Nota de maio de 2005: por causa da
mais nova cretinic... er... norma do site, foi necessário retirar a
letra da música que acompanha este songfic. Gomen nasai.
FOUR SEASONS
Música: "Four Seasons", de Amuro Namie.
Rin abriu os olhos devagar ao sentir o sol batendo no rosto.
"Já amanheceu?", pensou e, embora tivesse vontade de dormir mais um pouco, resolveu se levantar. Afinal, o Ano Novo estava chegando, e ela e os amigos teriam muito trabalho a fazer: compras, roupas, arrumar a casa etc, tudo para que o próximo ano japonês fosse melhor que o anterior.
A garota tentou se levantar e corou ao ver que estava apenas com a parte de cima do conjunto de dormir, além de notar que o braço de Sesshoumaru a estava prendendo, segurando-a na cintura. Ela voltou a deitar e tocou no namorado para que ele acordasse:
–Sesshy, tá na hora de levantar...
Sesshoumaru abriu os olhos devagar e murmurou algo que ela não conseguiu entender, voltando a dormir logo em seguida.
"Deve estar com sono...". Ela tirou o braço dele da cintura e desceu da cama, vestiu uma roupa caseira e foi até à cozinha. Olhou o relógio e viu que marcava seis e meia da manhã, embora ela pensasse que fosse mais cedo, pois o tempo lá fora ainda estava com muitas nuvens, dando a paisagem um ar de cinco horas da manhã em Tokyo.
"Espero que este final de ano não seja só de chuva... Ficará um ar tão triste...". Ela começou a fazer uma lista de compras do que faltava para a festa de final de ano que fariam no dia seguinte. Para não correr o risco de acontecer o mesmo que aconteceu na véspera de Natal, todos combinaram de fazer as compras e ajudar nos preparativos um dia antes da véspera, para não ter que enfrentar filas quilométricas ou lugares lotados.
Ao terminar a lista, ela releu o papel algumas vezes e olhou para a despensa para ter certeza do que precisava comprar. Depois prendeu o papel com um imã na geladeira para que algum dos rapazes a lesse e tomasse a sábia decisão de fazer as compras naquele dia.
Começou a fazer o desjejum quando escutou passos vindo em direção à cozinha.
–Ohayo... – falou Kagome, entrando na cozinha e com uma evidente cara de sono. Ela olhou para Rin e perguntou – Sesshy ainda não levantou?
–Ainda não... – ela pegou uma frigideira – Acho que vai dormir até tarde hoje...
–Por quê? – perguntou a amiga inocentemente. Rin apenas a olhou corada e com um sorriso. Kagome entendeu e falou em seguida – Ah, 'tá... Entendi.
–Quer panquecas? – Rin perguntou para mudar de assunto.
–Claro.
–Achei que fosse dormir na casa de Inuyasha hoje...
–Pois é... – Kagome ficou sem jeito.
–Temos muita coisa pra fazer hoje... – Rin começou a falar e a contar no dedo algumas coisas - Temos que arrumar a casa, escolher nossas roupas, arrumar a roupa dos meninos, preparar as comidas pra amanhã...
–Rin sempre se preparando pra tudo! - Kagome falou, ajudando a garota a fazer o desjejum.
–Vamos deixar isso pronto pra quem acordar e vier aqui... Se bem que o pessoal aí do lado sempre pensa que aqui é o Hotel Plaza e vêm comer aqui sem pagar a conta...
–Rin-chan... – Kagome deu um sorriso sem graça.
–Vamos comer e depois vamos arrumar a casa, tá?
–Hai. – Kagome concordou com a cabeça.
10:00 h
Sesshoumaru acordou de repente, abrindo os olhos como se tivesse sonhado algo ruim e olhando ao redor assustado.
–Rin... – ele murmurou ao notar que a garota não estava mais na cama.
Olhou o relógio e bateu na testa ao ver que horas marcava o relógio.
–Muito tarde, muito tarde... – murmurou ele, pegando a roupa ao lado da cama e vestindo-a rápido. Saiu do quarto e foi direto para a cozinha, de onde pôde ouvir o som alto de uma conversa. Entrou e viu uma cena que já era rotineira: Miroku, Sango e Inuyasha tomando o desjejum, enquanto que Rin e Kagome faziam a comida.
–Como sempre, vieram filar o café aqui... – falou ele. Todos o olharam com espanto.
–Acordou agora? – perguntou Inuyasha. – Estou impressionado.
–Fique quieto. – ele se aproximou de Rin e a segurou pela cintura, abraçando por trás e falando no ouvido dela - Bom dia.
–Bom dia - ela respondeu sorrindo - Dormiu bem?
–Muito bem – ele disse com um sorriso.
–Oi, Sesshoumaru... Por que acordou agora? – perguntou Miroku – comendo um pedaço de panqueca e segurando um copo de suco – Você é quem madruga de todos nós!
–Houshi.– falou ele.
–Hai? – Miroku já deu um sorriso sem graça, pressentindo a ameaça que receberia.
–Tome seu café ou faço você engolir isso.
–Hai, hai. – Miroku respondeu, sorrindo ainda mais sem graça.
–Certo, agora é reunião. – falou Rin.
As "reuniões" que os amigos faziam entre si sempre aconteciam na casa de Sesshoumaru e geralmente no horário que Rin julgava que ninguém escaparia: o horário da primeira refeição.
Desta vez, a reunião era para resolver um problema que surgiu há dois dias: um gato. Um dia, Inuyasha e Kagome estavam passeando e encontraram um grupo de garotos maltratando um gato. Os dois brigaram com os meninos e os dois trouxeram o tal gatinho pra casa. Era branco, com algumas manchas marrons e era muito gordo. Ainda não tinha nome, mas parecia já pertencer a casa.
–Muito bem... – Rin se sentou à mesa junto com os amigos. – Com quem vai ficar esse gato?
–Ele deve ficar com Inuyasha. Foi ele quem o trouxe - falou Miroku.
–Acho que ele deve ficar com Kagome. Foi ela quem o trouxe. – falou Inuyasha.
–Acho que ele deve ficar aqui conosco. Ele é tão bonitinho!- falou Kagome.
–Por falar nisso, onde ele está? – perguntou Sesshoumaru.
–Não 'tá vendo o bicho ali em cima da geladeira? –falou Sango, apontando para o eletrodoméstico.
Sesshoumaru olhou e falou:
–Ele tá aí desde ontem?
–Parece que vigia a comida.- falou Inuyasha.
–Que bom. Temos um guarda pra vigiar o sake. – falou Miroku.
–Espero que ele seja bom. Se for, podemos ficar com ele.- falou Inuyasha.
–Só que temos um pequeno problema...- começou Rin.
–Qual? – perguntaram todos, exceto Sesshoumaru.
–Sesshoumaru não gosta dele.
–AH, SESSHOUMARU! –todos olharam pra ele em tom de reprovação.
–O que foi? – o rapaz perguntou, calmamente.
–Ele é tão bonitinho, Sesshy! Vamos ficar com ele? – falou Kagome, indo até a geladeira, pegando o bicho e colocando-o na frente de Sesshoumaru. Ficaram se encarando o gato e ele.
–Kagome...- começou ele – Que tal levá-lo pra casa do Inuyasha? Ele ficará melhor lá que aqui.
–Mas... mas...- ela gaguejava.
–O que foi?
–Inuyasha também não gosta dele!
–AH, INUYASHA! –todos olharam pra ele em tom de reprovação.
–Ah, nem vem que não tem! Esse bicho não vai ficar lá em casa.
–Ele pode ficar aqui, sim. Só não quero sujeira pela casa e nem vou alimentá-lo. Não tenho paciência pra isso. – falou Sesshoumaru, comendo uma panqueca logo em seguida.
-ARIGATOU, SESSHOUMARU! –falou Kagome, abraçando o rapaz e quase fazendo com que ele engasgasse. –Ano... Gomen...
