palavra mágica...Her...
- Ninguém te chamou, Gina! – cortou Rony, secamente, e se arrependendo logo depois – Desculpa;...
- Precisa não, irmãozinho – disse Gina sacudindo a cabeça –Pelo menos eu sei os motivos...licença.
Gina saiu de perto sem nem olhar para Harry, ou teria notado que ele ficou bem chateado com a grosseria de Rony.
- Não devia tratar sua irmã assim, Rony.Ela não merece. – disse ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo ele defender Gina dessa forma.Rony deu um sorrisinho falso e forçado.
- Oh, ela voltou a ser minha irmã agora, Harry? – disse com desdém – Ou ela continua crescida?
- Não muda de assunto, Rony – cortou Harry, morrendo de pressa de mudar de assunto - Ainda não me disse o que aconteceu!
- Ele está com vergonha de admitir que me pediu desculpas e prometeu não fazer piadas sobre trouxas na minha presença! – falou uma voz inconfundível às costas deles.Mione estivera se pondo a par dos acontecimentos com Lilá e Parvati e como sempre, carregava uns três livros "leves" debaixo dos braços.Parecia zangada, mas se alguém reparasse bem, veria que seus olhos brilhavam estranhamente.
- Foi isso, Rony?Só isso? – perguntou Harry levantando as sobrancelhas para analisar o amigo, mas ele parecia muito mais calmo.
- É!É isso! – respondeu Rony sorrindo, e logo mudando de assunto – Mione, ficou sabendo o que aconteceu, já?
- Sim, já me contaram.Estive pensando em conversar com ela, o que acham? – havia um tom de apreensão em sua voz, talvez porque Noriçá continuava sendo uma sonserina.Mas Harry a tranqüilizou.
- Acho uma ótima idéia – respondeu ele – Pela cara dela, deve estar achando muito divertido causar polêmica no primeiro dia de aula. – disse sorrindo, apontando pra Noriçá, que realmente estava bem alegre.
- Acho que ela bateu seu recorde, Harry – riu-se Mione. – Podemos procura-la depois do último tempo de hoje.
- O que é mesmo? – perguntou Rony terminando de engolir o suco de abóbora
- Poções, lembra? –respondeu Mione, calmamente.Rony revirou os olhos ao se levantar.
- Vai ser lindo – disse ele aborrecido – Gi me contou que ele tirou 50 pontos da Grifinória nas aulas dela e ainda deu detenção para três só por causa de umas lesmas idiotas.
- Também, o Moody precisava ter falado tão alto que, por ele, "dava aula de Defesa Contra Trevas o resto da vida"?Isso deixou o Snape de péssimo humor - comentou Harry.
-Talvez o Moody queira que Snape atente contra a vida dele só pra ele relembrar os tempos de Auror – brincou Mione.
Noriçá se encaminhava para a sala de Adivinhação conversando com algumas garotas da Sonserina.Depois do que fez na aula do Hagrid, pararam de olhar feio para ela (tirando Pansy e seu grupinho) e algumas garotas começaram a falar com ela, e, embora estivesse feliz tendo Harry, Rony, Gina e Mione como amigos, sentia-se bem mais à vontade agora.Viu que nem todas as sonserinas eram ruins; inocentes não, mas eram sociáveis.A pior espécie era mesmo o tipo que acompanhava Pansy Parkinson, que por sua vez vivia grudada em Draco Malfoy (garoto patético), mas dessas ela saberia cuidar se acaso precisasse.O problema mesmo era outro, mas parecia sob controle até agora.
- Muito bem vindos, alunos – eles haviam entrado em sala e Sibila aparecia etereamente da fumaça.Noriçá achou horrível o cheiro forte de incenso do recinto. Parecia as lojas trouxas de encantamento que sua mãe costumava levá-la – Ah! Percebo vibrações bastante agradáveis aqui, para variar um pouco! – ela olhou pela sala e Noriçá pensou que ela estivesse chapada – Você...venha até aqui...
Noriçá percebeu que era com ela.Foi até Sibila, um tanto apreensiva.Podia escutar os comentários ácidos de Pansy e suas coleguinhas no fundo da sala, mas não deu atenção, como sempre.
- Hum... – começou a professora, se concentrando – Você...chegou à pouco tempo...não é deste país...certo?
