Nota de autor: Pessoas... acho que isto vai ter nove capítulos. Tipo, eu tinha a ideia geral do que queria com esta história, mas agora que estou a chegar a certas partes, a coisa está a expandir mais do que antevi.

Além disso. Pode ser já um pouco tarde na história para fazer isto, mas daqui para a frente vamos ter mais alguns pontos de vista sem a presença da Jinx neles. Considerei fazer isto a começar no capítulo 3, mas não achei relevante lá. Daqui para a frente, há demasiadas coisas a acontecer que são importantes para a Jinx, e nós como leitores temos de saber delas ou vamos perder coisas importantes. Já para não falar que eu as quero escrever. Se é muito irritante, bem, agora é um bocado tarde para pedir desculpa né.

Nota pt-pt para pt-br:

- "esquadra" é o mesmo que "delegacia"

- "gozar" é o mesmo que "troçar". " 'tás a gozar com a minha cara" é o mesmo que " 'cê tá tirando com a minha cara", por exemplo.

- "violação" é o mesmo que "esturpo"

- "telemóvel" é o mesmo que "celular".

Avisos: corrupção policial, relações complicadas e discussões de pedofilia.

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- Já devias saber que isto é um comportamento inaceitável - disse Marcus com aquele tom convencido de sabe-tudo. Vi já sabia que ele era um otário, mas ele queria continuar a relembrá-la. - Tens mesmo de repensar esta tua atitude de chunga de rua se alguma vez esperas tornar-te polícia.

- Como se metade de vocês não fossem rufias comuns de farda - grunhiu Vi em resposta.

Marcus resfolegou. - Que grande opinião essa, Violet.

- É verdade e tu sabes.

- Não significa que devas começar rixas de bar e atacar empregados - disse Grayson enquanto conduzia. Iam demorar menos de vinte minutos a chegar à esquadra, mas Grayson não parecia estar com pressa.

- A Sevika 'tava a ameaçar a minha irmã. Não ia simplesmente baixar a cabeça e ficar calada.

- E o segurança foi só para descarregar a raiva? - perguntou Marcus com outro resfolegar.

- Ele sofucou a Vi - Caitlyn veio em sua defesa. - Ela não agiu bem em o atacar, mas ele usou excesso de força.

- O cabrão 'tava metido - rosnou Vi sabendo que estava certa. - Empatou tempo para que a cabra fugisse.

- A Sevika puxou de uma faca - acrescentou Caitlyn. - Eu vi.

Grayson fez um som de concordância. - Nós sabemos o quão perigosa a Sevika é. É bom que as coisas não tenham ficado muito feias, pelo menos. - Não deixava de ser irónico, quando Vi ainda tinha a cara coberta de sangue e em breve inchada de hematomas.

- Pensei que tinhas dito que 'tavas a arranjar um mandato de captura para ela - perguntou Vi a Grayson.

- Há tão poucas ou ainda menos pessoas dispostas a testemunhar contra a Sevika do que contra o Silco, e isso porque sabem que é a Sevika que lhes vai bater à porta se o fizerem - disse Grayson desnecessariamente. - O mandato está a chegar, Vi. Só precisas de ter mais paciência.

- Não comecei treino da polícia p'a ser paciente.

- Se tens novas provas para acrescentar ao caso, por favor, partilha.

- Ela estava em posse de uma arma branca - repetiu Caitlyn.

- E isso é bom enquanto agravante, mas não o suficiente para levar a um mandato de captura - respondeu Grayson.

- Não é um bom sítio para começar, pelo menos? - insistiu Caitlyn. - Ela tem cadastro, será uma reincidência. Eu testemunho o que vi.

- Precisamos de mais do que uma declaração facilmente refutada, Kiramann. Para a Sevika e para o Silco.

- Mas eu sou uma agente da polícia, isso não devia contar para algo? - começou Caitlyn a dizer, mas Vi explodiu no banco de trás do carro.

- 'Tás a gozar comigo, Grayson? - exigiu ela. Caitlyn tentou chamá-la à razão; estava a falar com a chefe da polícia, e a futura chefe dela. - Tens o meu testemunho! O do Vander, se ele abrir a puta da boca!

- E depois das vossas acusações, por verdadeiras que elas sejam, que provas temos para as suportar? - respondeu Grayson pacientemente, apesar de já terem tido alguma variação desta conversa vezes suficientes para ser inútil. Já não estavam a falar de Sevika. - A adopção da Powder foi legal, Vi. Isso não é um ângulo que possas usar contra ele.

- Não foi e tu sabes! O Vander foi ameaçado e o Silco subornou a merda dos sistemas todos p'a despachar o processo, que mais provas é que precisas p'a prender aquele cabrão?! Merda de polícias, não servem p'a porra nenhuma!

Enquanto Marcus estava ocupado a repreender Vi severamente pela conduta a uma superior hierarquica, Grayson suspirou, baixando os olhos da estrada momentaneamente. Quer ela quer Vander sabiam que isto ia voltar para o assombrar mais cedo ou mais tarde, mas não o tornava menos mau. Supunha era bem feita, receber o que merecia da fúria de Vi agora que ela se ia tornar polícia e depois de Vander ser o único alvo dela durante anos. Bem, além de Silco.

