Quidditch Break
de Cassandra Vassar
Sinopse: Par Angelina/Oliver. Sei que é uma ideia estranha, muito própria, acho eu. O dia começou mal para Angelina Johnson e Oliver Wood, quando as más notícias chegaram por correio. Mas conseguirão alguns minutos a sós durante a pausa no treino de Quidditch mudá-lo? Curto, muito leve, e como já disse, a ideia do ship é um bocado estranha, mas dêm-me uma chance.
NOTA DA AUTORA:
Okay, o que eu quero dizer é que tenham calma antes de me mandarem as pedras. Este não é de forma nenhuma o primeiro fic que escrevo (provavelmente será o milésimo) mas é o primeiro que efectivamente publico, portanto... e para vós, 92% dos leitores falantes de Português que são brasileiros, podem vir a estranhar algumas frases ou expressões ou termos empregados, mas dêm-me o desconto, sou portuguesa. Ah; para quem não sabe, o nome do fic em português é Pausa no Quidditch, mas achei que Quidditch Break soava mil vezes melhor. Leiam e dêm uma ideia. Sei que está mau, mas não se inibam em dizer-mo!!!
Ah; não possuo nenhum dos conteúdos ou personagens que utilizo, é tudo de Mrs JK Rowling, etc., etc. Portanto não me processem.
Bjux
Cassie
**************************************************************
PARTE II
Assim que se viu sozinho, Oliver encheu o lavatório de água fria e bruscamente atirou a cabeça lá para dentro. Permaneceu lá até lhe faltar o ar e sacudiu violentamente a cabeça para retirar os excessos de água do cabelo. Apoiou as mãos contra o lavatório e manteve a cabeça baixa.
"Se calhar, a Kate tem razão" pensou "talvez eu seja mesmo obcecado".
Fulo consigo próprio, deu um grande murro na borda do lavatório, seguido de um grito de dor e de uma agravação do seu estado irritável.
"Não pode ser, não pode, não pode, não pode..."
Embrenhado nestes pensamentos, não ouviu a porta do balneário abrir-se lentamente com um leve chiar.
- Oliver? - chamou calmamente uma voz feminina. Oliver não virou a cabeça mas viu quem chamava por ele pelo reflexo do espelho; alta, negra, trajando como membro da equipa de Quidditch dos Gryffindor. Angelina.
Angelina fechou a porta atras de si. - O que se passa, Oliver?
- O que é que se haveria de passar? - perguntou ele, em voz rouca.
Angelina encolheu os ombros: - Não pareces lá muito bem hoje.
- Bravo, Holmes - exclamou sardonicamente o capitão da equipa. Não soubera de onde lhe tinha saído aquele tom sarcástico nem aquela irritação contra Angelina, que nada lhe havia feito, mas não se importou em ser brusco, uma vez que estava zangado com o Mundo - para quem sabe que num dia normal eu não faria uma cenaça destas é uma dedução avassaladora, não te parece?!
- Talvez - replicou Angelina, friamente - no entanto isso não te dá o direito de seres assim comigo. Por exemplo, a minha gata morreu hoje e eu estou triste, mas não saio por aí a bater às pessoas, não achas?
Aquela raiva quase sem razão de Oliver desapareceu logo e ele voltou-se para a encarar: - Desculpa - disse, num tom de lamento, quase - desculpa ter dito aquilo. Sobretudo quando tu pareces estar pior do que eu... lamento.
Angelina abandonou a defensiva e encolheu os ombros: - Estou triste, é claro, mas eu já deveria saber que isto ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Agora não há nada a fazer, penso eu... mas não te preocupes com isso. Diz-me antes o que te pôs assim.
Oliver não respondeu logo. Ao invés, fitou Angelina nos seus olhos castanhos, e muito sério, perguntou: - Tu achas que sou obcecado?
- Obcecado? - perguntou Angelina, apanhada de surpresa - obcecado com o quê?
- Obcecado - respondeu Oliver, embora não sendo muito explicativo - vidrado. Aficcionado. Incapaz de pensar noutra coisa. Achas mesmo que eu vivo só para...
- Quidditch? - interrompeu Angelina, mas depois arrependeu-se do que tinha feito, pois Oliver rolou os olhos, encostou-se, com má cara ao lavatório e comentou: - Escusas de responder, obrigado.
Houve uma pausa de silêncio. Angelina ficara sem saber o que dizer.
- Queres saber mesmo a verdade? - perguntou cautelosamente a rapariga.