Se Parvati e Lilá estivessem ali, com certeza iam se admirar, mas os alunos reviraram os olhos e abafaram risinhos.Noriçá tinha um sotaque forte e nunca havia estado na aula, até mesmo Neville saberia que ela é novata e estrangeira.
- Certo...Dumbledore me apresentou pra escola inteira hoje, mas se a senhora não estava no salão, meu nome é Noriçá Nomini e eu vim do Brasil, prazer.A senhora parece ser uma adivinhadora de primeira! – falou Noriçá em tom de ironia.
Praticamente a sala toda abafou (mal) as risadas, e Sibila fechou a cara por um instante, mas logo depois voltou ao seu "estado etéreo".
- Chapada... – pensava Noriçá, de saco cheio de ficar ali na frente de todo mundo ouvindo as besteiras da tal professora – Bem que Rony me avisou que essa aula é a pior de todas, pior que Poções...
- Bem,querida, vamos começar do começo.Não é "adivinhadora", essa palavra não existe.Fala-se "vi-den-te". –ela repetiu bem devagar uma porção de vezes, como se Noriçá fosse um bebê aprendendo a soletrar.
- Espero que esteja preparada para a primeira aula, pois é nela que fazemos as principais previsões do ano.Agora, peguem suas xícaras com folhas de chá e seus livros de Esclarecendo o Futuro 5a série e sentem-se.Vamos ver como estão.
Logo todos os alunos estavam com suas folhas se divertindo, vendo dragões, o Chudley Cannons ganhando o campeonato e a vitória da Sonserina na Taça das Casas.Noriçá apenas olhava a xícara entediada, pois nunca tinha visto umas folhas tão chulé.Não tinha nem um gatinho.
- Com dificuldades, meu bem? – Sibila se aproximou e pegou a xícara de Noriçá.A sala parou pra olhar – Hum...hum...hum-hum... – a cara de Sibila não estava agradando nada Noriçá e piorava a cada olhada.
- DEUS DO CÉU! – exclamou a professora, largando a xícara no chão e espalhando seus cacos pela sala.Noriçá saltou para o lado, apavorada com aquele chilique da professora.Seus olhos estavam saltando das órbitas com as possibilidades que vinham à sua cabeça.Não conseguia se levantar do chão.
- E se essa chapada for mesmo vidente?E se ela conseguiu ver...não...não, pelo amor de deus, não tenha visto nada!
Sibila olhou pra ela cheia de pena, o que a fez mais assustada.
- Caramba, não diga o que não deve, por favor!
- Querida...eu não podia imaginar... –agora Sibila estava quase chorando.
- Droga, agora danou-se tudo! – Noriçá fechou os olhos, esperando a revelação.
- Que morte horrível! – Sibila tapou o rosto com as mãos, soluçando sem parar.Noriçá abriu os olhos, um tanto surpresa.A turma, que esperava ansiosa a resposta, soltou um uníssono "Bah!" ao ouvir aquilo.
- MORTE????? – Noriçá se levantou, irritada.Sibila soluçou mais uma vez e começou a explicar, aos prantos.
- Sim, querida!Morte!Aqui sua morte foi revelada...terrível...mas não posso omitir!Você...morrerá devorada por um basilisco, ainda esta ano!
A professora continuou chorando.A sala inteira ria descontrolada, e Pansy e suas amiguinhas começaram a imitar basiliscos, silvando e arregalando os olhos. Aparentemente Draco não prestava atenção, pois nem sequer levantara os olhos para Noriçá.Mas se estivesse vendo, reconheceria o olhar que já vira duas vezes e a voz rosnada e fria que John também conhecia.
- Isso... É UMA COMPLETA IDIOTICE! – a voz de Noriçá foi maior que as risadas e fez a sala inteira calar a boca.Nunca tinham visto ela perder a calma assim.E Sibila deu um passo pra trás, assustada.Foi difícil voltar ao estado etéreo, e mesmo assim seus olhos arregalados ainda a denunciavam.
- Querida...as minhas previsões...
- NÃO EXISTEM! – cortou Noriçá, furiosa – Pra começar, basiliscos não matam gente comendo, MATAM COM O OLHAR!Mas acho que a senhora não sabe disso...e dá pra ver qualquer porcaria nessas folhas de chá!A SENHORA INVENTA TUDO!
