Título: FLCL - like a long time ago

Autores: Seiken Densetsu (Radical Dreamer) / Dack Ralter

Gênero: Saga/ação/comédia/romance

E-mail para feedback: igor_animemaniac_br@hotmail.com / chsb@solitario.com.br

FLCL (Furi Kuri) é uma obra da Gainax e tem seus direitos reservados, isto é apenas um fan fiction e nosso objetivo não é violar os direitos autorais.

FLCL (Furi Kuri) is a work of Gainax and has its all rights reserved, that is only one fan fiction and our objective is not to violate the copyrights.

Traduções de termos em japonês no fim do texto.

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[Capitulo 5 - Father and son]

"RESPONDAAAAAAAAAAA!!" - Entre passos furiosos e rápidas tentativas de acerto, Kimy perseguia Tasuko pela casa. Após passar cerca de cinco dias sumido, eis que misteriosamente ele aparece em casa, sem contar que o sumiço repentino de Itsuko do colégio era de se levantar suspeitas.

Não era nada fácil para um garoto de 12 anos ter que conviver com tudo isso, não era mesmo. Tasuko corria pela casa subindo pelos móveis, fugindo de uma guitarra em fúria. Móveis e tudo que havia no caminho de Kimy eram destruídos com grande facilidade.

O por que da fúria dela? Bem, ele já desconfiava o porque mas... Ela? Nunca imaginou que aquela serial killer em potencial poderia gostar dele. A idéia até que não soava ruim mas ao pensar um pouco mais ele tinha náuseas. O pior de tudo era que apenas ela que não havia acreditado na explicação dele.

[Flashback]

"ONDE VOCÊ ESTAVA?" - Ninamori interrogava-o como se estivesse na frente de um criminoso.

"O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO?" - Mamimi o olhava de maneira tão ameaçadora tão qual a voz de sua mãe.

"FALA AGORA!" - Kimy estava preparada para parti-lo em dois com um golpe.

"???" - Kanti olhou para trás e voltou a fazer o almoço.

"Jogando videogame"

"ACHA QUE EU VOU ACREDITAR NISSO?!" - Ninamori olhou com um tom ameaçador para o filho e levantou a mão para acertá-lo.

Parou somente porque ele mostrou um cartão re registro e uma plaqueta de congratulações como membro honorário de uma casa de jogos. Bem, aquilo foi o suficiente para as duas.

Embora tenha escondido uma parte da verdade, aquilo era o que realmente tinha acontecido. O tempo que passou com Istuko foi todo entre jogos de videogame, baralho, televisão e conversa. Era algo a se levar em conta realmente, em nenhum momento a menina manifestou qualquer desejo com ele e ele tinha de admitir que foi divertido, muito divertido. Porém enquanto Mamimi já havia se retirado e sua mãe o olhava com alguma certa alegria como se quisesse lhe contar algo, ele entrou em estado de pânico. Ele percebeu que Kimy balançava a sua guitarra sem parar, dando a impressão que iria acertá-lo. Não gastou dois segundos parar pular escapando de uma guitarrada e então começar a fugir pela casa.

[Fim do Flashback]

A sensação de ser acertado por uma guitarrada de uma alienígena doida e maluca que quer apenas se divertir pode parecer doloroso, mas se a doida maluca está com raiva pode ser mais dolorida ainda. Sabendo da possível elevação de nível de dor, fugir era a melhor escolha. Tudo que tinha conseguido fazer até tal hora era um banho mal tomado e vestir roupas limpas, mesmo assim porque a maluca da Kimy tinha parado para almoçar.

Tasuko não perdeu tempo. Jogou-se debaixo do sofá e rolou. Escondido pelo babado do assento olhou e conseguiu o ver que Kimy o procurava na sala.

Ele se arrastou devagar e subiu as escadas, entrando no quarto correndo. Milagrosamente conseguiu calçar seus tênis, indo para corredor e logo em seguida para a sacada da casa. Pulou de lá e caiu em cima da marquise da garagem e depois escorregou até o chão. Com o impacto sua velocidade deveria ter diminuído mas com tanta adrenalina em seu corpo foi questão de milésimos para correr e se afastar de casa.

