Capítulo 23 – O Baile na Mansão II
Narcisa desceu as escadas com um imenso sorriso. E, para Gina, o fato incomum era o sorriso ser verdadeiro.
- Bom dia! Que belo dia! - exclamou, dando um longo suspiro depois. Gina pôde ver Draco refreando um sorrisinho sem muito sucesso e Lúcio Malfoy lançar um olhar por cima do Profeta Diário que estava lendo. - O quê foi? Não irão responder ao meu cumprimento? Cadê a educação de vocês?
- Bom dia, querida - Lúcio respondeu unicamente, sem encará-la.
Draco e Gina a cumprimentaram e depois seguiram para tomar café da manhã. Assim que acabaram, terminaram de se arrumar e saíram. Cada casal foi em um carro, já que depois iriam se separar. Foram primeiro ao Beco Diagonal, onde Lúcio e Draco entraram no Gringotes para fazer uma retirada de dinheiro. Narcisa e Gina seguiram para uma loja em frente chamada 'Beleza Mágica', onde vendia produtos de beleza para bruxas. Sra. Malfoy, logicamente, não gostou de nada, dizendo que aquelas poções eram de baixa categoria. Pouco tempo depois, saíram da loja, encontrando pai e filho, parados lado a lado, com suas faces ligeiramente esverdeadas.
- Você tem razão em odiar esses vagonetes, Narcisa - Lúcio disse. Draco concordou levemente com a cabeça. - Você que deveria ter ido buscar os galeões, afinal, quem vai usá-los é você.
- Isso é o mínimo de gentileza que você poderia ter me oferecido. Me trocar por um jogo do Puddlemere... - ela soltou um muxoxo, como se dissesse que era inadmissível. - Agora vamos ao que interessa... E o dinheiro?
- Estão aqui. Não precisa se desesperar - Narcisa esteve a ponto de dizer que nunca se desesperava, mas apenas abriu a boca. Fechou-a no mesmo momento em que seu marido repassava a bolsinha recheada de galeões, alguns nuques e pouquíssimos sicles. Gina sabia que aquilo era o suficiente para comprar praticamente metade de todos os objetos de sua casa.
- E o dinheiro trouxa? - perguntou. Gina lançou-lhe um olhar desconfiado. Um Malfoy perguntando sobre dinheiro trouxa? Estranho... Lúcio entregou um maço de notas para a esposa, explicando-lhe que ali havia um feitiço antifurto e que por isso, antes de pagar deveria retirá-lo, senão a vendedora seria enfeitiçada. Draco sorriu, dizendo que seria interessante e seu pai estava quase concordando, quando Narcisa interrompeu:
- Ótimo. Vamos, Gina, temos um dia longo pela frente.
Despediram-se e as mulheres foram para um lado e os homens para o outro.
Quando já estavam no carro, Gina resolveu iniciar um diálogo.
- Para onde vamos?
- Londres mesmo. Por mais que eu não goste de trouxas e sua inferioridade, tenho de concordar que as vestimentas deles são muito melhores que as nossas. Veja o caso da Madame Malkin: a única coisa que presta ali é o uniforme de Hogwarts. O resto pode ser usado para pano de chão... Ou pano para os elfos.
Gina engoliu em seco. Não poderia continuar nesse assunto, afinal sua mãe nunca tivera dinheiro para comprar uma roupa na Madame Malkin, excetuando-se raras ocasiões.
- Então vamos comprar em lojas trouxas? - perguntou, curiosa, tentando desviar o foco da conversa.
- Sim. Eu já tenho algumas preferidas, assim vou logo a elas e não perco muito tempo andando - a feição de Narcisa se contorceu um pouco e Gina sorriu levemente. - Depois ainda temos que ir até o Shopping Mall. Bruxo, certamente.
- Eu nunca fui nesse - Gina comentou.
Narcisa a olhou meio assustada. Nunca poderia imaginar que alguém não conhecesse o Shopping que tinha no Mundo Mágico, mas disfarçou sua surpresa.
- Pois conhecerá hoje. Preciso comprar algumas jóias, e é lá onde estão as melhores.
- As trouxas não são boas?
- Não... Elas não possuem a beleza das jóias bruxas. Olhe este anel - Narcisa esticou a mão e Gina abriu a boca ligeiramente. Era belíssimo. - Você pode procurar em todo o mundo trouxa e não encontrará um igual. Se encontrar, será raríssimo e provavelmente estará em algum tipo de exposição...
- Ele é belíssimo, senhora! Do que é feito?
- Ouro, esmeraldas e diamantes.
- Uau - Foi o máximo que Gina conseguiu dizer. Narcisa sorriu falsamente, e retirou a mão de perto da menina.
- Logicamente que existem essas pedras lá, mas a técnica de lapidação não é a mesma. Os trouxas e sua mania infame de colocar máquinas para realizar trabalhos manuais...! Acabam destruindo toda a magia de um processo único. No mundo bruxo não existe dois anéis iguais porque nós respeitamos o que temos de melhor. A própria natureza odeia igualdade! Nem ao menos duas folhas de grama são iguais. E é esta filosofia que deveríamos seguir, uma filosofia evoluída, digna de uma espécie evoluída como os bruxos. Por isso não deveríamos nos juntar a eles, são tão... Tão inferiores!
Gina apenas concordou com a cabeça. Estava com seus pensamentos longe o suficiente para não conseguir formular uma resposta decente. Pensava em como aquela mulher ao seu lado era interessante. Sabia que poderia passar horas e horas tentando analisar e entender Narcisa Malfoy, mas no fim não teria uma conclusão satisfatória, assim como não conseguia fazer com Draco.
