Capítulo 9: Tensão em Hogsmeade
Não dá para dizer que depois da pequena reunião na Floresta Proibida tudo ficou bem.Nem poderia, pois passar a noite fora do castelo, fora matar as aulas de um dia todo, não seria algo que pudesse ser ignorado ou mesmo "perdoado".E isso gerou uma certa polêmica entre os professores durante a decisão sobre o castigo a ser imposto sobre os cinco, quer dizer, seis.
- Mary?O que você tá fazendo aqui? – Noriçá exclamou surpresa quando viu a amiga entrar na ante-sala que dava para o escritório de Dumbledore, onde todos aguardavam o anúncio de seus castigos.
- Bem, digamos que eu tive a minha vez de ser a garota violenta da Sonserina – e deu uma espiada com ar superior para Malfoy, mais especificamente para o nariz dele. Rony abafou a vontade de rir ao lembrar da cena, quando parecia que o garoto seria linchado ali mesmo no refeitório.
Ela sentou-se ao lado de Noriçá com uma expressão interrogativa: "porque esse boçal ainda está vivo e você está sentada ao lado dele?" que a outra achou até engraçada.
- A gente já resolveu tudo, pelo menos entre a gente...
- Mas ainda não acabou – disse Rony – Só de ver a bela cara do Snape quando entrou na sala do diretor, eu digo que está apenas começando.
- Contanto que a gente não tenha de voltar LÁ... – desabafou Mione, zangada com si mesma diante dessa nova fraqueza.Não queria parecer uma menininha medrosa, mas o que fazer se seus joelhos gelavam só de pensar na Floresta Proibida, escura e perigosa?Era melhor ficar quieta.
Já Harry estava a milhas distante daquela sala e do castigo que os aguardava.Às vezes pensava se não teria vocação para investigador, uma vez que parecia ser o único a notar certos detalhes nas coisas que aconteciam em volta.Por exemplo, a história de serem atacados por um nundu, uma criatura que só existe na África, ali do lado do colégio não era muito mal contada?Justamente a cidade de Noriçá ser atacada pelos Comensais da Morte e ela ser diretamente atingida, aliado ao fato que ela costumava comentar às vezes (ainda que sem perceber) de que ainda nem entendia como e porque tinha ganhado a bolsa em Hogwarts, depois ela e Malfoy ficam amigos(o mais estranho e misterioso acontecimento de todos) e agora a descoberta dessa estranha maldição que ela traz, tudo isso parecia uma coisa só para Harry, mas ele não conseguia juntar tudo num bolo só, embora sentisse que logo seria tudo esclarecido...
- HARRY!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Ah!Precisam gritar desse jeito?
- Pior que precisa, você parecia estar em transe!Nem ouviu quando chamaram a gente, aposto.
- Cuidado para não fundir os miolos, Harry...
- Parem com isso... – e entrou apressado atrás deles na sala do diretor, esquecendo um pouco a linha de raciocínio que seguia.
Noriçá ficou maravilhada com o lugar que entrava, nunca pensou que houvesse um lugar tão peculiar como aquele, tão bagunçado e organizado ao mesmo tempo que lhe deu até tonturas.Era a última coisa que esperaria de um escritório de diretoria, mesmo no mundo bruxo.Teve um pensamento engraçado: parecia o seu próprio quarto, daqueles que você arruma num dia e no outro tudo já voltou ao que era antes, porque no fundo fica tudo muito mais fácil quando está desarrumado.
- Não repare a decoração de adolescente, srta. Nomini – disse Dumbledore, como que lendo os pensamentos da aluna – Por favor, sentem-se todos.
Draco também achou aquele lugar muito simpático, pelo que seu pai tinha contado ele imaginava a sala do diretor como uma coisa realmente estapafúrdia, mas até que era legal, apesar de ser meio feliz.É, realmente deveria ser horrível para Lúcio.Dumbledore estava sentado na sua costumeira cadeira de centro, com Snape e Moody do lado direito e Minerva do lado esquerdo, os diretores das casas muito sérios e Moody com aquela expressão de que tudo aquilo era muito engraçado.
