Capítulo 16: As Meias de Dumbledore

         - Olha só que interessante...não acha, Snape?

         Moody, Snape e Bichento haviam aparatado próximo à Estação King Cross, e a cortina espessa de fumaça em frente a eles mostrava que estavam no lugar certo.

         - Você quer apostar quem fez isso, professor? – Moody cruzou os braços, tipicamente tranqüilo, ao contrário de Snape.

         - Não temos tempo para piadinhas. – passou à frente do auror – Vamos entrar logo.

         - Você só perdeu a última por distração.Era óbvio que Cornélio Fudge IA se intrometer e exigir seus quinze segundos de fama... – disse enquanto cortavam a parede de névoa.Bichento miou soturnamente e os seguiu, cauteloso.

         Enquanto isso, Noriçá fazia o possível no duelo, e estava se saindo bem para quem enfrenta um Comensal da Morte, mas ela se cansaria muito antes de Skeeter, que tinha como certa a vitória.

         - Se não fosse tão rápida, ela já estaria morta... – Hermione sussurrou, os olhos vidrados em cada movimento da batalha.

         - Isso não é nada bom.Noriçá tem uma boa noção de duelo, mas está enfrentando uma Comensal. – Lupin justificou a varinha nas mãos, pronto para um movimento rápido. Mesmo não sendo de bom tom, era melhor agir como um Sirius Black do que perder alguma das crianças.

         - Cansada, pirralha?Está ficando divertido, não gostaria que você tropeçasse agora! – Rita não parava de lançar feitiços, sem dar espaço para Noriçá fazer algo além de se esquivar com dificuldade.

         - Se eu pudesse desarmá-la...mas espere um pouco...ela não está lançando Avada Kevadra.Ela não quer me matar ainda.

         Uma idéia louca surgiu como única alternativa na cabeça de Noriçá, que não estava em condições de pensar muito.Quando o feitiço veio na direção dela, imediatamente reagiu.

         - Reflectus! – refletiu o feitiço, sendo atingida de raspão pelo raio seguinte.Mas não recebeu outro ataque, pois o feitiço refletor havia funcionado em Skeeter.Em um segundo, as duas caíram, surpreendendo os espectadores.

         - A maluca...ela sabia que ia ser atingida pelo próximo ataque! – Rony preocupou-se.

         - Mas era a única coisa que ela poderia fazer, apesar do risco. – Harry comentou, entendendo a estratégia.

         - Isso foi...corajoso... – Draco suspirou, ainda captando a informação.Mas algo ainda parecia estar errado no ar.

         - Então – Skeeter recuperou-se – Acha que com essa tolice conseguiu um empate?

         - Na verdade, não é bem assim – Lupin se pronunciou – Dê uma boa olhada, Skeeter.

         Para a decepção da Comensal, a sua varinha havia escapado da mão e caído a seu lado, enquanto que a de Noriçá ainda permanecia firme entre seus dedos, apesar de a dona parecer fora de ação.

         - Isso dá a vitória a Noriçá, já que as duas caíram... – concluiu Lupin, sério, apesar dos sorrisos de triunfo das crianças.Skeeter levantou-se rápido, com ódio nos olhos.

         - Por causa de uma atitude idiota como essa?Não me aborreça!!!

         Todos empunharam suas varinhas em sincronia perfeita diante da inconformada Rita, enquanto Draco foi até Noriçá, que ainda ofegava.

         - Você está bem? – amparou-a.

         - Vou ficar, sim. – sorriu, tentando passar confiança.

         - Infelizmente não, pirralha. – Skeeter não se abalou com as varinhas na sua direção, voltando ao semblante frio e cínico.Apenas recolheu sua varinha e lentamente a apontou para o céu.

         - IMPERUS!!! – lançou um raio para o alto ,que se fragmentou em muitos outros, como estrelas cadentes, indo para várias direções.Lupin estreitou os olhos.

         - Você é uma boa adestradora, não?

         - Foi você quem me obrigou a isso, Lobinho.