A loira tinha um ponto de vista sobre o qual ainda não havia pensado. E não deixava de ser uma visão interessante, afinal, tudo o que falava tinha sentido. Mesmo que no meio de suas frases ainda deixasse transparecer todo o seu repúdio aos trouxas e mostrasse todo seu preconceito, Gina não poderia dizer que ali não tinha um pingo de verdade. E isso só demonstrava que além de ser bonita, apesar de um tanto fútil era culta e inteligente. Sabia se portar, se vestir e sempre sabia o que dizer. Estava aí, um tipo de pessoa que Gina queria ser. Se pudesse ter todas as qualidades da Narcisa e deixar de lado alguns de seus conceitos (que na opinião da ruiva ainda eram errados), não pensaria duas vezes em ser Narcisa.
Continuaram a viagem em silêncio, somente interrompido em alguns momentos, por diálogos curtos e sem importância. Até que chegaram a uma loja que ficava logo no centro de Londres. Possuía um letreiro discreto, mas belo, que dizia: 'Yves Saint-Laurent'.
- Está tão vazio... - Gina observou enquanto entrava na loja, que era enorme.
- Sim, prefiro vir bem cedo, só assim não preciso conviver com muitos trouxas. Sabe, se passar de um limite específico deles por metro quadrado, começo a ter alergia... – disse num visível tom irônico.
Foi mais forte que Gina. Ela nunca tivera nenhum preconceito com trouxas, mas ao ouvir Narcisa falar não conseguiu refrear um sorrisinho.
- Boa tarde, senhoras. Em que posso ajudá-las? - uma vendedora simpática, com ares de classe e superioridade, atendeu-as.
Narcisa, percebendo, disse somente, como se não quisesse gastar muitas palavras se dirigindo à mulher, isso lhe proporcionava um ar extremamente arrogante:
- Traga todos os vestidos longos.
- Qual número, senhora?
Gina pensou do que se tratava. Número? Será que era o tamanho da roupa? As roupas bruxas eram ajustadas magicamente. Começava a acreditar que bruxos realmente possuíam uma certa vantagem sobre trouxas.
- 38, para mim - Narcisa a olhou por um momento. - E 36 para esta garota - Gina a olhou assustada.
- Pois não, volto em um momento.
Quando a vendedora se afastou, Gina se virou para Narcisa.
- Senhora... Ahn... Eu não posso experimentar essas roupas... – e, completou, corando furiosamente: - Não tenho dinheiro para comprá-las.
- E com que vestido você está pensando em comparecer à festa? - perguntou Narcisa, deixando transparecer toda a sua surpresa e apreensão.
- Com... O que eu levei pra sua casa... É bonito... Eu usei no baile do ano retrasado... - Gina respondeu, hesitante, sabendo que seu melhor vestido talvez nem se comparasse ao mais simples da Sra. Malfoy. Olhava para seus pés, que se antes balançavam, agora tremiam.
- Você está me dizendo que vai participar de uma festa na casa da família Malfoy com o vestido que você usou há dois anos atrás, e que todos em Hogwarts viram? - a loira falou, num tom que Gina não soube se era de ameaça, desprezo, espanto ou pena, ou se tudo junto. Assustou-se, afinal Narcisa nunca lhe falara desse modo durante a semana. Agora via porque carregava o sobrenome Malfoy.
- S-sim, s-s-enhora... - gaguejou. - É o único que eu tenho... – seu rosto agora se aproximava cada vez mais da tonalidade de cabelos.
Narcisa respirou fundo por um momento.
- Não discuta comigo, Gina Weasley. Eu comprarei um vestido, um par de sapatos e jóias para você usar. Essa festa tem de ser perfeita, e assim será. Não medirei esforços para que isso ocorra - Narcisa ia falar mais alguma coisa, porém viu que a vendedora se aproximava com os vestidos. - Quando chegarmos em casa, conversaremos. Apenas nós duas.
- Aqui estão os modelos disponíveis.
Narcisa pegou um modelo de seda preto que valorizava o colo, possuindo alguns babados logo abaixo dos seios, deixando o colo desnudo. Assim, (como ela mesma comentou) poderia utilizar jóias imponentes que não atrapalhariam o visual.
Gina optou por um outro modelo de seda preto, com muitos babados na 'saia' e que valorizava as costas. Narcisa não aprovou, achou muito decotado. Segundo a própria, a tática correta era mostrar tudo sem exibir praticamente nada. E aquele vestido não se encaixava nesta regra. Gina agradeceu, afinal não estava se sentindo nem um pouco confortável dentro do mesmo.
Experimentaram todos os vestidos longos disponíveis, mas não gostaram de nenhum. Melhor dizendo, Narcisa gostara de todos, mas saíra da loja levando apenas uma bolsa de mão de couro de búfalo marrom e uma sandália preta de veludo, com um salto de quinze centímetros que fez Gina se perguntar como a loira conseguia se equilibrar nele.
Passaram em outras cinco lojas. Narcisa aumentava cada vez mais o número de bolsas dentro do carro, mas não tinha ainda nenhum vestido. E a única coisa que Gina ganhava a cada loja era alguns conhecimentos e muitas dores nos pés.
Até que, enfim, chegaram na loja onde encontrariam seus vestidos. Chamava-se 'Gucci', localizada ainda no centro da cidade.
Experimentaram vários vestidos até encontrarem seus escolhidos: Narcisa optara por um vestido preto de seda e cetim, o corpo era um espartilho todo bordado. Ainda continha um bolero de seda com pêlos de raposa. As sandálias novamente eram bastante altas, e pretas ("Mas as tiras são de cetim, e a costura é linda, vê?", dissera Narcisa, apontado para a linha preta ligeiramente brilhante, formando curvas, adornando todo o bico do sapato. Sim, era belíssimo, mas Gina pensava em quem iria reparar naquilo).
O mais interessante ocorreu na hora da escolha do vestido de Gina. A ruiva também optaria por um modelo preto ou de alguma outra cor neutra, porém Narcisa interrompera, e ordenara ao vendedor que trouxesse todos os modelos vermelho-sangue que havia na loja. Gina ainda tentou argumentar, mas a outra apenas lhe respondera: 'Eu sei o que estou fazendo'.