- Bem, senhores, temos aqui três grifinórios e três sonserinos que cometeram infrações bem graves e cumulativas.Internamente, decidimos que cada casa perderá 50 pontos por cabeça, o que dá 150 pontos para cada uma no total.Certo?
Com os olhos arregalados só de imaginar o que os esperava "entre quatro paredes na presença do resto dos alunos das casas", todos fizeram um sofrido sim com a cabeça.
- Muito bem – continuou o diretor – agora estamos aqui para decidir a punição individual de vocês, como é regra.Eu e Moody conversamos bastante e temos uma sugestão em conjunto.Os senhores diretores têm algo em mente antes de nós nos pronunciarmos?
- Eu sim – Snape tomou a palavra – Proponho que limpem os banheiros do colégio durante seis meses, incluindo os antigos, – pela maneira que olhou Harry, ele estava dizendo na verdade Murta que Geme – menos os utilizados pelos monitores.Sem mais.
Draco lançou um olhar de "imenso desapontamento" para o professor favorito, mas este nem fez questão de olhar de volta, apenas sentou-se friamente como uma estátua de mármore.Rony e Harry disfarçavam o "imenso ódio" se fixando em um ponto na parede muito interessante.As garotas trocaram olhares de nojo entre si.
- Sra. Minerva? – Dumbledore olhou para a professora ternamente.
- Proponho que passem o fim-de-semana de Hogsmeade, que é este próximo, na biblioteca fazendo relatórios sobre as experiências que a professora Sprout está preparando para as próximas aulas.
Não houve surpresa para ninguém, todos sabiam que Minerva ia querer cortar Hogsmeade no castigo dela.Hermione já estava tranqüila, preferia limpar privadas à pisar em dejetos de animais selvagens na floresta.
- Ambas sugestões muito interessantes – o diretor lançou olhares misteriosos aos professores – Mas acho humildemente que a sugestão de Moody e a minha são mais...produtivas...não que os banheiros não precisem de um trato...Bem, nós concluímos que esse grupinho parece ser bem corajoso e esperto... - todos tiveram a impressão de que a coisa ia piorar – então, como as "coisas" voltaram a acontecer, nunca é demais prevenir, estou certo?Eu odiaria ter que cancelar Hogsmeade por causa de eventos externos, mas acho que temos a solução.Tivemos a prova de que esses alunos, do 5° ano, conhecedores de magia básica, responsáveis, não se deixam intimidar por qualquer coisa.Por isso nós propomos que eles façam parte do grupo de monitores da visita a Hogsmeade, uma questão de organização para uma eventualidade.
Por essa ninguém presente esperava.Os cinco se entreolharam, surpresos com o castigo e com a cara satisfeitíssima do diretor.
- Eu pensei nessa possibilidade no inicio do ano letivo, mas havia o risco de ninguém se voluntariar.Pelo menos teremos um grupo garantido.
- Eu concordo – disse Minerva, satisfeita.
- Eu também... – rosnou Snape, desapontado.
- Então estamos conversados!Podem ir crianças, e não se esqueçam de levantar cedo no sábado, para receberem as instruções! – Dumbledore estava tão feliz que dava raiva, só quando eles se afastaram do escritório é que conseguiram ter uma reação.
- Ser...monitor...durante o passeio... – disse Rony – Porque não lançar uma Avada Kedavra de uma vez??????????????
- Oh Rony, você é mesmo um bobo! – ralhou Mione – Tivemos sorte!
- Sorte você, que adora mandar nos outros!Pobres alunos...
- Como?
Novamente uma sessão de quebra-quebra entre Rony e Mione, nenhum deles já levava a sério.Harry e Draco se encararam pela primeira vez desde que entraram no castelo.
- Parece que vamos trabalhar juntos, Malfoy.
- Parece que vai ser o pior fim-de-semana em Hogsmeade da minha vida...
- Parece que eu não vou estrear muito bem em Hogsmeade – Noriçá passou por eles, parecendo aborrecida.Draco largou Harry falando sozinho e foi com ela, que ainda se virou e deu um tchau aos outros, assim como Mary.O trio grifinório se dirigiu para a aula de Transfiguração que teriam logo mais.
