A Passagem

Por Naki

Capítulo 5 - Adeus, meu amor

"Eriol…"

"Kaho… voltarei com você para Inglaterra. E voltarei sozinho…"

Celesty…

"Sr. Yuri… Iyani acabou de chegar…" - dizia Júbilus ao entrar no escritório de Yuri.

"Traga-o até mim, Júbilus!"

Yuri finalmente veria Iyani. O Mago tinha acabado de chegar em Celesty. Todos já sabiam do ocorrido, numa terra de Magos, os rumores corriam muito rápido, e muitas vezes, nem precisavam correr, cada um sentia por si só.

De fato, todos os Magos esperavam ansiosos pelo retorno daquele que ousou sair de Celesty sem autorização do líder, sem um pedido oficial. Seria expulso do Conselho? Todos se perguntavam. Mas como poderiam expulsar um Mago com magia tão incomum?

"Mandou me chamar, Yuri?"

Iyani estava parado junto à porta do escritório. Júbilus estava ao seu lado, e apenas o olhar de Yuri fora suficiente para este entender e deixar o recinto, fechando a porta atrás de si.

"Sente-se Iyani!" - dizia Yuri ao mostrar uma poltrona ao mago - "Temos muito o que conversar!"

Hong Kong, China…

Após um dia exaustivo a noite começava a cair. Todos se recolhiam para o interior da grande casa da família Li . Depois de encerrado o enterro muitos continuaram junto a família Li, pois a mesma tinha preparando uma grande recepção para todos os presentes. Tomoyo estava um tanto perdida dentre tantos parentes e amigos. Havia perdido Eriol no início da tarde e não o vira mais desde então. Ela caminhava sozinha pela casa e podia ver nitidamente sua amiga Sakura sentada ao lado do irmão e de Yukito. Ela estava sorrindo…

Pela primeira vez desde a morte de Shaoran que Tomoyo sentia seu coração aliviado. O sorriso tão doce de sua flor favorita tinha lhe voltado a face. "Como é bom te ver sorrindo, Sakura." - pensava Tomoyo enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas pela felicidade que estava sentindo. Caminhando mais um pouco em direção a outra sala da casa, Tomoyo avistara Nakuru. Ela tinha um olhar fixo a janela que dava para o jardim dos fundos da casa. Tomoyo se aproximou por trás e pôde ver o que Nakuru tanto observava. Eriol… Ele estava sentado ao lado de Kaho.

Sem fazer o menor barulho Tomoyo se afastou e decidiu ir até o encontro de seu namorado. Nakuru voltou seu olhar para Tomoyo, assim que esta deixou a sala.

"É… Nakuru…" - dizia um pequeno de dentro do bolso de Nakuru - "Parece que Tomoyo voltará a Tomoeda ainda mais triste do que saíra."

"É uma pena, Spi… " - dizia Nakuru ainda observando seu mestre, que agora era deixado sozinho por Kaho - "Eu gosto muito da Tomoyo. Tenho pena dela."

"Mais uma vez nosso querido mestre toma suas decisões diante as imposições do Destino…"

"Eriol…" - murmurava Nakuru enquanto puxava a enorme cortina branca, cobrindo toda janela.

"Eriol…"

Tomoyo estava diante de seu namorado. Ele mantinha a cabeça baixa, fitando o gramado que escurecia devido a pouca luz que existia naquele jardim. O céu tinha uma enorme Lua, que iluminava os lindos cabelos negros de Tomoyo.

A linda jovem sentiu um vento frio tocá-la. Fitou seu namorado. E como se seu coração sentisse o mesmo vento frio, seus olhos encherem-se de lágrimas. Ela rapidamente abaixou seu rosto numa tentativa de esconder as lágrimas de seus intensos olhos violetas. E antes que qualquer lágrima viesse a rolar sobre sua pele branca e suave, uma mão tocou-lhe o rosto secando seus olhos. Eriol estava de pé, diante de Tomoyo, limpando as lágrimas de seus olhos que insistiam em cair.

Num impulso de refúgio e amparo, Tomoyo jogou-se aos braços de Eriol, tentando buscar em seu abraço segurança, carinho, buscando certeza…

"Acalme-se Tomoyo…" - dizia Eriol enquanto a mantinha em seus braços.

