Capítulo 37
Tudo que Tem um Começo,Tem um Fim
I feel your love reflection
Atsuku yume wo kasanete
Ayamachi osorezu ni
Motomeau seishun!
I feel your love reflectionMitsumekaesu hitomi ni
Egaite haruka na Neverending Story
Eu sinto o seu amor refletido passionalmente
Transformando nossos sonhos em um
Em nossa juventude,nós procuramos um pelo outro
Sem ter medo de nossos próprios erros
Eu sinto o seu amor refletido
Em seus olhos quando eles olham dentro dos meus
Escrevendo uma distante,interminável história.
White Reflection
Harry pôs-se a correr por entre os corpos e as pessoas que batalhavam,abrindo caminho no meio da confusão.Viu sua passagem ser bloqueada por um Comensal mas não se deu ao trabalho de olhar duas vezes para o sujeito,apenas desferiu um soco contra o rosto do mesmo,vendo a máscara desse se quebrar.E quando ele estava caído no chão,atordoado e gemendo de dor,desferiu-lhe um chute nas costelas,ouvindo vários ossos quebrarem.Mas não ficou lá para observar o estrago que havia feito no homem,apenas continuou correndo,abrindo passagem pelo caminho,derrubando com chutes,socos e feitiços quem entrava em sua frente,até que chegou onde queria.
Andrômeda havia se recuperado rapidamente da tontura quando viu o corpo cair a sua frente.Levantou-se arrancando forças de algum lugar desconhecido e foi até a garota,ajoelhando-se ao seu lado.Ela ainda estava consciente,mas tremia diante da chuva que batia contra o seu corpo estendido,e pelo buraco onde estava alojada a bala não parava de jorrar sangue.Assim como os olhos violetas não paravam de derramar lágrimas.
-Fica…fica…quietinha.-A mulher disse com a voz trêmula,sentindo um bolo entalando em sua garganta.Ela tinha conhecido essa menina fazia algumas horas e agora cá estava a mesma,sangrando por ter salvado a sua vida.-Vai ficar tudo bem.-Conseguiu dizer com uma voz mais firme,abrindo a capa dela e com os dedos pálidos rasgar o vestido da gola até o peito.E lá viu,cravada perto do coração,a maldita.Por pouco não tinha atingido o órgão,mas com certeza acertou uma artéria.-Eu preciso…preciso tirar você daqui.-Falou,olhando a sua volta e vendo que não tinha como tirá-la dali.Aquele lugar estava um caos,as pessoas estavam muito ocupadas em salvar as suas vidas e dos outros que fugiam desesperadamente.Não tinha ninguém que pudesse ajudá-la a levá-la para Hogwarts,que se erguia imponente no alto de um monte.Mas ela não ia desistir.Voltou os olhos para a jovem e decidida rasgou um bom pedaço de pano de suas vestes.Precisava tirar aquela bala dali,ou essa poderia se mover.E precisava,acima de tudo,estancar aquele sangue.Sacou a sua varinha para começar uma operação de emergência e desesperada,quando viu alguém se aproximar.Reunindo coragem,apontou a varinha para o intruso,que a ignorou completamente e ajoelhou-se ao lado da jovem ferida.
-Da-Da-Dallas.Pelo amor de Deus,não faça isso comigo.-Harry murmurou desesperado,sentindo as lágrimas quentes correrem pelo seu rosto.Andie mirou aquele jovem a sua frente,o reconhecendo imediatamente.
-Har…-Dallas tentou falar,mas um acesso de tosse a fez cuspir um pouco de sangue que logo foi lavado pela chuva.
-Não fale Dallas.-Andie advertiu,mas a garota a ignorou,virando-se para o moreno que estava ao seu lado,pronto para erguê-la nos braços e levá-la para Hogwarts.
-Não…-Retrucou em uma voz mínima,o impedindo.-…Voldemort…
-O quê?-A garota apontou fracamente para a figura a distância,que assistia tudo com divertimento.
-Você é o único que pode…tem que pegá-lo…é a nossa chance…
-Não!Eu vou levar você para Hogwarts,Madame Pomfrey tem que cuidar de você.