- Já repararam como Malfoy toma cuidado para não aborrecer Noriçá? – Harry falou como quem não quer nada.
- Hunf!Pra mim ele vai aprontar alguma.Não me passa pela garganta ela ter perdoado ele, estou em modo de batalha para ele ainda, que ele abra bem os olhos -disse Mione, decidida.
- Pois pra mim ele tá agindo como um perfeito trouxa.Ou seja, tá caidinho por ela e ainda nem percebeu, pois é um crianção que não sabe das coisas da vida... – vangloriou-se Rony, deixando Mione roxa de ódio.
- É, acho que a Vinci te ensinou muita coisa né Rony?Ela deve saber muita coisa, basta ver o jeito que ela anda por aí se oferecendo.
- Ah, se continuar falando assim vou achar que você é uma recalcada invejosa, Mione – o outro ironizou, esperando a resposta, que veio rápido e foi logo respondida, e quando eles iam começar de novo...
- POXA! – exclamou Harry, de repente – Já é a terceira vez nessa manhã, não quero nem ver quando vocês estiverem casados, vai ser um terror! – e apressou o passo, se pondo à frente deles.
- COMO DISSE, HARRY?????? – os dois o seguiram, rubros e gritando argumentos do tipo "isso é uma besteira" corredor afora.
O dia passou como um relâmpago e a noite chegou.Já no dormitório feminino da Sonserina, Noriçá e Mary ainda estavam acordadas, ou melhor, Mary mantinha a amiga acordada com o relato da espetacular briga de um soco só que acontecera na ausência dela.
- E o inútil nem se deu ao trabalho de revidar, sabe?Ficou que nem um joão bobo ali no chão, praticamente esperando que eu batesse nele de novo.E se eu fosse esperta bem que tinha aproveitado!
- Ele estava abalado assim mesmo, é... – Noriçá pensava alto, um tanto afetada pelo cansaço e pelo sono, esticada na cama, pronta a desabar em um segundo, mas sorrindo feito boba.Mary percebeu esse quadro e deu um sorrisinho de quem sabe das coisas.
- Se não tomar cuidado vai acabar me confessando de quem você gosta...
- O que está dizendo, Mary?Eu não gosto de ninguém!
- Você falou de um modo tão convincente...sinceramente não entendo o que você viu nele, tá, tem um belo par de olhos sim, é rico pra caramba sim, tem uma certa classe, mas na verdade é um tremendo banana e você sabe bem disso, como sabe também com o que a família dele anda.Pode acabar se metendo numa encrenca.
- Minha vida É uma encrenca, Mary, e se me dá licença boa noite! – e afundou a cabeça no travesseiro antes que fosse forçada a continuar a conversa,e como Mary mesma disse, discutir naquele estado a faria dizer coisas que não queria, e que não podia.
- Boa noite sra. Malfoy.... – sussurrou Mary para si mesma – Quem sabe não teremos uma agradável cena neste fim de semana?...ora, quem foi capaz de fazer o Draquinho se embrenhar na Floresta Proibida o dia inteiro é capaz de muito mais coisas, penso eu!Boa sorte, garota!
Algumas horas depois, quando amanhecia e todos levantavam, animados com a aproximação do fim de semana em Hogsmeade, era possível para qualquer um perceber que algo de muito mais animado havia se passado durante a noite, só pelas caras dos seis escolhidos.Na mesa da grifinória, Rony dava detalhes aos irmãos sobre o acontecido, Hermione se enchia de café para permanecer lúcida e Harry parecia sem a mínima vontade de fazer nada.
- Oi, Harry... – Gina se aproximou timidamente, sentando-se ao lado do garoto.
- Gina! – Harry sentiu-se mais animado ao ver Gina ao seu lado, mas nem se deu conta - Como está?
- Era eu quem devia fazer essa pergunta...não foi uma noite fácil...
- Bem, pelo menos foi a primeira do ano.Mas eu estou bem agora.
Passou um instante de silêncio enquanto Harry mastigava o pão com geléia e Gina pensava no que dizer.Ele parecia desconhecer completamente a aflição da menina, mas na cabeça dela, ele reparava em tudo o que ela considerava fazer errado.Isso dificultava bastante a superação da sua timidez.
