A Passagem

Por Naki

Capítulo 4 - O cair das pétalas de cerejeira

"Shaoran fale comigo!!! Shaoran!!!!" - gritava Sakura.

Uma lágrima escorria dos olhos azuis de Eriol. Infelizmente, era tarde demais….

Enquanto isso, em Celesty…

Yuri estava encostado na janela de seu escritório.

"Mandou me chamar, Sr.?"

"Sim, Júbilus. Por favor, chame-me Wladimir!" - dizia Yuri observando a noite que começava a cair em Celesty.

"Sr… a…. a…."

"O que foi, Júbilus?" - dizia Yuri ao virar-se e deparar-se com o olhar perdido de seu ajudante.

"A pequena estrela…" - continuava Júbilus com o olhar fixo sobre a mesa de seu mestre.

"Faça o que te pedi, Júbilus!"

"Ah… sim… já estou indo…"

Júbilus deixara a sala de seu mestre com o olhar vazio, triste. Yuri abaixou sua cabeça e encostou sua mão ao lado do objeto que havia tirado a atenção de seu ajudante. A pequena estrela não estava mais como antes, ela havia parado de girar…

Tomoeda…

"Shaoran…." - murmurava Sakura pressionando seus lábios contra os de seu amado - "Não me deixe… Resista!"

Eriol voltava seu olhar para Iyani, que agora estava de pé, observando a triste cena. Esta tinha o olhar úmido, os braços cruzados como se quisessem confortar o próprio corpo, lágrimas frias que ainda persistiam em cair.

"Como pôde Iyani… Como pôde…" - dizia Eriol baixinho que, agora, mantinha sua cabeça baixa, rendendo-se ao choro.

"Sakura…" - dizia Kerberos colocando sua pata sobre os ombros de sua mestra.

Sakura virou-se pra Kerberos, era notável a tristeza em seu olhar. Os olhos verdes, opacos, como se uma névoa continuasse defronte deles. Tomada de um impulso, Sakura levantou-se, pressionando seus lábios com raiva, caminhou com passos rápidos até aquele homem.

Se aproximando dele, para surpresa de todos, Sakura ergueu sua mão e o esbofeteou.

"Salve o Shaoran!!!! Agora!!!" - gritava ela.

Iyani a observava tenso. A expressão mostrava claramente sua incapacidade. Seus olhos estavam assustados, aquilo estava longe de seu alcance, salvá-lo… Como poderia?

"O que está esperando?" - dizia Sakura que começava a compreender o que os olhos daquele homem estavam lhe transmitindo - "Você… "

"Eu… eu não posso…" - dizia Iyani com a voz presa.

"Como não pode… Tudo o que fez… Por quê? Por quê? O que fizemos à você? Como foi capaz!!!" - Sakura exaltava seu tom de voz na última frase, caindo num choro compulsivo e sendo rapidamente amparada pelos braços de Eriol.

"Cometeste um grande erro Iyani…" - dizia Eriol após confortar a amiga em seus braços.

"Clow… eu… Eu não queria… Não tinha a intenção…" - dizia Iyani trêmulo e inseguro - "Eu não sabia que isso iria acontecer…"

"Não tinha o conhecimento adequado das Cartas! Como pôde ousar-se em liberar a Magia delas?" - dizia Yue que se aproximava de Eriol e colocava sua mão sobre os longos cabelos castanhos de sua mestra.

"Eu… eu só queria observá-las…" - dizia Iyani buscando compreensão.

"Se queria apenas olhá-las, por que não procurou por Sakura? Por que roubou-lhe as Cartas?" - perguntava Ruby Moon.

"Eu não roubei… Eu… Eu não sabia que isto aconteceria! Se Clow tivesse ingressado ao Conselho, se tivesse ensinado como criá-las, como usá-las, eu… eu nunca teria vindo aqui! Eu vim porque queria conhecer a Magia delas. Não tive culpa…" - tentava Iyani se justificar com a voz cheia de lamento e sofrimento.

"A culpa é sua sim!!!" - gritava Kerberos que se afastava do corpo caído de Shaoran - "Você matou o Shaoran!"