-Você é o herói do mundo mágico Harry…
-Não!
-Por favor…-Harry fechou os olhos fortemente,tentando se decidir diante do turbilhão de indagações e dúvidas.Se partisse,Voldemort venceria,pois com certeza esse era o desfecho de todo esse "show" que o bruxo armou.Era a batalha decisiva.Se ficasse,perderia Dallas,como em seu sonho.A perderia para sempre e nunca se perdoaria por isso.Não importasse quantas vidas salvasse nesse meio tempo.
-Dallas.-Davon apareceu ao lado deles,tinha conseguido se livrar dos Comensais assim que ouviu o tiro e viu quem havia sido atingido.Estava ferido e cansado,mas isso não o impedia de arriscar tudo para salvar a vida daquela garota.
-Por favor Harry…-Dallas repetiu com a voz quase sumindo.Hesitante,Harry levantou-se e fechou o punho fortemente em volta de sua varinha,caminhando a passos lentos em direção a Voldemort.Andie e Davon o observaram abrir caminho entre Agentes e Comensais e parar em frente ao bruxo.E foi como se tudo tivesse se congelado.Batalhas pararam,feitiços deixaram de ser lançados,todos se viraram para ver qual seria o resultado do embate do século.
-Olá jovem Potter.-Voldemort sibilou a ele,erguendo a sua varinha.
-Voldemort…Eu.Vou.Matar.Você!-Falou em um tom desprovido de emoções,erguendo a sua varinha também.Os olhos de Harry brilharam,ganhando um tom escuro e Voldemort piscou rapidamente os olhos.Milésimos de segundos de silêncio e tensão se passaram,quando ambos gritaram ao mesmo tempo uma maldição imperdoável,a mais mortal de todas.Um flash verde estourou da varinha de ambos e conectou-se no meio do caminho,formando um elo mágico.Um redemoinho de água,lama,pedras e folhas começaram a circundá-los,enquanto uma aura prateada e uma dourada emanavam do corpo de Voldemort e Harry.Quando as duas auras se chocaram,uma redoma brilhante os envolveu e uma luz forte banhou o local,cegando os presentes por alguns instantes.Quando a luz se dissipou,Harry e Voldemort haviam sumido.Para onde,ninguém sabia,mas com certeza deveriam estar continuando a batalha lá.
Como se saindo de um transe,Comensais e Agentes recomeçaram a batalhar,dispostos a derrubarem uns aos outros.Pessoas ainda fugiam desesperadas.Ao longe,poderia se ver os portões de Hogwarts sendo fechados e Agentes pondo-se em frente a eles para proteger a escola do ataque dos bruxos das trevas que iam em direção a ela.O caos voltou a imperar,mas Davon e Andie não estavam se importando com a confusão a sua volta.Suas atenções estavam totalmente voltadas na garota caída entre eles.
-Rápido Davon.-Andie falou,enquanto observava o rapaz manusear a varinha cautelosamente sobre o ferimento da amiga,tentando remover a bala sem causar maiores danos.
-Todo esse sangue está me impedindo de ver o projétil.-Murmurou,as mãos começando a tremer.Dallas há muito já tinha entrado no estado de inconsciência.Andrômeda sacou a varinha e apontou para a garota,conjurando um feitiço de sucção que drenava um pouco do sangue perdido para dar maior visibilidade.Com isso,finalmente Davon conseguiu retirar a bala.
-Ela está entrando em choque!-A mulher gritou alarmada quando o corpo a sua frente começou a tremer,ficando cada vez mais pálido.Desesperado,Davon tentou fechar o ferimento o mais rápido possível e assim,talvez,conseguir remover a garota para o St.Mungos.Mas estava fraco e cansado,por isso o feitiço não teve muito efeito.Conseguiu fechar a artéria danificada,mas os ferimentos superficiais ainda estavam lá.
-A estamos perdendo Davon!-Andie tentava parar o tremor da garota,estancando o sangue com o tecido embebido em suas mãos,o comprimindo contra o tórax dela,quando um desespero cruzou o seu corpo.Não estava mais sentindo a respiração fraca da jovem,não estava mais sentindo o seu coração.