"Eriol, meu amor… Por um momento pensei que tinha te perdido…"

Eriol a escutou assustado. Como ela poderia saber de sua decisão? Mas antes que ele pudesse colocar mais qualquer outra pergunta em seus pensamentos, a jovem continuou.

"Estou tão sensibilizada com tudo que aconteceu… Vê-lo triste, se sentindo culpado, me deixou abalada por demais. E quando vi que você não olhou para mim assim que o chamei, quando não vi seu sorriso tão suave em retribuição, senti-me vazia… Senti um aperto no coração, uma vontade de chorar… Eriol… Eu te amo tanto, preciso tanto de você…"

Eriol a abraçava mais forte. Passava uma de suas mãos pelos sedosos e cheirosos cabelos de sua namorada, enquanto que sua outra mão vinha a lhe enlaçar mais pela cintura. Como ele a amava… Desde o dia em que mergulhou naquele imenso mar violeta…

Eriol estava prestes a desembarcar no aeroporto de Tóquio, com destino a cidade de Tomoeda… Uma semana… Era tudo o que precisava. Saberia que dali a nove dias estaria se apresentando oficialmente no Conselho dos Magos. Impora sua decisão perante as fortes colocações de Kaho. Não sabia ainda ao certo por que queria ir a Tomoeda. Seria mesmo apenas pra rever seus amigos? Quatro anos… Quatro anos longe de seus amigos. Queria tanto rever um certo descendente tão audacioso e uma cerejeira tão amável…

"Shaoran, Sakura…" - murmurava Eriol com um sorriso no rosto.

"Eriol, a aeromoça acabou de dizer que já iremos desembarcar!" - falava Nakuru sentada ao lado de seu criador - "Quem deve estar feliz com isso é Spi… Acho que ele não gostou da idéia de se passar por gato e fingir-se dopado toda a viagem!" - ria Nakuru da situação do pequeno ser alado.

Eriol apertava os cintos enquanto Nakuru continuava a tagarelar.

"Quero muito chegar logo a Tomoeda! Achei excelente sua idéia de tirar umas férias! Depois teremos que ficar trancafiados num palácio sendo bobos da corte da Magia… - dizia Nakuru com um tom brincalhão, fingindo uma expressão de total tédio perante sua última colocação - "Além do mais, quando teríamos outra oportunidade de rever todos! Aposto que o líder do Conselho não permite viagens de férias nem visita aos amigos! - chateava-se Nakuru.

"Querida, Nakuru. O Conselho não é uma prisão. É como todo e qualquer lugar. Temos responsabilidades… E deixar o Conselho por motivos bobos, como viagens de férias, não é algo muito apreciado. Além do que, soube que em Celesty existem muitos jardins, e a vista é maravilhosa! Aposto que nunca se entediará. Poderá ser você mesma todo o tempo…"

"Mas é tão divertido ser Nakuru…"

Eriol se limitou a um sorriso.

Após o desembarque, alugaram um carro, e mesmo com a insistência de Nakuru, Eriol decidiu-se por dirigir ele próprio. Spinel retirava o "pijaminha" que o envolvia com o motivo de lhe esconder as asas. Sua expressão não era nada agradável ao sentar no banco de trás do carro. O fato de ter visto Nakuru ao lado de Eriol, toda cheia de si, desfrutando das mordomias da primeira classe, e ele, todo contorcido, fingindo-se dormir toda a viagem, numa gaiola colocada aos pés de Eriol. Realmente não era assim que um guardião de um Mago deveria ser tratado.

Eriol se divertia com os pensamentos de Spinel, que podia lê-los sem problema. O seu guardião estava tão irritado com a situação que nem percebeu que seu mestre estava atendo ao que pensava.

A viagem era definitivamente agradável. Uma paisagem linda, o céu limpo com um imenso sol ao alto. Estavam no Verão! Eriol dirigia tão distraidamente que nem ouvia a conversa de seus dois guardiões.

"Eriol! Eriol! A entrada de Tomoeda!"

O grito de Nakuru fez com que Eriol percebesse que, caso não alertado, perderia a entrada de Tomoeda.

