A Passagem
Por Naki
Capítulo 1 - Mémorias de um Passado
"Sakura…."
"Não Shaoran! Alguém pode ver!" - tentava Sakura inutilmente se livrar dos fortes braços de Shaoran.
"Só quero um beijo…" - dizia Shaoran enquanto aproximava seus lábios aos rosados e tenros lábios de Sakura.
"Shhhh!!!" - Eriol virava-se para o casal com o dedo indicador sobre os lábios - "Fiquem quietos, o filme já vai começar!"
Sakura se encolhia na cadeira do cinema, vermelha e cheia de vergonha por estar passando por aquela situação, enquanto que Shaoran fulminava o amigo a sua frente, que se aproveitava do silêncio para ver o filme abraçado a uma linda jovem de longos cabelos negros.
"Gostou do filme, Sakura?" - perguntava a linda jovem.
"Gostei sim, Tomoyo! E você? - respondia Sakura.
"Achei encantador!!! Não achou o mesmo amor?"
"Claro amor! Tão doce quanto você!" - ao responder a sua amada Eriol era envolvido pelos braços de Tomoyo e tomado por um beijo.
Shaoran observava a cena e via sua linda namorada observando o seu redor com o olhar perdido.
"Sakura!" - chamava Shaoran enquanto tocava o rosto de sua namorada girando-o para si - "O que foi meu amor?"
"Não é nada…" - dizia Sakura disfarçando suavemente sua preocupação.
Shaoran a observava e encarva os lindo olhos verdes de Sakura. Ele sabia que aqueles olhos tão profundos estavam dizendo outra coisa - "O que foi, Sakura? Eu te conheço… O que está acontecendo?"
Sakura por instantes tentou desviar daquele olhar… Um olhar que ela conhecia muito bem e que muitas vezes sentiara-se envolvida por ele, mas desviar daqueles olhos era praticamente impossível.
"Vamos?" - perguntava Eriol aos amigos que se encaravam fortemente.
"Sakura?" - chamava a amiga enquanto soltava seus braços do pescoço de Eriol.
"Oi!" - dizia Sakura que parecia ter saído de um transe e sorria docemente para o casal de amigos a frente.
"Vamos?" - repetia Eriol.
"Claro!" - dizia Sakura enquanto puxava um "não-convencido" Shaoran pelas mãos.
"Sakura…" - dizia Shaoran enquanto puxava Sakura de volta e deixava Eriol e Tomoyo caminharem mais a frente.
"Está tudo bem, Shaoran! Confie em mim!"
Shaoran observava aquele sorriso. Ela era simplesmente perfeita! Os olhos, o modo como seus longos cabelos castanhos balançavam com o vento…
"Vamos!" - dizia Sakura enquanto o puxava para alcançarem Eriol e Tomoyo.
Num suspiro Shaoran balançou a cabeça e sorriu de volta, mostrando acreditar na palavra de sua amada.
Os dois casais caminhavam, se distanciando do cinema em que estavam. Já era noite e uma linda Lua cheia brilhava no céu.
O vento soprava forte, como se quisesse expulsar algo da região de seu domínio. Um ser alado voava sobre a cidade de Tomoeda.
"Sakura…" - dizia Yue enquanto observava sua mestra - "Espero que tenha sido apenas um engano."
"Acorde Monstrenga!" - gritava Touya enquanto batia na porta do quarto de sua irmã - "O café já está na mesa!"
Sakura levantava de sua cama e expressava em sua face grandes olheiras que diziam que a sua noite não fora bem dormida.
Caminhou até a janela e a abriu. Um lindo sol brilhava no alto, num céu azul claro, sem nuvens. Tomoeda estava sob a estação da primavera e o vento que soprava tocando o rosto daqueles que caminhavam pelas ruas trazia o delicioso aroma das flores de cerejeira. Sakura caminhou até sua penteadeira onde tentava se observar no espelho que se encontrava a sua frente.
"Minha nossa!" - exclavama Sakura enquanto tocava seu rosto - "Eu estou horrível!"
Sakura não tinha conseguido dormir. Aquela sensação que sentira quando saia do cinema não podia ser o que estava pensando.
"Se fosse realmente um presença malígna Eriol também teria sentido, Shaoran perceberia…" - pensava Sakura.