Oliver cabeceou.
- Sim - declarou, como quem dá um passo no escuro em direcção a um abismo - tu és obcecado. Mas sabes que mais? - apressou-se a acrescentar, antes que Oliver pudesse adiantar qualquer coisa - isso não faz mal nenhum.
Oliver olhou para ela, curioso, mas já mais descansado: - Achas mesmo?
Angelina sorriu suavemente - É claro.
Oliver retribuiu o sorriso: - Obrigado. Se tu dizes que não importa, acredito em ti.
- E porque me perguntaste isso agora?
Oliver suspirou e virou-se novamente para o espelho: - Lembras-te da Kate? Kate Spencer? Creio que já te tinha falado sobre ela - pelo reflexo do espelho, Oliver estudou a expressão de Angelina, mas no entanto não conseguiu ver, graças à meia-penumbra do balneário, o franzir da sobrancelha esquerda de Angelina nem o morder do lábio inferior.
- A tua namorada? - perguntou Angelina, em voz natural - sim, sei. O que tem ela?
- Escreveu-me - continuou Oliver - diz que quer acabar tudo.
Outra pausa de silêncio. Mais uma vez, Oliver não conseguiu distinguir o olhar arregalado de Angelina, e a sua voz soou o mais normal possível outra vez.
- Oh - fez Angelina, um pouco mais formalmente do que teria desejado que a sua voz soasse - não sabia. Lamento por ti. Deves estar arrasado...
- Mais ou menos - confessou Oliver, com um pequeno sorriso ao canto dos lábios - não era lá grande namorada.
Angelina sorriu novamente.
- A razão porque eu te perguntei isso - continuou Oliver - foi porque os argumentos que ela utilizou contra mim foi o eu estar completamente virado para o Quidditch, incapaz de lhe dar atenção.
- Ai sim? - perguntou Angelina, semicerrando os olhos, de interesse.
- Disse também que eu não tinha sido feito para conviver com pessoas - continuou Oliver, virando-se de novo para ele. Embora sabendo da gravidade da situação, deu-lhe uma súbita vontade de rir, porque de repente Oliver pareceu-lhe um emnino pequeno zangado que faz queixas de um amiguinho à mãe ou à professor - dizia que todo o meu amor era para o Quidditch e que não poderia dá-lo a ninguém mais, e que ela precisava de alguém que realmente lhe desse atenção - Oliver bufou.
- Deve ter sido frustrante - comentou, compreensiva, Angelina, acenando com a cabeça.
- Foi - respondeu Oliver, baixando a cabeça. Angelina encolheu os ombros e falou numa voz que não convenceu Oliver:
- Bom, esperemos que ela encontre o que procura, não é?
- Já encontrou - Oliver sorriu afectadamente - há este tipo com quem ela tem andado nos últimos três meses...
Angelina levou as mãos à boca, chocada.
- Não me digas... oh, meu Deus, Oliver, tenho tanta pena...!
- Não tenhas - Oliver encolheu os ombros, mas não a convenceu da sua impassibilidade à situação - se calhar mereci, penso eu.
Angelina abanou a cabeça, discrédula. O Oliver seria a última pessoa que mereceria tal coisa, na sua opinião. Pensou que, agora que conhecia o verdadeiro feitio de Kate, achava muito melhor não só para ela mas para o Oliver mesmo, que esta ruptura tivesse acontecido. Quando, nas raras vezes que Angelina e Alicia falavam no caso, Alicia se entretia chamando todos os nomes que conhecia a Kate, Angelina tentava pará-la, porque Kate poderia ser uma boa pessoa, simpática e tal, não sabiam porque não a conheciam. Mas agora, conhecendo o seu verdadeiro carácter, Angelina via que tudo o que Alicia dissera sobre Kate, embora inconscientemente, era verdade.
- Não! - protestou vivamente - ela não tem direito nenhum de te fazer isso. E sabes que mais? Talvez tenha sido melhor assim para ti. Se ela não consegue viver com o teu gosto por Quidditch quer dizer que não te aprecia realmente, não como tu mereces - Angelina ignorou o leve rubor nas faces de Oliver - se ela realmente te amasse, não seria por isso que te iria deixar. Não penses nisso nem por um minuto, Oliver. Nem penses.
Oliver sorriu suavemente: - OK... se tu o dizes...
Angelina sorriu também.
- Sabes - continuou Oliver - acho que não fui honesto de todo nos meus sentimentos por ela.
- O que queres dizer?