         Em alguns segundos, vários nundus apareceram cercando-os, ainda mais assustadores do que na Floresta Proibida, certamente pelo brilho frio e cruel dos olhos, muito diferente de uma fera normal.Era como se nada mais pudesse intimidá-los.

         - Sob a maldição Imperus...assim, eles não temem a presença do lobisomem!! – Hermione entendeu, assombrada.

         - Então foi o professor quem espantou eles daquela vez... – Rony prendeu a respiração, vendo que Lupin não poderia fazer o mesmo outra vez.

         - Meus queridos, eles são todos seus.Não deixem nem os ossos sobrarem! – foi o que Rita disse antes de desaparecer na névoa de um salto, deixando todos cercados pelos animais.

         - Acho que só há uma coisa a fazer... – Harry encarou os nundus um a um, a varinha em riste.Eles se aproximavam, preparando o bote fatal.

         - Não se preocupe Mione, eu te protejo!!! – Rony pôs-se em posição, à frente dela.

         - E quem protege você...?

         - Tudo vai acabar bem... – Lupin parecia estar aguçando os seus instintos, mesmo limitado pela forma humana.Confiava tanto na sua varinha quanto nas suas garras.

         - Draco... – Noriçá tentou levantar-se.

         - Não se preocupe Noriçá, eu vou lutar!!! – ela sorriu ao ver que ele finalmente conseguia passar alguma confiança, mas mesmo assim se levantou.

         - No três...

         - Noriçá, você não está pensando...

         O rosnado ameaçador chegou a um nível ensurdecedor, terminando em um uivo conjunto e feroz que anunciava o ataque.Ao mesmo tempo, a onça surgiu novamente para tentar contê-los, em apoio aos outros.Apesar do esforço conjunto, eles eram muitos e não parariam por nada, sem se importar com dor ou medo, devido à maldição Imperus. Se não fosse pelo poder de fogo de Lupin, que se revelava notável, nenhum deles teria durado mais do que dois minutos.Ainda assim, o professor sustentava a situação com dificuldade.

         - Precisamos de um reforço aqui!!!Aonde eles estão?

         -E no fim das contas, obviamente eu venci! – Rita saía sozinha e tranqüila da barreira de fumaça, confiante no que chamava de sua "medida de emergência" – Aqueles dois inúteis acabaram cedendo, mas felizmente eu estava aqui.Alguém tem que trabalhar, não é? – deu de ombros, intimamente feliz pelo fracasso de Lúcio e Rabicho.Mas isso não impediu que percebesse estar sendo observada.

         - Ainda tem alguém querendo brincar?

         Um som de botas veio se aproximando do meio da neblina, e logo um vulto apareceu diante de Rita, que levantou as sobrancelhas.

         - Bem, eu não tenho a menor idéia de quem você é, mas presumo que queira uma briga. – sacou da varinha, a figura fez o mesmo.Skeeter sorriu com desdém.

         - Muito bem.Vamos lá.

         Enquanto isso, os nundus se mostravam ainda mais resistentes do que numerosos, sendo um desafio para todos.O pior era que não havia mesmo o que fazer além de continuar enfrentando os bichos, que fechavam o cerco cada vez mais.

         - FINITE INCANTATEM!

         A voz foi como um tiro certeiro nos animais, mais forte que a parede de névoa e mais intimidante que os urros que tomaram o ar quando as feras estacaram a um só instante, ao mesmo tempo em que Moody e Snape apareciam.

         - Na hora certa! – o rosto de Lupin iluminou-se, e foi preciso apenas alguns segundos para que os nundus, sem feitiço, percebessem o cheiro de lobisomem no ar e se afastassem.

         - Ufa!Eu já estava achando que a gente ia virar picadinho!Ainda mais com aquele hálito horrível... – Rony desabafou, fazendo uma careta.

         - Af... – Noriçá voltou a forma humana, sentando-se – Que sufoco, viu!E o Rony tem mesmo razão...

         - Fascinante! – Moody se aproximou dela – Não é de espantar que aqueles sujos estivessem interessados nessa habilidade!

         - Então você conseguiu, hein... – Snape resmungou para Lupin, que estufou o peito, orgulhoso.