Sakura pegava sua escova e começava a pentear seus cabelos. Como estava diferente. Não era mais aquela menina que um dia se tornara uma Card Captor. Tinha feições de mulher. Seu corpo estava mudado, seus pensamentos, seus sentimentos…
"Shaoran!" - dizia docemente ao olhar uma foto sobre sua penteadeira - "Estou tão feliz por estar de volta e agora, para sempre. Não conseguiria viver sem você, Shaoran… Shaoran…"- dizia enquanto tocava a foto que mostrava o casal abraçado.
"Bom dia!!!" - dizia Kero enquanto saia de sua gaveta/quarto.
"Bom dia, Kero!"- dizia Sakura sorrindo.
"Nossa! Você está horrível, Sakura. Aconteceu alguma coisa?" - perguntava Kero enquanto olhava para as profundas olheiras de Sakura.
"Não foi nada! Apenas não consegui dormir direito."
"O filme não foi muito bom?"
"Foi sim! Muito bom!"
"Ah, sim… claro! A companhia que não era das melhores…" - dizia Kero enquanto se virava mostrando um ligeira raiva da companhia de Sakura.
"Kero!"
"Mostrenga!!!! Não vou chamar de novo!" - Touya gritava lá de baixo.
"Já vou!" - gritava Sakura com uma expressão de inimizade - "Eu não sou mostrenga!"
Sakura ia saindo do quarto quando se lembrou de seus olhos. Voltou para seu quarto pegou um corretivo que havia ganho junto com muitas outras coisas de maquiagem de Tomoyo, e passou em suas olheiras.
"Melhor?" - perguntava Sakura ao se virar para Kero que estava deitado em sua cama.
"Nossa, outra Sakura! Tomoyo entende mesmo dessas coisas!"
Kero voava até a janela e observava a linda manhã que fazia.
Sua mestra estava muito mudada. Era um bela mulher. Decidida, confiante, corajosa, determinada e principalmente, amável. Como Sakura era amável. Como conseguira continuar alegre apesar da distância que estava de seu amor.
Shaoran passara 3 longos anos fora, e Sakura só podia matar a saudade que consumia seu coração por cartas, e-mails e telefonemas. Apesar de tudo Kero achava que Shaoran tinha voltado menos "moleque", mais maduro, menos arrogante… Mas para Kero o moleque seria sempre o "moleque". Mas não podia evitar… Aquele moleque fazia sua mestra muito, mas muito feliz.
Tê-lo de volta em Tomoeda era trazer a vida aos lindos olhos verdes de Sakura. Eles já namoravam a 4 anos, desde o episódio com a carta selada. Shaoran pedira Sakura em namoro e 3 meses depois partira. Namoravam por carta, telefone, e principalmente por e-mail e chats!
Kero abominava a lembrança das noites em que Sakura passara em frente ao computador. Mas a raiva neste ponto não era pelo moleque, mas sim por Sakura "dominar" o computador e deixá-lo de fora de seus jogos em rede.
Tudo tinha ficado muito calmo após a volta de Shaoran. Sakura o via todos os dias, iam juntos para a faculdade. "Faculdade!" - pensava Kero em voz alta. Sua pequena mestra estava cursando história! Decidira seguir a mesma carreira que seu pai. Shaoran fazia economia.
"Economia… Aquele moleque acha que vai administrar os negócios de sua família" - vagava Kero entre seus pensamentos.
Mas a história toda não parava ai… Tinha Eriol… Este voltara de Londres. Estava se aperfeiçoando em música. Sem dúvidas o mago dominava muito bem as teclas do piano. Tomoyo continuava cantando em corais, mas atualmente estava muito envolvida nos seus cursos de moda, e já era a estilista da empresa de brinquedos de sua família. Não havia uma boneca de sua empresa que não saia vestida em um modelo criado por ela. Impressão ou não, Kero achava que ela continuava exagerando nos designs… Qualquer semelhança com as fantasias de Sakura não seria mera coincidência…
Tomoyo estava namorando Eriol a alguns meses. Era muito apaixonante ver como os dois se davam bem, como eram ligados, assim como a música à melodia…
"Kero?" - chamava Sakura enquanto entrava de volta no quarto.