- Eu...me inscrevi.
- Como é, Gina?
- Me inscrevi...pra ser monitora em Hogsmeade...
Harry se surpreendeu com a novidade, mas sorriu carinhosamente para ela, que ruborizou imediatamente, baixando os olhos.
- Você quer ajudar a gente, não é?
- É...não acho que outras pessoas irão se inscrever....não acho justo que vocês fiquem com todo o trabalho...e podemos ter um tempo sozinhos, como eu preciso...
- Muito obrigado mesmo, Gina.Você é mesmo uma grande garota.E pode ser a chance que eu preciso para termos nosso tempo sozinhos...
- Então...a gente se vê, né, Harry, eu preciso ir agora...
- Eu também tenho que ir pra aula agora....bem, então tá, a gente se vê...
Os dois se levantaram ao mesmo tempo, mal conseguiam se olhar nos olhos, um com medo de que o outro pudesse ler algum sentimento, alguma intenção, se ficassem cara a cara.Assim, ansiosos com a expectativa em comum, cada um seguiu seu caminho.
Harry pela escada da aula de Adivinhações....
- Eu sei que tem muita coisa acontecendo, mas não posso mais enrolar, nesse fim de semana eu digo a ela o que sinto, não importa o que aconteça, e assim me livro desse incômodo no peito...acho.
E Gina para o lago, onde teriam aula de Trato das Criaturas Mágicas....
- Dessa vez não escapo!Mesmo que me decepcione, vou ter que dizer enquanto posso me controlar, ou vou acabar fazendo mais besteira ainda!Tudo vai melhorar se eu me abrir com ele...espero.
Na porta da sala, Harry se deparou com Rony e os gêmeos discutindo algo que parecia bem sério.Mas ao se aproximar mais viu que não se tratava de nada tão importante, ao menos para o padrão de Harry.
- Fred...Jorge...o que custa, hein? – Rony quase implorava para os irmãos se inscreverem também no monitoramento, mas eles pareciam irredutíveis e insensíveis aos apelos, como bons irmãos mais velhos.
- O que custa?Roniquinho, isso nem pagando! – esbravejou Fred.
- É, nem chamou a gente pra ir fazer a busca lá na Floresta e só agora lembra dos irmãos, né? – disse Jorge com ar de "muitíssimo ofendido".
- E depois, você não vai estar sozinho, tem seus melhores amigos para sofrerem ao seu lado! – concluiu Fred com um lindo sorriso.
- É, por que a gente tem que participar? – perguntou Jorge em tom de desafio.
- Bem, muitos daqueles alunos têm expressões parecidas com as de vocês no terceiro ano.Achei que pudessem ajudar a evitar problemas, afinal são tão entendidos nisso...vai ser o inferno se eles resolverem aprontar com a gente!
- E porque acha que não vamos nos envolver nisso? – Jorge disse com um ar sombrio.
- Monitores são amaldiçoados...as principais e favoritas vítimas... – completou Fred do mesmo jeito.
- Vocês sabem que a Gina vem, não é? – Harry entrou na conversa, achando que Rony estava fazendo muito barulho por nada.
- Nós tentamos avisa-la!!!! – desesperou-se Fred.
- Mas ela insistiu nessa idéia absurda!!!!!!!!! – Jorge se abraçou ao irmão gêmeo, também choramingando.Rony revirou os olhos, irritado.
- Fazer o quê;já está feito. – concluíram os dois ao mesmo tempo, em tom normal.
- Acho que ela tem...motivos. – Rony deu uma cotovelada levemente forte em Harry, que ficou vermelhíssimo.Fred e Jorge cercaram ele, um de cada lado, e fizeram caras ameaçadoras.
- Muito bem, senhor Harry Potter...
- Nós respeitamos a decisão da nossa irmã...
- Espero que a respeite tanto quanto nós...
- Sabemos que ela não é mais um bebê...
- Por isso, estamos tomando cuidados...
- Para o caso de uma eventualidade...