Os alunos estavam gostando daquilo.Quando Noriçá acabou de falar a síntese do que a escola inteira pensava sobre Sibila, vaias e assobios tomaram conta da sala.Mas a professora pareceu possuída ao ouvir a última frase, e desceu de vez do plano astral, e do salto alto também.
- Escute aqui, novata!Se pretender ficar aqui, tem que seguir as regras! BLASFEMAR A PROFESSORA NÃO É ALGO QUE FICA IMPUNE!
- A SENHORA BLASFEMOU PRIMEIRO COM ESSA HISTÓRIA DE BASILISCO!
- Teria sido melhor se eu falasse tigre ou leão, acho... daí a senhorita poderia conversar com ele e se safar, não é? – sibilou a professora, cínica.Foi a gota dágua.Noriçá estreitou os olhos mais ainda, mas respirou fundo, deu um sorriso enigmático e virou as costas para Sibila.
- A senhora é uma péssima vidente...isso eu posso garantir... – e saiu da sala.Todos os alunos vaiaram Sibila.
- CALEM-SE!100 PONTOS A MENOS PARA A SONSERINA, PELO COMPORTAMENTO NOJENTO DE TODOS!E VOLTEM ÀS FOLHAS DE CHÁ OU EU VOU TIRAR MAIS 200 PONTOS!Eu sei que vocês não têm 300 pontos, John! – e voltou para a fumaça, com a certeza de que os alunos não moveriam um dedo.E acertou.
Noriçá saiu do castelo, ainda confusa.Não queria ter causado confusão com uma professora logo no primeiro dia, mas foi inevitável.Quando se deu conta, já estava gritando na sala e chamando Sibila de incompetente.
- Mas que ela é, é. – murmurava consigo mesma – Por um instante pensei que ia me ferrar e ela vem com uma besteira de basilisco.Mas foi melhor assim.Se ela visse...
- Não, não estou assustado. Realmente você é especial, mais até do que sabe ou imagina.A sua maneira de lidar com isso é admirável, sabe?
- Ele viu... – as palavras do Chapéu Seletor ecoavam em sua cabeça. Finalmente conseguiu rir, pensando na hipótese de o Chapéu dar aulas de Adivinhação.Ele era melhor nisso que Sibila.
- Mas o que faz aqui no horário de aula, senhorita? – a voz de Hagrid às suas costas a trouxe de volta ao presente, e a fez praticamente saltar para trás.
- Professor Hagrid...eu... – ela ficou vermelha na mesma hora em que viu Hagrid, tentando pensar em uma boa desculpa para estar fora da aula – É que o cheiro de incenso da sala da sra. Trelawney me fez mal e eu vim respirar ar puro! – e deu o sorriso mais inocente que conseguiu.Mas a risada de Hagrid o desfez rapidinho.
- Eu poderia até acreditar, se não conhecesse bem Sibila.Você não parece ser o tipo que leva desaforo pra casa. – e cruzou os braços, esperando uma resposta.Noriçá respirou fundo e resolveu falar, afinal Hagrid era um grande cara em todos os sentidos, segundo Rony.
- Ela me fez passar a maior vergonha na frente da classe toda, previu uma terrível morte pra mim ainda este ano, eu me irritei, chamei ela de incompetente, ela se irritou e eu saí da sala antes que ela me mordesse. – ela tentou contar tudo de uma maneira imparcial, mas não conseguiu evitar o "mordesse", o que fez Hagrid rir mais alto.
- Não sei se Sibila morde, mas com certeza deixa muita gente espumando como crupe raivoso.Você não é a primeira a largar a matéria, e posso garantir que não será a última.Mas cuidado para não ser vista perambulando, principalmente pela profa. McGonagall ou pelo prof. Snape.
- Obrigada, professor. – finalmente Noriçá conseguiu acalmar-se totalmente. Hagrid era mesmo um cara muito legal.
- Não me chame de professor, tá?Pode dizer só Hagrid.Eu não seria professor se não fosse por Dumbledore.Grande homem, Dumbledore. – Noriçá confirmou com a cabeça, mesmo que tivesse suas dúvidas.