–Tudo bem, tudo bem... – ele falou, limpando um pouco da sujeira que fez.
–Agora temos outro problema...- falou Rin.
-OUTRO? –falaram todos.
–O nome do gato.
–Que tal "gato"? –sugeriu Inuyasha.
-"Neko"? –sugeriu Miroku.
-"Bolinha"? –sugeriu Sango.
–Acho que Kagome pode escolher depois. Ela é a dona agora. – falou Sesshoumaru, comendo outra panqueca.
Todos o olharam e fizeram "sim" com a cabeça.
–Então é meu e podemos ficar com ele?- perguntou Kagome.
–Sim. –falou Sesshoumaru, pegando outra panqueca.
–Muito bem... Reunião encerrada. – falou Rin. Ela foi até a pia e começou a fatiar um peixe. A cozinha ficou depois num silêncio mórbido.
–Quem vai fazer as compras? – perguntou Rin, tentando mudar o clima na cozinha. Ao escutar isso, todos os rapazes mudaram de assunto.
–Sesshoumaru, aquele livro que me emprestou é muito bom... –falou Miroku, mudando de assunto.
–Verdade? Eu 'tava lendo a continuação ontem à noite...
–E isso me fez lembrar que no final de semana tem jogo pela liga de futebol...- Inuyasha foi ainda mais radical no que comentar.
–Ei, ei, ei! Não mudem de assunto tão rápido! - Rin se aproximou dos três e colocou uma das mãos na cintura, enquanto segurava uma faca pesqueira na outra, dando um ar de dona-de-casa assassina ameaçando os três. – No Natal, nós três enfrentamos filas e... táxis na véspera... – fingiu que não viu a enorme gota que tinha na cabeça de Miroku – E vocês não fizeram nada!
–Oi, eu trabalhei nesse dia, viu... – falou Miroku discretamente.
–Vocês podiam ao menos nos ajudar com as compras, né?
–Nós vamos, Rin, nós vamos... –Sesshoumaru falou.
Todos ficaram em silêncio e Rin perguntou:
–Sim?
–"Sim" o quê? – perguntaram os três.
–Vocês não vão?
-AGORA?
–E vocês querem ir à que horas? – ela perguntou zangada, fazendo até Sesshoumaru se assustar – Eu quero sair da cozinha hoje pra amanhã escolher a minha roupa...
–Você vai passar o dia todo só escolhendo a roupa? – perguntaram os três de novo.
–Que importância tem isso agora? Vocês vão ou não vão nos ajudar? – Rin se controlava para não atacar com a faca que segurava.
–Claro, claro... – disse Sesshoumaru, o que sempre dava um ar mais sério entre os três – Vamos assim que eu acabar de tomar meu café.
Rin sorriu satisfeita e voltou para a pia, voltando a fatiar o peixe.
–A lista está pregada na geladeira...
–Claro, Rin-sama. – Miroku falou.
–Rin-chan sempre faz as coisas com capricho – falou Sango, levantando-se e indo até a pia, onde também estava uma Kagome muito concentrada em cortar os legumes.-Em que posso ajudar? – perguntou para elas.
–Pode lavar os legumes? – perguntou Kagome.
–Hai.
As três continuavam fazendo a tarefa e os três ficaram só olhando.
–Ei, vocês três... – começou Kagome.
–Hai?
-QUANDO VOCÊS PRETENDEM IR? –perguntaram as três ao mesmo tempo.
–Já estamos indo, já estamos indo... – Sesshoumaru se levantou, pegou a lista que estava pregada na geladeira e puxou Inuyasha e Miroku com ele, falando para que somente eles escutassem – Vamos logo ou não teremos almoço hoje... Quando elas ficam assim...
-SESSHOUMARU, ESTAMOS ESCUTANDO!
–'Tá bom, 'tá bom... – ele puxou o irmão e o amigo até fora da casa. – Quem está com a chave?
–Não 'tava com você? –perguntou Inuyasha
–Essa chave não 'tá aqui desde que Miroku pegou o carro pra trabalhar naquele dia.
–O carro é meu, mas a chave não tá comigo. –falou Inuyasha. Os três se olharam e depois baixaram a cabeça.
–Quem vai lá perguntar pra uma delas onde 'tá a chave? – perguntou Sesshoumaru.
–Se elas tiverem com aquelas facas, nem pense que eu irei lá – falou Inuyasha, cruzando os braços.
Sesshoumaru puxou os dois de novo pra dentro da casa, mesmo sob os protestos deles.
–Vamos lá de novo... Se elas nos atacarem, que ataquem os três. – falou ele.
–Ei, calma lá, Sesshoumaru... – falou Miroku. – Eu ainda quero passar o final de ano sem hematomas...
–Fica quieto. Eu nem terminei meu café... – entrou na cozinha e viu as três trabalhando – Rin, onde estão as chaves do... – parou de falar ao ver o olhar assassino que as amigas lançaram.
-Virem-se! – elas falaram brutalmente e eles saíram correndo da cozinha, fugindo dos pedaços de legumes que elas lançaram neles.
o-o-o
–Sesshoumaru, o que acha de levarmos mais sake e menos comida? – perguntou Miroku, segurando duas garrafas de sake e olhando para o carrinho que Inuyasha vigiava, enquanto que Sesshoumaru olhava a lista de compras feita por Rin.
–Seria uma boa se você tivesse seu dinheiro. Como quem vai pagar serei eu, e eu não quero só beber no Ano Novo, então vai mais comida que bebida.
–Esse Miroku... Aposto que quer encher a cara por causa do fora que levou da Sango há duas semanas... – falou Inuyasha, balançando o carrinho de compras como se fosse um carrinho de bebê.
–Vocês ainda não voltaram? – perguntou Sesshoumaru, fazendo uma careta ao colocar uma lata de passas secas no carrinho – Desta vez 'tá demorando, hein?
–Sango é uma teimosa... –Miroku começou a falar enquanto os três andavam para outra seção – Ela não acredita que eu não passei a noite com aquelas gêmeas que moram perto de casa...
–Ué... E não é verdade? – falou Sesshoumaru em tom irônico – O que você tava fazendo lá, tarde da noite, na casa de duas novatas na vizinhança? Dando festas de boas-vindas?
–Oi, Sesshoumaru... –protestou o rapaz – Elas são lindinhas, eu sei, mas você precisa entender que eu não fiz nada com elas!
Sesshoumaru lançou um olhar ao rapaz que demonstrava pena.
–Eu sinto muito, Houshi, mas seus antecedentes criminais são mais fortes.
–Oi...- ele tentou se defender.
–Miroku, ele tem razão. – Inuyasha parou o carro e começou a colocar coisas que não tinham na lista dentro dele – Você é conhecido na vizinhança por ser mulherengo... – ele levantou a mão para impedir que o rapaz o interrompesse – E se você é inocente mesmo, por que não conta o que estava fazendo lá? Já percebi que sempre muda de assunto quando chega nessa parte...
–Oi, mas não é nada disso... – falou o rapaz, já saindo pela tangente. Inuyasha e Sesshoumaru reviraram os olhos.
–Não adianta, ele não vai contar – começou Sesshoumaru, desta vez fazendo uma cara melhor ao colocar um pacote de batatinhas no carrinho. Notou que na lista estava escrito apenas um pacote, mas, por "precaução", resolveu colocar mais quatro. –Seria melhor se contasse tudo de uma vez, ou seu noivado vai pro espaço.
–De novo? – falou Inuyasha.
–Ah, é... Eu lembrei que teve uma época que eles acabaram e ficaram três meses sem se falar. – falou Sesshoumaru.
–Oi...- Miroku tentou falar.
–Eu acho que ele já se acostumou, Sesshoumaru - falou Inuyasha. Aparentemente, os dois já conversavam entre si sobre a vida de Miroku como se o rapaz nem estivesse na frente deles.
–Que tal contar só pra gente? Talvez a gente converse com a Sango sobre isso e aí vocês voltam... –falou Sesshoumaru, olhando novamente para a lista.