- TRATE DE NÃO SAIR DA LINHA COM NOSSA IRMÃ CAÇULA! – os dois gritaram ao mesmo tempo no ouvido do pobre Harry, que imaginou que provas não teria que passar se quisesse ter algo com Gina.Jantares na casa dela, a cada prato um momento de tensão com as gemialidades Weasley...mas nisso ele pensava depois, pediria ajuda para Hermione, precisaria de (mais) proteção.
- Sabe, Harry, acho que vou aproveitar e convidar a Vinci para passear por Hogsmeade no nosso descanso...afinal, os monitores principais também estarão lá! – disse Rony, todo animadinho.Fred e Jorge ficaram assombrados.
- Mas...a Hermione... – os dois disseram, ao mesmo tempo.
- Águas passadas, águas passadas... – vangloriou-se Rony, entrando na sala.Harry entrou atrás dele, olhando para os gêmeos com uma expressão de "ele vai se meter em mais encrencas ainda com isso, podem ter certeza".
- Não, não precisam fazer isso, eu já disse! – mal-humorado, Draco picava toletes na aula de Herbologia e discutia com Crable e Goyle ,que já tinham perguntado milhões de vezes se teriam que se inscrever no monitoramento também.
- Mas a gente tem sempre que estar de olho em você..
- É, e você nunca reclamou...isso não é normal..
- Eu sei que meu pai disse pra vocês não desgrudarem de mim, mas dessa vez eu preciso de um tempo sozinho!Deu pra entender?
Como Draco ficara bem vermelho ao dizer isso, os dois guarda-costas deram um sorriso bobo ao mesmo tempo, imaginando coisas.
- Qual é o problema????????? – Draco rugiu, sacudindo a pequena faca.
- A gente entendeu sim...
- É por causa da aluna estrangeira...
- Que-que-que- teria a Noriçá a ver com isso???????
- É que você não disfarça muito bem...
- É só olhar pra ela que fica desse jeito...
- Parem de insinuar coisas, seus inúteis!Nem sabem do que estão falando...
- Sabemos sim...
- Vamos então te deixar sozinho em Hogsmeade...com ela, é claro...
- O segundo encontro de Draco com uma garota!
- Não tem nada...de encontro!Ela não iria aceitar sair comigo mesmo...
Anoitece, novamente o pântano escuro, novamente o vulto e a voz feminina conversando com o homem, à distância como sempre.
- A oportunidade chegou.Você já está pronta?
- Claro.E tenho um trunfo se algo der errado.Espero que você esteja tão bem preparado quanto eu.
- Não quero falhas.Lembre-se de quem se arrisca mais nesse plano sou eu, então...
- É mesmo um borra-botas, você.Só está nisso porque o Lord mandou, afinal a atitude do pivete te dá uma cobertura, ainda que involuntária.Como você deve odiá-lo por isso!
- Não use esse tom irônico comigo!Eu estou muito agradecido por essa chance que o Lord me concedeu... – o rapaz deu as costas para a mulher e foi embora, ainda podendo ouvir um comentário ácido da misteriosa figura.
- Não vá se empolgar demais em Hogsmeade, hein?Hehehehehehe...
O dia da viagem para Hogsmeade chegou tão rápido que parecia ter usado Pó de Flu.Ao chegarem na cidade, os inscritos no monitoramento imediatamente receberam as instruções.Formaram-se dois grupos de seis pessoas, o primeiro com Harry, Hermione, Rony, Draco, Noriçá (os forçados) e Leandra (para desespero de Hermione) e o outro com Gina (decepcionada), Neville, Mary (se dando muito bem), John, Morty e Clair (monitores-chefes da Sonserina, Grifinória e Lufa-lufa respectivamente).Todos usavam crachás de identificação violeta-forte, e os alunos já haviam sido instruídos a procurar qualquer um deles no caso de uma emergência, pois todos estariam patrulhando pela cidade afora.
- Bem, boa sorte crianças. – disse a profa. Minerva antes de solta-los – E lembrem-se, estão aqui para evitar, e não para arranjar confusão. – e passou um ligeiro porém penetrante olhar pelo "trio parada dura" da grifinória, no fundo simplesmente adorara a idéia de Alvo daquele tal monitoramento inventado na hora, julgava que daria um pouco de responsabilidade a eles.Mas ao mesmo tempo desconfiava que o diretor tinha outros motivos, tantos anos de convivência a ensinaram que Dumbledore nunca dá ponto sem nó.E aquele era um momento sugestivo a esse tipo de atitude.
