N/A: Sim!!! Uma N/A antes do capítulo.
Primeiro, gostaria de dizer que este capítulo está I-M-E-N-S-O. O maior da fic. Por isso, eu dividi em dois, pra facilitar a leitura. Eu gostaria de pedir que, pra que vocês aproveitem o melhor dele, leiam somente quando tiverem (bastante) tempo.
E, depois, esse capítulo é um pouco diferente, por ter algumas trilhas sonoras. Foi apenas pq eu achei q, como filme, os momentos de 'clímax' sempre tem alguma música, por isso, escolhi algumas que tinham a ver com as passagens e coloquei aqui, ok?
Tenham uma boa leitura!!!! Espero, sinceramente, que gostem.
PS: Se vcs quiserem revisar cada parte desse capítulo (Parte I e Parte II), eu agradeço, tá? =P
E quem quiser revisar a parte de N/As... Eu tbm ficaria feliz!!! *Tatiana: a maníaca por reviews*
Capítulo 28- A vida continua... Parte I
[Horas Antes]
- Harry! Harry! Acabou!!!- Hermione correu na direção dele. Ao chegar perto, viu Draco caído em cima de um túmulo e parou.- O que aconteceu aqui?
- Ele está muito ferido. Acho que não vai resistir. Desmaiou há pouco tempo.
- Oh, deixe-me ver isso.- Hermione se aproximou. Havia se especializado na medicina bruxa, nos últimos anos.- Nossa... Isso está bem grave.- ela falou, fazendo uma careta.- Não posso fazer muita coisa. Posso estancar essa hemorragia, fechar o machucado, mas teremos que levá-lo para o St. Mungus.
- Faça o que você puder, Hermione.- Lupin disse e depois se virou para a mulher que estava atrás dele.- Tem algo que você possa fazer, Tonks?
- Nada que Hermione não consiga.- A mulher disse, com os olhos fixos no corte do Draco e com uma expressão apavorada.
- Você acha que ele irá sobreviver?- Sirius perguntou.
- É difícil dizer. Está bastante sério. E ele parece estar fraco demais. Temos que correr com ele.- Hermione disse, tentando se concentrar, mas parecendo bastante nervosa. Por um instante, todos ficaram em silêncio, apenas olhando para o que a menina iria fazer.
- Olhe! Ele está se mexendo!- Harry exclamou.
- Gina...- Draco murmurou.- Mãe...
- Ele não está acordando. Está delirando, por causa da febre. Ele está pelando. Como ele se feriu?- Hermione perguntou.
- Acho que foi nessa estátua quebrada. Tem um pedaço do pano da roupa dele aqui.
Hermione não comentou mais nada. Voltou sua atenção para o ferimento do Draco, como se já tivesse se decidido o que fazer. Em pouco tempo, a hemorragia já tinha cessado, e o ferimento, fechado.
- Agora temos que levá-lo para o St. Mungus. Vamos logo.
Todos começaram a se agitar. Lupin conjurou uma maca para Draco, que ainda delirava. Sirius e Arthur foram verificar o que tinha acontecido pelos escombros da luta, ainda faltavam alguns aurores, eles poderiam estar feridos, ou até mesmo, mortos. Decidiram, então, que Hermione, Harry, Rony e Tonks iriam diretamente para o St. Mungus, com Draco, enquanto os outros ficariam pelo cemitério, vasculhando o local.
Enquanto se preparavam para aparatar, Harry se virou para Rony:
- Esse cara gosta mesmo da sua irmã, hein... Nem delirando ele deixa de pensar nela.
- Estou vendo... Eu pensei que seria impossível um Malfoy gostar de alguém, mas pelo que vejo...- Rony murmurou contrariado.
- Tem certos sentimentos que a gente não nasce com eles... A gente aprende a conviver com eles...- Harry comentou, por fim.
[...]
When you say
Quando você diz:
"I miss the things you do"
"Eu sinto falta das coisas que você faz"
I just wanna get that close again to you
Eu só quero ficar bem perto de você de novo...