Oliver bandeou a cabeça - Quero dizer, a Kate era gira, e divertida de se andar e tudo, mas...
- ...tu não a amavas realmente - conclui, com um pouco de surpresa, aliás.
- Acho que sim - concluiu Oliver, em meia voz, olhando Angelina - sou assim tão mau?
Angelina encolheu os ombros: - Não podes controlar os teus sentimentos, Oliver. Mas se nunca gostaste dela, porque é que vocês...?
Oliver respondeu antes que Angelina conseguisse acabar a frase.
- Não sei. Acho que estava cansado de ser o único tipo do meu ano a não ter uma namorada. Até o Percy tem uma!
Um sorriso involuntário bailou nos lábios de Angelina. Aquela lógica era-lhe muito familiar...
- Então sentiste-te como se estivesses a ser deixado para trás - declarou ela, mais do que perguntou.
- Exacto - Oliver acenou afirmativamente com a cabeça, olhando para a rapariga como se ela fosse capaz de lhe ler os pensamentos.
Angelina avançou para ele, e pôs-lhe uma mão sobre o ombro: - Sabes, namorar não é uma corrida contra o tempo - explicou pacientemente - é uma coisa que acontece com tempo, quando te sentires preparado e, é claro, quando encontrares aquela pessoa especial. Não faz sentido sentires-te pressionado porque todos os teus amigos já namoram e tu não... mas quem sou eu para estar a falar disto, de qualquer maneira, mesmo hoje estive a pensar exactamente o mesmo que tu... - ri-me nervosamente - desculpa. Não estou a fazer sentido.
Oliver sorriu-lhe e pôs a sua mão sobre a dela, no seu próprio ombro.
- Ao menos, és honesta. E sim, fizeste muito sentido - depois, olhou estranhamente para ela, e disse - obrigado.
- Por quê?
- Por me teres ouvido. Sinto-me muito melhor agora.
Angelina sorriu também. Houve uma pausa, enquanto os dois se olhavam nos olhos, inconscientes do que se estava a passar, quando Angelina interrompeu o silêncio.
- Tens um botão desapertado - declarou.
- Huh? - fez Oliver, sendo apanhado de surpresa. Angelina apontou para o botão desapertado no pescoço de Oliver, com o dedo mindinho.
- Aqui, na tua gola - indicou.
- Ah, esse malandro. Desaperta-se sempre sozinho e eu não consigo lá chegar para o atar de novo...
- Queres que eu tente?
- Fazias-me isso?
Angelina encolheu os ombros.
- Obrigado! - agradeceu Oliver. Rapidamente Angelina percebeu que não tinha sido lá muito boa ideia propôr isso como amiga, pois para desempenhar essa tarefa, Angelina precisava de estar, literalmente, completamente encostada a Oliver. Esperou ansiosamente que Oliver não tivesse notado o rubor nas suas bochechas quando se encostou a ele, para não causar mais constrangimento... no entanto, Oliver parecia perfeitamente passivo.
"Se calhar ele ainda nem reparou que eu sou uma rapariga" pensou lamuriosamente Angelina "sou apenas uma amiga. Uma espécie à parte..."
Era o contacto mais próximo, mas íntimo, que a corada chaser alguma vez tinha tido com um rapaz; bastava um único movimento de cabeça, de qualquer uma das partes, para que algo acontecesse, movimento que ela se sentia muito tentada a fazer.
"Não vou pensar nisso", pensou nervosamente Angelina, enquanto o botão teimoso lhe fugia dos dedos escuros; era realmente difícil de abotoar "alguma coisa para dizer... vá lá... qualquer coisa..."
- Então - começou, quase a entrar em pânico interior - se não for querer saber demasiado...
- Hum?
- Porque é que não gostavas dela? Da Kate, quero dizer. Havia algo... entre vocês?...
- Como Quidditch?
"Não era exactamente no que estava a pensar" pensou Angelina, mas mesmo assim respondeu "hum-hum".
- Não era Quidditch - informou ele, com um sorriso misterioso. Angelina olhou para ele curiosa e Oliver encolheu os ombros apenas o necessário para não a atrapalhar.
- Alguém - informou-a ligeiramente Oliver.
- Ah?
- Yep. Uma espécie de queda de longa duração - Oliver olhou o vazio, resignadamente - nada de muito interessante, se quiseres saber.
- Compreendo - respondeu Angelina, cujos dedos tremiam e que fazia os possíveis para não se desmanchar - bom para ti - continuou, embora não lá muito convincente.