- Bem – começou Leandra logo após a saída da professora – Nós nos dividimos em duplas, como o outro grupo.Eu e Ron...
- Pode deixar, eu fico com o Rony – falou Mione num impulso mecânico, ruborizando logo depois.Rony também se surpreendeu, não achou que a brincadeira do ciúme tivesse um efeito tão rápido.Leandra não discutiu, pelo contrário, pareceu aliviada (particularmente Rony não achou isso muito legal), dando de ombros e continuando.
- Como quiser...então você e o Rony, eu e o Potter, e Malfoy e Nomini.Tá bom assim, pra todo mundo?
Todos concordaram com a cabeça, meio desatentos.Aquilo não era a coisa mais legal para se fazer em Hogsmeade, mas eles realmente tinham mais preocupações do que a monitora da Corvinal supunha.
- OK, circulando então, meio-dia no Três Vassouras para o almoço – ela enlaçou o braço de Harry como se fosse a coisa mais natural do mundo, deixando-o muito constrangido.Hermione ainda teve tempo para um olhar de desprezo para a outra, antes de dar-lhe as costas.O que nenhum deles percebia era que havia um par de olhos rasgados espreitando cada movimento na sombra de um beco, e que desapareceu no mesmo instante que cada par seguiu seu caminho.
- Ah, eu não podia deixar a Noriçá sozinha nisso, né? – Mary falava enquanto ela e Neville andavam por perto da Casa dos Gritos.Devia ser por perto de onze horas, e o lugar estava meio vazio.Ele estava bastante envergonhado, pois havia decidido (assim os outros) se declarar a ela naquele fim-de-semana, preferencialmente naquele dia.Mas nesse ponto ele e Gina eram mesmo parecidos..
- Ah, entendo...você é uma amigona dela mesmo...
- E você, Neville? – subitamente ela parou e baixou os olhos, séria.
- Eu...o que? – ele já ficou com medo de ter falado algo errado.
- Por que você veio para esse monitoramento imbecil?Não pode ter feito isso apenas por fazer... – essa frase fez ele empalidecer.
- Eu...eu...
- É a Weasley, acertei? – ela disse com voz triste.Neville não esperava por isso.
- A Gina...?Por que acha...
- Acho que você queria aproveitar hoje para dizer que gosta dela antes que ela diga pro Potter...deve querer estar com ela agora... – dava para perceber as orelhas dela ficarem rubras.
- Mary...
- Eu não sei o que se passa na cabeça dela, mas ela é gente boa...você também.É o garoto mais gente boa que já conheci...e merece alguém legal como ela...mas eu só queria...
- Mary, escuta. – ele cortou, querendo acabar com isso naquele momento – Eu realmente estou aqui para dizer que gosto de alguém, mas...mas...
- Mas...o que..?Fala... – ela levantou os olhos para ele, pareciam bem maiores agora. Neville sentiu que não poderia fraquejar.
- Mas...não é pra Gina...é...pra...
Um ruído surdo, o mundo girou por alguns instantes e tudo escureceu.
Alheios ao que acontecera a meia hora atrás, Noriçá e Draco entravam no Três Vassouras para o almoço, como ficara combinado.O lugar ainda estava bem vazio, pois várias lojas da cidade ainda estavam abertas e ninguém sentiria fome enquanto houvesse diversão.Noriçá deu uma olhada ao redor e pareceu satisfeita.
- Parece que os outros ainda não vieram.Vamos arrumar uma mesa antes que o lugar encha.
Draco concordou com a cabeça e eles sentaram-se em uma mesa grande perto do balcão,de onde podiam ver a entrada.Noriçá olhou para o amigo de um jeito questionador.
- Por que está me olhando assim? – ele estranhou, meio sem graça.Ela sorriu e apoiou-se nos cotovelos, o encarando.Draco achou que ela ficava encantadora naquela posição, e quase deixou escapar um sorriso bobo.