-A pulsação…-Murmurou ao rapaz a sua frente.Davon pressionou os dedos contra o pescoço pálido de Dallas e percebeu que não havia mais pulsação.
-Não,não,não,não,NÃO!Você não vai ousar morrer Dallas Winford!De jeito nenhum.Faz a respiração boca a boca e eu faço a massagem cardíaca.
-Okay.-Respondeu a mulher,posicionando-se.
-Na contagem de três.Vai!-Andie curvou-se,soprando ar contra os lábios entreabertos e frios da morena.-Vamos,vamos…-Davon murmurava enquanto tentava bombear o coração com as suas mãos.-De novo!-Andie respirou novamente e Davon bombeou em seguida,uma,duas,três,quatro,cinco,quando estava na oitava tentativa,finalmente obteve resposta.O corpo de Dallas deu um espasmo e a jovem começou a tossir.Sob suas mãos sujas,o moreno sentiu o coração voltar a bater fracamente e a jovem abriu lentamente seus olhos violetas.
Dallas semicerrou os olhos diante da claridade que via a sua frente.Estava tão frio e seu corpo doía todo.E onde ela estava?Sentiu medo.Lembrou-se que há poucos minutos,ou foram horas?,tinha visto Harry.Mas onde ele estava?O que estava acontecendo?
-Dally?-Ouviu alguém lhe chamando e divisou uma figura diante da claridade que cegava os seus olhos.
-Patrick?-Murmurou quando identificou a forma do seu amigo.-Patrie?-Quis sorrir mas os músculos de sua face protestaram de dor.
-Dally…Sempre soube que você conseguiria.
-Conseguiria o quê?-Sussurrou,mal ouvindo a sua voz.
-Sobreviver.-Patrick retrucou com um sorriso,agachando-se ao lado dela e passando uma mão quente sobre a sua face fria.-Minha pequena Dally.Cuide-se.Um dia a gente se vê novamente.-Deu um beijo na testa dela e começou a se afastar,sendo tragado pela claridade.
-Dallas…Dallas…Dallas…-A jovem abriu mais um pouco os olhos quando ouviu seu nome ser chamado,e divisou o rosto de Davon entre as gotas grossas de chuva.
-Davon…-Murmurou e o mencionado sorriu,levantando o olhar para cruzar com uma Andie aliviada.-E o Harry…?-Os dois jovens trocaram um olhar preocupado e depois se viraram em direção onde Harry e Voldemort estiveram,apenas para serem cegados novamente pela mesma luz que fez os dois bruxos sumirem.
Novamente todos congelaram e quando a luz cessou,tudo o que eles viram foram um Harry ferido,cansado,apertando a sua varinha em uma de suas mãos e na outra carregando um saco de pano sujo que,quando ele jogou furiosamente contra o chão,eles puderam identificar o que era.O corpo sem vida de Voldemort estava aos pés do Menino-Que-Sobreviveu.Finalmente derrotado.
* * * * *
A claridade atravessou as suas pálpebras à medida que ia abrindo os olhos.E,mesmo que a luz fosse fraca,fez eles doerem.Inspirou profundamente,sentindo uma pequena pontada no peito e gemeu um pouco diante disso.O que tinha acontecido?Quando finalmente conseguiu abrir os olhos por completo,pôde ver onde estava.Era a área privativa da ala hospitalar de Hogwarts.Mas,por que estava aqui?Tentou se sentar,mas novamente qualquer leve movimento provocado por si fazia seu peito doer.Resignada,manteve-se deitada e a observar a sua volta e o seu estado.Havia ao lado de sua cama um aparelho trouxa que media batimentos cardíacos,os seus batimentos cardíacos.E enterrada na veia de seu braço direito estava uma agulha ligada a uma bolsa de soro.Mas o que mais lhe chamou a atenção,fora o gato deitado sobre o seu abdômen e que subia e descia de acordo com a sua respiração.Dallas sorriu ao reconhecer o gato negro que tinha uma falha no pêlo da testa.Lentamente ergueu a mão esquerda e tocou a cabeça do bichano,lhe acariciando a pelagem macia.Num estalo o animal ergueu a cabeça e abriu seus grandes e brilhantes olhos verdes.
