Capítulo  21- Conseqüências de uma Revelação

Draco já estava na plataforma junto com seus pais. Sua mãe, impecavelmente vestida, dava a impressão de estar sendo sustentada por um fio invisível, que fazia com que suas costas permanecessem eretas, numa postura correta e invejável. Seu pai mantinha-se apoiado em seu bastão, e em seu rosto havia uma expressão que para muitos poderia ser considerada ameaçadora. Os olhos semicerrados e a cabeça levemente levantada, que Draco reconhecia como sendo a feição utilizada que seu pai usava ao estar num lugar onde também estavam pessoas indesejáveis. Por isso, não era surpresa alguma que essa expressão tenha se acentuado, quando quatro cabeças vermelhas e uma castanha apareceram ao lado da barreira da plataforma.

Os Weasleys pararam em frente aos Malfoys e se encararam por um ligeiro momento. O casal já sabia que os pais de cada um haviam permitido o namoro, mas não esperavam um encontro entre eles. Tudo era muito recente e as conseqüências poderiam ser sérias. Draco deu um passo à frente em menção de ir abraçar a namorada. Ao fazer isto, pareceu que havia retirado todos do transe em que haviam entrado. A grande maioria deles soltou um suspiro indignado, e Rony saiu de perto levando Hermione consigo, mas antes empurrou  o loiro com o ombro. Draco ainda deu uma olhada para trás, mas ignorou. Abraçou sua namorada, e depois cumprimentou seus 'sogros', com um simples movimento de cabeça. Seus pais, achando que isso era demais, o puxaram, despediram-se dele, e foram embora, sem dar uma palavra aos Weasleys, sequer a Gina.

Ao embarcar, Draco e Gina procuraram um lugar em alguma cabine vazia para terem mais liberdade. Não encontraram Rony e Hermione pelos vagões, o que para ambos foi um certo alívio.

- Nossa... Quase morri com aquele encontro lá fora... - Gina comentou enquanto se acomodava na poltrona ao lado da janela. Draco sentou-se ao lado dela.

- O clima ficou tão pesado que eu achei que daria pra pegar no ar. Mas eu achei divertido.

- Você é um louco, isso sim. Nunca mais quero passar por uma situação dessas novamente.

- Você diz que eu sou louco porque não viu a cara que seu pai estava fazendo. Se tivesse visto, certamente acharia engraçado.

- Não achei a cara que o seu pai fez nem um pouco engraçada. Eu estava esperando o momento em que eles iriam se atracar. Estou falando sério... Não quero passar por isso novamente.

Draco sorriu.

- Gina... Nós estamos namorando com o conhecimento deles, agora. Nossas famílias vão se encontrar mais vezes. Você vai ver.

Ela suspirou fundo.

- E então, como seus irmãos reagiram? - ele perguntou, abraçando-a.

- Muito mal, pra dizer a verdade. Gui e Carlinhos ficaram estáticos; Fred e Jorge começaram a rir achando que era alguma piada; Percy começou a falar sem parar e Rony tentou tirar o feitiço que você tinha jogado em mim...

- Mas agora está tudo bem? - ele perguntou, tentando segurar o riso.

- Bom... Normais mesmo, apenas Gui e Carlinhos estão. Fred, Jorge e Percy falam o essencial comigo, e Rony... Nem fala.

- Que estupidez... Sempre achei que seu irmão fosse idiota, mas nunca pensei que chegaria a tanto...

- Aham... Queria ver se você tivesse uma irmã mais nova e ela um dia aparecesse contando pra você que era namorada do Harry.

Draco estremeceu ligeiramente.

- Argh! Vamos mudar de assunto... Pensar numa coisa dessas faz até mal.

- Está vendo como meu irmão não é idiota?

Ele fez um muxoxo e ela sorriu. Abraçaram-se, e prosseguiram o resto da viagem conversando amenidades.

*~*~*~*~*

- DRAQUINHOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!

Gina sentiu seu estômago revirar quando escutou Pansy Parkinson chamando seu namorado. Mais uma pessoa a enfrentar. Olhou para Draco e viu que ele mantinha um sorriso estranho no rosto. Era uma mistura de satisfação e deboche que até a assustou. Os dois se viraram para a menina, mantendo as mãos dadas.