         - O trabalho maior foi dela, Severo!

         - Agora sim você parece cansada... – Draco a ajudou a se levantar.

         - Você também não parece cem por cento...mas foi corajoso!

         - Se você diz, eu acredito...  – corou, disfarçando.

         - O pior é saber que Rita Skeeter escapou. – Hermione rangeu os dentes;

         - Heh! – Moody abriu um sorriso rasgado – Isso é o que ela acha...vamos ver por quanto tempo a fumaça dura.

         Nesse momento, o nevoeiro desapareceu magicamente, revelando os primeiro raios de sol.

         - Foi uma longa noite... – Harry sorriu, aliviado.

         Demoraram a chegar a Hogwarts, pois Rony deu a ótima idéia de pegarem o trem e aproveitarem a viagem para dormir, algo que precisavam muito, e todos concordaram imediatamente.Apenas Snape aparatou em resposta, quando consultado.

         Mal chegaram ao castelo, Arthur Weasley e Hagrid vieram recebê-los, o último com muita emoção no rosto.

         - Ah, crianças?Estão todos bem?Mesmo sabendo que o professor Lupin estava cuidando disso, eu estava tão preocupado!!!

         - Você estava sabendo é, Hagrid? – Harry brincou, durante um enorme e apertado abraço.

         - Oh, eu não devia ter dito isso.De qualquer forma, Dumbledore espera todos na sala dele agora!

         - Pai, o que está havendo? – Rony perguntou.

         - Logo vamos explicar tudo, filho.E você também terá que explicar a sua mãe como deixou Gina entrar nisso!

         - Não era bem eu quem devia explicar essa parte, mas tudo bem...- olhou de canto para Harry, que corou.

         Na sala do diretor, Gina, Mary e Neville os esperavam, junto a uma mesa com suco e biscoitos.

         - Noriçá! – Mary foi correndo abraçar a amiga – Finalmente acabou, a gente pode respirar aliviada!

         - Calma, amiga!Parece que nós somos os mais desinformados por aqui.

         - Felizmente, estão todos bem! – Alvo entrou, acompanhado por Snape e Moody – E, já que estão descansados de tantas aventuras, sirvam-se dos biscoitos enquanto ouvem as explicações que merecem.Moody, por favor.

         - Claro, diretor. – Moody postou-se à frente, altivo, como alguém que conhece todas as respostas necessárias.

         - Tudo começou quando um grupo de Comensais da Morte, liderados por Lúcio Malfoy, se reuniu para estudar estratégias úteis à guerra que aconteceria assim que o Lord das Trevs voltasse.Eles se interessaram particularmente em casos híbridos, como pactos de magia negra, maldições, assuntos realmente ocultos, que pudessem, ao mesmo tempo, causar histeria e fazer com que levássemos muito mais tempo para criar defesas...nós calculamos que poderemos aprender demais com o que eles têm coletado durante todos esses anos.

         - Com o tempo, a idéia foi crescendo dentro do grupo, devido ao sucesso constante - e Rita Skeeter teve muita importância nisso, devido aos seus..."contatos jornalísticos", a maioria das..."aquisições" , como eles chamavam, acabavam virando notícia em publicações de baixo nível trouxa ou bruxo...bizarrices de interior.E, quando Você-Sabe-Quem voltou, a nomeou líder dos chamados "Inomináveis das Trevas", devido à relativa semelhança com o Departamento de Mistérios do Ministério da Magia...

         - Aposto que isso encheu o ego dela até o último milímetro... – Hermione revirou os olhos.

         - E estourou completamente a bola do Malfoy, visto que a idéia original foi dele...não dá pra dizer que ele foi à festa da promoção dela. – Arthur teve a necessidade de frisar - Ao invés disso, ele decidiu dar a volta por cima encontrando algo realmente diferente e se possível, extremamente maligno.Mas tudo o que conseguiu, em sua traumática visita ao Brasil, foi encontrar Noriçá.

         - A partir daí, encaixa-se tudo o que Lupin disse.

         - Ele falou das catacumbas? – Snape comentou, tentando parecer superficial.