Ao chegar perto da ponte pode finalmente parar de correr e vagarosamente andou até a beira. Olhando para o seu distorcido reflexo no rio, pode perceber que novamente havia algo em sua cabeça. Um chifre voltou a crescer ali. Com o nervosismo e a situação de stress que se seguiram horas atrás não era surpresa. Tasuko levantou a cabeça e pode ver o Ferro de passar gigante brilhar. Jogando-se para trás, ele cai deitado no chão e olha para cima, para o um céu azul com nuvens brancas como algodão... Algo que ele não parava para observar a muito tempo. Sentiu ali um clima de nostalgia de uma passado bem recente.

Fechou os olhos e começou a recordar.

[Flashback]

Na beira de um rio, um robô com corpo de televisão e um garoto de três anos estão arremessando uma bola de baseball um para o outro. O robô não usava nenhuma força para arremessar a bola, caso usasse o garoto franzino iria sair voando.

"Kan-san, quando 'tossan vai voltar para me conhecer?"

"!?"

"É... Eu também não sei"

[Flashback]

"É, ele não vai voltar mesmo!" - Tasuko disse olhando para o céu após reabrir os olhos. Ele quase se matou o dia que descobriu quem era seu pai e como ele morreu.

"GET YA!" - A voz de Kimy ecoou pelos ouvidos de Tasuko e ele rolou para o lado fugindo de uma guitarrada certeira.

Ele levantou-se rapidamente ao perceber que receberia uma pancada na cabeça de uma Fender Stratocaste. Colocando a mão na frente, a guitarra acertou o bracelete, que se sentido agredido atacou a cabeça de Tasuko, jogando-o longe. Com o impacto, o chifre atravessou a cabeça, ficando com uma ponta na frente e outra atrás da sua cabeça.

A ponta de trás começou a borbulhar e soltou uma pequena escova de dente elétrica, que ao "ver" o tamanho de seus oponentes começou a fugir. De repente uma granada de fragmentação é arremessada em cima da escova e ela explode, com os fragmentos se espalhando pela área, atingindo Kimy e Tasuko. Este último cai no rio e só pôde ver uma loira em cima de um tanque de guerra bípede com as inscrições MG fugindo em alta velocidade, antes de ser levando pelo rio quase se afogando.

(Autor 1: "Um tanque de guerra bípede em alta velocidade? Você fumou maconha?", se você perguntou isso eu explico, o tanque de guerra não é um tanque comum, as inscrições MG em sua lateral indicam que ele é o Metal Gear, e desde o Metal Gear 1 do console japonês MSX o metal gear é um tanque bípede, por isso ali eu aceito que seja o primeiro Metal Gear. Em caso de questionamento sobre o primeiro Metal Gear já aviso que não foi o Metal Gear Solid e o Metal Gear teve seu lançamento na América com o mesmo nome que no Japão, só que para o Nintendinho)

(Autor 2: Traduzindo isso em termos "starwarzianos"... Ele tá descrevendo um AT-ST Imperial (All Terrain Scout Transport - Transporte de escolta para todo tipo de terreno), equipamento da Marinha Imperial. Construído como veículo de reconhecimento e defesa, ele é derivado do AT-AT (All Terrain Assault Transport - Transporte de assalto para todo tipo de terreno), mas ao contrário deste possui duas "pernas" e é bem menor. Possui uma tripulação de duas pessoas e é equipado com canhões blaster na parte frontal e nos lados, além de um lançador de granadas de concussão. Ele também pode ser utilizado como apoio as tropas de assalto (os temíveis Stormtroopers) e cobrindo a retaguarda dos AT-AT. Qual a utilidade motivo dessa nota? Ora, nenhuma... mas não podia deixar ele falando sozinho...)

* * *

Com muito custo, Tasuko chega à margem do rio. Após passar um bom tempo deitado, olhando o céu e recuperando o fôlego, ele olha em volta e descobre que estava em uma parte da cidade que ainda não conhecia. Uma área residencial como todas as outras da cidade, mas ainda sim desconhecida para ele.

