09- AS COISAS SE COMPLICAM
KAKAROTTO estava apático na cerimônia fúnebre de seu pai. Chi-chi estava preocupada, mas não conseguia movê-lo do lugar... Irritado, Vegeta deu-lhe um golpe para deixá-lo desacordado, gritou com Chi-chi e levou-o para o seu quarto. Jogou o "brodwyn" na cama e se sentou numa poltrona em frente remoendo a raiva. Não agüentando esperar que o outro acordasse, foi gritar com Bulma:
_ Já está pronta para partir?
_ Quase. Levou o Goku pra cama? Não podia ser de uma outra forma mais gentil?
_ Acha que ia fazer diferença? Ele está em estado de choque mesmo...
_ Mas Vegeta...
_ AH, não começa você também!! – e saiu do quarto dela.
O rei Vegeta estava na sala do trono, olhando para a janela e não vendo nada, quando seu filho entrou:
_ Já vai?
_ Eu não vou...L
_ Por quê?
_ Oras, porque... Porque não, cacete!! Acha mesmo que eu vou sair correndo com o rabo entre as pernas, morrendo de medo dessa rebelião imbecil?? Vou ficar e esmagá-los um a um, com minhas próprias mãos!! E o senhor, traidor, acobertando Radditz todo esse tempo... É tão membro dessa corja quanto o próprio!!
_ Opa, espere aí, rapaz!! Mais respeito comigo, que sou seu pai e o rei ainda!! Eu fiquei sabendo somente após a prisão de Radditz. Achei que não teria problema em guardar o segredo de Bardock já que tudo estava aparentemente resolvido...
_ Por tudo que é sagrado!! Eu lutei com essa víbora diversas vezes, salvei o rabo dele outras tantas... Ele salvou o meu... QUE ÓDIO!! Eu poderia ter me livrado dele há tanto tempo!! O filho bastardo de Freeza!! Se eu fosse Cellipa eu tinha me suicidado...
_ Então não haveria Radditz, mas também não haveria Kakarotto.- lembrou o rei Vegeta.
Vegeta olhou para seu pai com um olhar assassino que até o rei ficou com medo de que ele tivesse enlouquecido. Mas o jovem só virou para ir embora, até brilhando de tanto ódio. Voltou para o quarto e para a poltrona, para ver após um tempo que Kakarotto estava acordado e olhava pra ele.
_ Até que enfim!! Pensei que ia ter que te jogar na pira funerária também.
Mas o sayadjin mais novo só começou a chorar em silêncio, deixando as lágrimas escorrerem.
_ PÁRA COM ISSO, KAKAROTTO!! Pára agora mesmo!! – E Vegeta pulou em cima da cama, erguendo o outro pela gola da túnica. Goku nem se mexeu. Vegeta começou a sacudi-lo, com raiva – REAGE, filho de uma "goebbling", REAGE!!- e sem parar para pensar, jogou o outro pra fora da cama, de encontro à parede, indo atrás para socá-lo.
Ao bater na parede, Kakarotto gritou, surpreso. Sua vontade era deixar Vegeta continuar batendo, até matá-lo. Mas seu treinamento e seus instintos sayadjins falaram mais alto e de repente ele reagiu, se erguendo para dar o troco em Vegeta. Começaram a lutar, quebrando coisas e gritando. Os servos, assustados, foram buscar Nappa para separá-los. Mas quando o gigante chegou à porta, já estava tudo quieto.
_ Se mataram... – sussurrou um servo a outro.
_ Cale-se, imbecil!! – e Nappa colou mais o ouvido à porta. Não conseguindo ouvir nada, abriu uma fresta e espiou pra dentro. O quarto estava todo revirado, jarras de flores quebradas, cortinas rasgadas, paredes rachadas. Atrás de um divã virado, só aparecia um rabo largado no chão. "Vegeta!!" pensou Nappa "Estará ferido?"