–Bem... 'Tá bem, 'tá bem... – falou Miroku. Ao escutarem isso, Inuyasha e Sesshoumaru pararam e olharam para o rapaz esperando que ele dissesse algo. – Nesse dia, eu estava...
–Houshi-sama! – falou uma garota de cabelos pintados de louro – Não esperávamos encontrar você aqui! –ela estava acompanhada de outra garota, muito parecida com ela e que também tinha os cabelos pintados da mesma cor, indicando que as duas eram gêmeas até na cor dos cabelos.
–Ah... oi, meninas... Botan, Momiji...- o rapaz ficou sem jeito. -Estávamos falando de vocês...
–Verdade? – perguntaram as duas. Sesshoumaru e Inuyasha olharam Miroku interrogativamente.
–É verdade... E vocês – ele pegou as duas pelos ombros, virando-as para olharem para os dois irmãos – Vocês duas poderiam dizer a estes cavalheiros o que eu fiz naquela noite que passei na casa de vocês?
–Naquela noite?- perguntou uma.
–Ah, aquela noite! –confirmou outra.
–Sim. – Miroku já estava perdendo a paciência por causa da lentidão dos pensamentos das garotas – Poderia contar a eles, por favor?
–Ah, foi muito divertido!
–Sim, foi muito divertido!
–Você nos divertiu bastante!
–Sim, nos divertimos bastante!
–E nunca tínhamos feito algo tão bom quanto aquilo!
–Sim, nunca fizemos! Foi nossa primeira vez!
–Oi... – Miroku gelou ao ver o rumo que as garotas levaram a conversa e o duplo sentido que ela estava sendo para os amigos que escutavam. –Não, meninas, digam o que foi...
–Foi tão legal!
–Sim, foi muito bom!
–Esperamos fazer mais vezes, viu?
–Sim, nós três de novo! – a outra confirmou e elas foram embora.
–Ei, não vão ainda! Contem pra eles o que fizemos... OI! SESSHOUMARU! INUYASHA! – ele viu que os dois já estavam indo para outra seção.
–Esse Houshi... – falava Sesshoumaru
–...não tem jeito – completou Inuyasha.
–Esperem!- falou Miroku, alcançando-os e se parando na frente deles para impedir que passassem. – Foi pôquer! Estava jogando pôquer com elas! Fiz um grupo de apostas e elas eram do meu time e ganhamos muito dinheiro! Foi só isso, juro!
Sesshoumaru olhou sério para ele e Inuyasha quase não conseguia conter o riso.
–Isso é crime, Houshi, sabe disso...- Sesshoumaru falou com calma.
–É, eu sei, mas eu estou sem emprego... E vocês devem lembrar que nessa época eu trouxe dinheiro lá pra casa pra ajudar nas despesas! Mas eu não fiz nada com elas, é sério!
–Isso é verdade... Mas você tem que contar pra Sango, então.- completou o irmão mais velho
–Sango não gosta que eu me meta em jogos, ela vai ficar chateada...
–Mais do que já está, achando que você a traiu com outra? – Inuyasha perguntou, olhando para seção de ramen e depois para o amigo – Pra mim, ela vai ficar muito feliz em saber o que realmente aconteceu!
–Vocês acham?
–É CLARO, BAKA! – falaram os dois ao mesmo tempo. Alguns presentes pararam para ver o grupo e Sesshoumaru falou para eles:
–Circulando, circulando... não é do interesse de vocês... – depois que viu que os curiosos iam embora, ele se virou para Miroku e falou – Quero que vocês se acertem logo, por isso, conte logo a verdade!
–Mas... por que você quer tanto que eu me acerte com ela?
–Pra não ter que ficar passando a mão em Rin.
–Oi... – ele deu um sorriso sem graça.
–É sério! Se sua "falta de noiva" fizer com que comece a olhar pra Rin, vai ter o que merece!
–Oi, Sesshoumaru!
–O mesmo vale pra Kagome, certo, Miroku?
–Oi, Inuyasha!
Sesshoumaru olhou para o relógio e falou:
–Está na hora de irmos... Está tudo aí? Não tá faltando nada?
–Acho que não... – Inuyasha olhava para o carrinho e procurou algumas coisas –Meu cup noodles, as batatinhas, uma garrafa de sake, as passas...
–Houshi, pegue mais sake!
–Falou!
–Agora sim, vamos pagar e ir embora - falou Sesshoumaru.
o-o-o
Depois de uma pequena caminhada – já que o supermercado ficava perto da rua onde moravam –, eles chegaram em casa com muitas sacolas após compraram coisas em excesso.
–Chegamos! – falaram ao entrar na sala, onde estavam Rin e Kagome fazendo as unhas uma da outra.
As duas olharam para os rapazes e Rin perguntou:
–Deu tudo isso aquela lista de quinze itens?
–Achamos que algumas coisas eram poucas, então colocamos mais alguns itens. – falou Sesshoumaru.
–Certo... –falou Rin, serrando as unhas da mão de Kagome – Arrumem as compras lá na cozinha.
Os rapazes "estancaram" ao escutar a ordem. Rin já sabia que isso aconteceria e perguntou calmamente antes de começar a atacar:
–Algum problema?
–Tipo... – Inuyasha começou.
–O quê? – perguntou Kagome, se controlando para não rir da cara que eles fizeram.
–Temos mesmo que fazer isso? – perguntou Miroku.
–Sabe... Nós fizemos as compras de Natal. Nós fizemos a comida no Natal. Nós arrumamos a casa no Natal. Nós arrumamos as compras no Natal. Nós faremos a comida do Ano-Novo e fizemos a comida de hoje... Estamos fazendo as unhas e então... SERÁ QUE DAVA PRA ARRUMAREM AS COMPRAS? – gritou Rin, fazendo os três pularem para dentro da cozinha levando as compras.
–Mou! Esses três... –falava Rin, enquanto continuava a serrar as unhas de Kagome.
–Calma, Rin-chan... –falava Kagome sorrindo.- O que te deu hoje? Sesshoumaru-sama não deixou você dormir bem?
–Oro? - Rin arregalou os olhos castanhos.
–Devia ficar mais calma... É Ano-Novo.
–Certo, certo...- ela estreitou os olhos.
o-o-o
–Mou! Rin 'tá impossível hoje.- comentava Miroku, enquanto guardava as verduras perto do armário de produtos de limpeza.
–Houshi...
–Sim, Sesshoumaru-sama?
–Se falar dela assim de novo, vai ficar sem sake.
–Certo, certo... – o rapaz ficou sem graça.
Sesshoumaru pegou algumas das latas e, como não sabia onde guardar, resolveu deixar na sacola mesmo e olhou para a geladeira.
–Será que eu guardo isso aqui? –perguntou ele.
–Sei lá. Acho que fica melhor, né? Assim, quando Rin vier fazer a comida, já estará tudo gelado. – falou Inuyasha, guardando as batatinhas no armário das panelas.
–É... Acho que tem razão.
Quando terminaram de guardar a maioria das compras, chegou a vez que eles tanto queriam: guardar o sake.
–Muito bem, belezinhas... –falou Miroku pegando uma garrafa. – Vocês sabem onde se guardam?
–Quando elas responderem, nos avise. – falou Sesshoumaru, procurando alguma coisa pela cozinha.
–O que foi, Sesshoumaru? –perguntou Inuyasha.
–Onde 'tá o gato?
Os três largaram as garrafas e começaram a procurar pelo gato, com a esperança que ele pudesse mostrar onde guardar o sake e com garantia de proteção da mercadoria.
–Gatinho...
–Neko...
–Bolinha...
Sesshoumaru estava perto da geladeira e olhou para a parte superior dela, onde algo se mexia perto de um vasinho que Rin deixou lá para enfeitar a geladeira. Ele tirou o vaso e olhou para o gato, e este fez o mesmo. Ficaram se encarando durante algum tempo, até que o gato "falou":
-Bu...