Ele estava olhando em volta, procurando descobrir como voltar para casa quando escutas alguns barulhos, que pareciam se aproximar. Eram latidos... E uma menina gritando.

"Martha! Martha! Volte aqui! Eu ainda não acabei!"

Subitamente, um cachorro peludo, com pelos cinza e brancos surge correndo na esquina. Normalmente Tasuko o teria evitado, mas o cachorro pulou em cima dele e o derrubou no chão.

"Droga! Parece até que esse cachorro é da Itsuko!"

A garota parecia estar mais perto, pois os seus gritos estavam mais altos. Logo Tasuko descobre quem é a dona do cachorro.

"Martha! Você está aí? Domo-arigatou por segu... Ta-kun?!?"

"Sakurai-chan? Esse cachorro é seu?"

"Cadela Ta-kun... Cadela... E o nome dela é Martha..."

A garota se aproxima dele.

"O que você está fazendo aqui?"

"Bem... Eu... Eu... sabe... Tipo, bem... eu..."

A garota se aproxima ainda mais dele.

"Vo... Você está bem? Está todo molhado!"

"Estou! Estou bem..."

"E onde você esteve nesses últimos dias?"

"Eu estava em casa..."

"Em casa? Eu estive lá várias vezes e ninguém sabia onde você estava..."

"Eu estava... estava... Err... Estava LONGE de casa... Isso... estava longe..."

"Aonde Ta-kun?"

Sakurai estava bem próximo de Tasuko, com as duas mãos atrás do corpo, olhando seriamente. O seu rosto era uma mistura de raiva e alívio.

"Eu... estava escondido..."

"Acho que até imagino onde você estava..."

Ela baixa os olhos.

"Você estava com a Hirae-san?"

Tasuko soltou um longo suspiro. Ele não queria magoar Sakurai, mas apesar de ter passado cinco dias na casa de Itsuko, não havia acontecido nada. Mas quem disse que um coração apaixonado pensa corretamente?

"Ela me escondeu... Eu estava chateado com aquilo tudo... Não gosto quando me compara..."

Ele não chegou a completar a frase. Sakurai se jogou por cima dele, derrubando-o no chão. Mas ao contrário do que havia acontecido antes do jogo, desta vez ela estava chorando.

"Ta-kun... Eu cheguei a pensar que você tinha morrido! Eu te procurei por todos os cantos e quanto não te achei... Eu... Eu pensei em me matar... Não conseguiria viver sem você..."

As lágrimas da garota molhavam a camisa de Tasuko. Ele estava aturdido. Não achava que Sakurai gostasse tanto assim dele. Ela sempre foi fria, distante, durona... Bem, até aquela manhã na escola, quando Itsuko insistiu que os dois entrassem de mãos dadas e logo deram de cara com a presidente do conselho. Desde então ele sempre pensou que isso era uma espécie de encenação da garota de óculos, afinal ela não admitia perder para a "monstrenga".

Por um longo instante eles ficaram ali caídos, com Sakurai chorando e com a cabeça apoiada no peito de Tasuko. Martha estava ao lado, observando tudo. O choro da garota era comovente. Até o sempre frio Tasuko foi tocado por ele. Estendendo uma das mãos, ele alisou o belo cabelo cor violeta da garota.

"Sakurai-chan... não chore. Não aconteceu nada nos dias em que estive escondido na casa da Itsuko. Você não precisa se preocupar..."

"Ta-kun...". Ela continuava com o rosto apoiado no peito dele.

"Hai."

"Onegai... Passe a noite comigo..."

Tasuko continuava alisando o cabelo da garota. Ela levantou o rosto e olhou na direção dele. O choro havia diminuído, mas algumas lágrimas teimavam em sair dos seus olhos. Os óculos estavam um pouco embaçados, pela proximidade dos corpos."Hai Sakurai-chan... Eu passo a noite com você"

* * *

Dificuldade!