"Ah, oi Sakura! Não percebi sua chegada."
"Lindo dia não?" - dizia Sakura direcionando seu olhar através da janela.
"Sim…"
"Vou terminar de me arrumar! Vou encontrar Shaoran daqui a pouco!"
"Sei…" - dizia Kero com leve indiferença.
Sakura abria uma gaveta enquanto Kero ainda flutuava diante da janela, imerso em suas lembranças. Ao virar, Kero percebia que Sakura fechava uma gaveta em especial, a gaveta onde guardava o livro das Cartas Sakura.
"Tchauzinho, Kero!" - dizia Sakura que caminhava até a porta e a fechava atrás de si.
Kero estava tão distante com seus pensamentos que nem se despediu de Sakura.
"Você demorou!" - queixava-se Shaoran que esperava sua namorada próximo as cerejeiras do parque.
"Desulpe!" - dizia Sakura enquanto se aproximava correndo de seu namorado e lhe dava um suave beijo.
"Está desculpada!" - dizia Shaoran enquanto a envolvia em seus braços forçando-a a se sentar em seu colo.
Os dois permaneceram ali sentados, sob uma imensa cerejeira. O vento estava suave, trazia consigo pequenas pétalas cor de rosa, que planavam tocando os corpos dos dois apaixonados, deixando um envolvente perfume no ar.
Shaoran e Sakura estavam cada dia mais enamorados, envolvidos pela voz, toque e presença um do outro. O que passaram anos atrás, a distância cruel que separava dois corações tão unidos pelo sentimento mais puro e sincero que existe, o amor, já não exitia mais…
Shaoran voltara para Hong Kong para se aperfeiçoar em sua magia. Treinara muito e aprendera a ser homem. Suas irmãs todas já estavam casadas e ele, agora, era o responsável pelo patrimônio do Clã Li. Shaoran até pensara em esquecer sua linda flor de cerejeira, afinal, seria injusto deixar o ser que mais amava no mundo sozinho, esperando por ele. Não podia aceitar a idéia de ver sua Sakura chorando por sua ausência. Mas o amor que sentia por ela o impedira de abrir mão de sua amada e deixá-la livre para ser feliz. Egoísmo de sua parte? O que importava agora? O que importava é que eles finalmente estavam juntos…
"Shaoran?" - chavama Sakura tirando Shaoran de seus pensamentos.
"O que foi minha flor?"
"No que você estava pensando?"
"Em como estou feliz por estar com você, e saber que agora é para sempre! Nunca mais vaou te deixar Sakura… Eu te amo tanto…"
"Oh…Shaoran…"
Os dois mergulhavam num maravilhoso beijo. Shaoran deslizava uma de suas mãos sobre o sedoso e perfumado cabelo de Sakura enquanto a outra a segurava firmente pela cintura, trazendo-a cada vez mais próxima de si. Sakura passava seu braço por cima do braço de Shaoran como se quisesse se sentir mais presa a ele, sentia o forte braço de seu amado, os definidos músculos que ela tanto amava… Enquanto sua mente desfrutava do beijo, Sakura colocava seu outro braço nas costas de seu namorado, trazendo-o ainda mais perto de seu corpo.
Eles estavam sentindo a forte emoção que seus beijos sempre transmitiam. Os corações pulsando forte, a pele que roçava e levava a cada instante aquela sensibilidade que só os apaixonados sentem quando se aproximam de seus verdadeiros amores…
"Shaoran!! Eu vou pular!!!"
"Espere Sakura! As coisas já voltarão a ser como antes. Espere o buraco desaparecer!"
"Não… Eu… Eu te amo Shaoran!"
Sakura gritava isso enquanto pulava pelo buraco que a Carta Vazio havia criado na escada que a ligava até Shaoran.