-"Bu"? –falou Sesshoumaru, levantando uma sobrancelha.
-Yuuuu...
–Encontrou o bicho? – perguntou Inuyasha olhando para o irmão. Este fez um sinal com a mão chamando os dois.
–O que foi? – Miroku perguntou, se aproximando junto com Inuyasha.
–Acho que ele disse o nome dele... –falou Sesshoumaru.
Os dois amigos olharam como se ele estivesse doente ou algo assim e colocaram a mão na testa dele.
–É sério... Olha só... O gato falou quando eu tava olhando pra ele. – ele pegou o bicho e o encarou com um olhar fixo e frio.
-Buuuu...
-"Bu"?- falaram os dois.
–Shhh! Silêncio. – Sesshoumaru falou.
-Yoooo...
-"Yo"? –falaram os três ao mesmo tempo.
-"Buyo"? – arriscou Miroku. – Nome legal.
–Acho que Kagome vai gostar - disse Inuyasha.
–Espero que ele vigie o sake até o Ano-Novo. – Sesshoumaru falou – Ou vai pra rua. Agora...- ele colocou o gato e o colocou no mesmo lugar onde achou – Você sabe onde podemos guardar o sake?
O gato lambeu uma pata e depois se deitou, ficando depois de barriga pra cima.
–É aqui mesmo? Nesta geladeira? – arriscou Sesshoumaru.
O gato continuava se balançando e depois começou a coçar o próprio pescoço, coçando-se também no pano que cobria o móvel.
–Acho que sim, Sesshoumaru...
–Então... Peguem as garrafas, rapazes. – falou, abrindo a geladeira.
E os três ficaram guardaram todas as garrafas na única geladeira, disputando espaço com a comida.
o-o-o
–Onde está Sango? – perguntou Miroku, já na sala junto com Sesshoumaru, que lia uma revista e Inuyasha, sentando ao lado de Kagome, que pintava as unhas de Rin. Os três já tinham arrumado as compras e almoçado, e agora estavam na sala sem fazer nada.
–Saiu depois do almoço. Disse que tinha um encontro. – falou Kagome. – Pronto, Rin.
Rin olhou para as próprias unhas e sorriu.
–Muito bom.
–Eu também, né? –Kagome mostrou as unhas. Inuyasha pegou a mão que ela estendia e a beijou.
–Sim, tá muito bom. – falou ele, fazendo Kagome corar.
–Um encontro? –repetiu Miroku. – Ela é minha noiva e vai a um encontro com outro cara?
Sesshoumaru abaixou a revista e olhou para o rapaz indignado.
–Viu? Eu falei.
–E quem é o cara? – perguntou o por enquanto "ex" de Sango.
–Disse que é um cara que ela conheceu no trabalho – falou Rin, se aproximando de Sesshoumaru e colocando a cabeça no peito dele. – Ela vem trazê-lo hoje...
–Ah, é? – falou Miroku, num tom que não escondia o ciúme, a indignação e a raiva misturados. Sesshoumaru abraçou Rin e tentou esconder o riso.
–Vocês riem, mas queria saber o que fariam se fosse com vocês... – Miroku falou.
–Rin não faria isso porque eu não passaria a noite na casa de umas certas gêmeas pra jogar pôquer. –Sesshoumaru terminou de falar e beijou o cabelo de Rin.
–Kagome não faria o mesmo porque eu não me negaria a contar a verdade se eu fosse até a casa de certas gêmeas e jogasse pôquer com elas. – Inuyasha falou e beijou novamente a mão da garota.
–Se for só isso, eu conto pra ela e... –parou de falar ao escutar o barulho de carro do lado de fora.
–Acho que ela chegou. – falou Rin, tentando olhar pela janela. – De carro, ainda por cima.
–É... –falou Inuyasha. – Tem um Mitsubishi, ó só!
–Ficaram sentados para receber o convidado. Só Miroku continuava olhando pelo vidro.
–Olha só... Ele abriu a porta pra ela... Agora tá pegando na mão da minha Sango...
Sesshoumaru tentava conter em vão o riso, e Rin dava tapas no braço dele para ele parar.
A porta se abriu e a cabeça de Sango apareceu.
–Estão todos aqui? –perguntou ela. –Ah, estão sim. Quero apresentar pra vocês a pessoa com quem estou saindo no momento. – Pode entrar, Ginta.
Ao escutar o nome, Rin se desencostou de Sesshoumaru e olhou para a porta.
A pessoa entrou. Um rapaz com aparecia meio bobinha, mas muito simpático. Rin empalideceu e Sesshoumaru notou que a mão dela estava gelada.
–Algum problema, Rin?
–Ah... –ela não falou.
O rapaz falou um discreto "Oi..." e olhou para a garota ao lado de Sesshoumaru.
–Rin?
–Ah... – ela não conseguia falar.
–Quem é ele? – perguntou Sesshoumaru, olhando intrigado para o rapaz.
–É meu... – ela olhou para o rapaz. Ginta se aproximou e pegou nas mãos dela, deixando Sesshoumaru boquiaberto por causa da "ousadia" do infeliz.
O rapaz soltou a matraca:
–Oi, lembra de mim? Sou seu noivo! Ainda guardo o anel que você pediu pra eu guardar por causa da sua viagem que fez pra Madagascar... Eu lembro que você disse que não queria que congelasse porque lá neva mais que o Japão... Mas você nem me avisou que voltou, aí eu teria trazido o anel comigo e...
Sesshoumaru olhava espantado para a garota, que estava agora mais branca que as paredes da casa e quase pra ter uma taquicardia. Os outros presentes estavam igualmente pasmos e não conseguiam pronunciar uma única palavra, principalmente Sango, que agora estava mais preocupada com uma futura crise de relacionamento que se instalaria naquela casa.
–Rin... – Sesshoumaru levantou e a puxou junto – Vamos conversar... – os amigos notaram um certo nervosismo na voz do rapaz que ia até a cozinha, levando Rin praticamente arrastada.
–Rin! Você vai onde? – perguntou Ginta, ainda sem entender nada.
–Rapaz... Vamos conversar... – começou Inuyasha, puxando pela manga da camisa para que ele se sentasse no sofá.
–Mas a Rin... – ele protestou.
–Ela volta já. Aquele rapaz é o analista de sistemas e ele vai consertar o computador que tem lá na cozinha... – falou Miroku, fazendo as garotas também se sentarem para entreter o rapaz.
–Mas lá na cozinha? - o convidado arregalou os olhos.
–Pois é... É a era da informática! Lá nos ficamos sentados e o computador faz a comida, prepara o sake, guarda as compras... – continuou o rapaz, sentando por fim – Eu já percebi que você é um rapaz muito comunicativo, então que tal falar um pouco sobre você pra te conhecermos melhor?
–Claro! Meu nome é Otome Ginta, tenho 23 anos, sou do signo de Libra e minha pedra é a esmeralda... – começou o rapaz.
Dentro da Cozinha
Sesshoumaru e Rin estavam em pé, sem olhar um para o outro. Sesshoumaru passava a mão nos cabelos e Rin apoiou as costas na pia e olhava para os pés. Estava muito pálida e sentia as mãos geladas.
–Muito bem... –começou ele, ficando em frente de Rin e respirando fundo. – Pode me explicar isso?
Rin parou de olhar para os pés e olhou para algum ponto que ficava ao lado de Sesshoumaru.
–Ele era meu noivo...
-ELE FALOU QUE É SEU NOIVO! –gritou o rapaz, assustando a garota ao dar um soco na porta da geladeira e derrubando o gato que estava deitado em cima dela.
–Ele... eu e ele fomos noivos... antes de conhecer você...
–Vocês terminaram?
–Eu terminei. Ele não...
Sesshoumaru tentou conter a vontade de dar outro soco na porta da geladeira.
–Eu... eu não entendi... –disse, fechando os olhos.