A palavra que resumiu esses dois últimos dias na vida de Kimy. Ela havia estado procurando por Tasuko desde o dia anterior, e novamente percorria a cidade atrás do garoto. Achá-lo foi difícil, mas após muitas milhas o encontrou, e pior ainda foi tentar convencê-lo a voltar com ela. Se voltasse sem o garoto era expulsa e não teria lugar para morar, sem contar que seus planos seriam totalmente frustrados se não o encontrasse. Após horas de "NÃO!" da parte dele, o efeito do sono sobre o corpo ele e alguma lábia jogada por Kimy ele cedeu. Durante o caminho, ela tentou descobrir onde ele havia passado esses dois dias... E para a sua surpresa, ele havia estado na casa da quatro-olhos. E insistia que esteve o tempo todo conversando com a garota. "Pelo jeito como ela se jogou em Ta-kun, já imagino o assunto da conversa..." Na metade do caminho, ele acabou adormecendo em cima da motocicleta.

Quando retornaram para casa ela o colocou na cama, instantes antes poder ver Ninamori chegar em casa aparentemente cansada de um dia de trabalho. Imaginou a dificuldade da mulher, já não bastando o filho problemático e mais tantos incômodos, sua profissão exigia que ela ouvisse as reclamações e traumas dos outros e isso a fazia chegar estressada em casa, querendo apenas alguma comida e horas de sono.

Kimy agora respirando aliviada colocou a sua guitarra no chão e tirou a sua jaqueta de couro, pegando logo em seguida roupas leves, indiscutivelmente curtas e provocantes, indo tomar um banho. Entrou no banheiro rapidamente e trancou a porta. Despiu-se e molhou seu corpo, sentando-se em seguida em um banco para tratar de seus cabelos. Mal via a hora de terminar com a sua higiene e entrar na banheira para relaxar seu corpo e tomar coragem para uma coisa que nunca havia feito antes... pedir desculpas.

* * *

"Onde estão todos?" - Ninamori teve de perguntar ao chegar dentro de casa e não ver ninguém, nem notar sinal de movimentação alguma.

Isto não era comum naquela casa a algum tempo desde a chegada de uma certa alienígena. Antes disso era muito comum ela estar descansando em seu quarto enquanto todos estavam fazendo alguma coisa. Ela deixou suas coisas sobre o sofá e subiu as escadas. Pegou a toalha e foi para o banheiro. Mas ao tentar abrir a porta, ela estava trancada.

* * *

"Tasuko...Tasuko..." - uma voz longínqua o chamava.

"Nani?"

"Tasuko-chan, eu te achei!" - Uma garota de cabelos loiros presos em maria-chiquinha e olhos negros aparece em sua frente. - "Tasuko-chan, como eu fico loira?"

"... Linda!"

"Obrigada Tasuko-chan" - a garota se aproxima dele, os olhos fechados, pronta para beijar o garoto nos lábios. Mas...

"TA-KUN! ACORDA MENINO!" - as mãos de Ninamori tocam suas bochechas com a delicadeza de uma rebatida profissional e o garoto que estava dormindo desperta instantaneamente da cama. Ele dá um pulo e bate com a cabeça no teto, caindo em seguida

assentado na cama segurando o meio da testa. Após alguns segundos ele olha para beirada da cama e vê a face de sua mãe emoldurada pelos cabelos molhados enquanto ela se segura na escada do beliche. - "Achei que você tinha morrido!"

"Não, só estava com um pouco de sono" - disse o garoto segurando a testa com uma mão e coçando os olhos com a outra.

"Tasuko, com quem você estava sonhando?"

"Ahn, Nani?"

"Oras, eu ouvi você chamar alguém de linda... Não me diga que nesses dias com aquela garotinha esportista vocês... Nã-não, ou será que você conheceu outra garota?"

"'kassan você ta ficando louca de novo?"

"Desculpe, eu só me empolguei" - Ninamori respondeu com um sorriso a agressividade na vós de seu filho, quebrando o suposto mau humor em que ele estava.

"Ok 'kassan, desculpe também... Acho que vou tomar um banho" - Ninamori desceu do beliche abrindo passagem para Tasuko que saiu do quarto e entrou no banheiro.