         - Cata...cumbas?????? – todos arregalaram os olhos, surpresos.

         - Como Lupin pôde esquecer de uma parte tão importante? – Snape continuou, apesar do gesto impaciente do lobisomem - Nem todas as aquisições deles iam para o exército secreto...uma boa parte era destinada às experiências que envolviam os segredos da existência dos híbridos.

         -Esse assunto envolve maiores...temas do que é necessário que eles saibam. – Moody disse em tom de aviso, mas não de total desaprovação.

         - Ah, tava demorando... – Rony suspirou - Mas agora que o Snape começou, deixa ele acabar!Nós já estamos nisso até o pescoço mesmo!

         - Eu também... – Noriçá apoiou - eu gostaria de saber tudo, preciso mesmo me surpreender com mais alguma coisa?

         - Agora já está feito, Severo. – Lupin serviu-se de um biscoito, visivelmente irritado.Snape voltou a falar.

         - Entendemos que o objetivo dessas experiências seja, além de ampliar o conhecimento sobre esses segredos...bem, literalmente criar algo único para eles.

         - Eles querem um bicho feio da autoria deles?????? – Rony espantou-se, fazendo uma careta – Será que estão pensando em fazer algum com a cara do Lúcio Malfoy?

         - Creio que não queiram apenas um, Weasley. – Moody complementou, sem dar tempo para Draco soltar alguma ofensa em resposta.

         - Isso se eles já não têm alguma coisa pronta, não é? – Harry considerou, olhando Moody.

         - De acordo com nossas fontes, todas as tentativas foram fracassadas.

         - E, com todas as provas que temos, poderemos despachá-los para Azkaban quase que direto!  -Arthur não disfarçou a sua empolgação – E quero ver só Fudge reclamar de algo agora...

         - Oh, mas ele com certeza vai. – Dumbledore disse – Mas isso se resolve rapidamente.Agora, ainda existe algo que devo à senhorita Nomini, e é uma explicação sobre a sua condição em particular.

         Dito isso, abriu-se uma porta lateral entre dois quadros de diretores, mostrando uma escada bastante empoeirada.Ouviram o som de botas de aproximando, e logo uma senhora de cabelos ruivos muito espessos, olhos caramelo e óculos quadradinho preso por um fio de bolinhas chegou.Ela vestia roupa de bruxo cor laranja claro, luvas e botas verde musgo e trazia um olhar muito afoito para Noriçá.

         - Essa é Ametista Fellini, Noriçá. – apresentou Dumbledore – ela é que vai explicar tudo.

         - Fellini???? – a garota arregalou os olhos – Quer dizer...

         Antes que pudesse terminar a frase, Ametista correu até a garota em um abraço sufocante, assustando os presentes.

         -Ah, desculpe querida, é que isso é tão emocionante para mim, finalmente encontrá-la de verdade!Sim, é isso mesmo, Fellini, você se lembra que é o nome de solteiro da sua mãe, não é?Da parte francesa da família, isso mesmo!Aqui, deixe-me olhar você, ah, você tem a cara da sua vó na idade dela, sabia???

         -Ah...senhora...Ametista... – Noriçá corou muito diante daquilo, e a mulher continuava falando sem parar até que a soltou.

         - Sra. Fellini, por favor... – Dumbledore comentou – Comece do início, a confusão da menina é bastante grande.

         - Ah, sim, claro. – ela endireitou-se, conjurando uma cadeira laranja ali mesmo – Desculpe a minha aflição, acho que passar tanto tempo em outra forma afetou-me um pouco, além dos anos normalmente passados, claro!Mas agora podemos...

         - Outra forma??? – Hermione repetiu, e todos notaram que ela olhava Ametista de forma mais estranha ainda – Como...assim...?

         Ametista olhou profundamente para Hermione, com uma pontada de divertimento, então, fechou os olhos.

         - Assim, Hermione.

         No instante seguinte, Rony deixou o copo vazio de suco se espatifar no chão.