O vendedor voltou com alguns modelos, mas o primeiro logo se destacara: de seda, vermelho, com um corpete apertado, e mangas três quartos que cobriam suas costas, e terminavam em um laço no pescoço, deixando todo o colo de fora.
Gina ficou boquiaberta, enquanto Narcisa sorria abertamente para depois murmurar: 'Perfeito'. O vestido realmente ficara perfeito na ruiva, valorizando todas as curvas que ela nem achava que tinha. ('Gucci faz mágicas, querida... Literalmente', Narcisa havia comentado). Gina ainda mostrava-se indecisa, pois estava com muito medo de que tudo ficasse vermelho demais. Seu vestido seria vermelho, seus cabelos vermelhos, e se ruborizasse, se tornaria um ponto completamente rubro. Mas, Narcisa não a deixou argumentar, comprou o vestido assim mesmo, e junto um par de sandálias pretas, não tão altas quanto as suas.
E assim, seguiram para o Shopping Mall, onde comprariam as jóias.
Assim como fizeram no mundo trouxa, as duas entraram em várias lojas, experimentando muitas jóias. Narcisa comprara algumas, e o sol já estava enfraquecendo quando afinal entraram na última loja.
Uma mulher, com uma aparência austera, estava atrás do balcão, junto com uma menina, que parecia sua representação anos mais nova. Certamente, sua filha.
- Senhora Malfoy. É muito bom vê-la novamente - disse a vendedora.
- Digo que é um prazer estar nesta loja. Sinto-me até mais feliz, para não dizer aliviada – Gina sabia que se referia ao fato de ter passado o dia todo em contato com trouxas.
A vendedora sorriu sinceramente, afinal receber um elogio de um Malfoy não era para qualquer um.
- E quem é esta adorável menina? - Gina pôde perceber a entonação na voz da vendedora, porém fez por menos.
- Não a conhece, Margarete? - a vendedora fez que não. - Esta é Gina Weasley... Namorada do meu filho.
Gina viu a mulher enrijecer por um momento antes de soltar um sorrisinho falso, enquanto o rosto de sua filha mudava de cor, passando pelo vermelho, verde, púrpura e parando num branco que mais parecia cera. Alguns segundos depois, a menina saiu do transe e correu para fora da loja.
- Jennifer! – sua mãe gritou, mas a menina já estava longe. – Oh, desculpe-me pelos maus modos de minha filha. Certamente irei repreendê-la depois.
- Espero que sim. Esta menina tomou uma atitude constrangedora para todos nós. E isso é abominável - Narcisa disse, com superioridade.
- É que ela sempre teve esperanças em ser a namorada de seu fil--
- Pois deveria ter retirado isso da cabeça dela – Narcisa a interrompeu. - Afinal meu filho não namora qualquer menina, ainda mais uma que se porta de tal maneira.
- Não parece que ele fez grande escolha, não é Narcisa? - uma voz esganiçada, que claramente era de uma pessoa que tentava imitar uma fala arrastada e intimidante, mas que não obtinha muito sucesso, surgiu atrás dela. Narcisa se virou, lentamente. Gina também se virou.
- Olá, Pandora - Narcisa abriu um sorriso desafiador.
Agora Gina poderia ver quem era a dona da voz, e isso não era muito animador. Pansy Parkinson e sua mãe (Gina finalmente descobrira de onde vinha aquela cara de buldogue) estavam paradas à porta da loja.
- Surpresa em me ver, querida? - Pandora sorriu em retorno.
Narcisa deu um suspiro falso.
- Completamente. Nunca pensei que pudesse encontrar alguém como você comprando jóias.
- E eu nunca pensei que encontraria uma Weasley numa loja que não fosse de usados - Pansy entrou na conversa. Narcisa lançou-lhe um olhar perfurador e em seguida olhou para Gina, que estava completamente ruborizada. Narcisa esperou um ligeiro momento para ver se a ruiva responderia à provocação. Quando viu que ela não falaria nada, se virou para a menina:
- Não aprendeu que é muito feio se intrometer na conversa dos outros? Sua mãe não lhe deu educação? - perguntou calmamente, como se falasse com uma criança de seis anos. Depois, fingindo que havia dito algo de errado, se corrigindo. - Desculpe... Havia esquecido quem é sua mãe...
Pandora se retraiu por um momento e depois soltou um sorrisinho.
- Pansy tem razão, Narcisa. Uma Weasley, tsc tsc... Lamentável sua queda de nível. Apesar de que, me parece que o mau gosto vai passando de pai para filho... Primeiro, Lúcio se casa com você. E o filho agora namora uma Weasley... Que vergonha para o nome da família, não é?
- Muito pior seria se Lúcio tivesse se casado com você e tivesse nascido isto ao invés de um bebê... - Narcisa apontou para Pansy. Gina soltou uma gargalhada, involuntariamente parecidíssima com a dos Malfoy. Viu quando sua 'sogra' olhou para ela, admirada. E admirada ficou Gina, quando Narcisa piscou o olho, tornando então a olhar para Pandora.
- Eu recebi o convite de seu baile... Seu marido me convidou pessoalmente - Pandora mudou de assunto.
- Não sabia que meu marido era uma coruja... - Gina sorriu novamente. Viu quando Pandora se retraiu mais uma vez e cerrou os punhos.
- O que importa é que Pansy, meu marido e eu estaremos na festa. Por favor, não dê um outro showzinho de ciúmes, ta? Eles são realmente irritantes.
- Ciúmes? De quê? De um buldogue em um vestido? Por favor peço eu!
Pandora ia replicar, mas fechou a boca. Parecia que não tinha mais como afrontar. Então se virou para a filha.
- Vamos, Pansy – disse, caminhando para a porta, não sem antes lançar um último olhar para Narcisa. - Mande um beijo para seu marido e diga que nos encontraremos amanhã.