- Você ficou tão calado a manhã toda, foi tão terrível assim ter que ficar nesse trabalho bobo?A gente acabou nem fazendo nada, por sorte nada aconteceu de anormal.
- Não é isso não.É que esse lugar tá mesmo diferente.Todo mundo parece meio depressivo, nos anos anteriores isso aqui era um fervo danado onde quer que a gente fosse, o Três Vassouras nunca estava vazio, por exemplo.
- Você queria o quê, com certeza esse ano todo mundo tá com medo de pôr até o nariz pra fora de casa.A Mione comentou comigo que nunca tantos alunos resolveram ficar em Hogwarts como nesse ano, os calouros nem estão se queixando de que não podem vir.Realmente eu não estranharia se uma centena de Comensais da Morte baixasse nesse instante aqui e começasse a botar pra quebrar.
Ela tentou disfarçar, mas mesmo assim o jeito que disse tudo aquilo era imensamente triste.Isso fez Draco se sentir horrível de novo, pois decidira animar Noriçá, mesmo que fosse impossível tirar todo o sofrimento que ela estava passando, e agora via que não estava fazendo diferença nenhuma.Mas claro que não deixaria ela pensar em solidão de novo.
- Mas...eles ainda não vieram, não é?
- Que quer dizer?
- Temos tempo para nos divertirmos, eu acho.Não faz mal que estejamos com isso – apontou o crachá violeta de ambos – Aqui ainda é Hogsmeade, o lugar bruxo mais legal de se estar!
- Não está exagerando?
- É, com certeza estou...você se importa?
- Hum...não...principalmente porque se estou com você eu me divirto de qualquer jeito, não importa como eu esteja...
Ela voltou a sorrir como costumava fazer no colégio, e Draco sentiu as pernas gelarem.Sabia que deveria dizer alguma coisa, mas seria o que ele estava pensando?
- O que ela quis dizer com isso?Não, não vai me dizer que... não, acho que ela não vai falar mais nada...então por que disse aquilo?E por que esse sorriso?????
Eles se encararam em silêncio, como se um tentasse ler os pensamentos do outro.E com certeza se conseguissem seria bem mais fácil.
- Vamos lá, Draco estou te dando chances...se gosta de mim vai aproveitar isso pra dizer não é?Ou estou sendo precipitada?Ficamos a manhã toda sozinhos e você não diz uma palavra...não deve gostar de mim mesmo...
Agora Noriçá também sentia as pernas geladas, e todo o resto.Isso era pior do que corar, era sinal de ansiedade profunda e que o momento seria decisivo, para o bem ou para o mal.E ambos sabia disso.
- Tudo bem, mesmo que eu esteja fazendo uma besteira...uma hora ela vai ter que ficar sabendo quer eu gosto dela mesmo, é melhor que seja durante esse momento de paz, não é?
O fato de serem amigos deixava tudo mais difícil e aumentava os medos dos dois, mas eles não pretendiam levar aquele impasse adiante por mais tempo.Uma decisão é uma decisão e não se deve voltar atrás na primeira dificuldade.
- Muito bem, Draco Malfoy, você pediu.Se vai ficar quieto, é melhor que eu fale logo, agora que você já sabe tudo sobre mim, que somos amigos, você tem que ficar sabendo que eu gosto de você.Depois, bem, depois é depois e a gente resolve.
- Noriçá, eu...
- Draco, eu...
- MAS QUE COISA, LARGA DO MEU PÉ!!!!!
- MAS EU NÃO FIZ NADA!!!!!
Eram Hermione e Rony que acabavam de entrar, um seguido do outro, no ainda pacífico bar.Num movimento automático, Noriçá e Draco afastaram-se um do outro, vermelhos e suando frio com o susto, ainda tentando disfarçar o que estavam fazendo. Mas mesmo que não tentassem, a outra dupla nem iria perceber, entretida demais com a própria briga.Só depois que Mione atravessou praticamente correndo o bar e chegou ao balcão da atônita madame Rosmerta é que percebeu que os dois estavam ali e a encaravam com uma expressão frustrada.Achando que era apenas por causa da gritaria, ela tentou consertar as coisas.