But for now
Mas agora,
Your voice is near enough
Sua voz está próxima o bastante
How I miss you and I miss your love now
Como sinto tua falta e agora sinto falta do teu amor
And though all the days
that passed me by so slow
E embora todos os dias tenham passado por mim tão devagar
All the emptiness
inside me flows
Todo o vazio dentro de mim flui
All around and there's no way out
Por toda parte e não há saída
I'm just thinking so much of you
E estou pensando tanto em você
There was never any doubt
Nunca houve nenhuma dúvida
Gina estava sentada na mesa, durante o café da manhã. Mantinha o seu olhar baixo, característico dela, desde que a Ordem da Fênix havia ido para a batalha. Estava abatida. Não conseguira pregar os olhos durante toda a noite. Seus pensamentos estavam na batalha, onde seu pai, seus irmãos, seus amigos e seu namorado estariam lutando. Não conseguia parar de imaginar o que aconteceria caso um deles não voltasse bem de lá. Esses pensamentos fizeram com que ela perdesse totalmente a fome, e até agora havia apenas olhado para a comida na mesa.
Às vezes se punia, porque, inconscientemente, ela acabava pensando mais em Draco do que na sua própria família. Talvez, isso fosse devido a última conversa que eles tiveram. Fora tudo extremamente intenso. Vários sentimentos unidos dentro dela a tal ponto que ela não conseguia distinguir qual que prevalecia. Olhara dentro daqueles olhos azuis e vira, pela primeira vez, o que ele estava sentindo, sem nenhuma barreira. Sem nenhuma interrupção. Realmente, ele a amava. Gina tinha certeza que se ele não a amasse, ele não demonstraria sua fraqueza diante dela.
I can wait forever
Eu posso esperar para sempre
If you say you'll be
there too
Se você disser que também estará junto de mim
I can wait forever if you will
Eu posso esperar para sempre se você esperar
I know it's worth it all
Eu sei que vale a pena
To spend my life alone with
you
Passar a minha vida sozinho com você
Como Draco havia mudado... Quando eles começaram a namorar, ele não passava de um menino mimado, que não se importava com ninguém além dele mesmo. Possuía muitos preconceitos, e a grande parte deles era direcionada a família dela. Infelizmente, ele não havia obtido grandes avanços nesse ponto. Ainda hostilizava a sua família, mas ao menos, poupava os comentários quando estava na frente dela. O mais importante foi que Draco aprendeu a conviver com pessoas diferentes dele. Gina se lembrava o quanto que eles eram diferentes no início do namoro. Tudo ali conspirava para que não desse certo. No entanto, eles estavam há mais de dois anos juntos... Era realmente muito tempo. Ninguém teria apostado que eles ficariam tanto tempo juntos. Nem ela mesma...
E agora, ela não via a sua vida mais sem Draco Malfoy. Tudo o que pensava fazer, todos os planos que ela tinha, ele estava envolvido. Ia do mais complexo plano para o futuro, até a mais simples veste que ela comprava. Tudo era feito pensando se ele iria gostar ou não, ou se ele poderia fazer parte ou não. Caso a resposta fosse negativa, Gina mudava os seus planos de imediato. Não queria fazer nada em sua vida, que não tivesse a ver com seu namorado.
When it looked as though
my life was
wrong
Quando minha vida parecia estar errada
You took my love and
gave it somewhere to belong
Você conquistou o meu amor e deu-lhe um lugar próprio
I'll be here
Eu estarei aqui
When hope is out of sight
Quando não houver nenhuma esperança
I just wish that I was next
to you tonight
Eu só desejaria estar junto a você hoje à noite
And though
Mas mesmo assim
I'll be reaching
for you even though
Eu vou tentar te sentir mesmo que
You'll be
somewhere else my love will
go
Você esteja em outro lugar, meu amor seguirá
Like a bird on its way
back home
Como um pássaro de volta ao ninho
I could never let you go
Eu nunca poderia ter deixado você partir
And I just want you to know
E eu só quero que você saiba
Saber que ele estava numa guerra, onde não havia vantagens entre o certo ou o errado, o bem ou o mal, onde havia apenas a luta pela própria sobrevivência, era cruel. Pensar na possibilidade que ele poderia não voltar com vida, na possibilidade de nunca mais fitar aqueles olhos azuis, de ver aquele sorriso debochado após fazer um comentário maldoso... De nunca mais abraçá-lo, beijá-lo... Nunca mais estar em seus braços.