"Nãoooo!!!" - um grito abafado saia dos lábios de Sakura, que os mantinha grudados sobre o peito de Eriol.

"Eu… eu…" - Iyani jogara um pequena esfera laranja ao chão, e o local era tomado por uma fumaça preta.

Yue ergueu vôo e bateu forte suas asas, dessipando a fumaça. Mas era tarde… Iyani não estava mais ali…

Celesty…

"Mandou me chamar, mestre?"

"Sim, Wladimir! Sente-se, por favor!" - dizia Yuri enquanto mostrava uma das poltronas à Wladimir - "Júbilus, pode sair! E por favor, feche a porta!"

Júbilus fez como ordenado e fechou a porta atrás de si. Como o olhar ainda distante, caminhava pelo corredor, observando a linda lua que se formava ao céu, através da diversas janelas que existiam naquele corredor.

"Já aconteceu, não é mesmo?"

"Sim, Wladimir…" - dizia Yuri.

Ambos os Magos observavam o objeto. A estrela parada, assim como o trovão que a cortava.

"Sabes, Wladimir… Creio que Iyani retornará em breve, cheio de culpa e medo. Não pôde fazer nada para impedir o que ele próprio fora capaz de criar. Uma alma inquieta, tão curiosa…"

"E perdida…" - completava Wladimir.

"Sim… perdida…" - lamentava Yuri com o olhar perdido.

"Esperará por ele, Mestre?" - chamava Wladimir a atenção de Yuri.

"Sim… Em dois ou três dias ele deverá retornar a Celesty, e então, prepararemos nossa ida a Tomoeda."

"Sim, Sr."

Tomoeda…

Iyani fugira. A situação havia saído de seu controle. Mas o que poderia fazer? Não imaginava que isso poderia acontecer…

"Não foi minha culpa!" - dizia Iyani para si mesmo numa tentativa de se reconfortar enquanto caminhava em direção ao seu hotel - "Clow… Tudo teria sido diferente se não tivesse se perdido nos devaneios do amor…"

"Clow foi um Mago muito poderoso! Um dos maiores Magos da história!" - dizia Yuri à todos os demais.

Os Magos estavam reunidos na sala de reuniões, discutindo a solicitação de um Mago para ingressar ao Conselho.

"Então Eriol Hiiragisawa é a reencarnação de Clow?" - perguntava Kijo.

"Sim… Após 107 anos, Clow reencarnou na pessoa que hoje conhecemos por Eriol Hiiragisawa! Mago de um técnica única, que mistura a magia do ocidente e do oriente, Clow foi o único mago que conseguiu aprisionar Magia! E ele, hoje, solicita uma apresentação para mostrar-nos seus dons e assim, adquirir seu ingresso a este Conselho."

"Aprisionar Magia? Como assim? Isto é maravilhoso! " - perguntava um mago muito curioso.

"Acalme-se Iyani…" - sorria Yuri - "Terás muita oportunidade de entender como isto é possível no dia em que Hiiragisawa realizar sua apresentação. E se for aprovado, poderá aprender muito com ele."

"Isso seria incrível…" - dizia Iyani - Tens conhecimento desta prática, Yuri?

"Não tenho muito conhecimento sobre esta técnica. Apenas sei o que o antigo líder do Conselho, meu antecessor, Thomas Willians, me contou..." - divagava por uns instantes o líder do Conselho - "Ele conhecia muito a respeito disto, pois um dos líderes anteriores do Conselho fora amigo pessoal de Clow na época de sua juventude. E Thomas o estudou muito, ansiava por esta reencarnação de Clow."

"Quem fora este amigo, Yuri? O antigo líder Cláudio Andersen?" - perguntava Clara.

"Ele mesmo! Um dos maiores líderes que este Conselho já teve!" - lembrava-se Yuri de um de seus antecessores.

"E quando ele realizará esta apresentação? - perguntava Wladimir.

"Dentro de 10 dias! " - respondia Yuri.

Dez dias depois…

"Como assim, desistiu? Como?" - perguntava Iyani à Yuri.

"Tenham todos um pouco de calma! Srta.Kaho Mizuki me telefonou ontem e comunicou a decisão de Eriol Hiiragisawa. Ele se encontra em Tomoeda, no Japão e fui comunicado de que ele resolvera por sua não ingressão ao Conselho!" - dizia Yuri.