- ...tem respeito! Estamos dispostos a esquecer o que acabaste de fazer para teres uma chance de ficar na academia, e é assim que falas? - Marcus estava a dizer. - Fedelha ingrata!

- Oh por favor, não me deixes ser outra mancha no teu registo de bófia corrupto! - respondeu Vi. - Nós já sabemos que é só quando vos dá jeito, mesmo!

- Há um limite até onde a lei está disposta a curvar-se, Violet, e isso inclui-te a ti e às tuas acções!

- Vai à merda! Isto só ajuda o Silco! Parece que vocês é que 'tão a ser pagos por ele!

- Já chega, Violet - disse Grayson de forma resoluta, parando o carro. Tinha o tipo de voz que não se questiona, nem mesmo Vi. - Discutir entre nós não serve de nada. Sei que estás zangada, mas és melhor do que isto.

Vi afastou o rosto para a janela. Marcus teve a decência de ficar calado. Caitlyn afundou-se no lugar e suspirou devagar.

- Eu fiz a primeira detenção do Silco quando ele era mais novo que tu, Vi - disse Grayson. - Junto com o Vander, o Benzo, e os teus pais. Ele já não é um miúdo parvo a causar distúrbios de ordem pública ou vandalismo. É perigoso, e nós sabemos disso, mas não conseguimos provas que não sejam circunstanciais ou simplesmente inexistentes no que toca a testemunhos.

- Não ouves o meu! - Vi não conseguia calar-se.

- Não podemos perder a oportunidade de ligar ao tráfico de Shimmer, ao Doutor, à violência de gangues. Às mortes. Se ele é mesmo o líder da organização, temos de fazer isto bem. Não nos podemos dar ao luxo de ter um ataque fraco e deixá-lo escapar por uma tecnicalidade. Só lhe vamos estar a permitir livrar-se das provas. Provas que incluem pessoas. Que te incluem a ti, à tua família. A tua irmã.

- Eu mato-o, caralho - praguejou Vi entre dentes. Matá-lo-ia. Vander podia dizer o que quisesse que Silco nunca magoaria Powder, ela não acreditava e aparentemente era a única que fazia alguma coisa em concreto para impedir que isso acontecesse.

- O teu plano para o incriminar pelo tráfico de drogas a crianças não é mau e um bom isco - continuou Grayson. - Mas ainda precisamos de provas reais do Finn, ou da tua irmã quando ela for usada como traficante. Era esse o objectivo, afinal.

- Vamos arranjar, e acabamos com o filho da puta.

- Com fotos, chamadas, Shimmer, qualquer coisa que nos tire deste impasse de acusações a provas concretas.

- O Finn vai arranjar - resmoneou Vi. - Ele já confirmou que o Silco é o cabecilha da cena toda, não já?

- Isso é só mais uma insinuação. Se eu prender o Silco com isso, ele vai sair logo com uma defesa tão simples como difamação e podemos perder a chance de acabar com a organização por completo. E não importa o quanto o Finn sinta as costas quentes, ele sabe o que vai acontecer se falar sem ter a certeza absoluta que vai derrubar o Silco. Por isso continuamos sem provas.

- Já devíamos ter hackeado o telemóvel da tua irmã ou feito o miúdo plantar uma escuta na casa do Silco - reclamou Marcus. - O único motivo para isto ainda continuar é porque tu não te consegues decidir.

Vi cerrou os dentes com força, porque ele tinha razão. Quantas vezes tinha ela dito aquilo a Vander, que eles deviam simplesmente usar o facto de que Ekko sabia onde Silco viva para pôr a casa sob escuta, ou pelo menos segui-los para manter Silco sob vigia, aprender as suas rotinas, arranjar provas que o seu envolvimento com Sevika não era apenas de conhecidos mas sim de chefe e empregada? Até hackear o telefone, podiam aceder ao microfone e gravar tudo o que dissessem na casa. Sim, Powder iria odiá-los a princípio, não ia compreender porque aquele cabrão tinha distorcido a visão dela das coisas, mas era para seu próprio bem.

Temos de o fazer bem, dissera Vander. Tinham de a proteger de Silco, mas também tinham de se certificar que Powder não lhes virava as costas depois. Tinham de o fazer bem de maneira a que ela percebesse, para que não ficasse do lado de Silco.

Uma merda. Estavam a ir contra raptores de crianças, traficantes de droga, assassinos. A única maneira de lutar de forma justa contra gente assim era atacando-os com tudo o que se tem.

Mas Vi deixara andar, não sem ter medo dos resultados também, mas acima de tudo por Vander. E a relação de ambos tinha lenta mas inevitavelmente deteriorado ao longo dos anos.

- Quanto temos vamos demorar até à porra da esquadra? - perguntou Vi em vez de dar razão a Marcus.