Um arrepio percorreu a espinha de Gina e ela sentiu seu estômago embrulhar instantaneamente. A pouca fome que ainda lhe restara, fora embora com esses pensamentos. Resolveu mudar o curso dos seus pensamentos e se concentrou por um tempo na comida da sua mesa. Estava brincando com a colher no seu suco de abóbora, quando um barulho conhecido a fez levantar o olhar: era o barulho do salto de Narcisa Malfoy.
Houve muito burburinho quando ela entrou no Salão, afinal, em todos os dias que Narcisa havia estado no castelo, ela não havia aparecido em público e, por isso, muitos ignoravam a sua presença. De início, ela pareceu constrangida, e Gina, lembrando-se da promessa que havia feito a Draco, levantou-se da mesa e foi até Narcisa:
- Olá, senhora Malfoy.- Gina cumprimentou, tentando soar simpática.
- Olá...- Narcisa respondeu num tom onde demonstrava claramente que havia esquecido o nome da menina.
- Gina, senhora...- respondeu a ruiva, cordialmente.
- Oh, sim... Claro. Gina...Como pude me esquecer?- ela pareceu pensar.- Tenho tido muito que me preocupar esses dias.
- Compreendo perfeitamente. Venha... Vamos tomar o nosso café da manhã.- Gina se dirigiu à mesa.
- Hum... Na mesa da Grifinória?- perguntou num tom de desprezo.
- É a minha casa e eu creio que a senhora não faça objeção alguma em sentar conosco ao menos um dia.
A loira pareceu pensar.
- Lógico que não.- disse, finalmente, com um sorriso falso.- Vamos.
Narcisa estava claramente desconfortável na mesa da Grifinória, mas Gina fingiu não perceber. Uma coisa era cuidar da mãe de Draco, outra era bajulá-la, e ela estava preocupada demais para se importar se ela estava ou não satisfeita em estar sentada à mesa junto com grifinórios.
'Eles saíram há mais de um dia...', pensou enquanto tentava beber um pouco do suco. 'E nenhuma notícia foi dada ainda. Será que eles estão bem? O que deverá ter acontecido? Eles encontraram Você-Sabe-Quem?', essas perguntas passavam como flash na cabeça de Gina, acabando com qualquer tentativa da menina em pensar em qualquer outro assunto. Por esse instante, a comida da mesa já não parecia mais tão interessante. Por mais que tentasse se concentrar, a imagem da guerra perfurava a sua cabeça e ela, fracamente, desistia.
- Eu sei o que você está pensando.- Narcisa comentou ao ver as feições de Gina, mas parecendo não se importar.- Não se preocupe, o Lord está morto.
- Como a senhora sabe?- perguntou desconfiada, mas com uma alegria crescente dentro dela.
- Sabendo...- disse unicamente, voltando-se para o pedaço de torrada.
- Oh, isso é maravilhoso!- Gina exclamou levando as mãos à boca. Narcisa olhou para ela e seus olhares se encontraram. A ruiva viu uma sombra passar pelos olhos dela e foi quando ela reparou: Narcisa não era mais a mesma. Conservava ainda a beleza e o ar de superioridade que sempre fora característico. Mas, agora, algo nela parecia demonstrar que ela estava cansada, ou até triste. 'Ela perdeu o marido e o filho está na guerra. Ninguém é tão insensível a ponto de não sentir um baque desses.', Gina pensou.
A loira, logo quebrou o contato com o olhar e tornou a olhar para a torrada.
- Sim, é. - comentou com indiferença.- O Lord das Trevas fora derrotado, mas não sabemos quantas vidas foram sacrificadas para isso.
A pouca alegria de Gina se esvaiu. Ela não havia pensado nessa possibilidade. 'Será que tinha havido baixas na Ordem da Fênix?', pensou preocupada. Novamente, os pensamentos de antes invadiram a sua mente. Temia ficar louca. Não agüentava mais a ansiedade. Precisava de uma notícia, não importava qual fosse.