"O que aconteceu, Yuri? Por que essa mudança repentina?"- perguntava Wladimir.

"Srta. Mizuki disse-me apenas que Eriol desistira…" - continuava Yuri.

"Ele apaixonara-se, Yuri…" - dizia Wladimir de olhos fechados.

"Apaixounara-se? Não é possível! Como alguém pode se apaixonar em 10 dias?!" - resmungava Kijo - "Quantas milhares de vezes o Conselho terá como prova a fraqueza de humanos perante o amor? Mais um grande Mago desiste de Celesty por amor! E o pior, um amor que nem sabe se durará para sempre! Tolos são os que amam! "

"Kijo… A decisão é dele!" - colocava Clara, um tanto quanto incomodada com a colocação deste Mago.

"Acalmem-se! " - dizia Yuri balançando suas mãos em busca de silêncio.

"Ele pode vir a mudar de idéia!" - dizia Wladimir.

"Ora… acha que é assim, meu jovem! Nega um convite, mas quando lhe convir aceita-o de novo! Acha mesmo que é assim que as coisas funcionam neste Conselho, Wladimir? Estais aqui a pouco tempo! Não conhece nossas regras por completo! Recusar a um convite de apresentação ao Conselho é uma única vez! Clow perdeu sua chance! Nunca mais poderá pertencer a este Conselho! A chance é única, e no caso, para Eriol, fora desperdiçada!"

"Quêfrin* têm razão!"- dizia outro Mago - "Nenhum Mago pode ter o luxo de desperdiçar a chance que tanto almeja na vida! A chance é única, e não há volta!"

"Senhores, tenham calma!" - dizia Clara - "Todos merecem uma segunda chance! É da natureza do homem se arrepender. E é da dignidade dele ser humilde e reconhecer seu erro. Se Clow vier a se arrepender acho que não seria nada mais do que justo darmos uma oportunidade para que este se explique!"

"Veremos isso! Mas acredito que isto não ocorrerá! E mesmo que ocorra, já podem considerar o meu voto contra! Para mim, nenhum mago pode negar a oportunidade de pertencer ao Conselho!"

Quêfrin levantou-se nervoso, sendo seguido de alguns outros Magos que concordavam com seus argumentos.

"Ele diz isso porque já sofreu muito por abandonar um grande amor…" - dizia Lara Stenfford.

Lara era muito bela mesmo não sendo mais tão jovem. Seu maior dom era o da sensibilidade. Sentia no ar os sentimentos dos presentes, e se quisesse, poderia descobrir o por que de tal alegria, angústia, medo. E era por este motivo que se encontrava no Conselho, para aperfeiçoar seu dom. Tinha olhos cor de mel, bem claros, quase dourados dependendo da luz que os iluminava. Era baixa, longos cabelos castanhos. Mas um rosto muito expressivo, cheio de vida e resplendor.

"Clow pedirá uma nova chance, eu sei que vai!' - dizia Wladimir.

"Sim, Wladimir, pode ser… Mas aí caberá a todos do Conselho decidirem se lhe permitirão uma nova chance…Caso exista este pedido, realizaremos uma votação."

"Clow… jogaste novamente sua chance pela janela!" - dizia Iyani enquanto arrumava suas malas e voltava a si, deixando de lado algumas lembranças de meses atrás.

"E ainda votei a favor de lhe doar esta nova chance… Pensávamos que tinha interesse em pertencer ao Conselho. Fez com que sua amiga Kaho insistisse tanto, por três longos meses… Pedido negado em primeiro momento. Mas Yuri decidiu-se por uma nova votação, e então resolveram dar-lhe esta chance… Por quê? Para atiçar os ânimos daqueles que ansiavam conhecer sua magia? Daqueles, como eu? Para depois simplesmente nos privar de algo que era nosso por direito? Votamos ao seu favor porque buscávamos aprender com os seu conhecimentos, mas tu, Clow… - os olhos de Iyani emanavam sua raiva - Egoísta! Egoísta!!!" - gritava Iyani chamando atenção daqueles que passavam pelo corredor do hotel - Privou-nos de seus conhecimentos por um estúpido amor!!! Egoísta!!!