         - VOCÊÊÊ???????? – gritou ele, ao ver que a cadeira agora estava ocupada por um gato muito seu conhecido.Snape bufou no seu canto

         - Bichento. – Hermione disse em um suspiro. – O que...o que posso dizer?

         - Não precisa dizer nada – Ametista voltou ao normal elegantemente – Só posso agradecê-la, Hermione, por ter feito o que eu vinha tentando fazer, que era entrar em Hogwarts com permissão, e falar com o diretor a respeito dos Inomináveis... mas parece que ele andou tão ocupado com outros assuntos – deu uma olhada na direção de Harry – que apenas no fim do ano passado pude conversar com ele;

         - E foi em um momento crucial, srta. Fellini – Dumbledore acrescentou – Suas informações foram o toque final para que os aurores pudessem chegar a uma conclusão.

         - Ótimo, mas...e a história? – Noriçá olhava Ametista ansiosa.

         - O que eu sei – Ametista tomou um ar mais sério – é o que nossa antepassada, Lisie Fellini, deixou.Nós, os Fellini...somos...éramos...uma família de bruxos bastante conhecida na França, antigamente.Nessa época, em 1568 pra ser exato, Lisie deixou um manisfesto para o futuro, a fim de proteger a família de certas decisões de sua irmã Freda.

         - Freda era um aborto, e ficou desesperada com a situação, recorrendo a métodos sombrios para utilizar magia.A sua busca a levou para a Inglaterra, onde fez um pacto com um demônio celta...ela conseguiu se tornar uma "bruxa", uma sacerdotisa das sombras, mas, em troca, toda a sua descendência deveria trilhar aquele caminho.

         - Isso só mudou porque Lisie não admitiu e foi à procura da irmã, tentando tirá-la de lá.O demônio foi vencido por elas e pelo pai, mas o preço pela quebra do pacto foi essa maldição sobre as mulheres da família, de se transformarem em animais.

         - Mas como minha mãe foi parar no Brasil?

         - Isso aconteceu com sua avó, na época do Descobrimento do Mundo Novo.As pessoas com passado suspeito estavam imigrando, não é?Apenas as mulheres da família conheciam o segredo, isso desde que as filhas de Lisie, a um dado momento, aprenderam com a própria Rowena Ravenclaw o feitiço de controle.Entretanto, o noivo de minha irmã descobriu tudo, e – fez uma careta – o imbecil a forçou a fugir. Perdemos o segredo do feitiço por culpa dele também...aquele Malfoy imprestável.

         Um silêncio pesado tomou conta da sala até Ametista voltar a falar.

         - A minha saída era virar animaga, o que foi um processo extremamente difícil. Depois de conseguir, tive que viver em forma animal a maior parte do tempo, apenas voltando o mínimo necessário para não perder a consciência.Não é nada bom.Mas, meus contatos foram subindo a um nível impressionante, até que dei com o focinho no plano sórdido dos Inomináveis...pena não ter havido tempo para minha sobrinha...mas você está aqui, e agora já sabe de tudo!

         - Estávamos à procura de um animago infiltrado na escola, desde o final do ano passado.Mas não foi necessária nenhuma pressão para que a sra. Fellini finalmente se apresentasse. – Dumbledore concluiu.

         Noriçá deu um longo suspiro e esfregou as mãos, sem saber o que dizer.

         - Então...tia...o que pensa em fazer agora...?

         - Eu?Bem, creio que não possa mais aprender o feitiço contra maldição, veja minha idade, mas também não posso continuar aqui, o próprio prof. Snape já disse...

         - O que Snape disse, sra. Fellini? – Dumbledore perguntou calmamente.

         - O que?Ora, que seria impossível que "Bichento" pudesse permanecer, agora que todos sabiam da verdade...certo, eu não estou registrada mesmo...

         - Ora, mas "Bichento" é o gato da srta. Granger, é ela quem deveria decidir, penso eu. – o diretor olhou para Hermione, que respondeu na mesma hora.

         - Eu não penso...não penso em me desfazer de meu gato...

         - Então, está decidido! – o diretor disse, alegremente.