Após chegarem ao hotel e direcionarem-se para seus quartos, Eriol deixou uma Nakuru e um Spi deitados sobre a cama, tentando esticar seus corpos. Resolvera-se por caminhar. Estava um lindo dia, e o poente era formidável…

Eriol andava num parque muito familiar. Tantas vezes aquele local fora cenário das artimanhas das Cartas Clow… Ao se deparar com uma estátua, Eriol riu.

"Rei Pingüim! Como tens passado!" - dizia Eriol ironizando a estátua do parque que levava seu nome.

Ao sentar-se sobre um banco nas proximidades da estátua, Eriol relaxava. Observava as pessoas que caminhavam pelo parque. Imerso em seus pensamentos, no fato de que Sakura e Shaoran já deviam ter notado a chegada do Mago através de seus poderes, nem se deu conta quando uma linda jovem colocou-se ao seu lado.

"Eriol… É você mesmo?"

Aquela suave voz contagiava-lhe os ouvidos. Uma voz incrível, que percorria-lhe o corpo e o levava as nuvens. Que voz! Tenra, confortante, apaixonante… Ao sair de seus devaneios percebeu que aquela voz tão envolvente lhe era muito familiar…

"Tomoyo?"

Eriol levantou-se e deparou-se com uma bela mulher. Longos cabelos negros levemente encaracolados, corpo escultural, curvas que lhe davam um ar atraente e ao mesmo tempo angelical. E os olho num tom raríssimo… Violetas!

"Eriol! Que bom que voltou!"

A jovem o abraçou docemente. Após um pequeno momento sem qualquer ação, Eriol lhe retribuiu o abraço. Tomoyo estava sem sombras de dúvidas muito, mas muito bonita. Nunca em momento algum de sua vida alguém tinha lhe tirado a atenção, deixado-o atônito. O que estava acontecendo? Por que seu corpo tremia cada vez que aqueles lábios emitiam um som?

"Quando você chegou, Eriol?"

Tomoyo sentou-se no banco convidando Eriol a fazer o mesmo. Ele encarava os olhos de Tomoyo. Os lindos olhos violeta retribuíam o olhar, convidando-o a penetrar dentro deles, chamando-o, envolvendo-o. Eriol estava completamente vidrado nos olhos de Tomoyo, e esta parecia estar gostando muito de mergulhar no oceano azul escuro que o olhar que a fitava possuía.

Como num impulso incontrolado Eriol tomou as mãos de Tomoyo, sentando-se a seu lado. Um sorriso nasceu nos antes tensos lábios de Eriol. Agora entendia o por que estava ali. Seu coração o conduzira. Aquele pequeno músculo dentro de si sabia que lá encontraria o amor… Estava apaixonado…

Eriol sentava-se no banco colocando Tomoyo em seu colo. A jovem continuava enlaçando Eriol, repousando seus braços sobre os ombros dele. Tomoyo suspirava fortemente, tentando se acalmar. Seu amado contribuía alisando seus cabelos, levando a garota a recostar-se em seu peito.

"Tomoyo… eu preciso lhe dizer uma coisa…"

"O que é, Eriol?" - dizia a jovem com os olhos fechados, apenas desfrutando do carinho do homem que amava.

"Eu…" - Eriol olhava para o céu, tentando buscar coragem para dizer o que era necessário - "Não quero que se preocupe comigo, mas é que…"

Ao ouvir o termo que se referia a não se preocupar com ele, Tomoyo abriu seus olhos e ergueu-se, olhando seu amado dentro dos olhos.

"Tomoyo, eu não vou voltar com você e os outros para Tomoeda!" - dizia Eriol por fim.

"Como assim?" - dizia Tomoyo confusa, saindo do colo de seu amado e sentando-se ao seu lado.

Eriol se levantava, dava pequenos passos, para frente e para trás, buscando controlar-se diante da difícil questão que ali seria abordada.

"Eu vou para Inglaterra com Kaho, creio que já a viu aqui."

"Sim… eu a vi." - dizia Tomoyo um pouco mais calma - "E quando você voltará para Tomoeda? São muitos assuntos que tem que resolver em Londres? Porque se forem muitos, e você for demorar, posso ir com você, acredito que minha mãe não se chatearia com isso e…"

"Não, Tomoyo!" - a interrupção de Eriol fora suficiente pra alarmar a garota. Ela se erguia colocando-se de frente a ele. Seus olhos o encaravam mostrando claramente sua inquietação.