- É, acho que sim. Mas às vezes consegue ser mesmo auto-desgastante. Já estás a conseguir?
- Ainda não. Concordo contigo. Acho que é uma parte do nosso processo de crescimento...
Oliver suspirou: - Por vezes, consegue ser mesmo aborrecido.
Deu uma pequena risada: - Como tudo o resto.
Houve uma pequena pausa. Angelina não reparou no sorriso meio cúmplice que Oliver esboçou: - Mas sabes que mais?
- Já está! - exclamou ela, conseguindo, finalmente apertar o botão, mas não fazendo tenção de se afastar. Também não se apercebeu que depois da tarefa estar cumprida, as suas mãos descansavam no tórax de Oliver - o quê?
- Não trocava isso por nada - declarou efusivamente Oliver, e aí, Angelina olhou-o nos olhos, pela primeira vez desde que estavam tão perto, por fugazes segundos, antes do impulso acontecer.
Sem mesmo saber o que estava a fazer, Angelina pôs uma das mãos na parte de trás da cabeça de Oliver, ainda húmida do recente "banho" e a tinha puxado para si, beijando-o suavemente nos lábios.
Oliver deveria estar mais ou menos à espera de tal porque não pareceu surpreso quando o beijo aconteceu.
- Porque é que paraste? - perguntou num sussurro, quando Angelina puxou a sua cabeça para trás. Ela não lhe respondeu.
- Aquela outra pessoa... - perguntou.
- Eras tu - declarou ele - sempre achei uma estupidez pensar que teria sequer uma chance contigo. Quero dizer, tu és linda, divertida, e pelo menos tens uma vida, e...
Angelina pôs-lhe um dedo sobre os lábios.
- Falas de mais - disse ela, sorrindo. Ele também sorriu, e correu os braços pela cintura dela, beijando-a mais demoradamente...
...seria, se nesse momento, os gémeos Weasley não tivessem entrado no balneário, à procura da chaser e do capitão da equipa, há muito desaparecidos, e tivessem esbarrado naquela cena. Ficaram mortalmente vermelhos.
- Oh, peço desculpa - disse Fred, de olhos muito arregalados.
- Nós vamos já sair - garantiu George, enquanto ambos os gémeos recuavam para a porta - continuem, não se incomodem.
Depois da porta se fechar, Oliver e Angelina deram uma grande gargalhada.
- Sabes, devíamos voltar - disse Angelina, libertando-se dos braços de Oliver - já foi bastante tempo para uma pausa no Quidditch.
- É - concordou Oliver - se bem que hoje quase nada mais vamos poder jogar... aposto que já a equipa toda sabe.
Angelina riu, e abstraiu-se de dizer, no momento em que abriram a porta do balneário, que tinha quase a certeza que Alicia já sabia o que havia acontecido, desde há muito mais tempo.
FIM
**************************************************************
E pronto! É tudo. Esta segunda parte foi muito mais curta que a primeira, eu sei, mas e depois?
Por favor, já disse e volto a dizer, não, a IMPLORAR, que me digam o que acham desta historieta. É super-importante. Não tenham medo de ferir os meus sentimentos, eu logo lhes mando a minha vingança por mail.
Aproveito que é o último capítulo *Cassie falando da sua historieta como se fosse uma trilogia altamente extensa* para dedicar este meu ficzinho a algumas pessoas; à Joana Almeida, minha amiga não de sempre, mas para sempre, de quem eu retirei o carácter de Alicia palavra por palavra, à minha Milady, gatinha do coração, que já não se encontra entre nós e que me permitiu escrever a parte dos sentimentos de Angelina por Yallah, à Cláudia, incondicional apoiante, à Ana, ou Akane 1412, que os otakus leitores poderão conhecer de alguns fics aqui publicados ;) e ao Beto, por ser um idiota chapado, mas um idiota chapado que eu muito amo ;).
Explico que o nome da avó de Angelina, Hattie, vem de um dos meus livros preferidos, Dead Man's Folly, de Agatha Christy, ou em Português "Poirot e o Jogo Macabro" (leiam), e a Kate vem do nome da minha arqui-inimiga... Aquela-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado número 2.
Ah! E ganha de prémio uma banana quem adivinhar de onde eu tirei o segundo nome da Angelina e o nome do irmão dela (vão procurar)!
Bjx e obrigadíssimo por lerem, só por terem lido até aqui são as pessoas que mais amo no Mundo!