Morto… Sharoan estava morto, ali, diante dos olhos de todos. E aquele que parecia ser a única esperança encontrada dentro dos intensos olhos verdes de Sakura, desaparecera…

Alguns minutos se passaram desde o desaparecimento repentino de Iyani. A noite, apesar de uma noite de primavera, estava fria. E por terem seus corpos molhados todos sentiam o frio ainda mais forte.

Yue tentara correr atrás de Iyani, buscar explicações, mas a expressão de Sakura diante daquela atitude apresentada fora tão vazia, como se não mais importasse, como se a vida tivesse parado. Como se a vida tivesse perdido o pouco do sentindo que Sakura acreditava existir.

A jovem observava suas Cartas ao chão, próximas ao corpo de seu namorado, seu homem… O único que seu coração fora capaz de amar realmente. Um amor que por tanto tempo esperou. Quatro longos anos, que se dissaparam ao primeiro olhar que trocara com seu namorado, agora não mais um menino, mas sim, um homem feito. E agora? O que lhe restaria? O que seria da vida da Cerejeira sem o olhar magnético de seu Shaoran, seu lobo selvagem…

Ruby Moon havia partido com Spinel, para avisarem Tomoyo do ocorrido, a pedido de Eriol. Yue resolvera avisar Touya e Fujitaka. Alguém precisaria avisar a família de Li. Apenas Eriol e Kerberos permaneceram ali, ao lado de Sakura, observando a doce flor olhar o vazio, fitar o céu em busca de alguma resposta, em busca de algo que aliviasse a dor que estava sentindo.

Dor… esta era notada em Sakura pelo suave toque de suas mãos contra o rosto do guerreiro Li, um toque suave e ao mesmo tempo vazio… Como se seus dedos pudessem machucar aquele ser que jazia ali, à sua frente. Sakura o tocava como a primeira vez… Uma mistura de medo e ternura, cuidado e tristeza. Os dedos percorriam a testa e iam em direção aos rebeldes cabelos castanhos de Shaoran, e ao tocá-los, um choro repentino voltava a pequena flor.

Como se buscasse um dia ensolarado pra florir, aquela flor se recolhia abraçando-se aos joelhos, com a cabeça baixa, tentado se reconfortar… Às vezes seu olhar desviava para o corpo másculo de seu amado, e seus olhos reluziam como esmeraldas, devido as lágrimas que insistiam em rolar sobre a face suave e branca daquela jovem, como uma suave pétala de cerejeira, levemente rosada pelo frio e o choro. Uma espressão tão triste como quando o vento sopra levando pequenas pétalas a cair, num voar vazio, planando sobre o chão seco dos outonos de outrora.

As pétalas de cerejeira sentiam a dor daquela menina que levava o nome de sua flor. E como num pesar sentido, como forma de apoio à dor daquela menina, o vento trazia pétalas de flores, de todos os lugares, das inúmeras árvores de cerejeiras que floriram na primavera do Japão. Elas, as pequeninas pétalas, voavam sem rumo, planando e envolvendo o corpo da menina, como um abraço quente e aconchegante. Como se a natureza sentisse a dor de Sakura, o céu chorava… Chorava cor de rosa… Chorava pétalas de cerejeira.

"Sakura..." - murmurava Eriol ao abrir a palma da mão e apanhar uma pequena pétala.

Hong Kong, China…

O enterro de Shaoran havia sido muito bonito. Cheio de tradições, enfocadas no respeito àquele membro da família, ao último guerreiro Li…

Todos haviam se dirigido à China. Após a morte de Shaoran, sua mãe Yelan Li viera buscar o corpo do filho. Muito sentida pelo ocorrido, mas não culpando a ninguém, Yelan cuidou de todos os preparativos, para honrar a morte de seu único filho homem, àquele que seu falecido marido tanto amara.

"Encontrarás teu pai e todos os teus antepassados, meu filho!" - dizia Yelan ao jogar flores sobre o caixão de seu filho, antes de descer, como uma última despedida.