Foi Dumbledore quem mandou a carta para sua casa, dando a notícia da bolsa de estudos e as passagens e requisitando a transferência.Mas ela sabia que seus pais receberam uma outra carta de Dumbledore, que os deixou muito inquietos.Antes que pudesse descobrir do que se tratava, o pergaminho foi queimado.Duas semanas depois, lá estava ela se despedindo dos amigos, bruxos e trouxas, dos professores, dos parentes e da sua gatinha Izuna.Só ela sabe todos os nomes que xingara aquele tal Dumbledore que a arrancara da sua vida no Brasil, inclusive quando chegara no castelo, e agora ela via que o diretor era a pessoa mais respeitada do país, mais que o próprio Ministro da Magia local.Tudo isso lhe dava dor de cabeça.
- Noriçá! – era a segunda vez que Hagrid a tirava de um transe – Tudo bem?
- Sim, claro.É que eu estava pensando no que fazer durante as aulas de Adivinhação, pra não ficar perambulando. – disse ela rapidamente, tentando ser natural.Os olhos de Hagrid brilharam, denunciando que tinha uma idéia.
- Acho que tenho uma opção.Que tal se você me ajudasse a cuidar dos Kneazle nesse horário?Você gosta deles, não é?
- Fala sério? – agora os olhos dela é que brilhavam – Puxa, mas é ótimo!Eu adoro as criaturas mágicas!He, e as comuns também!
- Eu estou indo agora mesmo alimentá-los.Acho que pode me ajudar muito nisso, não? – Hagrid piscou.Noriçá riu e foi com ele até os Kneazles, muito feliz. Finalmente algo para esquecer as preocupações.
E preocupação era algo que Gina tinha.Sua promessa estava começando a incomodá-la.Prometera que falaria com Harry na primeira oportunidade que aparecesse, mas cadê coragem?As grifinórias e corvinais estavam sempre cercando ele, apenas por se tratar do grande "Harry Potter", e ela que gostara dele desde que o viu a primeira vez, sem nem saber seu nome, travava quando tentava dizer.
- As pessoas são mesmo confusas quando o assunto é sentimento – pensava ela, sem dar a mínima para a aranha dançante em cima da mesa de Moody.
"Até onde seremos capazes de transmitir nossos sentimentos através de palavras"
Frases que na vida nunca serão colocadas na boca
Frases que não podem ser ditas
A frase "eu te amo" é muito complicada de se dizer, e se não for utilizada no momento certo passa a ser uma frase que não pode ser dita"*
- "A maior poetisa de toda a Grifinória..." Estou mais para a maior covarde de toda a Grifinória, isso sim... – agora a segunda aranha se contorcia na mesa, mas Gina não olhava – Se isso fosse uma poesia, pelo menos... – e amassou o pergaminho, irritada.
- Srta. Weasley? – Moody a fitava com seu olho mágico.
- Sim, professor? – disse ela, voltando à sala de aula.
- Pode me dizer qual a terceira Maldição Imperdoável?
- Avada Kedavra, a maldição da morte. – respondeu ela sem nenhuma expressão na voz ou no rosto, ao contrário dos outros alunos, de olhos arregalados e suando frio por ter de tratar desse assunto.Mas maldições imperdoáveis são fichinha perto do que tinha acontecido no seu 1o ano, e do que tinha acontecido com Harry em todos os anos...
- Correto, srta. Weasley. – Moody sorriu, ainda olhando para Gina como se soubesse o que ela pensava – Parece que é bem informada, mas mesmo assim peço que preste atenção na aula.
- Sim, professor.Talvez eu precise me ocupar, mesmo. – e passou o resto da aula olhando fixamente para frente, como um zumbi, até que o sinal tocou.
Quando ela saiu da sala ainda parecia concentrada em não pensar em nada, até que uma voz às suas costas a chamou de volta.
- Gina!
- Ha...Harry? – ela gaguejou – Eu estava quase conseguindo pensar em outra coisa...isso sempre acontece...
- Eu estava... – ele parecia mais atrapalhado que o normal – estava esperando você sair...
- Quer falar...comigo? - Gina sentiu corar.
- Eu só queria dizer...bem, perguntar...como foi a aula, sabe, se foi mesmo sobre maldições imperdoáveis... – realmente, ele estava MUITO mais atrapalhado que o normal.Gina franziu a testa, não estava entendendo mais nada.Harry nunca foi preocupado com os efeitos que as aulas podem causar nos outros.