–Ele era muito chato e parecia que não entedia as coisas quando falávamos pra ele... Eu queria terminar, mas ele era um chorão... - Ela olhou para baixo. – Eu... eu inventei uma história de que iríamos morar em Madagascar porque meu pai precisava fazer um tratamento com a neve que dá lá...
–Rin...
–O quê?
–Em Madagascar não neva.
–Eu sei, mas ele não sabe.
–E depois? O que aconteceu?
–Eu entreguei o anel pra ele e disse que se eu voltasse, era pra ele me procurar, ou então me visitar lá na ilha...
–Por que... Por que você não me contou?
–Eu... Eu não achei que fosse importante...
–É CLARO QUE É IMPORTANTE! – Rin se assustou ao vê-lo gritando.- O CARA TÁ AÍ FORA ACHANDO QUE AINDA É NOIVA DELE!
Do lado de fora
–O quer foi isso? – Ginta parou no meio da história que contava sobre o jardim de infância e todos os outros olhavam para a cozinha.
–Bem...- falou Miroku – bem... Acho que foi o computador... Acho que Inuyasha deixou o DVD de "Jurassic Park" rodando lá no pc. Vamos até lá ver em que parte tá e depois nós voltamos, ok?
–"Jurassic Park"? Esse filme é jóia! Eu adorava vê-lo... Posso ir com vocês? – Ginta estava quase se levantando.
–Não, não pode não – falou Miroku, fazendo o rapaz voltar a sentar. – Você ainda está nos contando a história de como a dona Rikota o repreendeu por grudar chiclete no cabelo das meninas. Sango, fique aqui e escute a história, tá? Depois nós... Contamos o resto do filme, tá?
–'Tá... só não atrapalhem, certo? –falou a garota.
Inuyasha, Kagome e Miroku foram até a cozinha e ficaram à espreita na porta.
–Só entraremos – falou Miroku – se as coisas piorarem. Acho que Sesshoumaru está se descontrolando.
–Tem razão. –falaram os dois, escutando atrás da porta.
o-o-o
–Sesshoumaru... Por favor... Eu não quis fazer por mal... Eu tinha que me livrar dele. Eu não gosto de ficar com alguém dizendo que gosto dele quando na verdade já estava com repulsa.
–Então é isso que vai fazer se não gostar mais de mim?
–Claro que não, Sesshy... Você sabe que...
–Você não gosta da pessoa e se livra delas assim?
–Não, Sesshy, por favor... – ela se controlava para não chorar. – Eu não faria isso com você, nunca...
–Você já fez uma vez, menina... – ele a olhou tão fixamente que a fez sentir medo – Como posso saber se não vai fazer de novo?
–EU ESTOU DIZENDO QUE NÃO! –ela gritou, fechando os olhos para não olhar para os frios olhos de Sesshoumaru.
–Você já me enganou ao não me contar essa história. Acha que eu posso ter confiança em alguém que pode mentir e enganar as pessoas assim? – Rin arregalou os olhos e depois tornou a fechá-los, escondendo o olhar sob o cabelo. Sesshoumaru se dirigiu para a porta e tocou na maçaneta, falando antes de sair – Eu não acredito que me envolvi com alguém assim.
Abriu a porta e Inuyasha, Kagome e Miroku caíram no chão. Os três olharam para o rapaz e depois para garota que ainda escondia o olhar. Sesshoumaru passou pelos três amigos como se não os tivesse visto e estes se levantaram e foram até Rin. Ao se aproximarem, viram que a garota assumia uma expressão de raiva.
-BAKA!
Sesshoumaru parou ao escutá-la gritando. Não virou-se para olhá-la, mas agora ela não escondia mais o rosto.
–ACHA QUE EU TE ENGANEI QUANDO DIZIA QUE TE AMAVA, SESSHOUMARU?
–Agora eu tenho minhas dúvidas. – disse o rapaz, sem se virar. Rin arregalou os olhos e sentiu os joelhos tremerem ao escutar aquilo. Ele começou a andar em direção ao quarto.
Os amigo se aproximaram de Rin que ainda tremia. Inuyasha tocou-lhe o ombro e falou:
–Rin... Vamos... Vamos lá para casa, 'tá?
–Vamos, Rin... Eu vou com você... – Kagome pegou a amiga e a levou em direção da porta dos fundos.
–Eu vou chamar Sango, 'tá? – Miroku falou, indo em direção da sala, enquanto que os dois levavam Rin para a casa ao lado.
Ao chegar na sala, encontrou Sango folheando a mesma revista que Sesshoumaru folheava antes enquanto Ginta contava-lhe uma interessante história de como conseguiu colar na prova de admissão do segundo grau. Ao ver o noivo – ou quase ex, como queiram – ela se levantou.
–E então?
–Vamos pra... –ele parou de falar ao perceber o cara olhando para eles. Miroku juntou as mãos e falou para o rapaz – Sabe, agora nós vamos ter que sair... Estamos à procura no nosso gato de estimação que fugiu ao ver o tiranossauro rex comer aquele cara no banheiro no filme.
–Verdade? – perguntou o rapaz muito impressionado. – Querem ajuda? Estou de carro.
–Claro! É uma idéia excelente! Você vai de carro até o Shopping do Bloomingdale's e procura pelas pet shops de lá por um gato branco, gordo e que fala "buyo".
–"Buyo"? – repetiu o rapaz.
–É, "buyo". "Buuuu" e depois "yoooo". Agora vai, cara. Estamos muito preocupados com ele e ligue pra gente se por acaso o encontrar.
–Mas... Esse shopping não fica do outro lado da cidade?
–Sim. Achamos que pode estar lá porque ele 'tava de caso com uma siamesa que 'tava à venda em uma loja lá. Agora vai... Se ele não aparecer, a Rin vai ficar chateada.
Miroku já estava do lado de fora da casa, empurrando o pobre rapaz para dentro do carro. Fez o rapaz dar a partida e ficou acenando pra ele quando ele foi embora.
–Se a situação não fosse tão dramática, eu iria rir muito nesta hora... –falou ao olhar para Sango, assim que voltou para dentro de casa. – Sesshoumaru foi para o quarto e Rin está lá em casa.
–Coitada... –falou Sango. – Foi tudo culpa minha...
–Não se culpe, Sango. Você não sabia de nada...
–Mas eu não faria isso se você por acaso não tivesse feito eu me zangar com você, seu safado! – ela falou, dando tapas na cabeça dele. Miroku mantinha o ar sério, mesmo apanhando dela.
–Agora não, Sango. Vamos para casa falar com Rin.
o-o-o
–Rin, tome este chá... –Kagome estendeu a xícara para a garota e esta segurou o líquido, olhando durante algum tempo para a água quente. Kagome sentou no sofá, ficando ao lado da amiga, enquanto que Inuyasha estava sentado do outro lado de Rin.
Rin estava com o rosto muito triste, entretanto não chorava e não falava nada.
–Pessoal... –Miroku apareceu fundo dos fundos da casa.
–Estamos aqui, Miroku. –falou Inuyasha. Sango e Miroku se aproximaram e sentaram no outro sofá que tinha na sala.
–Hmm... –Miroku não queria pronunciar o nome do rapaz que foi praticamente expulso da casa. -... Já foi...
–Ele já foi? – perguntou Rin, falando pela primeira vez desde que os três a encontraram na cozinha.
–Gomen ne, Rin... –começou Sango – Eu não tive a intenção...
–Não foi sua culpa, Sango-chan... –a garota falou com a voz embargada. –Foi culpa minha mesmo... Eu nunca contei isso pra ele e agora ele... Ele – as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto e a voz foi ficando mais sumida. – Ele não...
–Rin… - Inuyasha a abraçou, e ela agora molhava a camisa do rapaz por causa das lágrimas. Kagome a abraçou também e logo em seguida, Sango e Miroku também deram um jeito de pelo menos tocar na amiga.