"Não deseja minha companhia em Londres? Apenas pensei que poderíamos…"

"Não é isso, Tomoyo…" - Eriol tentava se aproximar de sua namorada, mas essa relutante, se afastava.

"Eriol…"- dizia Tomoyo já nitidamente nervosa, fugindo de seu estado de espírito habitual - "Por que não quer que eu vá com você? Acha que te atrapalharia? Está cansado de mim?"

"Não, querida… Não é nada disso!"

"Então me diga, por quê?"

"Tomoyo, venha cá…" - Eriol esticava seus braços buscando as mãos de Tomoyo. Ele começou a puxá-la consigo, e começaram a caminhar de mãos dadas.

Tomoyo caminhava ao lado de Eriol, buscando entender o que estaria acontecendo com seu amado. Ao se afastarem mais um pouco, buscando os limites da propriedade dos Li, Eriol parou diante de sua namorada. Tocando-lhe o ombro direito com a mão esquerda, e erguendo-lhe o rosto com a direita, buscando cruzar seu olhar com o dela, Eriol começou a falar.

"Tomoyo eu te amo como nunca pensei que fosse capaz de amar. Desde o dia que retornei a Tomoeda e você me encontrou no parque do Rei Pingüim. No instante em que ouvi sua bela voz chamando por meu nome, estremeci. E quando meus olhos tocaram os seus tive certeza de que estava apaixonado. Entendi o por que de ter me dirigido a Tomoeda, na verdade, era meu coração que estava me guiando até o amor, até você…"

"Eriol…" - murmurava Tomoyo com lágrimas nos olhos.

"Obrigada por me acompanhar até em casa, Eriol!"

"Não, eu que agradeço. O prazer foi meu."

"Não!" - dizia Tomoyo sorrindo - "O prazer foi nosso!"

Os dois estavam diante da residência da família Daidouji. Após o encontro no parque, e da contagiante conversa entre eles, o casal se dirigiu até a casa de Tomoyo.

"Sakura e Shaoran estão juntos agora! Há três meses que Shaoran voltou pra Tomoeda. E agora, pra ficar! Estou tão feliz por eles… Foi por isso que voltou? Pra revê-los?"

"Não… Na verdade acredito que voltei por outro motivo…"

"Não quer entrar? Já esta quase na hora do jantar. Adoraria tê-lo como companhia!"

"Não quero incomodá-la!"

"Por favor, não negue meu pedido… Minha mãe viajou a negócios, e é tão triste não ter companhia para o jantar…"

Aqueles olhos violetas, os gestos… Como poderia recusar?

"Eu adoraria…"

Eriol beijava Tomoyo calorosamente. Sentia seu corpo energizado, repleto de sensações. Envolvia-a cada vez mais, como se levasse-a a flutuar, embarcando num mesmo vôo rumo ao paraíso. Todos os beijos do casal eram assim… E a cada beijo tudo se tornava mais intenso, único, como se suas bocas fossem elos que unissem dois corpos e uma alma.

Eriol caminhava com Tomoyo no jardim, enquanto esperavam o anúncio do jantar. Ele estava completamente perdido, não sabia o que dizer, como agir… Tomoyo sentia-se da mesma forma. Como duas crianças andavam lado a lado, quietos, envergonhados. A jovem indicou-lhe um dos bancos de seus jardim, e o jovem rapidamente aceitou o convite.

"Como posso estar tão nervoso? Como eu, conhecedor de tantos feitiços, pude cair no mais simples deles, o feitiço do amor… E por mais que reflita, busque frieza, não posso… Estou completamente envolvido, e mais, estou amando me sentir assim. Estou sim, apaixonado por Tomoyo…" - pensava Eriol.

"Tomoyo…" - Eriol quebrava o silêncio.

"Já se sentiu envolvida por uma sensação a qual te fizesse perder o controle de seus atos?"

Tomoyo virava-se pra Eriol, e mergulhava em seu intenso olhar. Como uma pequena folha que é carregada pelo rio, ela estava sendo carregada por aquele mar azul… Seu olhar sorria para Eriol, mostrando-lhe que sim, que já se sentia assim. E indicando um sinal afirmativo com sua cabeça, sorriu.