* * *

Tasuko terminou de lavar o corpo e entrou na banheira. Mergulhou o corpo totalmente, ficando apenas o rosto fora da água. Ele soltou um longo suspiro enquanto sentia o corpo relaxar na água quente. Como todos já havia tomado banho, ele poderia ficar algum tempo a mais. E a água esta bem relaxante, aconchegante. E sem razão aparente o garoto começou a relembrar os dias que passou na casa da presidente do conselho. E com surpresa ele descobriu uma Sakurai bem diferente daquela do colégio. Uma garota meiga e gentil, totalmente diferente da Sakurai que ele conhecia. Com a Itsuko aconteceu algo parecido. Ele descobriu alguém totalmente diferente. E se as duas realmente fossem daquela forma, até que não seria má idéia se...

Uma estranha dor começou a incomodá-lo. E exatamente no ponto onde ele havia batido a testa no teto. Passando a mão ele pode perceber... - "Não! Outro chifre!"

Assustado, ele tenta empurrar o chifre para dentro da testa. E consegue manter o chifre dentro da testa por algum tempo. Porém, a força do chifre é maior. E ele começa a crescer mais e mais. Com a dor aumentando, Tasuko tenta novamente empurrar o chifre, mas desta vez a força é bem maior. A dor aumenta até chegar a um ponto insuportável. Não aguentando mais, ele apenas pode se segurar na borda da banheira e gritar de dor.

Mas da mesma forma que a dor surgiu, ela some. Tasuko continua com os olhos fechados, mas se sente aliviado por a dor ter sumido. E volta a tentar relaxar. Foi quando ele sente algo proximo ao seu corpo. Algo sólido. E uma voz.

"Onde eu estou?"

Tasuko abre um dos olhos e observa de onde veio a voz. E imediatamente pula da banheira.

Ninamori estava em seu quarto, quando escutou o primeiro grito do filho. Com uma velocidade impressionante, ela sai do quarto e corre na direção do banheiro. Sem pensar, ela pega a primeira coisa que encontra pela frente e tenta abrir a porta do banheiro. Estava aberta. Ela empunha um guarda-chuva como se fosse uma katana e corajosamente abre a porta do banheiro... Apenas para ver Tasuko fugindo pelado e berrando!

"Ta-kun! O que houve? Volte aqui!"

Tasuko para no meio do corredor e cola o corpo junto a parede. Ele não consegue pronunciar nada. Apenas balbucia alguma coisa e aponta para dentro do banheiro. Ninamori olha intrigada para o filho, que está nú e pingando.

"O que aconteceu?"

"Ah... Ah... Ah..."

Tasuko continua apontando para dentro do banheiro.

"Não se preocupe filho! Fique aqui."

Ninamori empunha o guarda-chuva e entra no banheiro. De onde estava, Tasuko apenas pode ouvir o grito histério da mãe e o som de um corpo caindo no chão!

"AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!"

Tasuko soltou outro grito de desespero.

"Ta-kun? O que hou... Nossa Ta-kun... Que surpresa!"

Manimi sorriu com segunda intenções. Alí na sua frente estava estava um dos objetos do seu desejo. Por um instante ela se perdeu olhando para o garoto, foi quando lembrou dos gritos que ouviu.

Tasuko continua colado a parede, desta vez sem conseguir falar nada. Sua respiração era rápida mas fora de ritmo.

"Ta-ku, O que aconteceu? Por quê você gritou?"

Tasuko continuou imóvel, colado à parede.

Então Manimi resolveu olhar dentro do banheiro. Foi quando levou o maior choque da sua vida. Alí dentro, ajoelhado no chão e com Ninamori em seus braços, estava Nandaba Naota... E com doze anos de idade.

* * *

A cena era inusitada. Mamimi tirava fotos de todos os ângulos possíveis. Ninamori estava deitada no sofá, com uma bolsa de gelo na cabeça. Desmaiada. De tempos em tempos ela subitamente acordava, olhava a cena e voltava a desmaiar, soltando um pequeno suspiro no processo. Kimy estava sentada perto da porta da frente, olhando para o céu estrelado. Ela sentia que estava cada vez mais perto do seu objetivo. Kanti estava na cozinha, finalizando o jantar. Kamon estava intrigado... Aquilo, sim, aquilo poderia ser finalmente a sua prova que a SEELE estava agindo... Sim, por que somente ela poderia fazer o seu filho voltar à vida e com doze anos de idade.