–Ah, Rin-chan... Nos parte o coração vê-la chorando desse jeito... –falou Miroku.
o-o-o
–Eu não sei se... Vou poder ficar com você. Eu não sinto o mesmo que sentia antes, Sesshoumaru... – a garota falava, enquanto o rapaz escutava com calma.
Sesshoumaru tinha o olhar fixo para o céu e a garota também fazia o mesmo. O dia estava ensolarado e estavam em frente à casa dele, sentados em um banco de madeira que ele e o irmão fizeram para ocupar um espaço que existia no muro que separava as casas.
-Kagura... –ele começou, mantendo o olhar fixo. – Eu não estou chateado.
-Verdade? – perguntou a garota, com uma expressão alegre. – Que bom! Eu não queria te deixar triste. Na verdade, quero muito continuar sua amiga depois disso... Acho que não damos certo como namorados, e sim como amigos.
Sesshoumaru fechou os olhos e baixou a cabeça, dando um pequeno sorriso.
-Eu já ouvi falar disso... de pessoas que se dão melhor como amigos do que como namorados. Casais que se divorciam e que têm um relacionamento mais amigável depois de separados...
-Interessante isso, né? –ela falou, sorrindo muito.
O rapaz concordou e depois perguntou:
-Você pretende encontrar alguém especial, Kagura?
-Eu? – ela perguntou surpresa. –Acho que sim... se alguém agüentar meu gênio... –ela falou, achando graça da própria falta de esperança.
-Eu acho que o mesmo vai acontecer comigo. –disse o rapaz, com um sorriso.
-Claro que não, Sesshoumaru!
-Por que diz isso?
-Ah, por favor... Não há ninguém que não goste de você. Dentre uma das garotas que você conhecerá, vai ter alguém que vai conseguir encontrar... Bem, eu não sei dizer, mas vai encontrar uma parte de você que...
-O que você quer dizer, menina? – ele se impacientou com a demora dela. Ela deu uma risada.
-Bem... eu não sei, Sesshoumaru... tem uma parte de você que eu não consigo achar... eu não consegui tocar e não consegui entender. De certa forma, você tem um lado que foi inatingível pra mim. Quando você encontrar a pessoa certa, essa pessoa terá que tocar em você e entender tudo sobre você.
-Entendo... –disse ele, olhando para o outro lado. O carro do irmão tinha estacionado e dele desceram o irmão mais novo, a namorada Kikyo, e mais duas amigas dele. A garota que ele conhecia por Kagome tinha acenado e reconheceu a outra amiga dela, Rin, mas esta não acenou e parecia esconder o rosto. Inuyasha e Kikyo acenaram também e entraram na casa de Sesshoumaru.
-Que estranho...
-O quê?- perguntou ele.
-Por que aquela menina 'tava chorando?
-Quem?
-Aquela que estava ao lado de Kagome.
-Rin? –perguntou ele, olhando em direção da casa.
-É o nome dela? – Kagura olhou para a entrada da casa - Ela estava chorando...
O rapaz voltou a olhar para o céu e deu um longo suspiro. Um vento forte passou por eles e Kagura protegeu o cabelo.
-Ai, ai...
-O que foi? –perguntou ele.
-Nada. É que eu adoro o vento. Ele é... a única coisa que não muda em tantos anos de evolução da humanidade. Continua livre e muito forte.
-Acho que ele muda sim, Kagura... não deviam existir furacões há bilhões de anos...
-Não seja tão frio assim, Sesshoumaru!-ela repreendeu e continuou. – O vento é especial: é livre. Essa é a maior qualidade que existe pra mim.
-Entendo...
-Que cara é essa, por Kami-sama! – ela puxou um lado da bochecha dele fazendo com que ele achasse graça da brincadeira. – Tá vendo o que eu disse? Eu não consigo agüentar essas sua cara seria por tanto tempo! Mude um pouco! Eu não acho que vai conquistar uma garota desse jeito!
-Tem razão, eu... –parou de falar ao ver a porta da casa ser aberta e de lá sair uma furiosa Kikyo e um Inuyasha igualmente furioso. Kagura e Sesshoumaru não podiam escutar o que falavam, mas estavam brigando. Kikyo gritou algumas coisas e depois foi embora sem olhar para Inuyasha, que passava a mãos nos cabelos exasperado.
-Acho que desta vez acabou – falou Kagura sorrindo.
-Kagura...- Sesshoumaru falou.
-Que foi, hein? Você sabe muito bem que não curto a cara dela desde que falou mal do meu cabelo.
-Não gosta dela por uma coisa tão pouca...
-Não gostar? Sesshoumaru, querido, você realmente não me conhece... É um elogio para a pessoa saber que não gosto dela, mas no caso de Kikyo, eu a detesto! Não sei como Inuyasha ainda está com ela... com tantas meninas bonitinhas e ele namorar logo essa garota... Kagome, por exemplo! – falou a garota, assim que viu Kagome sair de casa e tocar no ombro de Inuyasha, como se estivesse consolando-o. Rin apareceu na soleira da porta, mas Sesshoumaru apenas via seu vulto.
-Ela não está mais chorando, Kagura...- ele falou calmamente. A garota olhou para a soleira e viu Rin com uma expressão mais alegre.
-Deve estar feliz com o término do namoro...
-Ele não terminou... os dois sempre fazem isso...
-Ela também é bonitinha. Inuyasha deveria tentar uma das duas.
-Inuyasha gosta de Kagome, Kagura, sabe disso...
-É ISSO QUE EU NÃO CONCORDO! – a garota gritou no ouvido dele. Parecia muito irritada com o fato. – O que Inuyasha viu em Kikyo pra escolher ficar com ela! Kagome está sempre ao lado dele e...
-Kagome tem namorado, Kagura.
-Eu sei, mas é um babaca! Aquele tal de Houjo não teria chances contra Inuyasha... – ela olhou para o relógio e olhou preocupada para o rapaz.– Bem, eu tenho que ir...
-Tudo bem. – disse ele sorrindo.
Kagura se levantou e abaixou a cabeça, encostando os lábios na testa dele.
-Pense no que te falei. Como amiga, eu não quero que fique sozinho, sem encontrar a pessoa ideal.
-Eu digo o mesmo pra você.
A garota deu um sorriso e pegou a bolsa que estava jogada no gramado perto do banco onde estavam.
-Até mais, Sesshoumaru.
-Até, Kagura.
Sesshoumaru a viu afastar-se e deu um suspiro. Por fim, levantou-se e foi até sua casa. Abriu a porta e viu a garota Rin, Kagome e Inuyasha conversando.
-Tudo bem? – perguntou ao irmão mais novo.
-Tudo... –ele respondeu e olhou o irmão –Ah... Cadê a Kagura?
Sesshoumaru ficou em silêncio durante alguns segundos e respondeu depois:
-Ela... ela foi embora. – disse isso em um tom meio triste. Inuyasha entendeu perfeitamente que a garota tinha terminado.
o-o-o
Alguns dias depois, uma pessoa chegava até aquela casa com mudanças. Kagome estava chegando para morar na mesma casa que Sesshoumaru. A casa toda tinha caixas espalhadas, e Inuyasha, Sesshoumaru e Rin ajudavam a garota a arrumar as coisas em um quarto que fora antes a biblioteca de Sesshoumaru.
-Não estou mesmo incomodando, Sesshoumaru?
-De modo algum, Kagome. – respondeu o rapaz que carregava uma caixa em que estava escrito "livros".
-Melhor do que morar lá comigo e com Miroku. – disse Inuyasha, carregando a mala de Kagome. – Aquele besta não perderia a oportunidade de querer olhá-la tomando banho.
-Onde ele está?- perguntou Sesshoumaru, abrindo a caixa de livros e colocando na estante meio que desordenadamente.
-Foi a um encontro... Disse que encontrou a mulher da vida dele. – respondeu o irmão, ajudando Rin a carregar outra mala.