- É, foi. – respondeu ela, sem deixar que Harry percebesse seus pensamentos – Foi...legal.É, eu já sabia a matéria.
- Sabia??? – a surpresa de Harry foi frustrante para Gina.
- Às vezes acho que você esquece que sou irmã do Rony! - desabafou ela, virando para o lado para que Harry não percebesse seus olhos marejados.E ele não viu, assim como ela não o viu ficar vermelho-sangue de repente.
- Desculpa... – disse ele suplicante – Eu só estava preocupado...
As lágrimas sumiram dos olhos de Gina, tamanho o susto.Ela quase deixou os livros caírem.
- Preocupado...comigo?! – disse ela, com muito esforço.
- Com...quem mais? – respondeu ele, com mais esforço ainda.
Os dois ficaram em silêncio, sem ter idéia do que dizer, olhando pro chão. Depois de um tempo, Gina abriu a boca, mas não teve tempo de dizer nada.
- Harry, onde você tava?Gina!Vocês não vêm jantar não? – Rony apareceu às costas de Harry, numa atitude "Percyana".Gina baixou os olhos na hora.
- Vamos sim, Rony...vamos agora...vamos, Gina? – disse Harry sem olhar pra ela nem pra Rony.Ela fez que sim com a cabeça, sem levantar os olhos.
- Então vamos antes que a comida esfrie! – emendou Rony, se fazendo de besta e andando no meio dos outros dois.
Na porta do refeitório, encontraram Mione e Noriçá juntas.O salão já estava cheio quando eles entraram, e ninguém mais achava novidade Noriçá andar com eles. Apenas Pansy insistia em olhar pra ela de um modo que parecia mais um tiro de canhão.Assim que ela apareceu no salão, Draco virou-se para o outro lado, e não viu que ela o fitava disfarçadamente.
- Então vocês são duas desertoras dos "mistérios obscuros do futuro" ou sei lá o quê? - divertia-se Rony ao falar com Mione.Eles estavam se tratando normalmente de novo, sem aquele clima de mistério da hora do almoço.Mas alguma coisa ainda parecia estar faltando.Talvez os xingamentos habituais entre os dois...
- Bem, acho que nós duas sabemos que Adivinhação é uma coisa idiota e sem sentido que só serve para perder tempo. – respondeu Mione – Não é, Noriçá?
- Ah, é sim. – ela desviou os olhos da mesa da Sonserina – Aquela professora é uma chapada, não fala coisa com coisa.Pra minha sorte...
- Hagrid parece gostar de você, pra te convidar pra ajuda-lo. – disse Harry – Quem sabe você o convence a sempre dar aulas sobre animais como os Kneazles, que sejam...domesticáveis.
- Eu estava pensando em sugerir Manticoras, o que vocês acham?Rony, o que houve?Você está pálido!
- Só não o deixe trazer Acromântulas...por favor! – disse ele com os olhos arregalados, enquanto rezava para ela não querer ser professora no futuro.Bastava Você-Sabe-Quem para assustar seus filhos!
- Tudo bem, digo isso pra ele.Com sorte teremos Quimeras já no segundo semestre, sabiam? – respondeu ela com os olhos brilhando.Todos se entreolharam com um sorriso amarelo.Mione resolveu mudar de assunto.
- Noriçá, a gente estava pensando em ver o Hagrid depois do jantar, parece que no fim de semana ele vai fazer uma viagem – Rony sussurrou algo que lembrava "quimera" – Quer ir também?
- Ah, eu adoraria!Muito obrigada, eu vou sim! – e se dirigiu à mesa da Sonserina – A gente se fala depois do jantar!
Harry e os outros acenaram e foram se sentar também.Rony continuava pensando nas Manticoras e Quimeras, e quase esqueceu de sentar entre Harry e Gina.Quase.Mione revirou os olhos, mas não disse nada.
Jantaram rapidamente para poderem ir visitar Hagrid.A noite estava boa, nem calor nem frio, e o luar iluminava o caminho até a casinha em formato de bolo.Já podiam ouvir os ganidos preguiçosos de Canino ao longe.
- Então Noriçá, já está se acostumando com a escola? – perguntou Harry para puxar conversa.