- Não vamos para a esquadra - respondeu Grayson, recomeçando a guiar. Vi e Caitlyn olharam uma para a outra. - Vais para casa e vamos arquivar o relatório como legítima defesa.

- Mas haviam pessoas a filmar - recordou Caitlyn. - Não vai haver...

- Um nariz partido não vai ser um problema. - respondeu Marcus. - Especialmente se ele era mesmo um dos homens do Silco. E a Sevika tem registo criminal.

Também eu, pensou Vi e resfolegou. - "Comportamento inaceitável", hã.

- Tens razão que varremos a sujidade para debaixo do tapete quando nos conseguimos safar - disse Grayson sem olhar para Vi pelo espelho retrovisor. - Não me privo de usar a minha posição para benefício da maioria, e isso inclui-te a ti. És bom material para a polícia que eu não quero perder. Se ao menos ganhares paciência.

- Obrigada pelo voto de confiança - disse Vi, incapaz de manter o sarcasmo longe da voz. - Então porque é que não usas a tua posição para inventar umas boas provas contra o Silco?

- Temos de o fazer bem - repetiu Grayson com simplicidade. Vi grunhiu.

Marcus abriu a boca mas o seu telemóvel começou a tocar. Puxou-o do bolso, reclamando baixinho: - Ainda agora estávamos a falar dele. Já passa das 3 da manhã, que porra aconteceu agora.

- É o Finn? - perguntou Vi, inclinando-se para a frente quando Marcus atendeu a chamada.

Ficaram em silêncio mas a voz no outro lado estava demasiado abafada para se perceber as palavras. Enquanto Marcus dava respostas curtas e ríspidas que irritaram Vi por não serem claras o suficiente, Caitlyn estava distraída a pensar no que Grayson dissera. Não estava muito confortável com aquilo, mesmo que fosse pelo melhor. Claro que sabia que seria mau para Vi ter uma rixa de bar no registo enquanto estava na academia, mas criava um precedente. Claramente era suportado por um precedente. Mas Grayson sabia o que fazia, e Caitlyn respeitava a sua opinião. Jayce, por exemplo, não autorizaria este tipo de conduta, e Caitlyn não ficava muito confortável em mentir ao amigo acerca das realidades das forças de autoridade, mas a cidade da qual ele fora eleite presidente tinha bastantes práticas questionáveis. Pelo menos esta era para proteger Vi.

Uma mudança de tom na voz de Marcus fez as três mulheres focarem-se. - O quê? Tens a certeza? - disse ele. - Porque é que não gravaste isso tudo? Ajudava muito mais do que ter só a tua palavra.

Marcus ouviu mais um pouco e desligou a chamada. Voltou-se para Vi antes de ela lhe poder perguntar.

- Temos algo novo.

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- Vou ver se o Vander 'tá em casa - disse Mylo assim que entraram, fazendo Jinx gemer.

- Por favor não o acordes - rogou ela.

- É o meio da noite, ele não vai conseguir ajudar a Vi agora - acrescentou Ekko, segurando Jinx perto quando ela recuou.

- Ele é amigo da Chefe, achas que não vai conseguir fazer nada? - retorquiu Mylo, indo direito ao quarto de Vander.

Jinx ganiu, repetindo o mesmo mantra que tocava na sua cabeça desde que a polícia tinha chegado. - A culpa é minha, Ekko, a culpa é minha, a culpa é minha, ele vai ficar tão zangado, ele vai ficar tão zangado-!

- Se calhar ele ainda não está em casa - tentou Claggor inutilmente; Mylo depressa regressou com um Vander em tronco nu e ligeiramente ensonado, o cérebro a ficar totalmente alerta assim que viu o sangue e a blusa rasgada de Powder. Ela recuou institivamente mais para trás de Ekko.

- Powder! O que é que aconteceu?

- Desculpa, Vander, por favor... - tentou ela, a voz um guincho, por favor por favor por favor, mas Vander tinha as sobrancelhas cerradas de preocupação e tocou-lhe cuidadosamente na cara.

- Deixa-me ir buscar-te gelo - disse ele com um tom calmo e reconfortante, olhando para os rapazes. - Mais alguém precisa?

Regressou com alguma coisa do congelador embrulhada num pequeno pano de cozinha e entregou-a a Jinx, que parecia ter a certeza que ia ser mordida por ela.

- Está tudo bem, Powder. Senta-te - pediu Vander. Não reconheceu a fonte do medo dela, olhando para Ekko à procura de orientação quando foi ele que pegou no gelo. - O que é que aconteceu?

Jinx sentiu lágrimas inundar-lhe os olhos. - Eu não queria, foi sem querer, foi sem querer... - implorou ela.

- Houve uma briga - começou Ekko, tentando medir as palavras, mas Vander acenou com a cabeça.

- O Mylo já me contou sobre a Vi - disse ele, e na sua ansiedade Jinx não processou que ele já sabia. Já sabia e não estava a gritar ou a chamar-lhe nomes ou a pô-la na rua.