"É exatamente assim que estou me sentindo agora, Eriol…"

Eriol tocou-lhe uma das mãos, que fez o corpo de ambos estremecer. Tomoyo suspirava e fechava seus olhos. Eriol tocava-lhe o rosto, aproximando mais seu corpo ao dela.

"É exatamente assim que me sinto desde que a vi…"

"Eriol… Eu…"

Antes que a jovem pudesse dizer qualquer coisa, Eriol tomou-lhe um beijo. Um beijo quente e ardente, que envolvia o casal. Tomoyo o abraçava e Eriol tocava seus cabelos. Um toque suave e delicado, assim como os lábios quentes e envolventes de Tomoyo.

Um beijo longo, interrompido apenas quando Eriol lhe disse, ainda entre seus lábios, forçando-os a continuarem tocando os de Tomoyo.

"Eu estou perdidamente apaixonado por você…"

Tomoyo abriu os olhos, afastando seus lábios dos de Eriol.

"Deixe-me encontrá-lo então. Ou me convide a me perder com você neste imenso mar azul…" - Tomoyo dizia enquanto Eriol sorria - "Eu também estou perdidamente apaixonada por você…"

Após um maravilhoso e envolvente beijo, Eriol abraçou sua namorada. Tomoyo se sentia confortada, e retribuía o gesto do jovem.

"Tomoyo… Eu amo seus cabelos, a forma como eles balançam com o vento, o perfume que eles exalam, o jeito como você os prende… Amo suas mãos, o toque que elas me passam, as emoções que elas me guiam a sentir…" - Eriol soltava Tomoyo e a olhava com carinho, segurando em suas mãos - "Amo seu corpo, a forma como o movimenta quando anda, quando corre e me abraça… Amo sua boca, a forma como ela me transporta para o paraíso, porque me sinto lá quando te beijo… A graciosidade de seu sorriso, a delicadeza com que molha os lábios quando passa sua língua por eles… Amo sua voz, a forma incrível com que ela me estremece… O canto mais puro e sincero, que toca direto em meu coração… A sinceridade que ela me passa quando meus ouvidos escutam "eu te amo"… Amo seus olhos, seu maravilhoso olhar…. Mergulhar neste oceano de águas violetas, que me carregam para um destino desconhecido, mas um destino certo de felicidade completa… Amo estar com você! Amo você por inteiro…"

"Eu também te amo Eriol…"

"Prometa-me, que nunca, nunca esqueçará o quanto eu amo você!"

"Pare com isso Eriol, não sei o por que de não querer minha companhia em Londres, mas tudo bem, quando sentir que deve, me explique o motivo… Logo estará comigo em Tomoeda de novo, e tudo ficará bem!"

'Tomoyo…" - o olhar de Eriol fez Tomoyo estremecer -"Eu não voltarei para Tomoeda."

Tomoyo soltou suas mãos das de Eriol, não podia acreditar no que estava ouvindo. Não voltaria mais? Por quê? O que era tão importante, o que era mais importante do que ela? O que estava acontecendo? Tomoyo por um instante sentiu seu corpo girar, perdeu o chão sob seus pés. Não poderia ser verdade…

"Pare com esta brincadeira, Eriol!" - dizia Tomoyo enquanto dava passos para trás - "Diga-me que é brincadeira!" - a voz doce de Tomoyo era tomada pelo nervosismo e desespero.

"Tomoyo… Prometo que um dia lhe explicarei o motivo, e compreenderás tudo. Por hora não posso te dizer mais nada…" - Eriol sentia um aperto em seu coração, ver sua namorada naquele estado era muito triste.

"Eriol… depois de tudo que disse… Do amor que jurou sentir por mim! Por quê? - Tomoyo caía em prantos.

"Eu te amo! Não duvide nunca disso! Eu só não posso ficar com você." - Eriol começava a perder o controle típico de sua personalidade e começava a chorar.

Seu choro chamou a atenção de Tomoyo. Ela nunca tinha o visto chorar. Impressionada com as lágrimas de Eriol, Tomoyo se aproximou e tocou-lhe o rosto delicadamente.