Shaoran a agarrou nos braços. Ele tocou seus cabelos observando aqueles lindos olhos verdes. Ele sorria e agradecia por tudo ter dado certo e por ela finalmente revelar seus sentimentos, e mais ainda, por saber que os seus eram correspondidos…
"Eu te amo muito Sakura…"
Os dois aproximavam seus rosto bem devagar, como se quisessem explorar cada milímetro de espaço que existia entre eles. Os olhos se fechavam enquanto os lábios tremiam suavemente. O coração pulsava rápido, a respiração ficava alta, as mãos perdidas… Até os lábios se tocaram…
Como num forte impulso de emoção, como se aquilo fosse natural para os dois, o beijo se transformava num intenso e amoroso beijo! Os braços sabiam como se portar, os corações já pulsavam num mesmo ritmo, como se ambos fossem na verdade, um só. Como se o beijo fosse a ponte de ligação entre aqueles dois corações, que naquele momento sabiam: eram um só…
"Sakura…"
Sakura estava deitada sobre o peito de Shaoran, envolvida por suas carícias em seus cabelos.
"Estava lembrando do nosso primeiro beijo… No dia que capturei a Carta selada." - dizia Sakura ao olhar nos olhos de seu amor.
"Você beijava muito bem…"
"Por quê? Hoje não beijo mais tão bem?" - dizia Sakura com um olhar desafiador, um tanto quanto provocante.
Shaoran sorria com o lado dos lábios, como se aceitasse o desafio de sua linda flor. Tomando-a num forte abraço a beijou novamente e disse entre os lábios de sua amada: "Seu beijo é cada vez melhor.."
"Kerberus?" - chamava Yukito a porta do quarto de Sakura.
"Urso de pelúcia, alguém…" - dizia Touya que se encontrava ao lado de Yukito e apontando para este - "Você sabe… Quer falar com você." Ao dizer isso Touya deixou o quarto e fechou a porta atrás de si.
"Diga Yue… O que aconteceu?" - falava Kerberus, já em sua forma original.
"Kerberus, ontem a noite senti uma presença estranha. Não sentiste nada?"
"Não…" - dizia Kerberus com uma despreocupação em seu rosto - "Não senti presença alguma depois do episódio com a Carta selada."
"Estranho…" - comentava Yue com seu ar sério e misterioso - "Sakura não comentou nada?"
"Não…"
"Nada diferente, estranho, preocupante?" - insistia Yue.
"Já disse! Não!"
"Tem certeza?"
"Yue… Eu e Sakura somos muito íntimos, e qualquer coisa diferente que tivesse ocorrido com ela eu saberia, sem sombra de dúvidas." - dizia Kerberos se gabando de sua amizade com a mestra dos guardiões.
"Sei…" - dizia Yue sem apresentar mudança qualquer em sua voz e olhar - "E as Cartas Sakura? Como estão?"
"Ora… estão como sempre, guardadas no mesmo local de sempre, no local onde sempre estão…." - Kerberus abria a gaveta onde o Livro era guardado. E ao abrí-lo, percebera que estava vazio.
"Aonde estão as Cartas Sakura, Kerberos?" - o tom de Yue era um tanto sério, ameaçador.
"Elas… elas estavam aqui… Sakura não saia mais com elas… Ela apenas pegava as cartas de vez em quando para energizá-las e passar sua magia… Espere!
"O que foi?" - perguntou Yue interessado.
"Sakura hoje abriu esta gaveta…"
"Sakura levou as Cartas, mas por qual motivo?"
"Bem que ela estava estranha hoje… Dormiu mal, estava com umas olheiras enormes…. Mas passou um corretivo e ficou tudo bem, então achei…"
"Você sempre acha errado Kerberos!"
"Ah… você…" - rugia Kerberos
"Sakura com certeza pressentiu algo, por isso levou as Cartas consigo!"
Kerberos por um momento parou e ouviu as palavras do guardião da Lua.
"Precisamos encontrar Sakura… Sinto que algo terrível pode acontecer…"
Eriol estava sentado em sua antiga poltrona, num cômodo um tanto quanto escuro, sem muitos móveis. Haviam apenas alguns livros sobre espessas e densas estantes, um sofá próximo a janela que permanecia fechada e coberta por uma comprida cortina preta, e um lustre de velas, ao centro do teto. Eriol estava observando as pequenas velas acesas no lustre, observando a dança que suas chamas faziam.
Spi entrara a pouco no ambiente, voando bem devagar e pousara sobre o sofá, observando o olhar perdido de Eriol.