CassiE
de Cassandra Vassar
Sinopse: Par Angelina/Oliver. Sei que é uma ideia estranha, muito própria, acho eu. O dia começou mal para Angelina Johnson e Oliver Wood, quando as más notícias chegaram por correio. Mas conseguirão alguns minutos a sós durante a pausa no treino de Quidditch mudá-lo? Curto, muito leve, e como já disse, a ideia do ship é um bocado estranha, mas dêm-me uma chance.
NOTA DA AUTORA:
Okay, o que eu quero dizer é que tenham calma antes de me mandarem as pedras. Este não é de forma nenhuma o primeiro fic que escrevo (provavelmente será o milésimo) mas é o primeiro que efectivamente publico, portanto... e para vós, 92% dos leitores falantes de Português que são brasileiros, podem vir a estranhar algumas frases ou expressões ou termos empregados, mas dêm-me o desconto, sou portuguesa. Ah; para quem não sabe, o nome do fic em português é Pausa no Quidditch, mas achei que Quidditch Break soava mil vezes melhor. Leiam e dêm uma ideia. Sei que está mau, mas não se inibam em dizer-mo!!!
Ah; não possuo nenhum dos conteúdos ou personagens que utilizo, é tudo de Mrs JK Rowling, etc., etc. Portanto não me processem.
Bjux
Cassie
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PARTE II
Assim que se viu sozinho, Oliver encheu o lavatório de água fria e bruscamente atirou a cabeça lá para dentro. Permaneceu lá até lhe faltar o ar e sacudiu violentamente a cabeça para retirar os excessos de água do cabelo. Apoiou as mãos contra o lavatório e manteve a cabeça baixa.
"Se calhar, a Kate tem razão" pensou "talvez eu seja mesmo obcecado".
Fulo consigo próprio, deu um grande murro na borda do lavatório, seguido de um grito de dor e de uma agravação do seu estado irritável.
"Não pode ser, não pode, não pode, não pode..."
Embrenhado nestes pensamentos, não ouviu a porta do balneário abrir-se lentamente com um leve chiar.
- Oliver? - chamou calmamente uma voz feminina. Oliver não virou a cabeça mas viu quem chamava por ele pelo reflexo do espelho; alta, negra, trajando como membro da equipa de Quidditch dos Gryffindor. Angelina.
Angelina fechou a porta atras de si. - O que se passa, Oliver?
- O que é que se haveria de passar? - perguntou ele, em voz rouca.
Angelina encolheu os ombros: - Não pareces lá muito bem hoje.
- Bravo, Holmes - exclamou sardonicamente o capitão da equipa. Não soubera de onde lhe tinha saído aquele tom sarcástico nem aquela irritação contra Angelina, que nada lhe havia feito, mas não se importou em ser brusco, uma vez que estava zangado com o Mundo - para quem sabe que num dia normal eu não faria uma cenaça destas é uma dedução avassaladora, não te parece?!
- Talvez - replicou Angelina, friamente - no entanto isso não te dá o direito de seres assim comigo. Por exemplo, a minha gata morreu hoje e eu estou triste, mas não saio por aí a bater às pessoas, não achas?
Aquela raiva quase sem razão de Oliver desapareceu logo e ele voltou-se para a encarar: - Desculpa - disse, num tom de lamento, quase - desculpa ter dito aquilo. Sobretudo quando tu pareces estar pior do que eu... lamento.
Angelina abandonou a defensiva e encolheu os ombros: - Estou triste, é claro, mas eu já deveria saber que isto ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Agora não há nada a fazer, penso eu... mas não te preocupes com isso. Diz-me antes o que te pôs assim.
Oliver não respondeu logo. Ao invés, fitou Angelina nos seus olhos castanhos, e muito sério, perguntou: - Tu achas que sou obcecado?
- Obcecado? - perguntou Angelina, apanhada de surpresa - obcecado com o quê?
- Obcecado - respondeu Oliver, embora não sendo muito explicativo - vidrado. Aficcionado. Incapaz de pensar noutra coisa. Achas mesmo que eu vivo só para...
- Quidditch? - interrompeu Angelina, mas depois arrependeu-se do que tinha feito, pois Oliver rolou os olhos, encostou-se, com má cara ao lavatório e comentou: - Escusas de responder, obrigado.
Houve uma pausa de silêncio. Angelina ficara sem saber o que dizer.
- Queres saber mesmo a verdade? - perguntou cautelosamente a rapariga.