- Olá, Pansy - Draco falou, calmo, e com um leve tom de indiferença.

- O-o o quê... Qu-quê... – gaguejou ela, depois recobrando a fala normal. - O quê você está fazendo de mão dada com essa... Com essazinha?!? - perguntou furiosamente, as mãos na cintura.

Ele olhou pra namorada, esperando que ela respondesse algo à altura da pergunta, mas Gina não se mexeu. Então, resolveu responder.

- Acho que ainda não fiz as devidas apresentações. Como estou sendo mal-educado! Se minha mãe sabe disso...! – disse sarcasticamente. – Bom... Gina, essa é Pansy Parkinson, estuda comigo na Sonserina - Gina cumprimentou-a com um ligeiro movimento da cabeça, exatamente como ele havia feito com os pais dela na plataforma. - Pansy, está é Gina Weasley, minha namorada.

Pansy não teve a mesma reação de Gina. Ficou estática por um momento, com a respiração pesada. Gina teve a ligeira impressão de que ela se parecia com um porco, porém não pôde pensar muito mais sobre isso, havia mais com o que se preocupar: várias pessoas já estavam paradas em volta deles, observando o que poderia ser o início de uma boa briga, além do que, todos haviam escutado Draco ao dizer a notícia bombástica. Quando Pansy retomou novamente a fala, Draco se virou e puxou Gina, deixando a outra falando sozinha. No fim, ela já estava gritando a plenos pulmões coisas como "Você é um traidor" ou "Seu pai saberá dessa loucura".

*~*~*~*~*

Em poucas horas, até os mais desavisados sabiam da novidade. Draco e Gina não chegaram a saber exatamente a reação inicial de todos, pois não quiseram jantar, preferindo seguir logo para sua sala.

*~*~*~*~*

De noite, ao ir se deitar, Gina começou a sentir o que enfrentaria nos dias seguintes. Ao entrar no Salão Comunal, todos pararam o que estavam fazendo para olhá-la, com ares incriminadores. Sentiu uma espécie de peso nas costas, imediatamente associado aos olhares direcionados a ela. Seus passos pareciam demorar mais que o normal, e ela achou que nunca iria conseguir chegar até as escadas de acesso ao dormitório feminino.

Ao passar ao lado do irmão, arriscou-se a dar uma breve olhada para ele, que lhe virou a cara. Harry também a olhara, incrédulo. Ele já sabia do namoro entre os dois, mas provavelmente achara que ela havia terminado quando acontecera a primeira briga. Como ele estava errado... Seria necessário muito mais para fazê-la desistir de Draco Malfoy. Ao pensar nisso, reuniu forças para continuar andando. Sabia que tudo aquilo era fruto do relacionamento com o grande amor de sua vida. Portanto, não importava mais quem gostasse ou deixasse de gostar, nada mudaria entre eles. Não seria por causa de um grupo de adolescentes emburrados que iriam se separar. O amor deles era muito mais forte do que a esmagadora maioria pensava, e eles iriam ter a prova. O que realmente importava para ela era o que sua família pensava, e se seus pais haviam aprovado o seu namoro, ninguém conseguiria impedi-la. É lógico que estava triste por seu irmão, afinal, durante muitos anos (antes de Hogwarts), Rony havia sido muito mais que um irmão: fora seu amigo, companheiro e protetor. E agora, não lhe direcionava nem ao menos um olhar inquisidor. Mas ela sabia que um dia ele cairia em si e voltaria a ser como antes.

Ao chegar no dormitório feminino do quinto ano, encontrou sua amiga Cindy andando de um lado para o outro. Quando lhe viu, correu para abraçá-la. Ficaram alguns minutos assim, até que Gina reuniu forças pra falar:

- Me ajuda... Estou com medo... - disse, baixinho.

- Não se preocupe. Estou aqui contigo. Mas você tem que ter muita força de vontade. Não vai ser fácil.

Gina abraçou-a mais forte e depois se deitou para dormir, preparando-se para o próximo dia.