Sakura tinha o olhar perdido. Desde a morte de seu namorado que ela estava quieta. Ninguém conseguia chamar sua atenção.

Três dias se passaram desde o incidente com Iyani. O Clã Li fora muito rápido com os preparativos. Uma grande cerimônia era realizada. Diversas flores, nos mais variados tons e modelos formavam um círculo que envolvia todos ali presentes. Sakura era muito observada, pois já era do conhecimento de todos que a jovem seria a futura esposa de Shaoran Li.

Muitos lastimavam a tristeza da jovem. Uma dama tão bonita, tão jovem, sem seu amor…

Touya, Eriol e Tomoyo estavam com Sakura. Nakuru e Yukito, assim como Kero e Spinel também estavam presentes. Touya ficava o tempo todo abraçado a sua irmã. Culpava-se por nunca ter dito que gostava daquele "moleque", como o admirava, como sentia que era verdadeiro o seu amor por Sakura, como acreditava que ninguém melhor que ele para cuidar de sua irmãzinha. Agora era tarde… E sua Sakura voltava a ser apenas sua, mas nada nisso o alegrava. Ver sua irmã infeliz deixava-o mais infeliz ainda, pois a única coisa que Touya desejava era ver Sakura feliz. E esta felicidade havia partido. "Coisas do destino…" - consolava-se Touya em seus pensamentos.

Tomoyo se apertava a Eriol. Queria sentir seus braços, sua proteção…

"Eriol… está tão estranho…" - falava Tomoyo que deixava o abraço de Eriol e o olhava.

"Não é nada Tomoyo… Apenas estou muito triste por não ter conseguido evitar isso…"

"Fez o que pode, Eriol… Era o destino de Shaoran…" - dizia Tomoyo que tentava encarar os olhos de Eriol, mas este os desviava pra longe.

Nakuru observava seu mestre, sabia qua algo dentro dele o incomodava. Spinel, de dentro do bolso dela, também sentia o mesmo.

"Touya! Vamos entrar! Soube que prepararam diversas coisas pra se comer. Sakura precisa comer algo!" - dizia Yukito ao se aproximar de Touya e Sakura.

"Acho que não é Sakura que precisa comer, mas sim você!" - Touya fazia a pequena brincadeira buscando um pequeno sorriso no rosto de sua irmã, mas nem um olhar de indiferença obteve em resposta. Sakura continuava olhando para o nada, sem reflexo algum…

Dentro da grande casa da família Li diversos empregados serviam os mais variados pratos. Yukito desgustava de todos com imenso prazer. Touya e Nakuru tentavam acompanhá-lo, mas era praticamente impossível.

Tomoyo caminhava com Sakura pela enorme sala, repleta de objetos antigos, lustres, sofas e inúmeras cadeiras, quase todas ocupadas.

"Sakura!" - chamava Meilin.

"Meilin!" - dizia Tomoyo surpresa ao ir abraçar a amiga - "Quantos anos que não nos vemos!"

"Senti falta de vocês!" - dizia Meilin abraçada a Tomoyo.

"Sakura, veja quem esta aqui!" - dizia Tomoyo tentando chamar a atenção da amiga.

"Sakura…" - uma voz ao longe fez Sakura erguer a cabeça.

Os lindos olhos verdes da jovem reluziram, como se aquela voz a tirasse de um transe que estava vivendo a três dias.

"Kaho…" - murmurava Sakura.

Kaho sorria para a sua antiga aluna, cheia de amizade e compreensão no seu olhar. Sakura correu e se jogou nos braços de Kaho. A antiga professora que se tornara sua amiga, que a ajudara tantas vezes… A esperança no olhar de Sakura buscava não só auxilio de sua amiga como também seu colo…

Kaho puxou Sakura consigo, deixando uma Tomoyo e uma Meilin espantadas.

"Professora Mizuki…" - murmurava Meilin.

"Ande Yukito… Pegue um daqueles deliciosos docinhos pra mim!" - uma voz um tanto quanto aguda saia do bolso do casaco de Yukito.

"Esse urso de pelúcia não pára de comer!" - resmungava Touya.

"Touya, veja ali, com Sakura!" - dizia Yukito.

"Kaho!" - dizia Touya com os olhos espantados pela presença daquela mulher.