"O que houve, meu amor… Confie em mim…" - a voz doce de Tomoyo fez Eriol se acalmar.

"Espero que eu dia você possa me perdoar… Eu não posso continuar com você… eu não posso…" - Eriol voltava a chorar, um choro silencioso, cheio de angústia e perda.

"Eriol… Teus olhos me dizem que quer ficar comigo. Sinto seu coração desejando o mesmo."

"Ele deseja sim, meu amor… Mas é preciso… Minha consciência diz isso…"

Tomoyo olhava para Eriol com doçura, como se tentasse compreender a aflição do seu namorado. "Muitas vezes nossos corações ficam agitados, e precisam entrar em harmonia com nosso corpo. Você está atormentado. Não consegue tirar da cabeça que poderia ter evitado o que aconteceu a Shaoran. É por isso quer se afastar de todos, não é?"

Eriol sabia que não era apenas isso, mas sim que existiam muitas coisas por trás de tudo o que estava acontecendo. Mas limitou-se a concordar. Não poderia magoar ainda mais aquela que tanto amava.

"Lhe darei o tempo que precisar, pra que entenda que não fora o culpado. Estarei aqui quando isso acontecer. Te esperando…" - os olhos de Tomoyo sorriam para Eriol - "Porque você é o homem que amo, e por você esperaria toda uma vida!"

Tomoyo o abraçou e lhe deu um suave beijo no rosto. Sussurrando ao seu ouvido lhe disse "Eu vou te esperar, meu amor… Não demore…" Eriol viu sua namorada se afastando. Como poderia lhe dizer que não tinha a intenção de voltar? Que estar com ela era como sentir a culpa dominando-lhe o corpo e a alma. Que somente a solidão poderia ser o castigo suficiente por ter destruído um verdadeiro amor. Fora covarde por não ter dito-lhe toda a verdade. Morreria com ela. E mesmo porque, se a contasse, Tomoyo nunca o perdoaria por ter causado a morte de Shaoran e o eterno sofrimento de sua melhor amiga.

Tinha tomado um novo caminho. Imposto pelo destino, decidido por sua consciência. Eriol resolvera-se pelo caminho frio e solitário. Só lhe restava um única opção, fazê-la esquecê-lo. Tirar de seu puro coração a esperança de um dia tê-lo de volta.

"Adeus, meu amor…"

Eriol convocava seu báculo mágico. Erguia-o até o alto e uma forte energia dourada envolvia-lhe o corpo, partindo em seguida na direção de Tomoyo. Faria a jovem esquecê-lo. Mas antes que a energia a atingisse, ele desfez a magia. Talvez algo dentro dele quisesse sentir a mesma esperança. A esperança de um dia poder voltar para aqueles lindos olhos violeta.

Sakura estava em um dos quartos da mansão da família Li. Estava sozinha pois Tomoyo ainda não tinha retornado assim como Nakuru. "Deve estar com Eriol…" - pensou. Colocou sua mão no peito, e sentiu seu coração pulsando mais calmo. Aproveitando-se da ausência de Tomoyo, Sakura pegou todas as suas Cartas. Havia jurado pra si mesma que jamais sairia sem elas. Pegou sua chave mágica e transformou-a no báculo da estrela. Fechou seus olhos, ergueu o báculo e convocou, entre todas as 53 Cartas uma em especial. A Carta brilhava e Sakura sorria para ela.

"Yuki…" - dizia Touya deitado na cama.

Touya estava em um outro quarto, junto com Yukito, Spinel e Kerberos. Os dois pequenos seres alados estavam dormindo sobre uma terceira cama, na qual Eriol iria repousar.

"O que foi, Touya?"

"Sentiu Sakura mais animada, não?"

"Ah, sim… E fiquei muito feliz por vê-la assim!"

Touya observava os pequenos seres alados sobre a cama. Yukito acompanhava o olhar de Touya. Conhecia o amigo, sabia que algo ainda o incomodava.

"Touya, me diga..."

"Boa noite!" - dizia o jovem ao entrar no quarto interrompendo Yukito.

"Entre, Eriol!" - dizia Yukito.

