CAPÍTULO 06 – CERTAS COISAS NUNCA MUDAM...

O palácio de Goku na Terra passou por uma faxina e pequenos reparos. Lá se iam 07 anos desde que o "poderoso chefinho" se dignou a aparecer. Não tinha deixado uma boa impressão, com seus maus modos e arrogância. Não fosse por Radditz ser imbatível no primeiro lugar, Vegeta seria o cara mais odiado na casa de Kakarotto. Chi-chi se preocupava por outros motivos. Bulma tentava acalmá-la.

_ Vocês estão casados há tanto tempo... Tem até um filho...

_ E você acha que aquele bastardo arrogante vai ligar pra isso? Mas meu maior medo é que ele resolva levar Goku embora para o planeta deles.

_ Goku não vai, Chi-chi.

Mas a mulher continuava perdendo o sono...

Vegeta viajava emburrado, xingando o pai o tempo todo. O velho rei não tinha deixado ele se tratar e ele teve que viajar com o braço esquerdo na tipóia, escoriações na testa, no rosto, no corpo e até no rabo!! Não era uma imagem digna de um príncipe...

_Se alguém demonstrar piedade, mato o desgraçado!!

Mas Bardock já tinha prevenido Kakarotto do mau humor de Vegeta e os motivos. Assim que desceu, todos da casa apenas se inclinaram e Goku bateu o punho direito no peito:

_ Bem vindo de volta, senhor meu príncipe...

_ Vegeta!! Kakarotto, será que você nunca vai aprender?

_ Mas... é que faz tanto tempo e eu... eu pensei... Venha comigo, Vegeta!!

Todos abriram caminho enquanto Kakarotto levava Vegeta ao centro médico. Vegeta respondeu de mau humor às perguntas do Mestre Karin e se submeteu de má vontade a alguns exames.

_ Não, nenhum dano interno. Tome este remédio e vai se sentir melhor. O braço vai estar bom em dois dias.

Vegeta suspirou. Kakarotto ergueu as sombrancelhas e abriu a boca para agradecer, mas o príncipe surpreendeu:

_ Obrigado, doutor. – e saiu. O doutor e o jovem sayadjin ficaram se olhando até que Kakarotto saiu correndo atrás do outro.

_ E então? O que você quer fazer primeiro?

_ Quero ouvir a história da sua participação na desastrosa invasão de Namek.

_ Sim. Vou pedir um lanche para nós e chamar o Picollo. A história é mais dele que minha...

Vegeta deixou que Kakarotto fizesse um ninho de almofadas confortável pra ele e o ajudasse a se acomodar... "sou um príncipe. Posso me dar ao luxo de ser mimado de vez em quando..."

Picollo entrou, curvou-se respeitosamente e se sentou, enfiando as longas pernas embaixo do corpo. Kakarotto sorriu para ele, lhe passando um copo de suco. O namekuseijin retribuiu o sorriso e seus dedos se tocaram na passagem do copo. Vegeta notou e detestou o rapaz verde logo de cara. Mas ouviu toda a história. Até sentiu dó de Goku ao lhe contar o que aconteceu no dia anterior:

_ Sinto em lhe contar, mas assim que voltamos de Cottman IV meu pai prendeu Radditz por alta traição. Talvez isso agrade ao namekuseijin.

_ Como demonstração de justiça, sim, me agrada. Mas pela dor que vai causar ao meu amigo Kakarotto, também sinto muito...

"Maldito Picollo. Maldita seja sua língua adocicada..."

Bulma pediu licença nessa hora e entrou. Estava vestida com uma calça justa e túnica comprida sem mangas. Seus longos cabelos verdes estavam presos numa trança. Fez uma curta reverência a Vegeta e informou:

_ Senhor, seu pai acabou de ligar perguntando da sua chegada. Respondi que o senhor chegou bem e omiti o fato de ter recebido cuidados médicos. – sorriu – Disse a ele que estava sofrendo dores horríveis e ele respondeu que esperava que aprendesse com elas... Quer que eu lhe transmita algum recado?

Vegeta estava encantado pelos olhos azuis, pela sua inteligência e bom humor.

_ Mande-o à merda. – ela sorriu mais e ergueu uma sombrancelha – Invente algo, mulher. Sei que você tem cabeça pra isso... – Assim que ela saiu, Vegeta olhou para Goku – É ainda a mesma secretária? Como é mesmo o nome dela?