- Diga o mesmo para o Draquinho - Pansy disse para Gina, que subitamente, sem nem ao menos pensar antes respondeu:
- Acho bom mesmo avisar que ele vai te encontrar amanhã... Afinal, é bem capaz que morra de susto quando te ver, se não estiver preparado.
Narcisa olhou para Gina, deu um sorrisinho e as duas se viraram ao mesmo tempo para as outras duas e lançaram olhares iguais: desafiadores.
Pandora e Pansy se retiraram da loja e Narcisa, se virou para a vendedora:
- Onde paramos?
Uma hora depois, as duas saíam da loja com suas jóias compradas. Narcisa, com um par de brincos de ouro branco 18 quilates, esmeralda e diamantes, e um anel com as mesmas pedras, porém feito de platina. Gina, por sua vez, estava extasiada com brincos de ouro branco de 18 quilates, rubis e diamantes e um anel do mesmo material, no centro um rubi lapidado em forma de triângulo, safira e diamantes.
Satisfeitas, e conversando animadamente, voltaram para casa.
[...]
Quando chegaram à Mansão Malfoy, Draco e Lúcio ainda não estavam. Narcisa aproveitou e pediu para Kreacher impedir que seu marido subisse até o quarto quando chegasse, se ela ainda não tivesse descido. Depois, chamou Gina para a tal conversa.
Gina entrou no quarto e se impressionou com a beleza do local. Agora, já sabia o quanto que eles eram ricos, mas ainda ficava interessada nos detalhes daquela casa. O quarto era em tons claros, possuía uma cama enorme no centro dele, com cortinas. Tinha ainda duas mesinhas de cabeceira, duas poltronas, uma planta em um canto. Gina viu que do lado oposto à porta, havia uma porta maior, que dava para uma varanda, só que estava fechada. Pode perceber que ao invés de uma passagem para o banheiro, tinham duas. E logo percebeu, que cada um tinha o seu próprio banheiro.
- Sente-se.
Gina se acomodou em uma das poltronas que estava do lado direito do quarto. Narcisa sentou-se na cadeira em frente à penteadeira.
- Sabe, Gina... - Narcisa iniciou, enquanto penteava seus cabelos. - Venho reparando em você esta semana. Não se assuste. É natural que queira conhecer melhor a menina por quem meu filho está apaixonado. Sim... Eu sei que ele está apaixonado. Se existe uma pessoa que eu conheço nesse mundo, essa pessoa é o Draco. E é por conhecê-lo perfeitamente, que eu te chamo pra essa conversa. Você o ama, Gina?
Narcisa se virou, encarando-a.
- Eu o amo mais do que tudo nesta vida, senhora. Digo isso com toda sinceridade.
- Eu acredito em você. Assim como quero que acredite que, nesta semana de convivência, pude ver que é uma ótima menina. Seria hipócrita se dissesse que engoli o namoro de vocês em uma primeira instância, mas depois que a conheci pessoalmente, posso afirmar que meu conceito mudou bastante. É por isso que eu quero te ajudar. Você quer ser ajudada, Gina?
- Ser ajudada em quê? - perguntou.
- Oras, Gina. Qualquer um vê que vocês dois são como água e óleo: completamente diferentes. Entendo que você tenha sido criada sem luxos e mordomias, mas tem que perceber que o Draco foi criado dessa forma, e que ele vê em mim um modelo feminino. Um padrão tanto de beleza como de inteligência e outras coisas mais. Assim, você mesma pode reparar que nós duas também somos diferentes. Consegue ver onde eu quero chegar?
- Que eu não sou boa o suficiente para o Draco? - Gina disse, com um nó se formando em sua garganta. Não acreditava que depois do que Narcisa lhe fizera, diria que ela não merecia seu filho.
- Eu não disse isso. Disse apenas que vocês são muito diferentes. Você é diferente do padrão que meu filho sempre conheceu. Sabe, na vida muitas vezes temos que nos adequar às situações para que possamos sobreviver. O mundo muda, e se não mudarmos junto, não nos adaptarmos, seremos extintos. Você sabe disso muito bem. O que eu quero dizer, Gina, é que se você ama o Draco e quer ficar com ele, você tem que se adequar ao padrão ao qual ele está acostumado.
- Mas... Mas eu não posso fazer isso. Nem tenho condições para isso. Veja a senhora: boa postura, bom comportamento, sempre sabe o que dizer... Completamente diferente de mim.
- Gina... – ela disse, sorrindo tão complacente que Gina desconfiou. - Quando você riu de Pandora hoje, e quando respondeu à Pansy, você demonstrou para mim que é capaz disso. Saiba que, quando eu disse que queria conversar, não era nada disso que queria te dizer. Eu achava que precisava abrir seus olhos e que isso seria complicado. Mas depois das suas atitudes, vi que você já tem o potencial, só precisa desenvolver. E é para isso que eu estou aqui, para ajudar nisso.
- A senhora irá me ajudar... Como? - perguntou, curiosa. Gina sabia que queria ser como Narcisa, se portar como ela e ser admirada como ela era. Na maioria das lojas em que entraram hoje, Gina pôde ver que muitas pessoas a tratavam com respeito. E isso não era por medo e sim porque Narcisa inspirava respeito, porque os trouxas a tratavam assim e eles não conheciam a fama dos Malfoy, ou sequer o mundo mágico. E era isso que queria. Muitas vezes se sentia diminuída ao lado de Draco. Era refinado e muito bem educado (embora não desse a oportunidade para a maioria pessoas saber disso). E Gina queria se sentir assim. Ser assim.