O silêncio reinava naquele recinto. Eriol aproveitava para fechar seus olhos e meditar sobre como sua vida havia mudado… Em como se distanciara de seus maiores dons, em como seu amor por Tomoyo tinha distanciado ele, a encarnação do Mago Clow, de todo o aprendizado e interesse pela sua magia…
Poderia hoje ser um grande Mago, pertencente ao Grande Conselho de Magia do mundo… No entanto um belíssimo par de olhos violeta o fizera mudar de idéia a alguns meses atrás.
Quando retornou a Tomoeda para rever seus amigos Eriol tinha em mente ficar por apenas alguns dias, de férias, mas ele era um Mago, e não um vidente! Não poderia premeditar que se apaixonaria… Ou poderia? Talvez fosse este o motivo que o impulsionara tão decididamente a Tomoeda…
"Mas por que Tomoeda, Eriol?" - Kaho perguntava a seu amigo.
"Quero rever Sakura, Shaoran… Soube que ele retornou a Tomoeda."
"Mas e sua apresentação ao Conselho Mundial de Magia? Estudaste tanto… Não seria mais conveniente permanecer aqui, preparar suas coisas, rever seu discurso de apresentação?" - Kaho parecia não acreditar na decisão do jovem mago.
"Kaho tem razão mestre Eriol." - Spi voava para perto de seu mestre.
A cena observada era pesada. Kaho estava diante de Eriol, ambos próximos a lareira que estava acesa. O ar de discussão só era quebrado quando o fogo criptava e faíscas voavam fazendo com que as chamas dançassem ainda mais. Spi estava voando ao redor de seu mestre, enquanto a guardiã da Lua, Nakuru, estava deitada no sofá da sala sem muito se importar com a discussão, uma vez que o livro que lia parecia muito mais interessante.
"São apenas alguns dias!" - defendia-se Eriol.
"Mas sua apresentação será daqui a 8 dias!" - insistia Kaho, mostrando a importância de seu jovem amigo permanecer em Londres.
"Ora… vamos! Dêem umas férias a ele!" - dizia Nakuru enquanto se levantava do sofá e se colocava ao lado de todos - "Que mal alguns dias em Tomoeda vão lhe trazer? Eu vou com ele e aí a preocupação dos dois…" - dizia Nakuru enquanto apontava para Kaho e Spi - "…desaparece!"
"Nakuru… acha que é assim? Que a preocupação simplesmente desaparece? E você? Por que vai junto? Eu posso muito bem acompanhar mestre Eriol, assim o ajudaria a manter-se concentrado no Conselho!" - retrucava Spi.
"Eriol! Diga, com que prefere ir?" - perguntava Nakuru ao virar seu olhar para Eriol.
"Esperem um momento! Estão agindo como se Eriol já estivesse decidido quanto a sua ida a Tomoeda!" - espantava-se Kaho.
"E eu estou decidido! Nakuru arrume suas coisas!" - dizia Eriol enquanto encarava Kaho.
"Eu disse!!! Eriol me escolheu!!!" - saltitava Nakuru na frente de Spi.
"Ele também vai Nakuru!" - sorria Eriol com um ar irônico - "Vamos todos! Venha também Kaho!"
"Não Eriol… Alguém precisa ficar aqui para preparar as coisas para você. Afinal, você irá voltar para então partirmos pra Genebra." - afirmava Kaho com um olhar que expressava o contrário, e além disso, dizia um longo adeus.
"Kaho…"
Sim… Sua amiga Kaho havia previsto. Eriol realmente não voltara. Estudara por 3 longos anos, incansalvéís, sem noites, sem dias, sem momentos de discontração. O estudo era importantíssimo para seu sucesso no Conselho Mundial de Magia. Iria para Genebra se apresentar, uma apresentação oficial que o tornaria membro do maior Conselho de Magia do Mundo. Lá aprenderia muitas coisas, aperfeiçoaria sua magia e tornaria-se um Grande Mago. Mas as coisas não ocorreram como ele tinha imaginado.
"Tomoyo" - pensava Eriol.
