CAPÍTULO 04 – QUANDO ALGO TEM QUE ACONTECER
RADDITZ encarava o namekusei desmaiado no fundo de sua nave e planejava os próximos movimentos. Precisava esconder o prisioneiro, pra trocar por algo valioso quando fosse conveniente. Maldito Vegeta!! Como chegou tão rápido? Jess com certeza tinha ido pra prisão no lugar dele, Radditz.
_ Pensa, pensa, pensa. Você precisa de um álibi. Onde você estava na hora da encrenca?
E de repente, Radditz mudou o curso da nave para a Terra.
_ O ingênuo do meu irmão caçula vai ficar contente com o presente e com a visita. Ninguém vai pensar em procurar este infeliz lá nos quintos dos infernos e depois eu resolvo com calma o que fazer com ele.
O chefe da guarda de Kakarotto, Tenshinhan, veio lhe avisar da chegada de Radditz:
_ Que foi, Tenshin? Você não gosta mesmo do meu irmão, não é?
_ Desculpe-me, meu amigo, mas ele não demonstra ser confiável... Não sei o que é, mas algo nele não me vai...
_ É meu irmão. Chi-chi, traga Gohan pro meu irmão ver!
_ Pra quê? Ele não liga pro menino mesmo.
_ Até você, mulher? Não me faça essa cara, Bulma...
_ Desculpe-nos. Vamos nos retirar pra você recebê-lo bem... até já.
_ Kakarotto, meu irmão! Há quanto tempo! – disse Radditz, abrindo os braços e engolfando um surpreso sayadjin neles. – Trouxe um presente pra você, que tem paciência com todo mundo. Seu estimado príncipe Vegeta invadiu um planeta e lhe enviou um escravo de lá.
_ Vegeta? Acha? Faz mais de cinco anos desde a vez que ele esteve aqui. Nem se lembra deste fim de galáxia mais.
_ Pois ele se lembrou e enviou um namekuseijin pra você.
_ Namekuseijin? Ele invadiu Namek? A troco do quê? Não tem nada lá que valha a pena.
_ Oh, mas os namekuseis ameaçaram nossa gente, você não sabia? Pois é, as notícias demoram a chegar por aqui... Olha, tenho ainda a ordem de invasão assinada pelo próprio Vegeta aqui na minha mão...
Radditz apostava todas as suas fichas nesse blefe: a ingenuidade de Kakarotto mais o fato da Terra ser longe de Vegeta-sei e Vegeta não se interessar por ela garantiriam o fato do namekusei ficar escondido.
No local de desembarque, o jovem companheiro de Tenshin guardava o prisioneiro.
_ Yamcha, pode trazê-lo até nós, por favor?
_ Ele não irá assim tão fácil, senhor. Estou tendo o maior trabalho pra contê-lo. Ele não tem medo de se machucar, avança em nossas espadas e lanças, e Tenshin não quer usar pistolas de laser... Diz que ele é um oponente corajoso e honrado para humilhar assim.
_ Eu vou até aí, então.
_ Cuidado, Goku.
Infelizmente, o namekusei não falava nem padrão terráqueo, nem sayadjin. Kakarotto pediu a Bulma que viesse até eles e trouxessem o tradutor que ela inventou.
_ {O que querem comigo, sayadjins? Onde eu estou? O que houve com meu povo? Por que nos invadiram? Somos um povo pacífico e nunca...}
Antes que Picollo terminasse a frase, Radditz bateu nele, desacordando-o de novo.
_ Por que fez isso?
_ Ele ia mentir. Odeio mentirosos. Pode guardá-lo para mim por uns tempos?
_ Posso. Só não entendo porque tem que ser aqui.
_ Segurança máxima. Vou dizer aos chefões lá o quanto você tem me ajudado...
_ Já vai?
_ Já.. a propósito, já ia me esquecendo... como vai meu sobrinho?
_ Bem. Já luta bem, pra uma criança pequena. Não quer vê-lo?
_ Outro dia, com calma. Tchau. Se cuida e cuidado com ele – apontou o namekusei caído. – Não dê bola pra o que ele fala. Fica longe, que ele vai mentir muito sobre nós...
_ Tá bom. Tchau. Dê lembranças ao nosso pai.
Assim que Radditz se foi, Kakarotto mandou preparar um quarto para o namekusei perto dele.
_ Bulma e Yamcha, vocês estão responsáveis pelo verdinho aqui. Não quero que ele fuja, mas não quero vê-lo maltratado. Assim que ele estiver bem, quero conversar com ele. Essa história está mal contada...
Logo que Radditz chegou a Vegeta-sei foi preso e levado à presença de Vegeta, que estava furioso:
_ Você me desafiou pela última vez, Radditz.