- Bem, não posso fazer milagres, afinal, só temos até amanhã. Mas se trabalharmos arduamente, conseguiremos um bom resultado. Hoje, ensinarei o básico. Etiqueta corporal, o que inclui movimentos em geral, e além disso daremos um trato em você: cabelos, pele, unhas... E o mais complicado: aprender como se portar diante das adversas situações que ocorrerão. Pansy Parkinson estará aqui, e certamente a afrontará. E você precisará responder como a namorada de um Malfoy. É isso que você tem que colocar na sua cabeça agora, Gina. Você é namorada de um Malfoy e precisa agir como tal. Aceita?
Gina pensou por um instante, respirou fundo, e concordou com a cabeça.
[...]
Sábado, 19:38.
Gina se olhava no espelho pela enésima vez. Quem a visse tomando essa atitude, certamente acharia que era porque estava insegura quanto ao que estava vestindo. Na realidade, ela se olhava infinitas vezes porque ainda não acreditava que a imagem refletida fosse sua.
Já estava devidamente arrumada: o vestido vermelho-sangue delineando seu corpo; as sandálias pretas lhe conferindo alguns centímetros a mais; as jóias de rubis e diamantes valorizando a produção; o cabelo preso em um coque leve, duas mechas soltas, formando um cacho em cada lado da face; uma maquiagem simples, mas que fez uma diferença enorme em seu rosto. Parecia uma outra pessoa.
Esperava ansiosamente para ver seu namorado, e saber como ele reagiria. Torcia para que gostasse. Na realidade, sabia que ele iria adorar, apenas queria ver qual seria sua reação. E é lógico, pensava também na cara da Pansy quando a visse. Isso sim seria interessante e bastante divertido.
Saiu de seu devaneio quando Kilt apareceu no quarto, fazendo a habitual reverência exagerada. Seu nariz enorme quase bateu no chão, e Gina viu-se rindo disso.
- Senhora Malfoy enviou Kilt. Kilt avisa que os convidados já chegaram e que a senhorita tem que descer em breve. Jovem Malfoy virá buscar senhorita.
Gina assentiu com a cabeça e o elfo se retirou, não sem refazer a reverência. A ruiva levou a mão ao estômago. Nem fazia idéia de quem estaria no jardim da casa dos Malfoy, mas mesmo assim sabia que cada presente ocupava uma posição favorecida na sociedade bruxa. Muitos deveriam fazer parte daqueles que moravam em Wiltshire, alguns poderiam vir do Ministério e, porquê não, alguns Comensais? É lógico que ainda não havia tirado de sua cabeça que Lúcio Malfoy era um Comensal da Morte, mesmo que tivesse lhe tratado muito bem durante a semana. Quem estaria lá embaixo? Será que conseguiria corresponder a todas as expectativas que Narcisa havia depositado nela? Será que desempenharia um bom papel sendo a namorada de Draco Malfoy? Isso só seria respondido quando, enfim, estivesse no baile.
...
8:00 PM
Draco foi caminhando lentamente até o quarto de sua namorada. Não poderia dizer que era contra as festas e bailes dados por sua família, mas achava que não eram necessários. Eram divertidos sim, mas totalmente supérfluos. Por quê pensava desse modo? Porque achava que a maioria das pessoas estava ali apenas por interesse. Sempre era um evento social importante, onde os bruxos mais influentes do país estavam presentes. Era uma boa oportunidade pra se infiltrar nos assuntos sociais e se tornar conhecido. E, além disso, havia muita comida e bebida de graça. Quem não se interessaria?
Mas essa não era a pior parte. De longe, o mais irritante para o loiro era passar horas debaixo daquelas vestes de gala que tanto odiava. A que usava hoje era preta, com detalhes em verde musgo. Bonita, mas desconfortável.
Bateu de leve na porta. Esperou alguns segundos, olhando para suas unhas, como se tivesse achado algo de muito interessante nelas. Estava encostado na soleira da porta quando esta se abriu.
Sua boca se abriu sem que pudesse controlar. Perdeu o ar por um momento e achou que nem precisava mais dele. Sentiu suas pernas tremerem ligeiramente, mas logo voltaram ao normal. Olhou para aquela mulher à sua frente várias vezes, e sempre que fazia isto, piscava freneticamente. Se não fosse pelos cabelos vermelhos, pelas sardas (que estavam quase escondidas debaixo da maquiagem), o sorriso aquecedor e os olhos castanhos que tanto amava, diria que aquela não era sua Gina. Melhor dizendo, era óbvio que ela não estava irreconhecível, e seria estúpido dizer que havia aflorado uma beleza súbita nela. Simplesmente, sua surpresa se explicava unicamente pelo fato de que ela estava arrumada de um modo que ele nunca vira antes. Estava com uma postura que ela nunca havia tido. E a vendo de um modo tão diferente, era impossível não ficar boquiaberto.
- E então? Não vai dizer nada? - perguntou com a mesma voz doce.
- Ahn... Não, ainda não... Me deixe admirar por mais um momento...
Gina sorriu.
- E então? Gostou?
- Você está linda...! Linda é pouco... Está maravilhosa! - Draco a puxou pela mão para que pudesse vê-la fora do quarto. - Nem quero que você desça para o baile. Não irei suportar ver todos os olhares direcionados a você...
- Seu bobo. Lógico que vai ter alguém mais bonita do que eu.
- Impossível. Eu tenho a namorada mais bela do mundo. Com ou sem esse vestido... - murmurou com um tom malicioso. Gina ruborizou.
- Há! Agora você ficou mais linda. Totalmente vermelha! - Draco caçoou e ela deu-lhe um tapa leve no ombro.
- Pare com isso, senão vou ficar mais vermelha, e eu não posso. Acalme-se, Gina... Respire... - falava para si mesma, abanando-se com as mãos. Draco sorriu.
- Que bom que vocês já estão aqui. Vamos descer? - Narcisa falou atrás deles. Draco virou-se para sua mãe e sorriu. Ela estava belíssima, toda de preto, seus longos cabelos loiros presos em um penteado complicado. Estava elegante como sempre, e isso já não era motivo de tanta surpresa; o que chamou a atenção de Draco foram seus olhos, que pareciam mais azuis e muito mais brilhantes que o comum.