*~*~*~*~*

No café da manhã, ninguém dirigia a palavra a Draco Malfoy. Estranhamente, isso estava sendo uma espécie controversa de alívio. Pois, por mais que gostasse de ser sempre o centro das atenções, Draco realmente se irritava com as conversas fúteis e a atenção falsa que o cercavam. Poderia ter até se sentido feliz, se não tivesse visto a cena que o afetara: a Grifinória estava tendo a mesma atitude de sua casa, e Gina só falava com uma pessoa, Cindy Landew. Que, por estar junto, também era discriminada. Gina estava muito abatida, e bastante concentrada no seu prato de mingau. Já os outros alunos, inclusive o irmão, tomavam uma certa distância das duas, enquanto se aglomeravam em busca de espaço do outro lado.

Como pudera esquecer? Para ele tudo aquilo não era nada, até mesmo porque sabia disfarçar muito bem o que sentia. E todo aquele desprezo vindo dos outros realmente não o afetava. Mas para Gina não. Gina não era ele. Não era IGUAL a ele. Agora via como a atitude tomada pelo irmão poderia afetá-la. Será que ela o deixaria apenas pra voltar a ficar de bem com todos? Sabia que ela não faria isso pelos outros alunos, mas talvez o fizesse por causa de seus irmãos. Devia estar se sentindo desprotegida. Não que fosse fraca. Longe disso. As últimas reações que ela tivera demonstravam uma extrema força e coragem. O único mal dela era se importar com o que os outros pensavam, se magoar quanto a isso, e ainda amar sua família acima dela mesma. Será que seria capaz de passar por cima dos familiares uma vez na vida? Será que ela lutaria por ele? Ou será que o deixaria para que seus irmãos voltassem a lhe falar normalmente?

Não tinha as respostas para tantas perguntas, mas de uma coisa tinha certeza: demonstraria para ela sempre poderia contar com ele, e que nunca ele a deixaria desamparada como os irmãos dela estavam fazendo nesse momento.

Draco pegou seu prato, se levantou e se dirigiu calmamente até a mesa da Grifinória. Durante o caminho, conseguiu escutar os tilintares dos talheres ao serem abaixados, enquanto todos se viraram para ver o que ele iria fazer.

Ele se aproximou por trás da sua namorada e pegou na mão dela.

- Vamos sair daqui, Gina - falou baixo. Nenhuma outra mesa, com exceção de uma parte da Grifinória, escutou o que ele disse. Rony soltou um muxoxo bastante alto, que para Draco fora dado com entonação de deboche. O loiro ignorou, estava mais preocupado com a namorada.

- Ir pra onde? - Gina perguntou baixinho. Parecia que tinha medo de conversar com ele em público.

- Qualquer lugar. Não vou deixar você ser tratada desse jeito aqui. Vamos - ele apertou um pouco mais forte a mão dela, em apoio. Escutou quando Rony riu, inegavelmente em zombaria. Draco se virou para ele.

- O que foi, Weasley? Finalmente a falta de dinheiro conseguiu afetar a sua mente? - perguntou sarcástico. Rony manteve-se sorrindo.

- Está desempenhando muito bem seu papel, Malfoy. Está conseguindo enganar muito bem essa menina. Embora isso não seja tão difícil.

Draco viu quando Gina engoliu em seco. Isso o fez sentir uma pontada no estômago.

- Eu não te devo explicações. Mas vou te dizer uma coisa: eu não estou enganando a sua irmã. E se, um dia eu quisesse enganá-la, tenho certeza de que isso seria uma tarefa árdua, porque ao contrário do que você pensa, ela não é idiota.

- Está querendo me dizer que conhece mais a minha irmã do que eu? - Rony se levantou. Hermione tentou impedir, mas não conseguiu. Alguns professores se levantaram também, a fim de impedir alguma briga no salão. Porém, Dumbledore fez um sinal pra que eles não tomassem nenhuma atitude, por enquanto.