Mas antes que o sayadjin entrasse no quarto e se aproximasse para dar uma olhada, o rabo se arrepiou e uma voz gemeu: "aah, 'Geta..." "hnnn... Kak...Kakarotto!!" respondeu outra mais rouca. Nappa recolheu o rosto vermelho e fechou a porta:
_ Estão bem! Voltem ao trabalho! – dispensou os servos e saiu sorrindo.
Vegeta teve vontade de chorar ao beijar o filho na despedida. "Vai ser criado longe do pai como eu fui...Maldito Radditz!! Não vou permitir que isso se prolongue..." Beijou Bulma como se quisesse sugá-la pra dentro de si e guardar. Ao beijar Kakarotto, mordeu o lábio inferior do outro até tirar sangue. Segurou as duas mãos de Chi-chi como na chegada, mas o olhar que trocaram não foi gentil:
_ Não deixe ele se abater, chi-chi.
_ Não vou deixar. Não vou usar seus métodos rudes, mas não vou deixar ele cair.
Vegeta sorriu, maldosamente, e apertou as mãos dela, beijando-as. Apertou a mão de Nappa.
_ Cuide deles.
_ Com minha vida, se for preciso.
_ Espero que não seja.
Ao ver a nave partindo, as lágrimas subiram aos olhos do príncipe. Mas ele engoliu duro e olhou em volta. O olhar assassino tinha voltado e todos tiveram medo.
Os meses se passaram. Os rebeldes tiveram que fugir de Vegeta-sei porque Vegeta semeou o terror no meio deles, não poupando velho ou novo.
Na Terra, Chi-chi teve um garoto ao qual chamou de Goten, mas seu nome era Betharotto*. Nappa não se sentia entediado porque treinava com a equipe de Goku e ensinava Gohan. Ele se surpreendia com a força do garoto. Trunks logo começou a andar...
No aniversário de um ano do principezinho, Vegeta se deu uma folga e veio à Terra. Ele nunca imaginou sentir falta de alguém, mas a ansiedade ao chegar perto do planeta fez com que ele risse e foi de bom humor que ele abraçou a esposa.
_ que bom te ver sorrindo. Você estava tão irritado quando partimos...
_ Queria que eu fizesse que cara ao ser abandonado em Vegeta-sei tendo por companhia um velho rei e um monte de homem feio? Sentiu minha falta?
_ Não muito – e Bulma riu da cara de desapontado que ele fez – Seu filho me olha do berço com esse olhar malvado todos os dias...
_ Então você só tem boas lembranças até agora...
_ E chega só de lembrar...
O aniversário de Trunks passou e Vegeta não tinha pressa de ir embora. Picollo estava em Yadorath, estendendo as fronteiras do império. Chi-chi e Vegeta mantinham uma paz armada, porque ela achava que Vegeta maltratava muito Goku.
_ Meu marido é todo gentil, amoroso para com o nanico dele. E Vegeta responde, tira sarro da cara dele, implica, é irritante... Parece que ele faz Goku de servo, trata como se fosse seu bichinho de estimação...
_ Chi-chi, Vegeta é assim mesmo. Implicar é o jeito dele. E não queira comparar a maneira que os homens namoram com a maneira que eles nos tratam... é diferente.
_ Você tem que defendê-lo... É seu esposo...
_ Não é só isso. Acredite em mim: Vegeta ama o Goku. Só não demonstra isso escancaradamente.
_ Hmpf!
Mas a gota d'água para Chi-chi foi o poema. Nappa estava treinando Gohan e Vegeta foi procurar Kakarotto para treinar com ele. Encontrou-o sentado no beiral do quarto que dividia com Chi-chi, escrevendo.
_ Hah! Te encontrei! Nappa e os outros estão treinando. Vamos lá também e... o que você está escrevendo?
_ Um poema...
_ Não acredito! Deixa eu ver...
_ Quando eu terminar eu te mostro...