- Vocês combinaram isso? Combinaram que iriam arrasar nesse Baile? - Draco perguntou, em tom de brincadeira. Lúcio completou:
- Sinto muito, filho, mas posso afirmar que a minha acompanhante é mais bela do que a sua. Embora seja páreo duro. Você está muito bonita, Gina - Lúcio disse com sinceridade. Talvez sendo a única vez durante toda a semana que ele falara desse modo com a ruiva.
- Não concordo. Lógico que Gina está mais bonita... Sinto muito, mamãe, mas é a verdade.
- Vamos parar com essa disputa infantil. Gina e eu estamos no mesmo padrão esta noite, portanto vocês dois estão empatados. Vamos descer?
Narcisa deu o braço para seu marido, e desceram, seguidos por Draco e Gina, que haviam feito o mesmo. Caminharam até onde o baile seria realizado, ao lado da piscina. Tudo estava iluminado por centenas de velas de chamas mais fortes que o comum, que flutuavam pelo local. A decoração impecável era resultado do trabalho de um dia inteiro dos profissionais de decoração de uma empresa bruxa. Havia lindas flores, em arranjos imponentes, circundando todo o caminho feito até uma tenda. Sem contar a piscina, que também recebera uma decoração à parte.
Quando Gina conseguiu ter a vista do Salão, congelou. Não eram muitos, mas as presentes valiam por cem pessoas comuns. E isso era o que mais temia. Mesmo assim, tentou se controlar e continuou caminhando com o modo mais pomposo que conseguiu. O Salão estava perfeitamente decorado. Dezenas de mesinhas, com cerca de cinco cadeiras cada, estavam dispostas geometricamente. De um modo estratégico fora deixado um espaço que seria usado como pista de dança. Uma equipe de garçons servia o local, nunca deixando alguém sem comida ou sem bebida, que faziam parte de um cardápio diversificado. Tudo fora milimetricamente planejado por Narcisa e tudo saía em sua devida perfeição.
Cumprimentaram algumas pessoas. Eram tantos nomes que Gina não conseguiu guardar todos. Sabia que falara com Cornélio Fudge e sua esposa, com os Bulstrode, Nott, Crabbe, Goyle e mais algumas outras famílias.
Curioso foi ver a reação das pessoas quando a olhavam. Alguns diziam alguma coisa, como Cornélio Fudge ,que espantado dissera: "Essa é a menina Weasley...? Impressionante!". Gina viu quando Pansy a encarou. Como a menina da loja que visitara no dia anterior, Pansy mudou de cor várias vezes, seu rosto se retraindo, e Gina pôde ver que ela apertava a toalha da mesa com tanta força que poderia rasgá-lo. A ruiva soltou um sorrisinho debochado e se aproximou mais de seu namorado.
Draco e Gina se sentaram, depois de circularem entre todos. Lúcio e Narcisa também se sentariam lá, mas seguiram para a pista de dança, para estreá-la.
Alguns minutos depois, Draco também tirou Gina para dançar. Não fez isso somente por pura formalidade, mas sim porque tinha vontade de dançar com sua amada pela primeira vez. Sim, havia dançado com ela no Baile de Inverno, mas não sabia que era ela, por isso não contava. Talvez fosse exatamente por isso que sempre imaginara dançar com Gina diante de tantas pessoas, talvez fosse por puro capricho. Ou para demonstrar que não importava o que dissessem, sempre estaria com ela, pois a amava. Ou ainda, poderia ser por todos esses motivos reunidos. O que interessava no momento era saber que estava ali, dançando num Baile em sua casa, com a mulher que amava, e a mais bonita da festa. A mais bela das belas. Fitou-a por um longo tempo enquanto dançavam. Ela sorria alegremente, feliz. E isso era o suficiente para que ficasse feliz também. Era extremamente reconfortante tê-la em seus braços, em todos os sentidos. Amava-a profundamente e sempre soubera disso, mas de vez em quando se assustava com a intensidade do sentimento que tinha dentro de si. Nunca achara que seria capaz de nutrir algo assim por alguém, e agora se via deste modo: completamente apaixonado e inebriado por aquela garota.
Sem nem ao menos pensar se estaria sendo piegas, ele disse:
- Eu não consigo viver sem você, Gina...
Gina ficou séria por um momento, olhando-o. Não era por falta do que dizer, afinal tinha muito que dizer para ele. Era sim porque ele nunca dizia algo romântico pra ela e quando o fazia, tinha que aproveitar. Sorriu docemente e disse:
- E você acha que eu posso viver sem você? Mesmo que um dia você queira, eu nunca vou te deixar...
- Mas eu não quero. E nunca vou querer. Nós vamos ficar juntos para sempre, escutou? Sempre...
Um baile era realmente um acontecimento especial. Draco dizia seguidas frases românticas... Era algo histórico. Gina sentiu lágrimas vindo aos seus olhos, mas não podia deixar que caíssem. Borrariam sua maquiagem.
- Você diz isso da boca pra fora. Um dia você me largará sem dó nem piedade - disse, brincando. Draco manteve-se sério.
- Como te largaria se você é o que eu mais amo nessa vida?- falou com sinceridade.
- Ahhh, Draco... Como eu te amo...
Draco se aproximou e deu um selinho de leve na namorada. Gina induziu-o a girar um pouco o corpo, e quando ela ficou de frente para Parkinson, não refreou um sorrisinho.
Algumas horas se passaram, com muita dança, sorrisos, alegria, tilintares de talheres, brindes, apertos de mãos e palavras polidas.
Gina foi até um grupo que conversava em um lado do salão, atendendo ao chamado de Narcisa.
- Gina... Quero lhe apresentar duas grandes amigas minhas: Susanne Avery, e esta é Kristin Jugson.
- Satisfeita em conhecê-las - Gina deu um sorrisinho vazio, assim como as duas mulheres.