- Eu não estou insinuando nada. Eu estou afirmando que eu conheço a sua irmã melhor do que você, que nunca se importou com ela e está provando isso agora, quando ela está precisando do seu apoio. Mas o que você está fazendo? Virando as costas pra ela, quando nunca deveria deixar que esse bando de idiotas a tratassem desse jeito - Rony fez menção de falar algo, mas Draco continuou, sem tomar conhecimento. - E ainda tem a cara de pau de dizer que nós, Malfoys, é que não nos importamos com os outros. Vocês, grifinórios e Weasleys, que se orgulham tanto de serem bondosos e fazerem o bem pro mundo, não respeitam e não ajudam aos próprios familiares. Essa sua atitude é ridícula. E eu te digo mais: você não merece ter a Gina como irmã. Aliás, você não é irmão dela, pois toda vez que ela precisou do seu apoio, você estava muito mais preocupado em lamber o chão que o seu glorioso Potter ou a sua namoradinha de cabelos lanzudos pisavam. Pois bem, continue exercendo esse seu papel de cachorrinho ou de vaquinha de presépio porque agora Gina não precisa de você. Eu vou fazer o papel que deveria ter sido feito por você. Mas como tudo que você faz é uma porcaria, é bem melhor que você nem volte a ter essa responsabilidade novamente - e sem nem olhar novamente para Rony, Draco se virou para Gina. - Vamos sair daqui. Pegue seu prato.

- Não estou com fome - murmurou. Ele viu que ela tinha os olhos marejados e olhava pro irmão.

- Você precisa comer. Pegue seu prato, vamos... - disse mais baixo, de modo que apenas ele, ela, Rony, Hermione e Harry poderiam escutar.

- Depois eu como. Agora perdi a fome. A Cindy pode ir conosco? - pediu. Draco lembrou-se de que a menina também estava sendo desprezada, e quando ele havia precisado de ajuda, ela não havia negado.

- Lógico que pode. Venha conosco, Landew - Draco largou seu prato em cima da mesa da Grifinória e saiu junto com a namorada e Cindy, deixando um Salão estático pra trás.

*~*~*~*~*

Gina e Cindy assistiram às aulas em conjunto. Lógico que ninguém gostaria de sentar perto delas, e isso até acabou sendo bom para as duas, já que pelo menos durante esse tempo, não precisavam escutar piadinhas de seus colegas de classe. Draco, por sua vez, continuava tendo a companhia de Crabbe e Goyle. Soube então que, não importava o que fizesse, os dois sempre estariam grudados nos pés dele, e isso não soou animador.

Quando a noite chegou, Gina e Cindy seguiram pra sala onde a ruiva se encontrava com Draco. Ele não havia gostado da nova 'companhia', mas relevou porque não queria magoar sua namorada mais do que ela já estava, e também porque a menina estava tendo uma atitude de uma verdadeira amiga. Não era todo mundo que enfrentava a todos apenas para apoiar um amigo. "Ela deveria estar na Lufa-lufa... Vai ser leal assim longe", pensou o loiro, não conseguindo refrear um sorrisinho.

No horário de sempre, Gina e Cindy voltaram para o Salão Comunal. Era a primeira vez que enfrentaria seus companheiros de casa desde o acontecimento da manhã. Era a primeira vez que encontraria Rony.

Respiraram fundo antes de dizer a senha. Incrivelmente, até a Mulher Gorda torcera o nariz para elas e murmurara algo como 'Em todos esses anos, nunca vi nada tão vergonhoso'. A reação do grupo de grifinórios foi a mesma do dia anterior: pararam tudo o que estavam fazendo e passaram a olhar para as duas. A intenção de Gina era caminhar até o seu dormitório e ficar lá sem ser importunada por ninguém, não pretendia nem ao menos dizer uma palavra. Mas essa não era a vontade dos outros.

- Você deveria ser proibida de pisar nesse Salão! – Gina olhou para o lado e reconheceu o menino como um setimanista. Seu coração começou a pulsar aceleradamente, chegava a doer. Suas mãos começaram a suar e ela abriu a boca para responder, mas do outro lado do Salão, alguém a interrompeu.

- É mesmo, sua traidora! Você não honra a nossa casa!!! Se juntando com cobras! - lágrimas já vinham nos olhos dela. Aquilo não era justo. Ninguém sabia de nada, não sabiam como as coisas tinham acontecido, como eles se apaixonaram. Não podiam julgá-la deste modo; não de um modo tão cruel.

- Por que você não vai dormir lá na casa deles? Porque é lá que você pertence! A CASA DAS SERPENTES!!! - gritou uma menina de um outro canto

Gina não agüentava mais tantas acusações. Amava Draco e ninguém tinha nada com isso. Era a hora de gritar para o mundo o que sentia.