_ AGORA, Kakarotto!! Estou mandando...
_ Não enche, 'Geta... Ainda não está pronto e... hey! Devolve!
Vegeta tinha puxado o caderno, usando alta velocidade e agora fugia com o corpo, lendo. Passou os olhos primeiro, depois começou a ler alto, rindo:
_ Quando um sayadjin ama de verdade/ Desafia mundos, controla estrelas/ Mas não comanda o coração/ Combate titãs, enfrenta demônios/ Mas é derrotado pela emoção/ Quando um sayadjin ama de verdade/ Desafia todas as regras do universo/ Não tem medo da morte, mas não deseja morrer/ Ama com todos os nervos, com todos os poros/ Ama, apenas ama e com tal intensidade/ Que chega a ser sua única razão de viver...
Vegeta parou de repente e piscou: "É lindo! É perfeito! E é pra mim..." Kakarotto tirou o caderno da mão do outro.
_ Como você é chato, 'Geta. Não falei que não tá pronto ainda?
_ Bah! Como poeta você é bom guerreiro. Se dependesse disso pra viver, morria de fome. E poesia é pra bichinhas... como seu amigo verde. Podemos ir treinar agora?
Kakarotto jogou o caderno em cima da cama e saiu com Vegeta. Chi-chi, que tinha entrado no quarto enquanto Vegeta estava lendo e se escondeu no banheiro pegou o caderno e leu. Ficou magoada pelas palavras de Vegeta, que a seu entender, desprezava o "dom literário" de Goku.
_ Pura inveja. Porque é pra mim. E porque com certeza aquele troglodita não sabe escrever tão bem.
Mas se Vegeta planejava ficar até o aniversário de Betharotto, se enganou. O rei enviou Paragus ao seu encontro.
_ Não tenho sossego. Que desgraça tem pra me contar, Paragus?
_ Ai, meu senhor. É uma desgraça mesmo. Radditz seqüestrou meu filho Brolli.
_ Quem?
_ Ah, Kakarotto... você não conhece Paragus nem seu filho. Brolli nasceu poderoso, mas o stress das batalhas deixaram ele maluco. E um maluco furioso. Ele é capaz de se transformar numa máquina de guerra psicótica, um supersayadjin. Paragus pediu ao meu pai, quando Brolli enlouqueceu de vez para prendê-lo, não matá-lo e inventou um colar que controla o gênio do filho. Se Radditz seqüestrou Brolli, vai jogá-lo contra nós.
_ Por tudo que é mais sagrado, meu senhor...
_ NÃO PEÇA!! Se ele ameaçar um dos meus EU VOU MATÁ-LO!! Era o que deveria ter sido feito logo que ele ficou louco.
_ Príncipe Vegeta, agora o senhor é pai. Ponha-se na minha situação. Mataria um daqueles pequenos ali porque ficou perigoso ou tentaria controlá-lo?
Vegeta nem olhou para onde Paragus apontava. Sabia que Trunks e Goten ("ah, Chichi, cada nome...") estavam brincando naquele cantinho. Sem chance!! Seu filho não era um psicopata nem se tornaria um.
_ Vou repetir, Paragus. Se eu encontrar Brolli na boa, eu o trago de volta. Mas se ele encostar num fio de cabelo de um dos meus, EU-O-MA-TO!! Compreendeu??
_ Sim, meu senhor... – e Paragus se retirou, arrasado.
_ Nappa!!
_ Pronto, Vegeta?
_ Estamos fu**dos!!
_ Com certeza... – riu o outro.
_ Alguém pode me explicar porquê?
_ Porque, Kakarotto, já tentamos diversas vezes alcançar o nível de luta do Brolli sem resultados. O cara parece um elefante com um espinho na bunda quando fica bravo. Nada fica em seu caminho.
Goku ficou pensativo...
*Betharotto – corrupção de Beet root – Beterraba.