- Meu! - atirou Ekko a Mylo pela falta de tacto, mas era melhor que Vander soubesse logo de começo e de forma taxativa do que num festival de berraria. Foi precisamente esse o raciocínio de Mylo, e Vander não ficara chateado ou sinceramente surpreendido além do razoável. Jinx estava a fazer mais uma fita sem motivo!

- O que é que aconteceu? - perguntou Vander de novo.

- Desculpa! Desculpa, desculpa!

- Powder, está tudo bem - repetiu Vander, e o seu tom não podia demonstrá-lo mais do que já demonstrava. - Acalma-te. Ninguém está zangado.

Jinx tentou mas começou a chorar à mesma, escondendo-se atrás de Ekko agora de vergonha e raiva, atirando com as mãos contra o rosto para o esconder e esborratando as lágrimas negras de maquilhagem que lhe corriam pelas faces.

Vander expirou e olhou para Ekko. - O que é que aconteceu?

- A Sevika - disse ele, uma explicação completa. Vander franziu o rosto e assentiu devagar.

- A Vi está bem? - perguntou.

- Ainda bloqueia com a cara - respondeu Ekko, tentando aliviar o ambiente um pouco enquanto Jinx abanava viemente a cabeça. Vander deu um pequeno sorriso que desvaneceu assim que olhou para Powder. Ela estava a dar o seu melhor para se afundar sobre si própria.

- Powder, está tudo bem. A culpa não é tua, miúda.

- É sim! - gritou ela, puxando o gorro que por acaso estava a tapar o couro cabeludo, de outra forma ela teria enterrado as unhas nele. - A culpa é minha! Voltei a fazer merda, voltei a fazer merda!

- Vou ligar à Grayson - disse-lhes Vander, delegando a tarefa de acalmar Jinx a Ekko, mas na altura em que ele se tinha voltado para ir procurar o telemóvel, alguém estava a enfiar uma chave na fechadura.

- Violet, não dês cabo da-! - estava Marcus a dizer quando a porta se abriu de rompante e Vi entrou.

Ficaram todos a olhar durante um segundo, e Jinx parou de puxar o gorro.

Vi estava aqui.

Vi estava aqui!

- Não foste presa! - explodiu ela de alívio e descrença, atirando-se para a irmã que mal teve tempo de a apanhar. - Estava tão-

- Porquê que não me disseste? - exigiu Vi saber de imediato, tirando Jinx de cima de si e segurando-a pelos ombros. Jinx pestanejou, confusa.

- Eu...

- Vi - chamou Grayson com aquela voz dela, mas Vi ignorou-a.

- Powder, por favor, fala comigo. - Segurou os lados do rosto de Jinx para focar toda a sua atenção, fazendo-a gemer em reflexo pela cara magoada. - Já chega, ok? Precisas de falar comigo.

- Desculpa, eu não queria que tu... - tentou Jinx, não apanhando o que Vi estava a falar.

- Aquele filho da puta, Powder! Quando é que ele começou a abusar de ti?

O quê?!

- O quê? - os seus pensamentos foram ecoados por todos os presentes, Vander acima de tudo.

- O que é que disseste, Vi?

- Vi, vamos tentar falar - disse Caitlyn enquanto Grayson fechava a porta. A sala de estar estava agora mais cheia do que nunca, demasiadas pessoas a começarem a falar ao mesmo tempo, mas Vi estava a mantê-la concentrada e focada e confusa.

- Do que é que 'tás a falar? - perguntou ela, olhando para Vi com os olhos esbugalhados.

- Powder, eu sei - disse Vi resolutamente, como se aquilo fosse tudo o que Jinx precisava de ouvir para compreender e não precisamente o que a estava a confundir. - Eu sei, ok. Vamos ajudar-te mas tu precisas de nos ajudar, nós sabemos que ele quer que trafiques a miúdos e que te 'tá a magoar, és a prova que precisamos para acabar com aquele filho da puta.

- Do quê que 'tás a falar, Vi?! - Jinx libertou-se das mãos de Vi e recuou um passo. - O quê que 'tás a dizer sobre o Silco?

- Nós sabemos, Powder - repetiu Vi enquanto Marcus bufava atrás deles. - Começaste a comportar-te de maneira diferente, mas eu pensei, claro que ias fazê-lo, tinhas de o fazer para viveres com aquele gajo, mas nunca pensei... Powder, nunca pensei que ele te fosse magoar assim, se tivesse pensado eu tinha-

- Mas ele não me 'tá a magoar! - repetiu Jinx, abanando a cabeça. Mas o que é que se passava com as pessoas hoje?! De onde é que aquela história vinha, sequer? Tal como o Finn, mas que merda... porque é que estavam todos a pensar aquilo agora de repente? Tinham falado uns com os outros ou quê?

E se tiverem falado?

Não. Claro que não. Eles nem sequer se conheciam. Cala-te.

- Espera, Vi, repete lá isso - pediu Claggor.

- Mas que porra é que aconteceu, Vi? - juntou-se Ekko, olhando para as duas irmãs.

- Que história é essa? - perguntou Vander novamente.

- Isso é mentira! Porque é que havias de pensar isso? - perguntou Jinx também.