- CALEM A BOCA, VOCÊS! VOCÊS NÃO SABEM DE NADA DO QUE ACONTECEU! VOCÊS NÃO TÊM O DIREITO DE ME JULGAR DESTE MODO! EU AMO O DRACO, ESCUTARAM? E-U  A-M-O  O  D-R-A-C-O!!!! – enfatizou. - E NADA DO QUE VOCÊS DIGAM OU FAÇAM VAI MUDAR ISSO!!! POUCO ME IMPORTA O QUE VOCÊS ACHAM OU DEIXAM DE ACHAR, POR ISSO ME DEIXEM EM PAZ!!! NÃO APROVAM MINHA ATITUDE? ÓTIMO! ENTÃO ME DEIXEM! NÃO DIRIJAM MAIS A PALAVRA A MIM, ESCUTARAM? NÃO FALEM MAIS, PRONTO! ACABOU! - Gina falou tudo isso de uma vez só. Parou para tomar fôlego. Respirou várias vezes em busca do ar que lhe faltava. E então, mais calma e falando mais baixo, prosseguiu. - De uma coisa tenham certeza: eu não o deixarei. Vocês podem mover montanhas, mas eu ainda estarei com ele. E vocês terão que se conformar - e dizendo essa última frase, olhou para Rony.

Dessa vez, seu irmão não desviou o olhar. Manteve-o, e Gina pôde ver que ele estava confuso. Hesitante, parecia não saber se ajudava ou não sua irmã. "Talvez as palavras de Draco o tenham afetado", pensou. Resolveu aproveitar o momento, e continuou:

- O que mais me machuca é ser desprezada pelas pessoas que eu verdadeiramente amo. Vocês - apontou para aqueles que estavam em volta dela. - Podem parar de falar comigo. Ficarei aborrecida, é lógico, não gosto de ter inimizades. Mas o que me mata é ver que hoje me olham com tristeza, enquanto no passado os olhares eram calorosos e felizes. O que me mata é ver que meu próprio irmão está deixando que todos me tratarem assim sem tomar partido. Pois saiba, Rony, que não importaria quem você estivesse namorando, o que você tivesse feito, se você me desse uma explicação, eu iria lhe apoiar. Até o Percy eu perdoei quando ele aprontou, imagina você!? Meu irmão mais próximo e que eu sempre admirei - ela parou nesse momento para enxugar uma lágrima tida como inconveniente. Viu que Rony se mexeu no sofá. - Olho vocês três e sinto um imenso aperto no peito. Hermione, nós sempre trocamos tantas confidênci--

Hermione interrompeu-a.

- Gina... Eu sinto muito. Eu não estou te ignorando! ... Mas sei que te tratei diferente e peço desculpas. Isso não está certo! Não está certo mesmo! - Hermione se levantou e deu um longo abraço em Gina. Rony não fez nada pra impedir, parecia bastante atordoado, assim como Harry.

Quando se separaram do abraço, Rony saiu do transe e se levantou. Gina pensou por um momento que ele sairia do Salão, mas não foi isso que ele fez. Ele se manteve parado, parecendo muito interessado em seus pés, que balançavam lentamente.

- Gina... Ahn... Eu... Sabe... Eu não queria estar assim com você... Mas, o Malfoy? Por que o Malfoy? - Rony levantou o olhar e encarou sua irmã. Todos os alunos acompanhavam a tal conversa, porém eles continuaram, mesmo assim.

- Você já me perguntou isso várias vezes...- ela riu, fungando. Rony também sorriu, levemente. - E eu te respondo mais uma vez. Eu não o escolhi. Eu não o olhei Draco e disse: 'Vou me apaixonar por ele pra enfrentar a minha família e meus irmãos'. Já lhe disse que eu não sabia que era ele quando ficamos pela primeira vez. Quando vimos, estávamos apaixonados. Imagina como é difícil pra mim, Rony, ver a minha vida sendo explorada desse modo aqui nessa escola. Como é difícil falar sobre os meus sentimentos na frente de todos. E estou fazendo isso porque eu amo você e quero te provar isso. Mas amo também o Draco, e a única coisa que te peço é um pouco de compreensão. Por favor, Rony... Volte a me tratar como sua irmã... Por favor! - pediu, suplicante.

Rony ficou fitando seus pés durante um momento. Oscilava para frente e para trás, ora apoiando-se pelo calcanhar, ora pelos dedos. Finalmente, olhou para Gina e sorriu. Um sorriso verdadeiro, como não dava há vários dias. Ela, não resistindo, correu para abraçá-lo.