-Outra? – perguntou ironicamente Rin. Sesshoumaru olhou para ela: tinha sido a primeira vez que via a garota falar daquele modo, como se achasse que estivesse entre bons amigos. Ele achava que a garota era muito tímida para abrir a boca e contar uma piada. – Ele falou a mesma coisa pra aquela tal de Koharu, mas acho que Sango é um pouco mais... Digamos... Difícil.
-Ela vai ficar arrasada quando souber como ele é. –comentou Inuyasha.
-Só espero que ela dê tapas mais fortes que eu e Kagome nele. Minha mão fica roxa quando bato nele... – falou Rin, passando a mão na testa.
-Ele passa a mão em vocês? – perguntou Sesshoumaru, não tirando os olhos da garota. Ela ficou um pouco corada e depois falou:
-Sempre que nos vemos... Mas Inuyasha, Kagome ou eu sempre damos um jeitinho nele. – respondeu, piscando um olho para o rapaz. – Ele volta cheio de hematomas para casa...
Sesshoumaru baixou o rosto e saiu do quarto.
-Vou fazer um lanche. – falou ao sair.
o-o-o
-Essa garota é linda, demais, sensacional, incrível... – Miroku não parava de falar. Estavam ele, Sesshoumaru, Inuyasha, Rin e Kagome na cozinha da casa de Sesshoumaru, conversando enquanto comiam. Havia alguns dias que Kagome havia mudado e Rin aparecia constantemente para fazer trabalhos.
Sesshoumaru descobriu, um dia, que Rin adorava ler. Em uma tarde em que a garota foi até a casa dele para fazer um trabalho com Kagome- já que as duas eram colegas de faculdade – ela encontrou a porta dele aberta e viu a estante cheia de livros. Aproximou-se e pegou um livro de kaiban – lendas do folclore japonês – e ficou folheando. Nem sentiu Sesshoumaru se aproximar dela, apenas no momento em que ele perguntou:
-Gosta de lendas?
A garota se assustou e olhou para ele corada.
-Gomen... não tive intenção de invadir seu quarto...
-Não tem problema... – ele olhou o livro que segurava e perguntou de novo – Gosta de lendas?
-Ah... eu... gosto sim. – respondeu a garota ainda muito envergonhada com a situação. Ele pegou o livro e colocou na estante de volta – Principalmente sobre as tennyo's.
-Eu acho uma história muito triste. – falou ele. – O que gosta nessa história?
Rin deu um sorriso e respondeu:
-Meu pai disse ter visto uma tennyo me salvando quando caí de uma árvore quando era pequena. Aí ele me contava as histórias... "Uma deusa de beleza extraordinária que procura pelo seu manto e casa com o homem que a roubou. Quando o encontra, ela consegue voltar para o céu." – disse ela, olhando para outros livros na estante.
-Ah... – ele apertou a região entre os olhos, tentando formular alguma pergunta - Eu queria saber que faculdade você faz... – perguntou depois, tentando acompanhar o olhar dela pela estante.
-Kagome e eu fazemos Literatura Japonesa.
-Gosta do que estuda?
-Muito. – ela pegou outro livro – Sua biblioteca é muito interessante... Você também estuda Literatura?
-Não. Sou estudioso. Apenas gosto de ler.
-Ah, tá... – ela ficou sem jeito.
Sesshoumaru pegou de novo o mesmo livro que ela colocou na estante.
-Fique com ele. Eu não o leio há muito tempo.
Rin o olhou, corada. Ele nunca tinha notado que ela era um pouco menor que ele, mas que ainda chegava a ser da mesma altura do queixo dele, e que tinha os olhos castanhos.
-Ano... Posso mesmo?
-Hai.
Rin deu um sorriso que Sesshoumaru achou lindo e que o fez pensar nela durante dias.
-Arigatou. – disse, pegando o livro.
Voltando à conversa da cozinha, Miroku estava contando outra vez sobre como achava que Sango era a mais maravilhosa garota que já encontrou naquele planeta.
-Espero só até ela descobrir como você é, seu safado...- falou Inuyasha, passando geléia em um pedaço de pão.
-Que é isso, pessoal? Acham que eu não posso mudar? – perguntou o rapaz, fazendo-se de ofendido com o que o amigo tinha falado.
-Claro que não – Rin começou a falar. –, pois você é um caso perdido, Miroku-sama. Ontem mesmo quando ela saiu, você ficou atrás de outra garota!
-Oi, Rin, que é isso... ela só estava pedindo informações... – Miroku não conseguia esconder uma enorme gota ao lado do rosto.
-E a informação era a rua e o número da casa onde você mora? – perguntou a garota com ironia. Kagome e Inuyasha tentaram sufocar o riso, enquanto que Sesshoumaru apenas olhava para a garota, impressionado com a língua afiada que ela tinha.
-Oi...- ele ficou ainda mais sem jeito.
Rin se levantou, pegou algumas louças sujas e foi até a pia.
-Vou arrumar nossa bagunça, Sesshoumaru-sama... – falou ao dono da casa educadamente.
-Deixe isso aí, menina. Você é visita, não tem que se preocupar com isso.
-Demo...
-Ele tem razão, Rin-sama. – Miroku falou, pegando a garota e levando-a de volta a mesa para sentar-se com o grupo – Nada de sujar suas lindas mãozinhas com detergentes... – ele fez com que ela sentasse de novo no lugar que sentara antes, e Rin sentiu a mão dele tocando em um lugar que não deveria. Uma veia saltou na testa dela e ela se virou para o rapaz com a mão levantada.
-Esse Miroku... – começou a falar, abrindo a mão para o tapa – HEN... –parou de falar ao ver que o pobre rapaz já tinha sido atingido por outra pessoa. Sesshoumaru, que estava ao lado dele na mesa, tinha dado um soco no rapaz e tomava o chá tranqüilamente, como se tivesse feito coisa mais natural do mundo.
-Houshi... – começou ele.
-Hai... – Miroku ainda estava vendo estrelinhas.
-Não mexa com a menina.
-Hai, Sesshoumaru-sama.
A garota corou ao escutar aquilo.
-A... Arigatou, Sesshoumaru-sama.
o-o-oA primavera já havia chegado e a árvore que tinha no quintal da casa de Sesshoumaru já tinha florescido. Estava florida como as árvores de sakura, muito comuns no Japão, dando uma paisagem muito bonita ao lugar.
Era mais um dia que Rin estava lá, estudando tranqüilamente com Kagome, e Sesshoumaru podia escutar a conversa das duas sobre a faculdade. Depois de algum tempo, escutou-as saindo do quarto e indo até a cozinha enquanto escrevia um artigo, e escutou, minutos depois, Kagome chamando-o na cozinha. Foi até lá e perguntou, notando também que Rin não estava lá:
-Sim?
-Vamos fazer um lanche... Quer também?
-Ah... eu gostaria, sim.
-Pode chamar Inuyasha pra vir aqui também?
-Claro... Volto já. – ele saiu pelos fundos da casa que dava para a casa ao lado.
Ao sair, notou que as flores da árvore – que também chamavam de "árvore sagrada" – estavam caindo como neve.
Olhou para árvore e viu que tinha alguém encostado nela, de costas para ele. Lembrou-se da lenda das tennyo's e recitou uma parte que já conhecia:
-"E uma mulher de extraordinária beleza desceu dos céus e procurou pelo seu hagoromono e não o encontrou. Ela então encontrou o homem que roubou seu manto e ele apaixonou-se por ela por causa de sua beleza, e mentiu dizendo que não sabia onde estava seu manto. Eles se casaram e..." – parou de falar ao ver a pessoa se virando para olhar para ele.
Era Rin.
Estava olhando para Sesshoumaru e ainda estava encostada na árvore, cujas flores caiam sobre sua cabeça como neve.
Sesshoumaru ficou tão impressionado que não tinha força para falar. Parecia que tinha sido atingido por um raio.
