Título: Estratégias de abordagem

Autora: Bélier

E-mail: belier.aries@bol.com.br

Categoria: Romance Yaoi

Retratação: Eu não possuo Saint Seiya/Cavaleiros do Zodíaco. Infelizmente (ou felizmente) eu não os possuo, pois do contrário eles teriam namorado mais do que lutado... De qualquer forma, eles são propriedade de Kurumada, Toei e Bandai.

Resumo: Miro está apaixonado, mas não sabe como abordar a pessoa que ama. Talvez se ele perguntar a Kamus, ele possa lhe dar alguns conselhos...

Estratégia 3 - Rejeitado

Já era bem tarde da noite, naquela sexta-feira, e Kamus já estava de pijama, em sua cama, terminando de ler o livro de Mu. Realmente ele tinha se empenhado na leitura, durante a semana, mas estava difícil. Mesmo agora ele se via meio distraído, pensando em como o amigo estaria se virando no seu encontro...

Imaginou se Miro ia acabar fazendo sexo com a garota. A idéia o desagradou um pouco, mas acabou aceitando, afinal, ele não tinha nada a ver com aquilo. A única coisa que desejara realmente foi beijá-lo novamente. Ele já tinha beijado algumas moças, mas a boca do amigo lhe parecera estranhamente mais tentadora. Olhando para o livro, mas sem conseguir ler nada, pensou que talvez tivesse alguma coisa a ver com o veneno presente no corpo do outro. Já ouvira falar que as agulhadas do cavaleiro de Escorpião levavam a loucura, e depois à morte. "Só pode ser isso...", pensou, dando de ombros.

Nesse momento, ouviu passos apressados no saguão principal do seu templo. Pulou da cama rápido, e abriu a porta do quarto, procurando a pessoa na escuridão. "Quem pode ser uma hora dessas?!" Antes que tivesse tempo de visualizar alguma coisa, um corpo se chocou contra ele, abraçando-o.

- Kamus, que bom que você está acordado! - Miro estava com uma voz chorosa.

- Miro, o que foi agora?! - Kamus segurou-o pelos braços, observando sua face triste.

Miro abaixou os olhos. - Levei um bolo... A pessoa não foi ao encontro...

- Não foi? - Kamus não acreditou que alguém pudesse deixar o belo rapaz esperando. Abraçou-o, esfregando suas costas, tentando confortá-lo. "Se pelo menos ela o tivesse beijado, não ia desfazer dele assim..." Pensou, tentando não pensar muito naquilo.

Miro agarrou-se mais ao amigo, tentando desesperadamente parecer triste, quando na verdade estava extremamente animado por ter sido recebido daquela forma. Estava se sentindo culpado, mas pensando bem, não contara uma mentira completa. Só se esquecera de mencionar que quem ele estava esperando, e não aparecera, era o próprio Kamus.

O cavaleiro de Aquário levou Miro para o seu quarto, fazendo-o sentar na sua cama.

Miro fungou. - Eu te disse que a pessoa não me amava. Eu não deveria ter insistido nisso...

- Calma, Miro, às vezes aconteceu alguma coisa, e a pessoa não pode ir... - Kamus começou com a explicação padrão para essa situação.

- Aconteceu nada! Eu é que não deveria ter ido atrás dela.

- Mas não é melhor assim? - Kamus mudou o discurso. - Agora você pode tirá- la da cabeça e encontrar uma pessoa que realmente te ame...

Miro fungou novamente, desanimado. - Que nada, acho que vou é continuar sozinho...

"Fogoso desse jeito? Acho difícil..." Kamus pensou, observando o outro. Miro não fazia o tipo que conseguiria ficar sozinho por muito tempo. Ele era todo sensualidade, não era uma pessoa contida como ele. Depois que descobrisse o que era sexo, então...