- Vi, isto é só mais uma acusação, não podemos agir sem provas - repetiu Grayson.

- Não digas mais nada, Violet - ordenou Marcus, mas se Vi não estava a ouvir Grayson com certeza não ia ouvir o estúpido do Marcus.

- Não vamos prender o Silco porque eu vou matá-lo, caralho, por isso que se foda o plano, nenhum de vocês me vai impedir! - gritou ela e voltou-se para Ekko. - Vais-me dizer onde é que ele mora, Little Man, 'tou farta disto!

- Vi, olha para a tua irmã - implorou Caitlyn.

- Vi... - tentou Ekko.

Jinx estava de boca aberta, olhando horrorizada para Vi. Mas o que é que se estava a passar?

- Violet, já chega - disse Grayson. - Não é assim que se fazem as coisas.

- O Silco nunca iria abusar da Powder - disse Vander com firmeza. - Não sei onde ouviste isso, mas-

- 'Tás a defendê-lo? Tu?! - cuspiu Vi, tão zangada que o coração estava aos murros no peito. - Qual é o teu problema, Vander?!

- VI, a Jinx nunca disse nada sobre... - tentou Ekko.

- Fomos todos estúpidos! Tinhamos todos os sinais à nossa frente e só deixámos acontecer porque "temos de o fazer bem", caralho! - atirou ela a Vander. - 'Tou farta desta merda! Não tenho medo dele! Yá, ele vai tentar matar-nos porque é isso que ele é, um assassino, mas e então? Damos luta, fazemos-lhe mossa, não caímos sem dar luta! Pelo menos arranjamos finalmente uma merda d'uma prova. Não ficamos só quietos a fingir que 'tá tudo bem!

- Vi, não sei onde ouviste isso, mas não é verdade - repetiu Vander.

- Como é que sabes?! Ela não o negou!

- A Powder disse que é mentira. Ouve o que ela está a dizer.

- Está a mudar a narrativa - disse Marcus não sem uma nota de desprezo, a relutância de Jinx em admitir o que quer que fosse estava a irritá-lo contra sua vontade. Se Vi ia expor a jogada deles, pelo menos tinha de contar para alguma coisa. - Já sabemos, miúda. Estamos a tentar ajudar-te, mas tens de nos ajudar também.

- Jinx, a Vi 'tá a falar a sério? - perguntou Mylo baixinho.

Jinx estava a olhar para Vi já sem a ver, ouvindo as palavras a explodirem à sua volta sem as conseguir compreender.

Não fazia sentido.

Porque é que estavam três polícias ali em casa?

Porque é que Vi não fora presa?

Porque é que estava a dizer aquelas coisas?

Porque é que Jinx estava a mudar a narrativa?

Quando é que ela não negara alguma coisa sobre isto?

Qual plano?

- ...o que é que se 'tá a passar? - disse ela num sussurro sob a barulheira de vozes, os olhos a começarem a saltar por entre a multidão mais e mais depressa, começando a ver padrões contra sua vontade, começando a ligar pontos que não queria enquanto recuava um passo.

Estou errada, estou errada, não pode ser.

Não pode ser.

Não.

- Não - o som na sua cabeça saiu em voz alta. - Vi... o que é que se 'tá a passar? Não 'tás... - A voz ficou-lhe presa na garganta. - Não 'tás a trabalhar com a polícia, pois não? Vocês... - Olhou para Ekko, para Claggor, Mylo, Vander. - Vocês não estão... não 'tão a usar-me para...

Ela falara com Finn sobre isto. Não o negara quando Finn puxara o assunto. Isso fora suficiente para ele aceitar uma ideia pré-estabelecida e espalhá-la como factos, factos que as pessoas estavam predispostas a acreditar.

Finn estava a trabalhar com a polícia. Silco tinha razão, Finn estava a trabalhar com a polícia. O círculo está a fechar, Finn não ia dar a volta aos barões, tinha um acordo com a polícia. Auto-sabotagem, porque que se foda desde que ele consiga ganhar algo com isso, protecção policial e um acordo de imunidade.

Vi estava a trabalhar com a polícia. Aquela puta daquela Caitlyn tinha-lhe dado a volta, ela estava a trabalhar com a polícia. Não fora presa porque também tinha um acordo, a polícia era corrupta e fazia tudo o que os beneficiava, Silco tinha razão, estavam todos a trabalhar com a polícia.

E se Finn estava a trabalhar com a polícia, então a jogada dos miúdos e do Shimmer não era mesmo dele, não tinha mesmo pensado tão à frente, a polícia é que tinha, tinham engendrado um plano para usar Finn como isco para apanhar Silco num deslize, para o fazer deslizar, porque se ele não usasse a filha como cúmplice então Finn fá-lo-ia. Iam ganhar de uma maneira ou de outra. Se não tivessem provas, iam plantá-las, Silco tinha razão.