"Você é o meu pai?"

"E você é o meu filho?"

"Impossível"

"Nunca! Eu não tenho um filho tão feio."

"Olha quem fala... E o meu pai nunca seria tão babaca."

"Quem é babaca seu retardado."

"Retardado é a sua mãe."

"Respeite a sua avó!"

"Que avó?"

"PAAAAAAAREEEEM!!!!"

Ninamori finalmente havia acordado.

"Quem é você? É a mãe da Ninamori?"

"Naota-kun! Você não me reconhece? O amor da sua vida! Nós nos casamos logo depois da nossa formatura..."

"Casar?? Eu só tenho doze anos... E... eu nem mesmo gosto de você Ninamori... Onde está a Haruko?"

"NÃÃÃÃÃOOOO..." - Ninamori volta a cair desacordada no sofá.

Kamon se aproxima de Naota, e o pega pelos ombros, sacudindo-o violentamente.

"Ta-kun meu filho... Me diga... Onde eles estão mantendo as outras Rei-chan?"

"Rei-chan? Pai!!! Não me sacode!"

"Esquece... O velho tá gagá desde que eu me entendo por gente. Ele acha que aquele tal de 'evangerion' é de verdade..."

"ME DIGA!!! ONDE ELAS ESTÃO!!!"

"PAI!!! ME LARGA!"

"SÓ A SEELE PODIA TRAZER VOCÊ DA MORTE"

"Morte?!"

Naota se desvencilha do pai e cai sentado no chão, atordoado. "Eu morri? Mas, eu estou vivo..."

"Baka! Você morreu logo depois que eu nasci. Você não poderia estar vivo, muito menos ter doze anos."

"Mas... Mas... eu me sinto vivo... Eu... DROGA HARUKO!!!! ISSO É MAIS UMA ARMAÇÃO SUA!!! AAARRRRGHHHHH!!!"

Kimy levanta-se e senta ao lado de Naota.

"Ela não tem nada a ver com isso. Mas uma coisa é certa... Você está vivo... e morto ao mesmo tempo."

"Nani?! Como eu posso estar morto e vivo? Virei zumbi? Um Yokai?"

"Cada vez que você utilizou o portal na sua cabeça, uma parte da sua essência acabava passando para o hipercampo que faz a ligação entre a sua cabeça e o nosso planeta. Nesses anos todos, esses pedaços foram se juntando até formarem você, que acabou procurando uma saída. Você saiu na cabeça do seu filho, por ele ter uma parte dos seus gens."

Ninamori acorda novamente.

"Naota-kun! Eu, eu... Eu te..."

Ela volta a cair desacordada no sofá.

"Mas... como eu posso ser casado e ter um filho... E como eu vim parar no futuro?"

"A sua cópia-master, digamos assim, continuou vivendo a sua vida normalmente até morrer. Enquanto isso, você ficou no hipercampo. É como se o tempo não tivesse passado para você."

"Eu... Puxa... Como você sabe de tudo?"

"Modéstia a parte, eu sempre tirei 100 em Mecânica Espacial, Geometria do Hipercampo e Física N-Dimensional. Além de passar com louvor em Guitarras e Baixos I".

"Uau... E também é amiga da Haruko?"

Uma guitarra corta o ar e acerta a cabeça do Naota.

"AI!!"

"Eu não sou... 'amiga', da Haruko..."

Kamon volta a sacudir Naota.

"Vamos Naota! Me conte! Eu preciso saber onde estão as outras Reis."

"Pelo amor de Kami-sama velho! Eu não se de nada disso."

"Ei, respeito o meu avô, 'pai'!"

"Eu não sou seu pai! Eu só tenho doze anos! E ME DEIXEM EM PAZ!"

Kimy se prepara para outra guitarrada, quando é interrompida por Tasuko.

"Não Kimy... Acho... que eu... 'Entendo' o que o meu pai está sentindo... Então não bata mais nele."

Logo em seguida ele cochicha para a alienígena: "Pelo menos até termos certeza de que ele não é o meu pai..."