         - Além disso, eu estive pensando... – Moody comentou – um animago disfarçado em Hogwarts pode ser bem útil!Vamos, Snape, não é porque você deu o palpite errado sobre isso que vai ser descortês com a Sra. Fellini, não é?

         - Palpite? – todos olharam para Snape curiosos, este fuzilando Moody com o olhar.

         - Ele achou que era o sapo. – disse simplesmente o auror.

          Finda a conversa, todos tiveram que voltar para suas aulas normais e procuraram não falar mais no assunto durante o dia.Entretanto, o Profeta Diário do dia seguinte, anunciando em letras garrafais a prisão de tantos Comensais da Morte, mais uma vez causou rebuliço.

         - Draco!Você está aí dentro, eu sei que está! – Noriçá bateu na porta do dormitório masculino pela terceira vez, sem sucesso.Sabia muito bem porque o garoto não havia descido para o café nem para as aulas da manhã.Afinal, não eram poucas as pessoas felizes e sorridentes com a prisão de Lúcio Malfoy.

         - Estamos perdendo o almoço!Ei, uma hora você vai ter de sair, não é?Não me faça pedir para Crable e Goyle arrombarem essa joça!

         Mais silêncio.Noriçá bufou alto.

         - Ou talvez eu mesma tenha de fazer isso... – sibilou.A porta se abriu no instante seguinte, mostrando um Draco Malfoy ainda de pijamas e muito pálido.

         - Você não ia mesmo...ah, é claro que ia, não é?

         - Se fosse preciso para tirar você da cama, pode crer que ia.Vamos, não vai ser tão ruim assim.   

         - Claro que não!Vai ser bem pior!Com certeza estão todos dispostos a me expulsar pelos piores meios possíveis...

         - Pela sua reputação, bem, muita gente só devia estar esperando uma chance... e o que o professor Snape disse, hein?Levante a cabeça e mostre pra todos o que é! – deu um tapa consolador no ombro dele, que bufou.

         - E o que eu sou?No mínimo um deserdado, e no máximo um morto!Porque, quando meu pai fugir, e todos eles vão fugir sim, vai vir direto arrancar meus olhos!

         - Não acho que ele possa fazer alguma coisa com você aqui em Hogwarts.

         - Bem, não, aqui dentro é...bastante seguro, mas...

         - Mas não está mais tão seguro se fez um bom negócio, não é? – Noriçá olhou de lado.

         - Não...não foi isso que eu disse...é sério, olha...eu...não tem mais a menor graça mesmo...essa história de Comensal...

         - Só é engraçado enquanto não se vê o tamanho do buraco, não é?

         - Saltando fora dele ou não...pelo que vi, eu estou encrencado do mesmo jeito, mas pelo menos, aqui estou encrencado com você...isso compensa. – virou-se, praticamente um pimentão, sem nem saber de onde tirara isso.

         - Sabe, é bom ouvir isso. – ela sorriu – Tudo bem, já que não quer descer por hoje, então não fique aí sozinho.

         - Vai matar aula também?

         - Ora, eu e você estamos depressivos, como Mary fez o favor de explicar ao prof. Flitwick quando ele deu pela sua falta na aula.Accio Baralho! – um jogo de cartas voou do dormitório feminino para as mãos dela.Nele estava escrito "Exclusivo Sonserinas".

         - Vocês meninas, hein... – comentou Draco, já se sentindo mais tranqüilo.Os dois se sentaram ali no corredor mesmo, e Noriçá tirou as cartas da caixinha.

         - Então, eu andei aprendendo com as meninas alguns jogos bruxos ingleses, mas sou meio patona ainda...você me ajuda a praticar?

*~ FIM ~*

Notas finais: eu sou mesmo muito cara de pau, teve que chegar o livro 5 em português  para eu me espertar e terminar a fanfic _ espero que eu não tenha estragado tudo...eu me diverti muito escrevendo ela, e, apesar de ter empacado no final, até que ficou apresentável (o consolo é ler tudo de novo dois anos depois e não ter vontade de jogar no lixo) apesar de não ter ficado tão legal...ah, agora está feito =] Qualquer coisa escrevam, e até a próxima!!! \o/