Porque se Jinx fosse apanhada a traficar como eles planeavam, podiam rastreá-lo até Silco ter negócios ilegais. Ela era menor, não seria presa porque eles arranjariam forma de dar a volta à situação, mas o principal era que ele ia perder a custódia dela. Isso era o que Vi mais queria. Uma maneira de a manter longe de Silco. Se ele estivesse a abusar dela, o processo seria ainda mais rápido por isso claro que ela ia acreditaria nisso.

Tudo se centrava em Jinx.

Não.

Não, não, não, não. Não, por favor.

A culpa é minha.

- Vocês... vocês usaram-me? - disse ela fracamente, sem querer acreditar.

- Já o devia ter feito há séculos se soubesse que isto 'tava a acontecer! - respondeu Vi. - Hackeado o teu telemóvel, ter-te seguido, não queria saber se me odiasses desde que aquele gajo não te voltasse a tocar.

Jinx arquejou, puxando o telemóvel e olhando horrorizada para ele. Eles tinham...? O que é que eles tinham ouvido?! Tinham posto escutas na casa, Silco tinha razão, o que é que eles tinham ouvido?! O que é que sabiam?! Por causa dela!

A única maneira que ajudas é saindo da vida de toda a gente.

Sua azarenta de merda.

Atirou com o telemóvel contra a parede, partindo-o.

- Powder! - disse Vander.

- Ekko...? - implorou ela, as lágrimas a inundarem-lhe os olhos de novo mas desta vez era pior, estava a ficar difícil de respirar, agora não, agora não agoranão, os pulmões estavam a apertar, a implorar. - Vocês-

- Jinx, nós não- nós não pusemos escutas em nada, ouve... - tentou Ekko dizer, mas Jinx afogou a voz dele com um grito.

- Como é que puderam fazer-me isto?! Como puderam-?!

- Devia ter feito isso tudo mais cedo em vez de o ouvir e deixar esta merda arrastar-se! - Vi apontou para Vander. - Eu sei-

- Não sabes de nada! O Finn mentiu!

- Ele disse que tu não negaste. Porque é que não negaste?!

- 'Tava a tentar enganar o Finn! Precisava que ele confiasse em mim, por isso quando ele disse aquela estupidez eu não soube o que fazer! Não sabia que ele tinha um acordo com a bófia, não sabia que tu tinhas! Como pudeste?!

- Que razão tinhas para enganar o Finn que não para ajudar o Silco com a merda dos negócios de droga dele? Nós sabemos, Powder!

- Não sabes nada!

Vander pressionou os dedos contra as pálpebras fechadas, tudo o que ele temia a desenrolar-se à sua frente. Claggor e Mylo olharam impotentemente. Ekko e Caitlyn tentaram falar com as respectivas namoradas, mas nenhuma os ouviu. Marcus tentou encontrar algum tipo de vitória na situação, alguma confissão implícita de culpa no comportamento erráctico de Jinx, mas Grayson apenas viu uma miúda deprimida e uma mãe adoptiva a magoarem-se com boas intenções.

- Não sabes de nada! - Jinx voltou a gritar a Vi. - Só ouves o que queres ouvir!

- Ele é um monstro, foda-se! Tu dizes que ele não 'tá a abusar de ti, eu quero acreditar nisso, mas mesmo se ele 'tivesse tu ias pensar que 'tava bem, que era uma coisa boa!

- Ele não é um monstro, é o meu pai e nunca abusou de mim! Achas que eu não te teria contado se isso fosse verdade?!

- Tu queres protegê-lo! Ele deu-te a volta à cabeça de tal forma que achas que ele se importa contigo!

- Porque se importa!

- Powder, nós amamos-te, eu amo-te, estamos a tentar manter-te longe dele!

- Estão a usar-me para chegar a ele, como é que isso é amor?!

- Jinx, nós só tentámos... - voltou Ekko a tentar, e de novo foi interrompido.

- Não quero falar contigo, Ekko! Eu defendi-te, e tu mentiste! Mentiste! - guinchou Jinx.

- Temos de fazer alguma coisa para te afastar dele, Powder! - Vi voltou à carga. - O teu comportamento mudou, tens perdido peso, tens uma depressão em cima e eu não te consigo tratar, tens ataques de ansiedade a toda a hora! Como é que posso não culpar o gajo que te tirou de nós?! Até a tua música mudou!

- A sério, Vi?!

- Não vês? Ele é mau para ti, ele está a mudar-te!

- Eu mudei por causa de vocês! Porque vocês me puseram na rua!

- Ninguém te pôs na rua, Powder - disse Vander firmemente, e isso Jinx ouviu, explodindo antes que Mylo e Claggor se lhe pudessem juntar.

- Puseram sim! Não me queriam perto de vocês e o Silco apareceu e ficou comigo!

- Ele raptou-te, Powder! - gritou Vi, a frustração tornada raiva que Jinx só conseguia ler como um ataque.

- Não! Não sabes do que 'tás a falar!

- Como é que podes não ver isso?! Aquele filho da puta levou-te com ele e manteve-te longe de nós! Isso é rapto!

- Vocês não me queriam! Ele ficou com o lixo que vocês mandaram fora!

- Não, Powder, não foi isso que aconteceu!

- Foi sim!