Conversaram durante um tempo sobre assuntos sem importância, depois que fizeram perguntas sobre o namoro entre os dois. Tudo corria bem, até que Narcisa disse:
- Sinto muito, queridas, mas Gina e eu temos que resolver um pequeno problema.
- Que problema, senhora? - Gina perguntou baixinho, preocupada.
- Aquele ali...
Narcisa apontou para o outro lado do Salão, onde Lúcio e Draco conversavam com Pandora e Pansy Parkinson. Gina respirou fundo e contou até dez, pensando que Draco era seu namorado, e que assim seria até quando quisesse. Uma técnica bem eficaz pra se manter calma, ensinada (em partes, na realidade, ela tinha que pensar em algo que a fizesse se sentir segura) por Narcisa no dia anterior.
As duas caminharam calmamente até o grupo. Narcisa parou ao lado de Lúcio, e Gina ao lado de Draco.
- Olá, Pandora... É realmente um prazer encontrar você dois dias seguidos.
- Eu digo o mesmo, Narcisa. Bela festa... Custo a acreditar que foi você mesma quem a planejou.
- Você não custa a acreditar, querida... Você custa a pensar, é bem diferente.
Lúcio tossiu, certamente tentando esconder que estava rindo.
- E então... - Pansy iniciou com a sua voz esganiçada. - Teve que vender sua casa pra comprar esse vestido, Weasley?
Draco olhou para a namorada, para ver sua reação. Ao contrário das outras vezes, quando sempre corava violentamente, ela manteve um sorriso na face, mas estava levemente ruborizada. Poderia apostar que só ele percebera.
- Na realidade, não... Não precisei de tanto. Mas se fosse preciso vender algo, certamente venderia você para pesquisas de aberrações mágicas – respondeu secamente.
Draco não foi tão discreto quanto seu pai. Riu abertamente, sem se preocupar com Pansy. Depois, quando a menina lhe lançou um olhar aborrecido, ele, ainda tentando parar de rir, murmurou:
- Não pude evitar. Foi engraçado.
- Draco, vamos deixar as damas conversarem. Vamos falar com Crabbe e Goyle - Lúcio disse.
Draco olhou para Gina, como se perguntasse se podia. Ela lançou-lhe um olhar de aprovação, ele deu um beijo em seu rosto e se retirou com seu pai.
- Parece que seu marido não consegue ficar muito tempo com você, não é Narcisa?
- Bom... Considerando que estamos casados há quase vinte anos, acho que sua teoria está um pouco errada. Temos que convir que é bem mais provável que ele não suporte a sua presença... Aliás, nem seu marido consegue essa proeza. Ainda não o vi com você por mais de dez minutos.
Enquanto Narcisa e Pandora conversavam 'amigavelmente', Pansy resolveu atacar Gina.
- Você está aí, toda feliz porque está sendo apresentada como a namorada do Draco. Mas isso vai acabar...
- Eu sei que você está querendo muito isso... E quanto mais você quiser, mais vontade eu vou ter de ficar com ele.
- Pois saiba que eu não vou desistir do Draco. Logo, logo, ele se cansará dessa diversãozinha que está tendo com você e voltará pra mim.
Gina olhou-a com uma aparência falsa de consideração.
- Eu tenho pena de você, sabia, Parkinson? Pois o seu destino será o mesmo que o da sua mãe. Cobiçará para sempre o marido dos outros, mas nunca o terá.
Pansy ficou vermelha e Gina se sentiu bem com isso. Pela primeira vez em toda sua vida conseguia responder as provocações de alguém que não fosse seus irmãos. E ainda saiu vencedora, já que a outra baixou a guarda antes dela. Não poderia ser mais perfeito, pois ainda se tratava de uma sonserina. Era a vitória de um leão sobre uma serpente. Mas depois dessa, será que realmente representava os leões?
De repente, sentiu duas mãos abraçando-a pela cintura. Percebeu de imediato que era seu namorado. Encostou a cabeça nos ombros dele, e levou uma mão ao rosto dele, ainda mantendo o olhar preso em Pansy. Até que ele disse:
- Vamos dançar, querida?
- Certamente - respondeu com um sorriso.
Ao se retirar, ainda escutou quando Pandora dizia para Pansy algo como 'Ainda iremos acabar com essa mania de superioridade delas'. Sorriu para si. Ela era superior.
Os dois dançaram durante horas assim como os pais de Draco. Até que enfim, só restavam dois casais na pista de dança e no Salão.
Draco pediu licença aos pais e se retirou com Gina para os jardins da casa. Caminhavam de mãos dadas, ela segurava o par de sandálias na outra mão. Estava muito cansada pra continuar em cima daqueles saltos.
- Você se saiu muito bem - ele iniciou, olhando para a grama.
- É... Estou bastante aliviada. Posso dizer que sua mãe foi de grande ajuda.
- Como assim? - perguntou, olhando-a.
- Ah... Ontem nós conversamos e ela me deu algumas dicas... Sobre etiqueta, essas coisas... Me deixou livre pra ficar à vontade, mas chamou minha atenção para alguns detalhes.
- Por isso você estava agindo diferente! Uma postura diferente! - constatou, animado.
- Sim... Você gostou? - Gina parou de caminhar e olhou o namorado.
- Adorei. Gosto de você de qualquer jeito.
- De qualquer jeito? - Gina fez uma cara maliciosa.
- Principalmente desse que você está pensando...
Ela colou o corpo junto ao dele e sentiu quando ele estremeceu ligeiramente.
- Porque você não prova...?
- Não faz isso, Gina... Eu não tenho autocontrole quando tratamos desse assunto...
- Pelo menos me beije - pediu, sussurrando.