"Como você está, Sakura?" - perguntava Kaho.

As duas estavam no jardim da casa da família Li. Um vento suave soprava, já deviam ser mais de duas da tarde. O sol estava alto, e o céu com algumas nuvens, que ora encobriam o grande astro rei.

Sakura se limitou a olhar a amiga. Seus olhos tristes confessavam a dor que sentia.

"Sei que foi uma perda muito grande, Sakura. Mas tinha que acontecer. Você me entende, não?"

Sakura a observava estranha, tentando digerir aquela frase. "Tinha que acontecer". Mas por quê?

"Eu não queria que isso tivesse acontecido! Ele era meu namorado, o homem da minha vida! Meu Shaoran… - Sakura dizia isso com lágrimas nos olhos.

"Não… não…" - dizia Kaho esfregando as lágrimas dos olhos de Sakura - "Você é uma menina forte, Sakura. Não deve se entregar a dor."

Sakura deu um pequeno sorriso pelo elogio recebido, e abraçou Kaho.

"Não sei… às vezes sinto que não conseguirei prosseguir. Como se perdesse o sentido das coisas, como se Shaoran fosse o responsável por me guiar adiante, e agora, sem ele, tudo está perdido! Acho que sozinha não conseguirei mais encontrar o meu caminho…"

"Claro que conseguirá, meu bem…" - dizia Kaho enquanto acariciava os cabelos de Sakura.

"Tenho vontade de morrer…" - desabafava Sakura.

"Não… Sente vontade de continuar!"

"Não!" - dizia Sakura enquanto se soltava do abraço de Kaho e balançava a cabeça negativamente.

"Sim, Sakura… De continuar e reencontrar seu caminho, que hoje parece estar perdido!"

"Como encontrarei meu caminho sem Shaoran?"- perguntavam um par de olhos verdes.

"Shaoran está aqui, Sakura!" - dizia Kajo enquanto apontava pro coração da jovem flor - "Ele sempre estará aí! Busque-o! Shaoran está vivo dentro de você! Encontre-o!"

Aquelas palavras de Kaho soaram como um trovão. "Shaoran… vivo… dentro de mim!" - pensava Sakura. Ela fechava seus olhos e se lembrava de cada doce momento que passara ao lado de seu namorado.

"Se pudesse ter impedido isso… Se não tivesse esquecido minha bolsa…"

"Não adianta ficar se lastimando pelo o que ocorreu, Sakura! Deve continuar em frente! Pense na sua magia, no que tem para construir e aprender! Suas Cartas precisam de você e lhe ajudarão sempre que precisar! Enriqueça-as de sua Magia! Seu futuro está aí, diante de seus olhos, sorrindo pra você. Vá em busca dele, querida!"

"Se não tivesse esquecido minha bolsa… e se eu…" - Sakura refletia sobre suas últimas palavras e percebia o que elas estavam lhe dizendo..

"Suas Cartas precisam de você e lhe ajudarão sempre que precisar". As palavras de Kaho davam um brilho aos olhos de Sakura. Pela primeira vez em três dias Sakura dava um lindo sorriso.

"Kaho!" - dizia a jovem sorrindo - "Obrigada!"

Sem entender, Kaho observou a garota se afastar. Colocou seus óculos escuros e sorriu.

"Shaoran… você sempre me guiou… me guiará até você novamente… Irei salvá-lo meu amor… E tudo, tudo será diferente!" - dizia Sakura para si mesma enquanto apertava sua chave mágica contra o peito e caminhava em direção de seu irmão.

"Kaho… A quanto tempo, não?"

"Sim, Eriol…"

Eriol estava de costas, no jardim, observando as lindas flores que encantavam aquele lugar. Quando Kaho se aproximou sentiu a presença da amiga.

"Diga-me Kaho, imaginava que esta fosse ser a consequência de minha decisão? A morte de meu amigo?"