-Hei,Kitty,Kitty,Kitty.-Sussurrou divertida,afagando atrás da orelha do felino,que ronronou em apreciação.-Que gatinho mais bonitinho.Mas eu prefiro o meu Harry,pode ser?-Sorriu e o gato pulou fora da cama,pousando graciosamente no chão e cedendo a sua forma felina a humana.
-Se você me der um susto desses de novo…-Harry começou,sentando-se na beirada da cama.
-O que aconteceu?-Dallas o interrompeu.
-Não se lembra?-Ela apenas deu um aceno negativo com a cabeça.
-Bem,eu me lembro do ataque,da Andie em perigo e de uma dor horrível no peito.
-Você levou um tiro Dally.Você não levantou o escudo que foi ensinado nas aulas da Resistência.Os Comensais estavam armados.Você…-Harry abaixou a cabeça e seu corpo deu um tremor.-…você morreu…por dez minutos…mas morreu.-Disse com uma voz mínima,deslizando pela cama e a abraçando pela cintura,depositando a sua cabeça sobre o abdômen da garota.Dallas afagou os cabelos negros e suspirou,afundando a cabeça no travesseiro.
-Mas…e depois?O que aconteceu com os Comensais…e…Voldemort?-Harry levantou-se e inclinou-se sobre ela,abrindo um pequeno sorriso na face molhada pelas lágrimas.
-Voldemort está morto…finalmente.-Falou com um suspiro cansado e aliviado.
-Paz…-Dallas sussurrou,fechando os olhos.Ficaram os dois aproveitando aquele momento de silêncio,quando a porta da enfermaria foi aberta e Dumbledore e Madame Pomfrey passou por ela.A enfermeira prontamente começou a enxotar Harry do lugar,como nas outras vezes.Mas,como sempre,ele sempre dava um jeito de voltar usando pequenos buracos como passagem para a sua forma felina.
-Vejo que despertou srta.Winford.Mandarei uma carta ao seu pai avisando de sua recuperação.-Dumbledore disse com uma voz jovial.
-Meu pai?
-Ele foi informado que você estava aqui.Claro que não lhe dissemos a gravidade do ferimento e as causas dele.E não mandamos a carta de imediato,apenas uma semana depois.-Explicou Harry.
-Há quanto tempo eu estou apagada?
-Duas semanas.
-Por que demoraram a avisar a minha família?
-O jovem Harry ficou temeroso que a sua avó viesse buscá-la para levá-la com ela,por causa de seus ferimentos,a um hospital trouxa e nunca mais trazê-la de volta.-Dumbledore comentou divertido,embora compartilhasse um pouco da preocupação do rapaz.
-Esse é o meu garoto.-Dallas retrucou com um sorriso.
-Agora que vocês conversaram,eu peço para os senhores saírem,eu preciso fazer exames na minha paciente e ela precisa descansar.-Pomfrey começou a enxotar os dois bruxos para fora da enfermaria e bateu a porta dessa assim que eles saíram.
-Professor?-Harry perguntou quando ambos começaram a cruzar a ala hospitalar em direção à saída.
-Sim,Harry?
-O senhor uma vez me disse que eu não poderia mudar o que estava nas minhas previsões.Que o destino não poderia ser mudado.
-Eu disse.
-Então,como o senhor explica isso?-Harry parou e apontou para a porta da qual eles tinham acabado de sair.
-Foi essa morte que você previu,Harry?
-Sim.
-E ela ocorreu?
-Bem…de certo modo…sim.
-O que você exatamente sonhou,Harry?
-A Dallas sendo atingida,caindo ferida,morrendo e eu não podendo fazer nada.
-Você não podendo fazer nada por que não sabia o que fazer,ou por que não estava presente para fazê-lo?
-Não sei.O sonho nunca chegou a essa parte.Ficava apenas na angústia da possibilidade de perda.Do medo e da dúvida.
-Então,aí está a resposta para a sua pergunta muda.Lembre-se Harry,o destino sempre nos prega peças.Nunca se esqueça disso.-Sorriu ao jovem e retomou o seu caminho,para fora da ala hospitalar.