- Desculpa gente...acho que me excedi.Desculpe, srta. Rosmerta...
- É...desculpe a baixaria... – Rony olhava Mione de canto, sentando-se na mesa ao lado de Noriçá, e era obvio que não se arrependia nem um pouco da cena.Um bom observador notaria que ele estava magoado com alguma coisa, e Hermione tinha uma expressão de culpa bem evidente no rosto.Mas ali não haviam bons observadores, apenas adolescentes.
- Vocês dois...estão bem...agora? – Noriçá optou por fazer uma pergunta trivial ao invés de algo como "VOCÊS NÃO TÊM SENSO DE DIGNIDADE???", que era o que pensava. Os dois fizeram que sim com a cabeça, sem se olharem.Mesmo assim, Hermione sentou ao lado de Rony.Ao lado do Malfoy que ela não ia sentar, não é?
- Isso é que é exemplo de monitoramento... – comentou Draco com um sorriso cínico.Estranhamente, nenhum dos dois replicou.Noriçá suspirou aliviada, agora que tinham cortado a animação, ela não sabia se ia fazer mesmo a coisa certa.
- Droga, um balde de água fria não teria me tirado tanto a coragem...estou meio apreensiva ainda, por isso estou travando...sim, é isso...
- Pronto, valeu mesmo Weasley, acabou com todo o clima!Quero só ver quando é que eu vou conseguir juntar coragem pra tentar de novo! – Draco cruzou os braços mal-humorado, mas discretamente para que ninguém percebesse e fizesse alguma pergunta.
- Oi, gente. – ninguém tinha percebido a entrada de Harry no restaurante, e ele entendia os motivos.Apenas sentou-se, tendo o cuidado de olhar ao redor no recinto.
- Que foi, Harry?Parece que correu dez quilômetros! – perguntou Rony ao reparar a expressão cansada e um tanto preocupada do amigo, e também que Leandra não estava com ele.
- Ah... – Harry suspirou – Digamos que a Vinci anda meio...ou é meio...atirada...de qualquer forma tive que circular um bom tempo para despista-la...
- Hunf!Eu logo percebi que aquela garota não presta! – Hermione sorriu triunfante, perante a cara de ódio de Rony.Já estava arrependido de ter feito um acordo com a menina, mas agora era um pouco tarde para isso.Noriçá apoiou Mione concordando com a cabeça, e Harry revirou os olhos, aborrecido.
- O grande garanhão de Hogwarts, eu estou até vendo – zombou Draco, não perdendo a oportunidade – o que a Vinci vai espalhar pela escola toda na próxima semana.
- E você acha que vai estar livre dos boatos? – disse Rony com sarcasmo – Afinal houve o CUIDADO de separar todos os monitores em casais, e você chegou aqui bem antes com a Noriçá, então...
- Então podemos fazer os pedidos, já passa do meio-dia e eu estou faminta. – cortou uma embaraçada Noriçá, e Rony só não comentou mais nada porque Hermione sabia dar um chute formidável.
- Eu concordo, daqui a pouco temos que voltar ao trabalho – disse Harry pegando o cardápio, pensando em como seria bom ter achado Gina pela manhã assim o trabalho mais difícil teria terminado.Mas Leandra não largou do pé dele um segundo, o que ele poderia ter feito?
Madame Rosmerta se aproximou e eles resolveram pedir uma porção grande para todos porque ficaria mais em conta, e as porções do Três Vassouras eram as melhores de Hogsmeade.
- E o que vão beber? – perguntou a dona do bar.
- Cerveja amanteigada para mim – pediu Harry.
- Pra mim também. – concordou Rony.
- Eu vou querer um suco de abóbora. –disse Hermione.
- Uma groselha pra mim. – respondeu Noriçá.
- Eu vou querer...ARSÊNICO! – gritou Draco, pálido de repente, dando um tapa na própria cabeça.Os outros olharam para ele confusos, e antes que Rony dissesse que era uma sábia decisão, perceberam que ele olhava fixamente para a porta.
- Bom dia, senhor Lúcio Malfoy! – disse Rosmerta como uma boa atendente, ao ver quem estava parado na entrada.
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