"EU NÃO SOU SEU PAI!!! E VOCÊS NÃO SÃO A MINHA FAMÍLIA!! EU QUERO A MINHA FAMÍLIA DE VOLTA! O MEU PAI! O MEU AVÔ! HARUKO! ATÉ

MESMO A MAMIMI!! ME DEIXEM EM PAZ!"

Naota sai correndo porta afora, através da escuridão da noite. Tasuko e Kimy mostram intenção de ir atrás dele, mas alguém

corta o caminho deles.

"Deixem comigo. Eu vou trazê-lo de volta."

E Mamimi parte atrás de Naota.

* * *

Ela não precisou procurar muito para encontrar Naota. Na verdade, ela tinha certeza que ele estaria ali, na ponte onde Kanti havia aparecido. Ela caminhou lentamente até encontrar o garoto, debruçado na amurada, olhando o rio.

"Você lembra de quando nós ficávamos aqui?"

"Quem é você?"

Ela tira o chapéu, revelando o seu cabelo ruivo.

"Eu sei que os anos não foram generosos comigo, mas ainda possuo o meu cabelo ruivo. E embora você nunca tenha gostado dos meus abraços, o seu irmão adorava o toque da minha pele..."

"Mamimi-chan?!"

Aproximando-se dele, ela se encosta na amurada e olha para o céu, contemplando as estrelas.

"Hoje parece com a noite em que eu deixei a cidade."

Naota continua calado.

"Você derrotou o último gigante... E logo em seguida aquela doida da Haruko deixou a cidade. E também eu resolvi sair daqui... Para ir atrás do seu irmão."

Mamimi pareceu ter acertado o ponto fraco de Naota.

"Meu irmão?"

"Fui atrás do meu Ta-kun... Não podia acreditar no que aquela maluca havia me dito..."

"O que ela disse?"

"A verdade... Tasuko-baka havia arrumado uma loira logo que chegou na América."

"Haruko fez isso?"

"De uma certa forma foi bom... Achei o desgraçado... e a loira também... E com aquele choque, me dediquei totalmente a fotografia e ao jornalismo. Cada revolta, guerra, atentado... lá estava eu, na linha de frente. Pode parecer que eu não me importava mais em viver, mas na verdade eu havia despertado e iniciado uma nova vida."

"Por quê você está me contando isso?"

"Porque as vezes, certas desgraças acontecem para o nosso bem. Naota, eu sei que é estranho você acordar do nada, e alguém

dizer que você perdeu vinte e cinco anos. Mas você tem uma oportunidade única nas mãos... Agora você tem doze anos, pode

viver novamente a sua vida. É como se fosse uma nova vida..."

Naota se abraça a Mamimi.

"Eu quero a minha família de volta..."

"Mas ela está aqui... É a mesma família que você tinha antes, embora agora você tenha uma esposa e um filho. E se é difícil

para você, imagina para eles. Aproveite essa sua nova chance."

Naota não respondeu nada. Mas não opôs resistência quando Mamimi começou a levá-lo de volta para casa.

* * *

Ao chegar, a casa ainda estava um pandemônio. Ninamori já havia acordado, mas agora estava chorando. Kimy e Tasuko discutiam, aparentemente ele não havia acreditado na explicação da alienígena. E no canto da sala, Kamon resmungava que aquilo tudo não passava de mais um plano armado por Ikari Gendou, aquele desgraçado.

"Tadaima!"

A voz de Naota foi suficiente para trazer paz para aquela casa. Ninamori não pensou duas vezes e abraçou o seu pequeno marido.

"Naota-chan, meu amor! Eu... Eu não acredito... Mas se for assim, que seja. Mas por favor, não leve em conta o quanto eu envelheci nesses anos..."

Naota continua calado. Era estranho descobrir que haviam se passado vinte e cinco anos. Descobrir que tudo aquilo que ele conhecia estava mudado. Era como acordar de um sonho e descobrir que a realidade era um pesadelo. Ninamori a sua esposa... Por quê ela? E onde estava a Haruko?

Ninamori continua chorando no ombro do esposo, quando Kimy se aproxima e anuncia em um tom grave:

"Existe um meio de trazer o Naota ao normal."

(Fim do Capítulo 5)