"Desculpem-me se interrompi alguma conversa." - dizia Eriol enquanto dirigia-se para sua cama e pegava Spinel e Kero cuidadosamente colocando-os sobre uma almofada no chão.

"Não interrompeu nada." - dizia Touya - "Apenas apague a luz quando estiver pronto para dormir. O dia foi um tanto quanto cansativo..."

"Ah, sim... claro!" - dizia Eriol enquanto trocava de roupa.

Yukito limitou-se a sorrir perante a pequena grosseria de Touya. Eriol sorriu de volta e logo apagou a luz. Nenhum outro comentário foi feito, e Eriol sentia aquele silêncio o envolver. Seus pensamentos, todos voltados à Tomoyo. Ela o esperaria... Conseguiria ele, um dia, voltar para seu amor? Tantas dúvidas o envolviam, e o cansaço tomava conta de seu corpo. Eriol caíra no sono.

"Olá Sakura..." - dizia a voz diante de Sakura - "É muito bom revê-la"

"Posso te dizer o mesmo... Mas por favor, tome sua verdadeira forma! Não é nada agradável conversar comigo mesma..."

Sakura dava um lindo sorriso enquanto que a imagem a sua frente tomava a forma de uma menina, de longos cabelos.

"É bom poder conversar com você novamente, Espelho!" - dizia Sakura.

A Carta Espelho sentava-se ao lado de Sakura, na cama. As duas sorriam. Fazia muito tempo desde a última conversa delas... Sakura apenas transmitia sua energia as Cartas desde o último episódio com a Carta Selada. Nunca mais utilizou nenhuma delas, nem para conversar, nem para simplesmente vê-las em sua forma original.

"Sakura... Pensei que nunca mais fosse convocar nenhuma de nós! Muitas Cartas estão assustadas. O fato de outra pessoa conseguir utilizar a magia de suas Cartas, nossa! Isso nos assustou!"

"Eu sei..." - dizia Sakura com o ar um tanto triste por se lembrar do episódio ocorrido dias atrás.

"Oh, não... não! Por favor! Não fique triste!" - dizia Espelho ao se aproximar de Sakura e lhe acariciar os cabelos – "Seus cabelos cresceram... Estão bonitos!"

Sakura sorria e enxugava as pequenas lágrimas que lhe escorriam dos olhos.

"Quero que saiba que todas nós sentimos muito a grande perda que sofreu. E que estamos sofrendo muito!"

"Obrigada!" - dizia Sakura por ver a sinceridade nos olhos de sua Carta - "Tenho medo de alguma das Cartas ter raiva de mim..."

"Raiva?" - espantava-se a Carta - "Por que teríamos raiva?"

"Não sei, por não carregá-las mais comigo, por apenas energizá-las e nunca mais ter conversado com nenhuma de vocês..."

"Ora, Sakura... Nós estamos sempre com você! A forma doce com que nos trata, a sua energia amável que sempre nos envolve... Você é uma mestra incrível! Não duvide nunca disso!"

"É muita generosidade de vocês... Não fui uma boa mestra nestes últimos quatro anos... Mas prometo ser diferente!"

"Já está sendo, Sakura... E todas nós estamos sentindo isso! Estaremos com você sempre que precisar!"

Sakura sorriu e abraçou a Carta.

"Sabe..." - disse Sakura - "Sempre quis lhe perguntar uma coisa..."

"O que, Sakura?"

"Essas fitas verdes em seu cabelo... Não me lembro delas existirem quando era um Carta Clow. Mas quando a transformei em Carta Sakura, elas simplesmente apareceram!"

Espelho sentiu seu rosto corar. Abaixou seu olhar envergonhado. "Foi um presente de Natal..." - disse por fim – "Seu irmão quem me deu... Por que, não gosta que as use, Sakura?" - continuou Espelho ainda com o olhar baixo, escondido pelos caixos de seus longos cabelos.

"Você fica linda com elas!" - disse Sakura enquanto levantava o rosto da Carta Espelho - "E se foi um presente tão especial, como julgo que foi, não os tire nunca! E acredite, tenho certeza que meu irmão lhe deus estas fitas de todo o coração!"

A Carta sentiu-se feliz com o comentário da mestra. "O que quer que pretenda fazer, Sakura, saiba que todas nós estaremos sempre do seu lado!"