-Continue... –disse ela.Viu que ele estava calado e então ela mesma resolveu continuar- "Eles se casaram e tiveram filhos, mas um dia ela encontrou seu hagaromono e viu que ele tinha mentido para ela, e ele lhe contou que fez aquilo porque a amava e amava também os filhos que tiveram, mas ela, que encontrou seu manto que a permitia subir para sua casa no paraíso, agora não mais queria voltar aos céus porque amava aquele homem..." . Eu gosto mais dessa versão. As outras que conheço são muito tristes... –Ela se desencostou da árvore e aproximou-se do rapaz, que olhava para boquiaberto. Ela ficou preocupada e notou que o rosto dele estava corado. – Algum... algum problema, Sesshoumaru-sama?
Demorou um tempo para entender a pergunta. Quando falou, a voz parecia mais um murmúrio:
-Iie...
-Rin-chan! – Kagome gritou da cozinha – Pode me ajudar aqui?
Ela olhou para dentro da casa e falou:
-Hai, já estou indo... – falou, sem olhar para Sesshoumaru. Ele ainda estava parado, olhando para alguma coisa no infinito, como se tivesse tido uma revelação naquele momento.
"Rin..."
O rapaz entendeu que gostava dela mais como um simples amigo.
Sentiu uma incrível vontade de rir naquela hora. Aproximou-se da árvore e encostou-se a ela, começando a rir até saírem as lágrimas.
"Eu a amo."
Depois de algum tempo parou de rir, e agora olhava para dentro da casa, onde a garota que ele tinha descoberto naquele momento que amava estava lanchando alguma coisa feita por Kagome. Lembrou-se que tinha que chamar o irmão e foi até a casa ao lado, mas agora tinha um sorriso nos lábios e arquitetava um plano para dizer o que sentia a Rin.
o-o-o
Sesshoumaru acordou assustado. Estava deitado na cama e notou que a parte ao lado onde sempre dormia Rin estava vazia. Ele deu um tapa na própria testa ao lembrar o que tinha acontecido naquela tarde.
"-ACHA QUE EU TE ENGANEI QUANDO DIZIA QUE TE AMAVA, SESSHOUMARU?"
"-Agora eu tenho minhas dúvidas"
"Não acredito que disse isso...", pensava ele, arrependido da própria fala. "Como pude dizer que duvidava dela...?".
O rapaz deu um suspiro e olhou para o relógio ao lado da cama. Viu que eram três da manhã. Não sabia a que horas tinha adormecido e o porquê de ter sonhado com Rin, mas agora sentiu uma tristeza muito grande. Olhou de novo para a cama vazia e balançou a cabeça negativamente. Resolveu ir até a cozinha para tomar sake. Ao chegar lá, ligou a luz e viu o gato de volta ao lugar onde costumava ficar.
–Está fazendo um bom serviço, Buyo... – murmurou ele. Abriu a geladeira e tirou uma garrafa de lá. Saiu da cozinha e foi até a sala, onde viu Miroku dormindo no sofá.
"Com certeza, ela deve estar dormindo lá..."
Resolveu voltar para a cozinha. Sentou-se e abriu a garrafa para beber no gargalo. Depois de um gole, ele viu que o gato agora estava na mesa, encarando-o fixamente.
–Quer um pouco, gato?
Buyo não respondeu. Parou de olhá-lo e começou a lamber uma das patas.
–Bom gatinho...
Ficou algum tempo pensando e resolveu tampar de novo a garrafa e guardá-la na geladeira. Voltou para o quarto, onde se jogou na cama e ficou pensando no que fazer até amanhecer, já que agora não sentia sono. Levantou-se de novo e foi até a estante e fechou os olhos para escolher um dos livros. Pegou um volume qualquer e abriu os olhos para ler o título.
"Cem histórias de kaiban. Volume Um: Tennyos."
Teve vontade de rir e de jogar o título no lixo, entretanto pegou o volume e foi deitar na cama para ler.
o-o-o
Ao anoitecer, a cada vizinha a de Sesshoumaru estava um pouco agitada. Rin já tinha parado de chorar e agora todos arrumavam o quarto de Sango e Miroku para que ela dormisse lá. Sango ajeitava um futon no chão para que ela mesma dormisse lá, enquanto que Rin ficaria com a cama. Miroku resolveu dormir na casa de Sesshoumaru e, no quarto de Inuyasha, Kagome e o namorado conversavam na cama do rapaz. Eles estavam abraçados e Kagome estava com uma expressão preocupada no rosto.
–Sabe... o Sesshy não é desse tipo... –falou a garota.
–Ele só está furioso, mas depois passa, Kagome. Acho que amanhã eles fazem as pazes.
–Você tem CERTEZA disso?
–Iie.
A garota deu um tapa no braço dele.
–Obrigada por me deixar mais tranqüila. Mas eu já deveria saber, já que quase não conhece seu irmão...
–Ele é meio difícil de entender com aquela cara séria, mas Rin conseguia entendê-lo... não sei como. – ele falou, encostando os lábios os cabelos da garota e beijando suavemente. – Acho que ele vai se acertar sim...
–Como pode saber?
–Ele gosta dela de verdade, Kagome... não acho que viveria sem ela.
Kagome sorriu e beijou os lábios dele.
–Espero que isso nunca aconteça conosco. – disse.
–Depende - falou ele levantando uma sobrancelha. – Você não ficou noiva daquele tal de Bozo...
–Houjo... – ficou com uma enorme gota no rosto.
–... nem daquele maldito do Kouga, né?
–Iie – respondeu Kagome. – E você não casou escondido com Kikyo, né?
–Feh! – ele fechou os olhos e virou a cabeça para o lado.
–Isso é "não", né?
–É "não" mesmo... – disse ele, corando e olhando para a garota, que agora sorria.
–Vamos dormir, Inuyasha.
–Hai. - disse ele, deitando na cama e a abraçando, desligando o abajur logo em seguida.
o-o-o
Vocabulário: Esqueci de pôr o significado de algumas palavras em "Come", mas gostaria de corrigir o erro agora. Espero não ter esquecido nenhuma.
Ano:Com licença, ei... ;
Arigatou, domo arigatou, domo: (muito) obrigado, obrigada;
Baka:Idiota, bobo;
Demo...: Mas... ;
Gomen, gomen ne, gomen nasai : Sinto muito, desculpe-me;
Hai: Sim;
Hai, onee-dono: Sim, senhorita;
Iie: Não;
Itai: É a interjeição de dor, que se aproxima do nosso "ai".
Maa, maa: (Expressão) Calma, calma
Meri Kuri: Feliz Natal;
Nani: O quê, quê?
Ne, nee: Né, Não é;
Neko:Gato;
Omedetou: Parabéns, felicitações;
Ohayo:Bom dia, oi;
Oi:Ei!;
Sumimasen:Sinto muito, desculpe-me, com licença;
o-o-o
Oi, gente!
Ai, eu não consegui resistir! Apesar de terem me pedido pra fazer mais Miroku e Sango, eu tive que fazer esta songfic ser mais Rin e Sesshoumaru, meu casal do momento! Esta songfic terá duas partes e eu postarei a segunda parte só depois do Ano-Novo, provavelmente no sábado. O motivo vocês lerão na continuação.
Espero que tenham gostado da primeira parte! A música que usei foi Four Seasons, da Amuro-sama, tema do terceiro filme de Inuyasha, "Tenka Hadou no Ken". Eu lembro do Sesshoumaru-sama quando escuto essa música, então resolvi aproveitá-la. Na segunda parte eu traduzo a letra... Eu não tive tempo de fazê-lo... Só tive tempo de pegar os kanji's, escutar a música pelo menos 10 vezes e "romajinzá-la".
Arigatou a LP Vany-chan por me indicar o site japonês que tinha a letra desta música em ideogramas japoneses!
Obrigada a todos que leram este songfic!
AKEMASUTE OMEDETOU MINNA! (FELIZ ANO NOVO, PESSOAL!)
Kisu no Shampoo-chan.