Draco não pensou duas vezes e puxou a namorada mais para si, como se isso fosse possível. Beijou-a com ânsia e desejo. Ela largou as sandálias no chão e depositou uma das mãos nas costas dele e outra no pescoço, pois sabia que ele adorava. O beijo ficava cada vez mais forte, os corpos estavam cada vez mais próximos, tanto que ela se desequilibrava de vez em quando. Ele desceu a boca para o pescoço, fazendo Gina morder os lábios. Ela logo sentiu que ele estava ficando bem 'animado' com a situação e o provocou ainda mais, dando leves mordidas no lóbulo da orelha dele. Ele parou o beijo e se direcionou a orelha dela e sussurrou:
- Eu te desejo tanto... Estou ficando louco...
- Eu também, amor... Eu também...
Ele a beijou novamente, aprofundando as carícias. Vinha uma voz na cabeça dela que dizia: 'Pare! Os pais dele podem aparecer!', mas ela a ignorava. Estava tudo tão bom...! Não conseguia pedir para ele parar.
Continuaram se beijando e se tocando por um bom tempo, até que um barulho os assustou.
- Seus pais! Acho melhor entrarmos! - Gina falou, preocupada.
- Não se importe com eles, Gina. Vamos continuar... - ele disse, tentando beijá-la no pescoço.
- Não seja louco! Não podemos! Vamos entrar!
- Perfeito. Você me enlouquece e depois me fala para parar? - perguntou aborrecido.
- Você sabe muito bem que não é isso. É só que eu não quero arranjar confusão com seus pais. Me desculpe...
- Só te desculpo se você for uma boa mocinha e não trancar a porta.
- Draco!! Seus pais estão em casa!!! – exclamou.
- E daí? Vai me dizer que eles ficam em abstinência total quando estou em casa?
- Eles são casados! Nós não!
- Não seja por isso – Draco deu um beijo leve na mão dela. - Quer se casar comigo?
- Pare de brincadeiras! Não teve graça.
- Estou falando sério. Quanto ao quarto e quanto ao casamento.
- Bobo... Vamos entrar...
- E quanto às minhas propostas?
- Não. Para as duas... Por enquanto... - Gina deu um sorrisinho enquanto Draco ficou emburrado.
[Momentos Antes]
- Lúcio! Pare de se mexer! Você sentou num formigueiro? - Narcisa ralhou.
- Droga! Estou tentando ver melhor!
- Mas você vai fazer barulho, assim!
- Se você não parar de gritar, eu nem vou precisar fazer algum barulho - retrucou, contrariado. Quando foi se mexer mais uma vez, derrubou um vaso de camélias de cima de uma janela.
- LÚ... Hmmfff!!! - Lúcio tampou a boca dela pra que ela não gritasse. Ficou assim um bom tempo, até que sua mulher descarregasse toda a sua raiva, xingando todas as suas gerações, até se acalmar.
- Você quebrou meu vaso de camélias! E ainda chamou a atenção dos dois! Está vendo, seu imprestável?
- Fale mais baixo! Se eles nos acham atrás desse arbusto vai ser ridículo!
- Sempre foi ridículo, desde quando você deu a idéia! Por quê eu aceitei? Me responda! - disse, alterada.
- Porque você sempre aceita o que eu digo.
- Mentira!
- Ah, é? Você é louca por mim! Negue! - Lúcio nem mais se preocupava em chamar ou não a atenção do casal.
- Eu estava sob algum feitiço quando me casei com você...
- Não, um feitiço... Uma poção, do Amor... - Lúcio parou por um momento. Sua mulher o encarou com um sorriso feito nos lábios e os olhos cheios de zombaria. - Eu sei, isso foi ridículo.
- Foi a pior coisa que eu já ouvi em toda a minha vida! - disse, rindo.
- Pelo menos você se acalmou.
- Tá. Vamos parar com essa besteirada. Será que deu certo?
- Não sei, Narcisa. Não sei. Você realmente acha que você vai conseguir influenciar essa pirralha? - perguntou, olhando para o casal, que já vinha caminhando na direção deles. - Shhh, espere um momento. Eles vão passar.
Lúcio puxou a mulher para mais perto de si, para que Draco e Gina não os vissem. Quando eles passaram, Narcisa falou:
- Só sei que essa menina tem que cair no nosso plano. Eu não passei a semana inteira aturando-a, não gastei meus preciosos galeões e ainda dei lições de moral para que não tivesse resultados. Ela vai vir para o nosso lado. Você verá, ela vai perceber que tem muito mais vantagem em ser uma Malfoy, e renegará aquela família podre dela. Será o único jeito, porque nosso filho está caído por essa pobretona brega.
- Eu preferia ter pulado essa parte e ter ido logo para o plano Z: matar a idiota. Sem contar que seria o melhor, pra não dizer divertido.
- Não dá! Não por enquanto. A guerra ainda nem começou direito... Vamos esperar mais um tempo. Se isso não der certo, então atacaremos.
- O que eu posso fazer, não é? - Lúcio deu de ombros. – Só posso esperar, até poder ter um pouco de diversão...
- Nós podemos imitar o que eles estavam fazendo e termos um pouco de outro tipo de diversão... Que tal? - Narcisa provocou.
- E você ainda pergunta...! - Lúcio a beijou, e os dois entraram na Mansão.
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N/A 1: Enfim... Esse capítulo chegou ao fim...Ficou enorme, né? E ficou cansativo??? Espero realmente que não!!!!
N/A 2: Gostaria de agradecer por todas as reviews que eu recebi no capítulo passado! Ameiiiii! Muito obrigada também pra quem leu o capítulo mas não revisou!
N/A 3: Tá legal... Prometo que no próximo capítulo eu me controlo e não escrevo mais 17 páginas...
N/A 4: Conseguiram entender qual foi o planinho do casal Malfoy??? Será que eles conseguiram avanços??? E vão chegar ao objetivo???
N/A 5: No próximo capítulo: Draco vai pra Toca pra passar uma semana lá. Ou pelo menos tenta... Até a próxima!!!!