O cavaleiro de Aquário abraçou o amigo, separando distraidamente as mechas do cabelo ondulado com os dedos. Miro afundou o rosto entre os seus cabelos, amassando com as mãos a seda gelada do pijama do cavaleiro de Aquário. Kamus estava com muita pena do amigo, por estar chateado daquela forma, e queria fazer alguma coisa para ajudá-lo, pois achava que ele não merecia estar assim. Afinal, era um rapaz bonito, divertido, sensual...

Kamus se surpreendeu ao notar que já havia perdido a conta de quantas vezes pensara em situações... sexuais, com Miro, naquela noite. Ele estava com uma verdadeira fixação! E se...

Kamus tocou de leve o pescoço o Escorpião com os lábios, esperando alguma reação do outro. Miro se aconchegou mais, e ele foi adiante em sua carícia, sugando delicadamente a pele, não o suficiente para deixá-la marcada, mas o bastante para arrancar um suspiro do amigo.

- Kamus... eu não quero ficar sozinho... - Miro gemeu, entre os seus cabelos.

O cavaleiro de Aquário, ao ouvir aquilo, perdeu o pouco receio que ainda lhe restava. Ele é que não iria se negar a um pedido daqueles... Continuou a beijar o pescoço de Miro, até alcançar sua orelha. - Não vou deixar você sozinho... - sussurrou, e sentiu o outro cavaleiro estremecer. Enfiou a língua dentro da orelha do outro, que soltou um gemido longo e agarrou-se a ele com mais força.

"Mon Dieu, como ele é quente!" Kamus puxou a gola da camisa preta que Miro usava, quase arrancando os primeiros botões e descobrindo um de seus ombros. Enterrou o rosto no pescoço perfumado, notando como o outro tinha se arrumado para o encontro que não aconteceu. Arranhou com os dentes a pele bronzeada do ombro do Escorpião, para depois beijá-la com lascívia.

- Humm... Kamus... - Miro bem que estava tentando se conter, mas estava bom demais...

Kamus segurou o queixo de Miro com uma das mãos, enquanto a outra acariciava seu ombro descoberto, e colou sua boca à dele, começando um beijo que em nada lembrava os outros dois. Dessa vez, o cavaleiro de Aquário não queria ensinar nada, e sim cobrar o que já tinha sido aprendido. Miro deixou Kamus explorar todos os recantos de sua boca, para depois surpreendê-lo, passando tentadoramente sua língua pelos dentes do outro, provocando-o.

Kamus gemeu, e deixou o Escorpião se satisfazer. Miro atacou a boca do amigo com vontade, como se fosse sua única oportunidade - e talvez fosse, mesmo, ele pensou com um pouco de receio. Mas seu corpo já estava completamente tomado pelo desejo, e ele não podia parar agora. Ele não queria pensar porque Kamus estava fazendo aquilo. Podia ser apenas pena, e a idéia o incomodava, mas já era tarde. Se Aquário terminasse com o beijo e o mandasse embora, ele se conformaria, mas se Kamus o quisesse, ele ia tê- lo... Sentiu um rastro de saliva quente escorrer até seu queixo, ao mesmo tempo em que o amigo terminava de abrir sua camisa, puxando-a para fora de sua calça jeans, com uma força que o surpreendeu.

Kamus acariciou o peito bronzeado de Miro, sentindo seus músculos rijos se contraírem sob sua pele lisa. Sem interromper o beijo, e não se importando com o que o outro fosse pensar dele, pois seu corpo há muito já controlava sua mente, empurrou-o até que ele se deitasse de costas sobre os lençóis.

Miro, que não era bobo, avançou mais na cama, puxando Kamus pela nuca, fazendo-o deitar-se sobre seu corpo. Seus dedos procuraram em vão abrir os botões da camisa do pijama do amigo, mas seus corpos estavam tão colados que ficava difícil. Sem paciência, puxou o tecido por sobre a cabeça do cavaleiro de Aquário, que se afastou um pouco, com um gemido contrariado, para que Miro pudesse tirar-lhe a roupa. Escorpião não teve tempo nem para respirar, pois Kamus exigiu sua boca novamente.

