Disclaimer: Inuyasha não me pertence. Ainda.


Parte Dois


Dez anos antes, Inuyasha olhava para Kagome enquanto a moça praticava pontaria atirando flechas na vítima, err, àrvore mais próxima. Tinha que admitir que ela se tornara realmente muito boa naquilo, tendo acertado todos os projéteis no mesmo ponto da arvore. Lembrou-se, com um meio sorriso, das primeiras flechadas de Kagome, que não haviam chegado nem perto do alvo, o youkai em forma de corvo que engolira a Shikon no Tama. Já haviam se passado quatro anos desde aquela época, e ela agora era uma exímia arqueira. Não lembrava conhecer ninguém com as mesmas habilidades - nem mesmo Kikyou atirava como ela.

Sentado na raiz da Arvore Sagrada, lembrava do tempo que havia se passado. De quando havia conhecido Kagome, ainda uma menina de quinze anos. A primeira impressão que teve foi que a garota esquisita paracia muito com Kikyou. Mas logo percebeu o engano: elas eram pessoas completamente distintas, mais diferentes impossível, mesmo compartilhando a alma. Kagome tinha um jeito alegre que contagiava qualquer um que estivesse perto dela. Era impulsiva e explosiva, sempre respondia as ofensas que ele lançava. E ainda assim era tão pura e gentil que acabara mudando completamente o coração do hanyou. Kikyou, por sua vez, fora a primeira a quase aceitar Inuyasha.

Quase.

Ela queria que ele usasse a Jóia de Quatro Almas para virar humano completo, e assim poderem juntos, enquanto Kagome gostava dele do jeito que ele era. Ela sempre dizia que ele não seria o mesmo se não fosse um hanyou, e se não tivesse "essas orelhinhas kawaiis" que ela adorava. Talvez fosse por isso que ele gostava tanto dela – não, ele a amava.

Com o fim de Naraku, a Jóia de Quatro Almas retornou para o corpo de Kagome, sendo que ela ficou incubida de protegê-la, contando, é claro, com a ajuda de Inuyasha. E o grupo de amigos que participara de tantas batalhas e sofrimentos – Sangou, Shippou, Miroku, Inuyasha e Kagome – agora viviam em paz no vilarejo, os protetores da Shikon no Tama. Kagome havia terminado os estudos há quase dois anos e se mudado definitivamente para a era feudal. Graças à jóia em seu corpo, podia viajar entre as eras quando queria, e às vezes visitava a família no outro lado do poço, mas de maneira esporádica. Ou quando brigava com Inuyasha. Mas isso acontecia cada vez menos, e ela passaria por uma habitante daquela época se parasse de usar as roupas da Gap-não-sei das quantas ou seja lá como se chamam aquelas casas cheias de roupas do mundo no futuro.

- Você está muito calado. - ela falou sem olhar para ele, atirando mais uma flecha no mesmo lugar e provocando uma grande rachadura na arvore.

- É que você não errou nenhuma flecha. Não tem como eu implicar com você. - Ele respondeu, com aquela voz de desinteresse que já não enganava mais ninguém.

Ela sorriu um pouco, antes de continuar a atirar e aumentar gradualmente a fenda na planta. Esticando novamente a corda com uma flecha, perguntou.

- Você já decidiu o nome, Inuyasha? – Falou lentamente, com a face um pouco corada, enquanto atirava no alvo.

Inuyasha ficou também um pouco ruborizado, antes de responder com uma calma aparente, observado-a pegar mais uma flecha na aljava quase vazia.

- Na verdade... Não. Eu nunca tive muita criatividade para nomes. Não me importei muito com essas coisas até hoje. - Ele falou, balançando as orelhas, escutando a risada quieta dela. Resolveu rebater. - E você, já pensou em algum, menina?

Mais uma flecha no tronco. A rachadura agora estava realmente grande, e o monte de flechas parecia uma almofada de alfinetes com penas. Kagome olhou para ele de relance antes de continuar a atirar.

- Estive comentando com a Sango ontem a respeito. Disse para ela que gosto de Sakura. Sempre quis que o meu nome fosse Sakura. – Acrescentou, com uma careta. Acertou mais uma flecha no tronco, que fez um ruído estranho.

- Mas eu gosto de Kagome. – O hanyou retrucou, divertido.

- Ah, claro! Quando eu falei para você que o meu nome era Kagome e não Kikyou, você disse: - Ela parou de atirar, e ficou meio de lado, mostrando o perfil surpreendentemente em forma (para uma pessoa no estado que ela estivera até alguns dias antes). Arranjou uma voz enjoada e citou. - "Kikyou é mais bonito, e mais feminino também". Eu lembro muito bem. - Completou, irritada, agarrando o arco.

Inuyasha quase sorriu do ciúme franco.

- Ah, mas naquela época eu não conhecia você. - respondeu, inocentemente.

Kagome acertou mais uma flecha. Inuyasha estava esperando a hora em que a àrvore racharia no meio.

- Então quer dizer –

Outra flecha.

- -Que para gostar do meu nome –

Mais uma no alvo.

- -Você tinha que me conhecer melhor?

O último projétil da ajava voou para o alvo onde todos os outros já estavam.

Antes que ele pudesse revidar, a flecha atingiu o tronco e fez a àrvore toda rachar ao meio. Kagome fechou os olhos quando viu uma das metades do tronco vindo em sua direção, e esperou a pancada - que nunca veio.

Quando ousou tornar a erguer as pápebras, o tronco estava caído exatamente no lugar onde ela estivera um segundo antes. O arco e as flechas jogados no chão, e ela em cima da raiz da Árvore Sagrada, fortemente abraçada na cintura por um hanyou de cabelos prateados, que sussurrou no ouvido dela.

- Kagome, para mim, significa felicidade. Por isso eu gosto do seu nome. Por isso, eu protejo você.

Ela sorriu, erguendo os braços lentamente para abraçar o pescoço dele, que apertou ainda mais forte a cintura dela, encostando o queixo em seu ombro.

- Meu herói... – ela riu, fechando os braços ao redor do pescoço dele e encostando a cabeça na têmpora coberta por mechas claras.

- Mas Sakura é bom nome. - Inuyasha fechou os olhos, atento ao cheiro bom dos cabelos dela.

- Pelo menos nisso nós precisamos concordar. - ela suspirou, também fechando os olhos. - Que bom que gostou.

Estavam tão entretidos um com o outro que não perceberam alguém pegando o arco de Kagome jogado no chão. Não viram quando a flecha se soltou da corda esticada e voou certeiramente para os dois, acertando-os no peito e selando-os na árvore. Sem nenhum ruído de dor, ou protesto, os dois apertaram ainda mais o abraço e sorriram, querendo que aquele momento durasse para sempre.

Sakura continuava a olhar muito intrigada para os dois, até perceber o movimento hesitante das orelhas brancas de Inuyasha. A primeira coisa que pensou em fazer foi correr, mas logo lembrou que não tinha medo de nada. Além do mais, eles estavam presos na arvore. Não poderiam fazer nada com ela.

Decidiu esperar e conferir o que estava acontecendo.


Parte Dois – Fim


N/A: EDIÇÃO! Acho que esse segundo capítulo deu mais trabalho do que o outro, especialmente por causa de algumas expressões água-com-muito-muito-açúcar que quase me deixam com diabetes. Tentei não mudar muito o quadro geral da coisa, mas deu vontade de reescrever tudo.

Nossa, escrevi isso quando ainda gostava de inventar OCs, que hoje em dia são the bane of my existence. Como as pessoas mudam, não?