Ao terminar o abraço, Harry também se levantou e apertou a mão de Gina. Ela, não se contentando, puxou-o para um abraço também. Precisava se sentir querida, era exatamente disso que precisava neste momento. Do outro lado do salão, Cindy e Hermione lutavam pra conseguir enxugar todas as lágrimas que insistiam em cair.

[Momentos Antes]

Draco caminhava lentamente até as masmorras. Disse a senha com um tom de voz monótono, e entrou no Salão Comunal sonserino. Ao contrário da reação inicial tida pelos grifinórios, os sonserinos começaram a cochichar de forma bastante audível, quando o loiro irrompeu na passagem. Tudo o que ele achava mais insuportável no mundo que alguém falasse dele pelas costas. Que chegasse na sua frente e lhe dissesse tudo que queria, tendo assim a chance de retrucar, mas nunca falasse mal dele pros outros e ainda fizesse com que ele soubesse disso. Ah, não... Isso ele não iria tolerar nunca!

Olhou para seu lado esquerdo e viu uma menina cochichando com uma outra, sua mão cobrindo a boca, que estava encostada no ouvido de outra menina; os olhos postos nele, sem nem ao menos piscar. Ela. Era ela quem ele usaria pra dar uma lição nos outros.

Pegou sua varinha rapidamente, e murmurou na direção da garota 'Petrificus Totalus'. No instante seguinte, todo o corpo dela estava enrijecido. Não podia mais falar, mas a julgar pelos seus olhos apavorados, certamente gritaria com toda a força de seus pulmões, se pudesse.

Draco calmamente se virou pros outros alunos no Salão.

- Isso foi um feitiçozinho básico, pra vocês aprenderem a não falar de mim e muito menos da minha namorada pelos cantos. Vou sair, mas quando voltar, eu quero ver esta menina ainda sob o feitiço. Não me desobedeçam, porque senão eu vou fazer algo muito, mas muito pior do que um simples feitiço de corpo preso. E isso se estende a qualquer um que ousar dizer a alguém o que eu fiz com ela.

Se existia uma coisa que toda a Sonserina sentia por Draco Malfoy era medo. E todos ali sabiam que ele era capaz de cumprir sua ameaça. Filho de Lúcio Malfoy e sendo praticamente uma miniatura dele, não era alguém para se enfrentar.

Ele se aproximou da menina 'petrificada'. Passou a mão pelo rosto dela, dizendo, ironicamente:

- Fique aí, quietinha ta? Eu volto logo... - e riu. - Não tente fugir, hein...

Dito isso, subiu para seu dormitório.

*~*~*~*~*

No outro dia, Draco saiu particularmente satisfeito da sua aula de Poções. Snape havia tirado no total cinqüenta pontos da Grifinória, e ainda ameaçara Potter e Weasley de detenções. Isso sim era uma aula proveitosa. Só não se sentiu mais feliz porque sabia que a 'sabe-tudo' da Granger, como ele próprio definia, recuperaria todos esses pontos em pouquíssimas aulas. Caminhava em direção ao Salão Principal, absorto em seus pensamentos. Pensava em como sua namorada deveria ter reagido ao enfrentar os alunos da sua casa. Já havia escutado certos comentários, porém preferia escutar a versão dela, já que não acreditava muito na história de que Gina desmaiara no meio do salão por causa da pressão imposta pelos outros alunos. 'Do jeito que esse povo é exagerado, eles bem q--', Draco nem teve tempo de concluir seu pensamento. Dois pares de mãos o puxaram pela camisa e o levaram para dentro de uma sala.

- Que m**** é essa? – perguntou, ainda sem saber quem o havia carregado pra aquela sala, completamente escura. Seu faro para o perigo já estava em alerta. Não sabia o que tinha aprontado dessa vez, mas fosse o que fosse, estava preparado para correr, afinal, sua coragem fora gasta contando para seu pai sobre o seu namoro.

De repente, duas mãos que apertavam sua blusa na altura do pescoço se soltaram, deixando as outras duas. Teve a impressão de que a outra pessoa tinha ido acender as velas da sala. Quando a sala clareou, para sua surpresa, deu de cara com Rony Weasley, apertando-o pelo colarinho. Em seguida, Harry Potter apareceu do lado de seu amigo.