Vander fechou os olhos e apoiou-se na mesa, respirando fundo porque sabia que isto ia acontecer. Todas as outras vezes que tinham discutido sobre isto tinham terminado com acusações atiradas de um lado para o outro e alguém a sair irado sem se chegar a nenhuma conclusão, sem ninguém compreender o outro lado. Depois iam fazendo as pazes lentamente, voltavam a encontrar um lugar confortável em que o assunto nunca era bem abordado até que finalmente algum deles o voltava a puxar de alguma forma e o ciclo recomeçava. Apenas se adiando e escondendo do inevitável e da altura em que seria demais, porque Vi já não era uma criança, a raiva e intolerância com o status quo cresceram com a passagem dos anos e já tinham passado o seu limite, daí o plano que tinha sido orquestrado.

E Powder também já não era uma criança.

- O Silco não me raptou, ele adoptou-me com o teu consentimento - disse ela, apontando para Vander, que voltou a abrir os olhos. - Não te culpo, nunca culpei, livraste-te de um problema e deste-lo a alguém disposto a lidar com ele! Mantiveste a tua família segura!

- Não foi isso que aconteceu, Powder - disse Vander, mais uma vez, esperando que desta vez fosse suficiente para a fazer ver, sabendo que não seria, especialmente não agora. Mas se havia uma altura para a fazer compreender, tinha de ser agora. Não podia esperar mudar nada se continuava a fazer as coisas da mesma maneira, e ele queria mudar antes que Powder se perdesse deles e de si própria. - Tu és a nossa família, nós nunca de abandonámos. O Silco levou-te naquela noite e ameaçou-me, ameaçou-nos a nós, para poder ficar com a tua guarda. Não tive escolha.

Jinx abanou a cabeça. - Não foi isso que ele me disse.

- Ele mentiu, Powder.

- O Silco não mente!

- Como é que podes acreditar naquele mentiroso de merda e não em nós?! - gritou Vi sem querer acreditar, e esse era um facto que ela nunca iria aceitar. - Em vez de mim, a tua irmã?!

- Porque ele não acha que eu dou azar!

- Tu não dás azar, merda, eu nunca devia ter dito-

- Pára de falar comigo como se eu fosse uma criança! - berrou Jinx, voltando-se para Vander de seguida em fúria. - Ele contou-me sobre vocês os dois, sobre o que tu lhe fizeste!

Parte dele sabia que não devia ficar surpreendido, mas Vander sentiu o estômago afundar-se com aquelas palavras. Um flash de mágoa atravessou as feições de Powder por meio segundo.

- Foi com isso que ele te ameaçou? Porque isso soa mais a um resgate do que um rapto!

Claro que Silco pensaria isso. E agora Powder também.

E de quem era a culpa?

Ele sabia que a relação de Silco com Powder era muito mais próxima e afectiva do que a sua alguma vez fora, e fazia sentido que ele lhe tivesse contado sobre o seu passado, tendo em conta o quanto confiavam um no outro. Não era como se Silco vivesse com a vergonha de ter feito algo imperdoável ao melhor amigo, ao irmão. Vivia com as consequências de o ter sobrevivido.

- Não importa o que o Vander lhe fez! - disse Vi, sem ficar impressionada com as palavras. - Isso é uma desculpa de merda!

- O Vander nunca nos contou sobre isso, pois não? Por isso como é que sabes, Vi?

- Não quero saber do que aconteceu entre eles! Aquele cabrão mata gente, Powder! Como é que não consegues ver isso?!

Jinx estava a abanar a cabeça de novo. - Não fazes ideia do que 'tás a falar.

- Temos pessoas dispostas a falar, e se tu falares também, nós-

- Não há nada para falar! E o Finn é um mentiroso!

- Powder, nós sabemos a verdade, pára de o proteger!

- Vocês não sabem nada!

- O Ekko trabalha com ex-agarrados, ele vê o que o Shimmer lhes faz, como lhes rebenta o corpo, como destrói a vida deles - começou Vi, apontando para Ekko, mas o rapaz olhou preocupado para Jinx. - O Silco deixa que isso aconteça, quer que isso aconteça porque assim ele tem lucro. Ele ataca pessoas que não querem traficar para ele. Sabes que os homens dele controlam quase tudo nos Subúrbios? Têm quotas para tudo, até para passagem, e ele aumentou a violência entre os gangues ao ponto de haver tiroteios quase todos os dias!

Jinx estava a abanar a cabeça, por isso Vi continuou.

- Lembras-te do Deckard, aquele idiota da minha turma?, o Silco entupiu-o de Shimmer e usa-o como cão de caça. Lembras-te da Babette, aquela senhora que costumava comprar-nos gelados quando éramos pequenas?, ela foi obrigada a traficar Shimmer no bordel porque o pessoal dela estava a ser atacado. O Hank, aquele gajo pequenino do Last Drop?, ele teve uma overdose a semana passada. O Klaus, o nosso antigo vizinho? Foi atacado na rua, esmagaram-lhe o crânio! O Vander foi ameaçado, sabe-se lá o que lhe ia acontecer, não vês?! Ele mata pessoas, Powder!