Oliver cabeceou.
- Sim - declarou, como quem dá um passo no escuro em direcção a um abismo - tu és obcecado. Mas sabes que mais? - apressou-se a acrescentar, antes que Oliver pudesse adiantar qualquer coisa - isso não faz mal nenhum.
Oliver olhou para ela, curioso, mas já mais descansado: - Achas mesmo?
Angelina sorriu suavemente - É claro.
Oliver retribuiu o sorriso: - Obrigado. Se tu dizes que não importa, acredito em ti.
- E porque me perguntaste isso agora?
Oliver suspirou e virou-se novamente para o espelho: - Lembras-te da Kate? Kate Spencer? Creio que já te tinha falado sobre ela - pelo reflexo do espelho, Oliver estudou a expressão de Angelina, mas no entanto não conseguiu ver, graças à meia-penumbra do balneário, o franzir da sobrancelha esquerda de Angelina nem o morder do lábio inferior.
- A tua namorada? - perguntou Angelina, em voz natural - sim, sei. O que tem ela?
- Escreveu-me - continuou Oliver - diz que quer acabar tudo.
Outra pausa de silêncio. Mais uma vez, Oliver não conseguiu distinguir o olhar arregalado de Angelina, e a sua voz soou o mais normal possível outra vez.
- Oh - fez Angelina, um pouco mais formalmente do que teria desejado que a sua voz soasse - não sabia. Lamento por ti. Deves estar arrasado...
- Mais ou menos - confessou Oliver, com um pequeno sorriso ao canto dos lábios - não era lá grande namorada.
Angelina sorriu novamente.
- A razão porque eu te perguntei isso - continuou Oliver - foi porque os argumentos que ela utilizou contra mim foi o eu estar completamente virado para o Quidditch, incapaz de lhe dar atenção.
- Ai sim? - perguntou Angelina, semicerrando os olhos, de interesse.
- Disse também que eu não tinha sido feito para conviver com pessoas - continuou Oliver, virando-se de novo para ele. Embora sabendo da gravidade da situação, deu-lhe uma súbita vontade de rir, porque de repente Oliver pareceu-lhe um emnino pequeno zangado que faz queixas de um amiguinho à mãe ou à professor - dizia que todo o meu amor era para o Quidditch e que não poderia dá-lo a ninguém mais, e que ela precisava de alguém que realmente lhe desse atenção - Oliver bufou.
- Deve ter sido frustrante - comentou, compreensiva, Angelina, acenando com a cabeça.
- Foi - respondeu Oliver, baixando a cabeça. Angelina encolheu os ombros e falou numa voz que não convenceu Oliver:
- Bom, esperemos que ela encontre o que procura, não é?
- Já encontrou - Oliver sorriu afectadamente - há este tipo com quem ela tem andado nos últimos três meses...
Angelina levou as mãos à boca, chocada.
- Não me digas... oh, meu Deus, Oliver, tenho tanta pena...!
- Não tenhas - Oliver encolheu os ombros, mas não a convenceu da sua impassibilidade à situação - se calhar mereci, penso eu.
Angelina abanou a cabeça, discrédula. O Oliver seria a última pessoa que mereceria tal coisa, na sua opinião. Pensou que, agora que conhecia o verdadeiro feitio de Kate, achava muito melhor não só para ela mas para o Oliver mesmo, que esta ruptura tivesse acontecido. Quando, nas raras vezes que Angelina e Alicia falavam no caso, Alicia se entretia chamando todos os nomes que conhecia a Kate, Angelina tentava pará-la, porque Kate poderia ser uma boa pessoa, simpática e tal, não sabiam porque não a conheciam. Mas agora, conhecendo o seu verdadeiro carácter, Angelina via que tudo o que Alicia dissera sobre Kate, embora inconscientemente, era verdade.
- Não! - protestou vivamente - ela não tem direito nenhum de te fazer isso. E sabes que mais? Talvez tenha sido melhor assim para ti. Se ela não consegue viver com o teu gosto por Quidditch quer dizer que não te aprecia realmente, não como tu mereces - Angelina ignorou o leve rubor nas faces de Oliver - se ela realmente te amasse, não seria por isso que te iria deixar. Não penses nisso nem por um minuto, Oliver. Nem penses.
Oliver sorriu suavemente: - OK... se tu o dizes...
Angelina sorriu também.
- Sabes - continuou Oliver - acho que não fui honesto de todo nos meus sentimentos por ela.
- O que queres dizer?