Aqueles lindos olhos violeta, aqueles longos cabelos negros, aquele sorriso… Ao retornar e deparar-se com Tomoyo, Eriol sentiu algo queimar dentro de si. Uma emoção que não conseguia controlar. Como um mago de sua importância poderia sentir-se perdido dentro do imenso mar violeta? Um mar que o seduzia, que o chamava a navegar. E lá estava ele, em Tomoeda, cursando música. Disse a todos que ficaria para se aperfeiçoar em uma das artes que mais tinha paixão: a música. Doce mentira… Eriol abriu mão de sua grande chance no campo da magia para desfrutar de uma linda e apaixonante jovem, de pele bem clara, cabelos longos e sedosos, olhos incrivelmente profundos e uma voz envolvente, abrira mão disso por sua Tomoyo.
"No que está pensando mestre Eriol?" - perguntava Spi.
Eriol abria seus olhos e observava o pequeno guardião fitando-o.
"Acha que agi certo, Spi?" - perguntava Eriol um tanto quanto confuso com sua pergunta.
"O mestre nunca tinha perguntado o que achava de sua decisão." - dizia Spi um tanto surpreso.
"Eu sei…" - dizia Eriol enquanto se levantava e tornava a olhar as velas do lustre - "As vezes penso se não fui imprudente. Abri mão de algo que sempre sonhei por uma paixão. Dizem que as paixões passam… Isso me aflige."
"Mestre Eriol, as paixões passam sim, mas o amor permanece. Seria muito infeliz se retornasse para Londres e partisse definitivamente para Genebra. E esta infelicidade duraria por toda sua vida."
"Eu sei… " - repetia Eriol enquanto pegava o apagador de velas encostado na parede. Erguia o apagador pelo longo fio dourado que o mesmo possuia, e ia apagando, vela por vela - "Mas a tristeza em saber que não poderei nunca mais entrar no Conselho também durará por toda minha vida."
Uma por uma as velas iam se apagando, deixando o ambiente cada vez mais escuro.
"Não poderia conciliar as duas coisas Eriol… O conselho não aceitaria uma jovem, sem poderes mágicos, presente sob seus domínios."
"Concordo, Spi. Foi por isso que fiz minha escolha."
"Uma escolha que fez sozinho!" - dizia Nakuru que acabara de entrar no recinto.
"Vejo que você não perde o costume de se intrometer nas conversar." - reprimia Spi.
"Ainda acho que devia ter comentado isso com aqueles que diz serem seus amigos!" - continuava Nakuru - "Um dia eles perceberão que não utiliza mais sua magia, e o questionarão por que! Vai dizer o que? Que não quer mais se aproximar disso pois tem medo de se arrepender de uma decisão que fez? Eriol, você devia ter contado! Todos já percebem que você não usa mais seus dons mágicos, e o pior, evita que os mesmos aflorem nos momentos convencionais. E convenhamos, você não transforma seu báculo a meses!"
"Nem os livros que Kaho mandou com todo carinho… Nem neles você toca mais!" - incluia Spi.
Nakuru estava certa. Spi também. Eriol não tocava nem lia nada referente a magia. Achava que deixando-a de lado, esqueceria… Mas isso só fazia com que a saudade e a vontade de exercê-la aumentassem. E Eriol sabia disso.
A última vela do lustre era apagada. O escuro e o silêncio habitavam agora aquela sala.
*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^*^
Aí está o primeiro capítulo desta nova série que intitulei "A Passagem".
Muitas emoções e surpresas estão por vir! Que presença é esta que Sakura e Yue sentiram??? O que acontecerá com Eriol a respeito dessa decisão que tanto o incomoda??? E o que tudo isso tem haver com o título da série???
Aguardem o próximo capítulo!!!
Queria dedicar este fic a uma grande escritora de fic que admiro muito: Andrea Meioh! Minha amiga acima de tudo! Obrigada pelo incentivo a voltar a escrever fics, por ouvir minha idéia inicial e aprová-la. Uma idéia que a muito tempo pulsava em minha mente, mas que nunca tive coragem de colocar no papel, e hoje, graças ao seu incentivo, coloquei!
Espero que com isso minhas idéias voltem a florescer, e que volte a receber os elogios que recebia quando escrevia mais frequentemente!!! Por isso:
Mandem reviews!!!!
Mandem e-mails também: nakizinha@hotmail.com!!!!!!
A opinião de vocês é muito importante pra mim!!!!
Até o próximo capítulo!!!
Naki
Obs: Os personagens de Card Captor Sakura apresentados neste capítulo não me pertencem. Eles são de propriedade do grupo Clamp ©.