Vi estava a tentar chocá-la, como se Jinx não soubesse. Continuou a abanar a cabeça.

Silco não matava pessoas - elas morriam por circunstância, por estarem no sítio errado à hora errada. Às vezes acontece. A maioria morria por culpa própria, por overdoses de Shimmer ou por se armarem em espertos no negócios. Ameaças de violência funcionavam a maior parte das vezes, e quando não funcionavam... bem.

Ele não matava pessoas. Mandava a Sevika matá-las por ele.

Jinx não via nada horrivelmente errado nisso.

- Não sabes nada sobre ele - repetiu ela, porque era a verdade, mais ninguém sabia, mais ninguém se importava, mais ninguém tinha o privilégio. Como Silco falava com ela e mostrava que era seguro fazer perguntas e não saber, como tinha sempre tempo para ela apesar da vida atarefada que tinha. Como ele gostava de a ajudar com o cabelo, como pontuava a explosão de fatos góticos punks e metaleiros dela. Como ele lhe ensinara a tocar guitarra, como compunham música juntos, como ele sugeria alterações ou dava ideias para os projectos artísticos dela. Como faziam cupcakes juntos, como ele tinha um sentido de humor engraçado que na verdade era muito parecido com o dela, o tipo de sentido de humor de alguém que tinha uma guitarra em forma de tubarão só por diversão tinha, de alguém que via algo para rir onde os outros viam horror e ofensa. Como ele lhe dava miminho e a abraçava com força mesmo quando os pedaços quebrados dela o cortavam, não a largando até ela o fazer primeiro porque ele sabia, ele sabia o quanto doía sentir-se sozinho e não ser bom o suficiente. Ele compreendi-la porque ele já fora ela, e queria que ela se tornasse melhor do que ele alguma vez fora.

Somos só nós, Jinx.

Eram só eles.

- Vocês mentiram-me. - As palavras magoavam, queimavam, não eram libertadoras quando forçavam a sua saída por entre os seus dentes cerrados e depois explodiram como uma escotilha a rebentar. - Porque é que me mentiram?!

Mas não esperou por uma resposta, virando-se para a porta e abrindo-a contra a parede, mas foi puxada para trás pela mão que Grayson lhe atirou em torno do pulso.

- Espera.

- Larga-me, caralho! - gritou ela, atirando um pontapé à mulher e puxando o braço para se libertar, fugindo pelas escadas abaixo sem perder um momento antes que Marcus a pudesse agarrar.

- Jinx, espera! - chamou Ekko, correndo atrás dela.

- Marcus - chamou Grayson. Ele já estava a segurar a porta.

- Bom trabalho, Violet - reclamou ele. O impacto estridente da porta do prédio disse-lhes que Ekko não tinha conseguido apanhar Jinx nas escadas. Se algum dos vizinhos ainda estava miraculosamente a dormir depois de toda aquela gritaria, com certeza tinham acordado agora. Ouviram a pesada porta voltar a abrir e embater ao fechar.

- Onde é que vais? - cuspiu Vi.

- Acabaste de dar a nossa informação a uma testemunha-chave que também tem contacto directo com o nosso principal suspeito - rosnou Marcus de volta. - Onde é que achas que vou?

- Não podemos deixar a tua irmã voltar para o Silco sabendo o que lhe contaste - disse Grayson. - Ele pode desaparecer com ela, e começar a livrar-se das provas.

Caitlyn franziu o rosto de preocupação, olhando para Vi.

- A Powder não lhe vai contar nada que nos vá prejudicar - disse Vander em voz baixa. Grayson ouviu-o de qualquer das formas e suspirou.

- Com todo o respeito, Vander, o Silco não é estúpido. Ele vai fazer as contas.

- O quê, vão prender a minha irmã? - perguntou Vi, querendo soar zangada mas só conseguindo soar cansada. Todo o peso da noite estava de repente a colapsar sobre ela, as nódoas negras a latejar, a garganta a apertar, as consequências do que fizera começando lentamente a ganhar forma.

O que é que iam fazer agora?

- Preciso de perceber como é que vamos gerir isto - expirou Grayson. - Manter a tua irmã aqui vai pelo menos dar-me tempo para pensar.

Vi arrastou-se para o sofá e deixou-se cair. Vander finalmente fez o mesmo, caindo numa cadeira.

Será que isto podia ter corrido pior?

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continua

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Nota: A menção dos cupcakes é inspirada pelo fanfic "Cupcakes for Jinx" de isindismay, é muito fofinho, deviam ler.

Em termos de música, este capítulo foi difícil. As únicas recs que posso dar são "Choke" dos Earth Caller e "2.0" e "Lead the Riot" dos Rage of Light para os toques finais dolorosos.

O próximo capítulo não ver tão cheio de acção como este fim possa sugerir, fica só o aviso.

Quanto à vida, ganhou com certeza novos tons mas tem sido difícil. Este fic não me está a ajudar tanto quanto eu gostaria.

Obrigado por lerem.