Oliver bandeou a cabeça - Quero dizer, a Kate era gira, e divertida de se andar e tudo, mas...
- ...tu não a amavas realmente - conclui, com um pouco de surpresa, aliás.
- Acho que sim - concluiu Oliver, em meia voz, olhando Angelina - sou assim tão mau?
Angelina encolheu os ombros: - Não podes controlar os teus sentimentos, Oliver. Mas se nunca gostaste dela, porque é que vocês...?
Oliver respondeu antes que Angelina conseguisse acabar a frase.
- Não sei. Acho que estava cansado de ser o único tipo do meu ano a não ter uma namorada. Até o Percy tem uma!
Um sorriso involuntário bailou nos lábios de Angelina. Aquela lógica era-lhe muito familiar...
- Então sentiste-te como se estivesses a ser deixado para trás - declarou ela, mais do que perguntou.
- Exacto - Oliver acenou afirmativamente com a cabeça, olhando para a rapariga como se ela fosse capaz de lhe ler os pensamentos.
Angelina avançou para ele, e pôs-lhe uma mão sobre o ombro: - Sabes, namorar não é uma corrida contra o tempo - explicou pacientemente - é uma coisa que acontece com tempo, quando te sentires preparado e, é claro, quando encontrares aquela pessoa especial. Não faz sentido sentires-te pressionado porque todos os teus amigos já namoram e tu não... mas quem sou eu para estar a falar disto, de qualquer maneira, mesmo hoje estive a pensar exactamente o mesmo que tu... - ri-me nervosamente - desculpa. Não estou a fazer sentido.
Oliver sorriu-lhe e pôs a sua mão sobre a dela, no seu próprio ombro.
- Ao menos, és honesta. E sim, fizeste muito sentido - depois, olhou estranhamente para ela, e disse - obrigado.
- Por quê?
- Por me teres ouvido. Sinto-me muito melhor agora.
Angelina sorriu também. Houve uma pausa, enquanto os dois se olhavam nos olhos, inconscientes do que se estava a passar, quando Angelina interrompeu o silêncio.
- Tens um botão desapertado - declarou.
- Huh? - fez Oliver, sendo apanhado de surpresa. Angelina apontou para o botão desapertado no pescoço de Oliver, com o dedo mindinho.
- Aqui, na tua gola - indicou.
- Ah, esse malandro. Desaperta-se sempre sozinho e eu não consigo lá chegar para o atar de novo...
- Queres que eu tente?
- Fazias-me isso?
Angelina encolheu os ombros.
- Obrigado! - agradeceu Oliver. Rapidamente Angelina percebeu que não tinha sido lá muito boa ideia propôr isso como amiga, pois para desempenhar essa tarefa, Angelina precisava de estar, literalmente, completamente encostada a Oliver. Esperou ansiosamente que Oliver não tivesse notado o rubor nas suas bochechas quando se encostou a ele, para não causar mais constrangimento... no entanto, Oliver parecia perfeitamente passivo.
"Se calhar ele ainda nem reparou que eu sou uma rapariga" pensou lamuriosamente Angelina "sou apenas uma amiga. Uma espécie à parte..."
Era o contacto mais próximo, mas íntimo, que a corada chaser alguma vez tinha tido com um rapaz; bastava um único movimento de cabeça, de qualquer uma das partes, para que algo acontecesse, movimento que ela se sentia muito tentada a fazer.
"Não vou pensar nisso", pensou nervosamente Angelina, enquanto o botão teimoso lhe fugia dos dedos escuros; era realmente difícil de abotoar "alguma coisa para dizer... vá lá... qualquer coisa..."
- Então - começou, quase a entrar em pânico interior - se não for querer saber demasiado...
- Hum?
- Porque é que não gostavas dela? Da Kate, quero dizer. Havia algo... entre vocês?...
- Como Quidditch?
"Não era exactamente no que estava a pensar" pensou Angelina, mas mesmo assim respondeu "hum-hum".
- Não era Quidditch - informou ele, com um sorriso misterioso. Angelina olhou para ele curiosa e Oliver encolheu os ombros apenas o necessário para não a atrapalhar.
- Alguém - informou-a ligeiramente Oliver.
- Ah?
- Yep. Uma espécie de queda de longa duração - Oliver olhou o vazio, resignadamente - nada de muito interessante, se quiseres saber.
- Compreendo - respondeu Angelina, cujos dedos tremiam e que fazia os possíveis para não se desmanchar - bom para ti - continuou, embora não lá muito convincente.