- O que significa isto, Weasley? Resolveu me assaltar agora? Se for isso, se deu mal, porque eu não ando com dinheiro no bolso, justamente por causa dos pobres desesperados desta escola, como você.

Rony intensificou mais ainda o aperto na blusa, e o jogou contra a parede com a ajuda de Harry. Draco, com o pouco ar que ainda o restava, sorriu.

- Então não é um assalto? Ih... Tô começando a achar que isso é um convite sexual... Mas, sabem, eu não sou gay... E, aliás, Ronald - disse, debochado. – Tá querendo roubar o namorado da irmã? Que feio!

- Vamos parar com essas brigas infantis, até porque não somos mais crianças. Vim aqui pra ter uma conversa de homem pra homem. Espero que você possa agir como tal – disse Rony, sério, controlando a muito custo seu gênio, para não se aproveitar de sua vantagem na situação.

Draco poderia continuar debochando, mas percebeu que o momento não era para isso, e agir como uma criança não estava em seus planos.

- Sobre o que quer falar, Weasley? - disse, também sério. - Seja rápido. Não tenho tanto tempo a perder.

Rony olhou para Harry, que balançou a cabeça em afirmativo. Rony, então, soltou-o.

- E então? Desembucha logo. Estou perdendo meu almoço. E fazer isso por sua causa certamente não é prazeroso pra mim.

- Quero falar sobre a Gina. Quero saber o que você quer com ela - Rony disse mais calmo, mas soando ameaçador.

- Não te devo explicações, Weasley.

Rony pareceu pensar um pouco e depois, rapidamente, empurrou Draco na parede.

- Você me deve explicações porque Gina é minha irmã. Portanto, trate de começar a falar.

- Desde quando você se importa com ela? Por quê está fazendo esse papelzinho ridículo de irmão protetor, quando ontem mesmo você deixou que ela fosse humilhada? Cai na real!

- Com ela eu já me redimi. Agora o assunto é entre nós dois. Diga-me o que você quer com ela e eu te deixo em paz - disse Rony, dando um passo pra trás.

- Você realmente quer saber a verdade? - Rony balançou a cabeça em afirmativo. Harry soltou um muxoxo. - Pois saiba que eu não deveria estar te dizendo isso e nem sei porque o estou fazendo, mas fique sabendo que eu amo a sua irmã, e que se depender de mim, você vai ter que me aturar durante muitos e muitos anos. Satisfeito, cunhadinho? - disse em deboche. Rony tentou avançar nele, mas Harry o segurou.

- Era só isso que queríamos saber - Harry se pronunciou pela primeira vez, ainda segurando Rony. - Estamos na sua cola, Malfoy... Um dedinho fora da linha e nós acabamos com você.

- Estou morrendo de medo... Se isso não fosse relacionado a Gina, eu colocaria todo o meu pé fora da linha só pra ver o que vocês fariam comigo.

- Isso sim foi uma proposta sexual, mas plagiando uma frase sua: Malfoy, eu não sou gay – o sonserino tentou avançar, mas Rony e Harry já tinham saído, sorrindo.

Draco bufou e seguiu para o Salão Principal.

*~*~*~*~*

N/A 1: Digo claramente aqui, que euzinha não tenho nada contra homossexualismo. Não sou, mas tenho amigos que são, e não tenho problemas com isso ok?

N/A 2: Muito obrigada por todas as reviews que vocês têm enviado! Valeu mesmo!!! Principalmente as do capítulo anterior. Eu amei! E continue enviando!

N/A 3: Vinny Malfoy postou a review #100!!!! Vamos dar os parabéns!!!!!  Muito obrigada, Vinny!!!!!

N/A 4: Eu e minha beta, Pri, andamos fazendo algumas coisas relacionadas tanto a fic, quanto a sonserina. Alguns bottons, banners, coisas do tipo. Pretendemos colocar tudo num site. Quando se concretizar, eu coloco o endereço aqui, tá? Beijossss pra todos!

N/A 5: Uma Weasley... Na Mansão Malfoy... Durante uma semana... Pra participar de um baile...Parece improvável? Pois leiam o próximo capítulo e tirem suas conclusões!