A mente de Miro não conseguia formar pensamentos lógicos. "E essa agora? O que deu nesse homem?!" Ele não conseguia acreditar que o amigo tivesse se rendido a ele tão facilmente, apenas com alguns beijos. Mas Kamus estava totalmente dominado pelo desejo, ele podia sentir.

Aquário, por sua vez, também não entendia por que Miro estava se deixando levar, correspondendo a suas carícias ardentemente. "Talvez ele esteja se sentindo rejeitado..." Mas isso não importava agora. A única coisa que ele tinha conhecimento era do corpo quente do amigo sob o seu. Com uma das mãos, afastou as pernas do outro cavaleiro, se aconchegando entre elas. Ofegou quando o jeans grosso da calça de Miro roçou contra a seda de seu pijama, deixando-o mais excitado ainda. Mesmo sabendo que o tecido fino não ia esconder o que estava sentindo, pressionou seus quadris contra os de Escorpião, notando então que ele também estava ereto.

Miro arqueou o corpo, deixando escapar um gemido rouco. Não era possível, seu amor estava tão excitado quanto ele! Foi então que, no auge da sua paixão, deixou escapar as palavras certas, na hora errada.

- Kamus... Eu... Eu te amo!

Kamus ergueu-se sobre ele, olhando-o assustado. - O quê?!?!

O Escorpião percebeu que havia dado mancada. - Eu... Não falei nada! - Tentou se safar, sem sucesso.

- Como assim, você me ama?! E aquela história de estar com medo de chegar na garota que você gosta?! - O cavaleiro de Aquário questionou, já saindo de cima de seu corpo.

- Eu nunca te falei que era uma garota... - Miro olhou desapontado para Kamus, já sentindo falta do contato da sua pele sobre a dele.

- Mas também não me disse que se tratava da minha pessoa!!! - Kamus estava passando rapidamente de surpreso para irado. - Como você pôde me enganar desse jeito? E a história do beijo... - Seus olhos se arregalaram, quando se deu conta. - Seu mentiroso!!! E eu achando que você era santo!!! - A temperatura caiu rapidamente dentro do quarto.

Miro fugiu rapidamente da cama de Aquário, temendo que o outro o congelasse nas partes baixas, no auge da sua ira. - Olha, Kamus, eu não fiz por mal. Eu te amo mesmo, e agora sei que você também me deseja! O que você faria se eu chegasse pra você e dissesse que te amava assim, sem mais nem menos? Você ia me aceitar?

Kamus concordou mentalmente com o amigo, mas não se manifestou. O que o irritava mais era que o plano daquele safado tinha funcionado direitinho! Ele nunca teria olhado para o amigo com segundas intenções se não fosse aquele primeiro beijo, na porta do seu templo... Mas não ia concordar com aquela palhaçada de jeito nenhum!

- Escuta aqui, seu... seu... traiçoeiro! Suma daqui antes que eu te congele! - Kamus ameaçou, mirando as calças do Escorpião, que se afastou rapidamente, protegendo o sexo com as mãos.

-Êpa, isso não!!! E se você se arrepender, depois?!

- SAIA JÁ DA MINHA FRENTE!!! - Kamus gritou, e Miro escapuliu pela porta do quarto, deixando o amigo só com a sua raiva.

Continua.

Nota da autora:

As fãs do Miro que me perdoem, mas a visão que eu tenho dele é essa: até na hora do aperto ele faz piada...

Apesar do casal Mu e Shaka ser o meu preferido, está sendo um barato escrever essa fic. É que Áries e Virgem são muito sérios, o que acaba refletindo na história. Já esses dois... São uma comédia... Aliás, a graça está no Kamus, todo certinho, ter que conviver com as estripulias do Miro... Aguardo ansiosa comentários!

Bélier