- Ah sim, é um ótimo colégio.Tão bom quanto o meu antigo. – ela disse em tom de grande elogio – mas as aulas com animais mágicos eram muito mais chatas do que aqui!
- Parece ser uma escola segura. – concluiu Rony.
- Você deve ter saudades de lá. – disse Mione sem pensar muito.
- Sim, muita. – Noriçá não passou nenhum sentimento na voz, mas seus olhos pareceram percorrer milhas.
- Então por que não volta pra lá? – uma voz fria e cortante atrás deles se intrometeu.Noriçá já sabia do que se tratava e na mesma hora virou-se e encarou Draco, como num reflexo.
- Deu pra me seguir agora? – Harry percebeu que o jeito dela mudou totalmente – Qual é o seu problema?
Draco a encarava também, com um brilho estranho nos olhos e sorrindo ironicamente.Noriçá estava mais pra uma pedra de gelo.
- Sabia que é proibido circular pelo castelo à noite? – começou ele.
- Ainda é cedo, e parece que você está circulando também. – ela respondeu sem mudar de expressão.
- Pensa que já é a dona do colégio, não é? – a voz dele começou a se alterar – Pensa que pode mais que os outros só por causa de uma idiotice como falar com uns gatos pulguentos e ganhar ums pontos insignificantes na aula daquele selvagem. Mas e daí, perdeu tudo uma aula depois!
- Você é o único que está me culpando! – ela disse com desdém.
- Isso é o mais incrível! – ele estava quase gritando e começava a enrubescer – Se fosse eu, já estava sendo devorado vivo!Você...
- AH, entendi!É pura inveja! – ela sorriu e cruzou os braços, parecendo satisfeita.Draco estreitou os olhos furiosamente.
- Eu jamais teria inveja de alguém como você...sua...estrangeira...
Foi a vez de Noriçá estreitar os olhos.Harry e os outros apenas observavam, esperando a hora de "atacar".Rony queria partir pra ignorância na mesma hora, mas Mione o parou.Noriçá não parecia querer ajuda.
- Se vai me ameaçar, vá direto ao assunto... – rosnou ela.Draco sorriu mais.
- É o seu fraco?Não suporta que falem mal do seu paisinho?Que coisa patética...combina mesmo com você...
- Se vai demorar, é melhor que eu fale primeiro...não vai querer mexer comigo, e eu falo sério, vai se arrepender muito se fizer isso... – a luz da lua refletia dentro dos olhos dela, mostrando que não era uma simples ameaça.Mas Draco parecia estar pouco ligando.
- Você é que vai se arrepender se mexer comigo.Eu sou um Malfoy! – ele deu um passo e gritou a última frase na cara dela, e quase ao mesmo tempo ela reagiu.
- Eu não tenho medo de você ou do teu pai Malfoy de m****! – ela gritou ainda mais alto, com os olhos quase saltando das órbitas.Parecia que todos os vasos sanguíneos do rosto de Draco estouraram quando ele ouviu isso.
- Cala a boca, sua sangue-ruim de terceiro mundo deportada! – ele quase levantou a mão para ela, mas Rony e Harry passaram a frente e o derrubaram.
Noriçá desligou-se do mundo repentinamente.Não sentia a mão de Gina no seu ombro, não ouvia os gritos de Mione, nem percebia os três garotos brigando à sua frente.Só sentiu uma imensa vontade de vomitar.
- ISSO NÃO VAI...FICAR ASSIM! – foi a única coisa que ela conseguiu dizer antes de sair correndo.Harry se esqueceu da briga imediatamente.
- Noriçá!Por aí fica a Floresta Proibida!É PERIGOSO! – mas ela já tinha sumido de vista.Rony ficou mais nervoso ainda.
- Droga, VIU O QUE VOCÊ FEZ?! – ele queria começar a briga de novo, mas Gina o puxou, pra sorte de Draco.
- Rony, primeiro a Noriçá! – ela disse, não menos furiosa.
- Vamos falar com Hagrid – disse Mione tentando acalmar todo mundo – Ele pode acha-la, ela não deve estar longe, - olhou fuzilante para Draco – e nem ferida...
- Acho que ela já foi ferida o bastante! – gritou Harry, antes de sumir com os outros para a casa de Hagrid.Draco ficou ali sentado, sujo de terra, meio tonto.
~*~