_ Bulma. Sim, ainda é a mesma. – um barulho na porta fez todos olharem. Um garoto estava parado, tentando chamar a atenção de Picollo. – Venha cá, Gohan. Este é meu filho, Vegeta.

_ Gohan não é um nome sayadjin. Espere, já sei. O nome dele não consegue ser pronunciado pelos terráqueos...

_ Isso mesmo... O nome dele é Kassawa *p'n Kakarotto.

_ Belo nome, Kassawa. Parece ser um garoto poderoso. Os mestiços são tão bons quanto os sayadjins puros?

_ Nosso sangue misturado com o dos terráqueos produz crianças extraordinárias... Você veio chamar Picollo para treinar? Venha ver, Vegeta.

Foram até uma arena fora do palácio... Vegeta ficou impressionado... Gohan era uma criança feroz e poderosa aos 6 anos como ele próprio tinha sido. Se o filho de Kakarotto nasceu assim, o que não poderia acontecer com o filho dele, quando o tivesse. E se era necessário misturar o sangue sayadjin com o terráqueo, ele sabia qual fêmea seria perfeita para gerar seu filho.

_ Onde está sua secretária agora?

_ Deve estar indo para os seus aposentos... quer que eu a chame aqui?

_ Me diga onde fica, que eu vou até lá.

_ Vou com você até a porta. Você não está acostumado com o palácio, pode se perder...

Vegeta pensou em responder, mas se calou. Melhor não perder tempo procurando mesmo. Encontraram com Bulma no meio do caminho, Kakarotto se afastou um pouco, para deixá-los à vontade... mas não estava preparado para a seqüência dos acontecimentos... Bulma curvou-se e perguntou:

_ Em que posso ser útil, meu senhor?

_ Vamos para seu quarto que eu vou fazer um filho meu em você agora.

Kakarotto escutou e ficou vermelho. E muito mais horrorizado quando Bulma estalou o maior tapão na cara do príncipe gritando:

_ Atrevido!! Está pensando que eu sou uma prostituta que abre as pernas pra qualquer um?

Goku a segurou apavorado:

_ Bulma, controle-se!! Você tem noção de que agrediu um príncipe? NOSSO príncipe?

_ Mais um motivo pra ele ter boas maneiras. Acha que isso é modo de abordar uma mulher?

Vegeta estava tentando entender uma das várias emoções e pensamentos que estava tendo. Estava indignado por ter apanhado de uma mulher, de uma serva ainda por cima. Intrigado, porque qualquer mulher no universo se sentiria honrada de ter um filho de um príncipe tão poderoso. Orgulhoso, porque teria um filho incrível com aquela mulher capaz de enfrentá-lo. E curioso: teria que ser ao modo terráqueo. Como seria?

_ Deixe-a ir, Kakarotto. – e a mulher saiu correndo, chorando, batendo a porta do quarto. Vegeta ergueu a mão direita, impedindo a enxurrada de desculpas de Goku – percebi que fui rude... Como posso conseguir conquistá-la ao modo terráqueo?

Kakarotto ficou vermelho e coçou a cabeça...

_ E então?

_ Vamos ter que pedir ajuda a minha mulher... porque eu não precisei conquistá-la...

_ Imagino que não... foi ela que te pegou, não foi? "E do mesmo modo que eu... oras, que insolência, o Kakarotto é meu!! Vi primeiro!! De repente, tenho que aturar a mulher dele, o tal do Picollo... todo mundo no universo... Pois eu vou mostrar quem é que manda aqui..."

_ Vejo que certas coisas não mudam com o passar do tempo... Bomm...

_ Vamos falar com a Chi-chi? – Goku tentou virar o rumo da conversa, porque já estava ficando mais vermelho.

_ Vamos... mais tarde... Aonde vai dar essa porta?

_ Em alguns aposentos vazios...

_ Então venha cá. Quero verificar pessoalmente se você não mudou nada nestes sete anos...

_ Do que você se lembra? – Kakarotto sorriu com timidez

_ De muita coisa. – respondeu Vegeta, puxando-o pela mão.

*Kassawa – corrupção de cassava = mandioca

Kassawa p'n Kakarotto = mandioca filho de cenoura (legalzinho, né?)