- É, acho que sim. Mas às vezes consegue ser mesmo auto-desgastante. Já estás a conseguir?
- Ainda não. Concordo contigo. Acho que é uma parte do nosso processo de crescimento...
Oliver suspirou: - Por vezes, consegue ser mesmo aborrecido.
Deu uma pequena risada: - Como tudo o resto.
Houve uma pequena pausa. Angelina não reparou no sorriso meio cúmplice que Oliver esboçou: - Mas sabes que mais?
- Já está! - exclamou ela, conseguindo, finalmente apertar o botão, mas não fazendo tenção de se afastar. Também não se apercebeu que depois da tarefa estar cumprida, as suas mãos descansavam no tórax de Oliver - o quê?
- Não trocava isso por nada - declarou efusivamente Oliver, e aí, Angelina olhou-o nos olhos, pela primeira vez desde que estavam tão perto, por fugazes segundos, antes do impulso acontecer.
Sem mesmo saber o que estava a fazer, Angelina pôs uma das mãos na parte de trás da cabeça de Oliver, ainda húmida do recente "banho" e a tinha puxado para si, beijando-o suavemente nos lábios.
Oliver deveria estar mais ou menos à espera de tal porque não pareceu surpreso quando o beijo aconteceu.
- Porque é que paraste? - perguntou num sussurro, quando Angelina puxou a sua cabeça para trás. Ela não lhe respondeu.
- Aquela outra pessoa... - perguntou.
- Eras tu - declarou ele - sempre achei uma estupidez pensar que teria sequer uma chance contigo. Quero dizer, tu és linda, divertida, e pelo menos tens uma vida, e...
Angelina pôs-lhe um dedo sobre os lábios.
- Falas de mais - disse ela, sorrindo. Ele também sorriu, e correu os braços pela cintura dela, beijando-a mais demoradamente...
...seria, se nesse momento, os gémeos Weasley não tivessem entrado no balneário, à procura da chaser e do capitão da equipa, há muito desaparecidos, e tivessem esbarrado naquela cena. Ficaram mortalmente vermelhos.
- Oh, peço desculpa - disse Fred, de olhos muito arregalados.
- Nós vamos já sair - garantiu George, enquanto ambos os gémeos recuavam para a porta - continuem, não se incomodem.
Depois da porta se fechar, Oliver e Angelina deram uma grande gargalhada.
- Sabes, devíamos voltar - disse Angelina, libertando-se dos braços de Oliver - já foi bastante tempo para uma pausa no Quidditch.
- É - concordou Oliver - se bem que hoje quase nada mais vamos poder jogar... aposto que já a equipa toda sabe.
Angelina riu, e abstraiu-se de dizer, no momento em que abriram a porta do balneário, que tinha quase a certeza que Alicia já sabia o que havia acontecido, desde há muito mais tempo.
FIM
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E pronto! É tudo. Esta segunda parte foi muito mais curta que a primeira, eu sei, mas e depois?
Por favor, já disse e volto a dizer, não, a IMPLORAR, que me digam o que acham desta historieta. É super-importante. Não tenham medo de ferir os meus sentimentos, eu logo lhes mando a minha vingança por mail.
Aproveito que é o último capítulo *Cassie falando da sua historieta como se fosse uma trilogia altamente extensa* para dedicar este meu ficzinho a algumas pessoas; à Joana Almeida, minha amiga não de sempre, mas para sempre, de quem eu retirei o carácter de Alicia palavra por palavra, à minha Milady, gatinha do coração, que já não se encontra entre nós e que me permitiu escrever a parte dos sentimentos de Angelina por Yallah, à Cláudia, incondicional apoiante, à Ana, ou Akane 1412, que os otakus leitores poderão conhecer de alguns fics aqui publicados ;) e ao Beto, por ser um idiota chapado, mas um idiota chapado que eu muito amo ;).
Explico que o nome da avó de Angelina, Hattie, vem de um dos meus livros preferidos, Dead Man's Folly, de Agatha Christy, ou em Português "Poirot e o Jogo Macabro" (leiam), e a Kate vem do nome da minha arqui-inimiga... Aquela-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado número 2.
Ah! E ganha de prémio uma banana quem adivinhar de onde eu tirei o segundo nome da Angelina e o nome do irmão dela (vão procurar)!
Bjx e obrigadíssimo por lerem, só por terem lido até aqui são as pessoas que mais amo no Mundo!
CassiE