Eriol virava-se para Kaho. Seus olhos azuis tinham um brilho carregado de tristeza e culpa. Kaho tirava seus óculos escuros e encarava o jovem. Nenhum dos dois havia mudado em nada… Apesar de mais velho, com expressões adultas, Eriol continuava com a mesma expressão de quando se conheceram a muitos anos atrás…

"Não se culpe, Eriol… Nada é por acaso, e se isto tudo aconteceu, é porque era inevitável…"

Os dois caminharam pelo jardim, e sentaram-se em um banco num ponto afastado. Por alguns minutos ficaram calados, apenas desfrutando da presença um do outro.

"Bem que um dos Magos me disse no tele-conference…" - Eriol quebrava o silêncio, olhando para o céu - "Sua decisão ainda causará problemas…"

Eriol sorria como se estivesse desacreditado de seu próprio destino.

"Causei um problema terrível!" - continuava Eriol - "Causei a morte e a tristeza de dois dos meus melhores amigos…"

"E Tomoyo, Eriol?"

Eriol estranhara a pergunta de Kaho. Por que estaria perguntando de Tomoyo ao invés de discutir sobre a situação.

"Está bem…" - Eriol respondeu - "Na medida do possível."

"E você? Como se sente em relação a ela?" - ao dizer isso Kaho encarou Eriol.

"Você me conhece muito bem, não é? Depois do que aconteceu não culpo apenas a mim, mas ao meu relacionamento com Tomoyo. Não me encontro no direito de desfrutar de um amor, sendo que este, causou o destruição de um amor tão verdadeiro e sincero…"

"Pensando assim, Eriol, não conseguirá avaliar os caminhos que agora surgiram…"

"Kaho… O Mago do Conselho que causou tudo isso, Iyani, me disse uma coisa antes de desaparecer. Ele me disse que se tivesse ingressado no Conselho, nada disso teria acontecido…Talvez devesse partir, continuar o que fazia… Voltar a estudar Magia…"

"E você julga voltando a estudar Magia consiguirá reparar este mal?"

"Não… mas não me julgo mais capaz de ser feliz… Não se minha felicidade um dia fora a causa da infelicidade de outros tantos…"

"Acredito que precisa refletir mais sobre tudo isso, Eriol… Tentar encontrar seu caminho. Mas digo, antes de tudo, lembre-se que sua decisão poderá vir a magoar outra pessoa também…"

"Tomoyo…"

Kaho observava o amigo, dentro de seus conflitos. Suas dúvidas estava por certo consumindo a paz que tanto o jovem buscara.

"Eriol…"

"Kaho… voltarei com você para Inglaterra. E voltarei sozinho…"

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Mais um capítulo no ar!!! Um capítulo muito triste, eu sei… Nosso querido Shaoran… Sim… Ele morreu! O que acontecerá agora???

Kaho apareceu, e parece que sua presença está sendo decisiva para os novos caminhos que nossos personagens escolherão. Sakura está mais animada… O que será que ela está pensando em fazer?

E Eriol? O nosso Mago Hiiragisawa resolveu voltar para Inglaterra e deixar Tomoyo…

Yuri e Wladimir irão para Tomoeda??? E Iyani? Aonde ele está? Ah!!!!!!!!!! Quantas perguntas!!!!!

Aguardem o desfecho e as respostas no próximo capítulo….

Queria dedicar este capítulo para Andréa Meioh!!!!! Parabéns Amiga!!!! Muitas felicidades!!!! E que Deus te ilumine cada dia mais, e que essa sua cabecinha sempre se encha de idéias para nos afortunar com seus maravilhosos fics!!!

Ah, Fantomas, obrigada por me lembrar do aniversário da Andrea, dia 14 de julho!!! Parabéns mais uma vez Drea!!!!

Continuem mandando reviews!!!

Mandem e-mails também: nakizinha@hotmail.com!!!!!

A opinião de vocês é muito importante pra mim!!!!

Até o próximo capítulo!!!

Naki

Nota: Quêfrin* - lê-se Cuêfrin, com ênfase no "ê", que é bem fechado.

Os demais nomes que apareceram são lidos exatamente como escritos.

Obs: Os personagens de Card Captor Sakura apresentados neste capítulo não me pertencem. Eles são de propriedade do grupo Clamp ©.

Os demais personagens são de minha autoria, proriedade de Naki ®. Caso queiram utilizar algum destes personagens, por favor, peçam a minha autorização. Obrigada!