"Obrigada!"

Com um sorriso Espelho voltou a ser Carta, pousando sobre as demais cartas ao lado de Sakura, que as segurou com as mãos guardando-as dentro do livro.

"Sakura?" - uma jovem chamava a atenção de Sakura à porta.

"Meilin!"

"Já esta tarde, Sakura! É melhor descansar!" - dizia Meilin enquanto se afastava da porta dando passagem para Tomoyo.

"Tomoyo.... Onde esteve?" - perguntava Sakura.

"É melhor as duas dormirem. Amanhã podemos conversar pela manhã, afinal o vôo de vocês sairá apenas no fim da tarde!"

"Claro!" - respondeu Sakura sorrindo - "Ainda não tive tempo de conversar com você, não é Meilin?"

A jovem de olhos vermelhos estranhou a alegria que os olhos de Sakura estavam emitindo. Teria ela se esquecido de Shaoran? Meilin encarava os intensos olhos esmeraldas de Sakura. A alegria que eles emanavam era contagiante. Como duvidar de um olhar como o dela? Sakura era sem dúvidas maravilhosa. Por vezes Meilin se arrependera de ter atrapalhado o amor de Sakura e Shaoran.... Mas todos eram tão pequenos... Hoje a jovem chinesa admirava o lindo casal que seus amigos faziam, sem dúvidas acreditava que estava sentindo uma dor maior por ver Sakura sozinha, do que pela perda de seus primo favorito.

"Amanhã poderemos conversar, então!" - dizia Meilin deixando o quarto com um sorriso - "É maravilhoso vê-la sorrindo, Sakura! Boa noite!"

Quando Meilin deixou o quarto, Tomoyo deitou-se na cama. Sakura estranhou o modo calado com que Tomoyo entrou no quarto. Indo em direção a cama em que Tomoyo repousava, Sakura ajoelhou-se no chão e colocou uma de suas mãos nos cabelos da amiga.

"Sakura..." - Tomoyo dizia - "Por favor..." - a linda voz de Tomoyo estava um tanto presa, como se segurasse o choro - "Podemos conversar amanhã... estou muito cansada."

Sakura sentia que algo estava incomodando sua amiga mais querida. "Está bem, Tomoyo." - dizia Sakura, respeitando a vontade de sua amiga.

Sakura apagou as luzes do quarto e deitou-se na cama. Eram tantas as coisas que passavam por sua cabeça que não conseguia dormir. As palavras de Kaho, o carinho de suas Cartas por ela, agora a tristeza de sua melhor amiga. "Shaoran, como você me faz falta..." - pensava Sakura. - "Meu amor... irei consertar tudo isso... Sei que meu coração me guiará até você.... Meu Shaoran..."

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Oi gente!

Desculpem... Sei que demorei um pouquinho pra postar este capítulo. Na verdade ele tava quase pronto a uma semana, mas faltava terminá-lo, e só consegui isso agora.

Amei escrever este capítulo, em especial. A forma como Eriol sustenta seu amor por Tomoyo, a forma delicada como eles se amam... Mas nosso Eriol mais uma vez é pego pelo destino, tendo que tomar uma decisão muito triste.... Abandonar seu grande amor...

Devem estar com raiva de mim, por acharam que só destruo os casais felizes... Mas acreditem, isso é só o início de tudo....

Como podem perceber Sakura convocou a Carta Espelho e conversou com ela. O que nossa heroína está pretendendo, heim?

Aguardem....

Queria dedicar este capítulo pra Kath Klein! Minha companheira de profissão! A engenharia ainda conquistará o mundo!!! Hehe

Continue seu fic "Flor da China", tá maravilhoso! Não vejo a hora de ler o desfecho final!!!

Continuem mandando reviews!!!

Mandem e-mails também: nakizinha@hotmail.com!!!!!

A opinião de vocês é muito importante pra mim!!!!

Até o próximo capítulo!!!

Naki

Obs: Os personagens de Card Captor Sakura apresentados neste capítulo não me pertencem. Eles são de propriedade do grupo Clamp ©.

Os demais personagens são de minha autoria, propriedade de Naki ®. Caso queiram utilizar algum destes personagens, por favor, peçam a minha autorização. Obrigada!