_ Como assim, desafiou?
_ Não se faça de besta. Eu sei que você armou tudo para invadir Namek nas minhas costas...
_ Eu?? Eu estava na Terra, visitando meu irmão Kakarotto. Pode entrar em contato com ele e perguntar, se estiver duvidando de mim...
Se Kakarotto demorou para se esquecer do tempo que passou com Vegeta, o mesmo não se deu com o príncipe. Foi um amor de verão, bom enquanto durou... Ele nem se dava ao trabalho de pensar na Terra, quanto mais no jovem inocente que desvirginou...Não pensava, ATÉ AGORA...
Vegeta fechou um pouco os olhos, olhando para Radditz pela fresta, avaliando a resposta. "Será que está mentindo? Claro. É um bom álibi... Eu devia entrar em contato com o irmão dele agora mesmo..."
_ Verdade, Radditz? Nappa, eu tenho alguma coisa pra fazer de urgente pelos próximos meses?
_ Não, meu senhor.
_ Se eu quiser tirar umas férias, eu posso?
_ Tranqüilamente. – e o sayadjin maior ficou olhando para Radditz, esperando sua reação.
No rosto, nenhuma. Mas Radditz sentiu um fiozinho de suor gelado descendo pela espinha. Mas ele era amado pelos deuses. Nesse momento entrou um mensageiro, que cochichou algo no ouvido de Nappa.
_ Merda!
_ Que foi? – perguntou Vegeta, olhando pro seu fiel amigo.
_ Invasores em Cottman IV!! Temos que ir pra lá agora mesmo, ou perderemos nosso melhor distribuidor de peles.
_ É, meu caro. Você tem sorte... Mas eu vou fazer de você meu assessor. Vou ser sua sombra, maldito! Pisa fora da risca um milímetro e eu vou fazer você se arrepender de ter nascido.
Mais tarde, na Terra...
Picollo acordou, num quarto estranho. Não havia mordaças, nem algemas, mas ele sentiu que a porta não ficaria aberta à toa. Colocaram um filtro de DNA para bloquear sua saída. Ele tocou uma campanhia que havia ao lado da cama e logo Goku e Bulma entraram, com o tradutor nas mãos da mulher.
_ Finalmente! Agora pode nos contar o que realmente houve lá.
_ {Vai falar que você não sabe... Pela fisionomia, você e aquele sayadjin assassino são parentes... }
_ Sim. Ele é meu irmão...não que eu me orgulhe disso. Mas quero saber com certeza o que ele está tramando. Os namekuseijins ameaçaram invadir Vegeta-sei mesmo?
_ {Que absurdo! Foi isso que ele disse? Nós somos um povo pacífico, que preferimos viver isolados e em paz... Os sayadjins vieram e mataram uma boa parte de meu povo... – os olhos do namekusei encheram d'água, mesmo ele não querendo demonstrar fraqueza, era demais lembrar de tudo. – E o seu irmão matou o meu.}
Kakarotto ficou chocado com a revelação. Gohan, como todo garoto curioso, resolveu dar uma espiadinha no hóspede que não podia sair do quarto. Entrou quietinho e chegou perto dos adultos. O pai se assustou:
_ Gohan, que está fazendo aqui?
_ Eu.. eu só vim espiar o moço novo... mas, porque ele está chorando, papai?
_ Porque mataram o irmão dele...
Demonstrando ser mesmo filho de seu pai, lágrimas correram dos olhos do garoto:
_ Ai, que coisa mais triste... não chora, não, moço... Meu papai vai ajudar você... Ele ajuda todo mundo que precisa...
Picollo se assustou com a reação do menino. E viu Kakarotto pelos olhos de Gohan. "Talvez, - pensou o namekusei – mas só talvez, nem todos os sayadjins sejam iguais. Os olhos deste são diferentes dos de seu irmão. Há.. bondade, ingenuidade, sei lá... Posso confiar nele?"
_ { Preciso saber o que aconteceu ao meu planeta depois que seu irmão me levou embora. Estava chegando uma nave grande de sayadjins quando saímos...Talvez não reste mais nada de Namek agora.}
_ Ou talvez a cavalaria tenha chegado...
"Vegeta!!" pensou Kakarotto. E recomendou a Bulma:
_ Envie uma mensagem para Vegeta-sei. Pergunte o que aconteceu ao planeta do nosso amigo. Se aconteceu o pior, ele fica por aqui, a salvo. Se não aconteceu nada, e ele ainda tiver parentes lá, enviamos ele de volta.
Picollo sorriu. O sayadjin era diferente do irmão, com certeza... Voltou-se para olhar o pequeno Gohan, que sorria novamente:
_ Não falei, moço, que meu pai dava um jeito? Ele é demais...