And you worry now
E você se preocupa agora
And you with
a faults to be share
Com a culpa para dividir
Keeping strong so long
Mantenha-se forte por muito tempo
And you know
I'll always be there
Você sabe que eu sempre estarei aí
Num impulso, Gina colocou a mão por dentro das vestes e apertou o cordão de Draco com toda a força que tinha. Não havia tirado-o do pescoço desde quando ele havia lhe dado. Não tirou nem para dormir ou para tomar banho. Temia que, se tirasse, algo pudesse acontecer com Draco. Ela achava que, de algum modo, eles pudessem estar interligados por aquele colar, e que, mantendo-se com ele, ela poderia mandar algum tipo de vibração positiva ou força para ele. E foi buscando força, que ela apertou o cordão. Desejava com todo o seu ser que ele estivesse bem e que essa tortura acabasse logo. Não agüentava mais.
O café da manhã passou todo em silêncio. Gina não comentara mais nada. Na realidade, nem havia largado do cordão, embora não o apertasse mais. Narcisa comeu apenas uma ou duas torradas e Gina viu que ela enrolava com o seu suco de abóbora, provavelmente para ter uma desculpa para não conversar com ela.
Já haviam terminado o café e se preparavam para se retirar do Salão Comunal quando a porta se escancarou. Num instante, Gina dirigiu seu olhar em direção a porta e mesmo antes de saber quem era, sentiu seu coração sendo comprimido. No entanto, ao ver quem estava entrando, ele passou a dar vários saltos, e ela podia senti-lo na garganta: era Sirius Black. A Ordem da Fênix estava de volta.
Num pulo, Gina levantou-se do banco e correu em direção à porta do Salão Principal. Em instantes, que para ela pareceram horas, ela parou à frente deles. Com um sorriso largo, ela deu um grande abraço no Sirius, que o retribuiu.
- Oh, por Merlin, como eu fiquei preocupada com vocês!- Gina disse, soltando-se do abraço. Muitas pessoas do Salão já haviam se levantado e corrido na direção deles.- Diga pra mim que vocês trazem boas notícias.
Sirius manteve-se impassível olhando para Gina. Depois olhou para todos em volta, lentamente. A menina sentia seu coração dando batidas ritmadas, parecia que iria parar. Respirou fundo, numa tentativa de forçá-lo a continuar trabalhando. Levou as mãos ao pingente.
- Por favor, Sirius, não nos mate de ansiedade!- Profª McGonagall havia exclamado.- Acabou, enfim?
Gina poderia escutar o som de uma pena caindo no chão. Ninguém falava. Mais: poderia dizer que muitos ali tinham segurado a respiração, como se isso fosse fazer com que Sirius falasse mais rápido.
Sirius olhou para ela e sorriu.
- Voldemort está morto!
Numa explosão, todos gritaram de alegria. Muitas pessoas se abraçaram, chorando. Todos comemoravam a tal ponto que abraçavam pessoas que nunca tinham trocado uma palavra. Para eles, nada disso importava. O que realmente importava era que o Lord das Trevas havia sido derrotado. Gina sorria e derramava lágrimas ao mesmo tempo. Chorava de felicidade. Finalmente o mundo das trevas havia caído. Agora só restava paz para o mundo mágico. A guerra havia acabado! O sofrimento havia chegado ao fim!
Correu para abraçar outras pessoas, aqueles que eram muito importantes pra ela: seu pai, Gui, Carlinhos, Rony, Harry... Eles estavam de volta. Porém, a cada abraço que dava, um pouco da sua alegria se dissolvia. Queria abraçá-lo. Queria dizer o quanto o amava.
Abraçou mais duas pessoas... Seu sorriso começou a morrer. 'Cadê ele que não veio me abraçar logo?'
Por fim, não restava mais ninguém para abraçar. Já não sorria mais. Olhava para todos os lados, faltavam algumas pessoas... Faltava o Draco.
Com um esboço de um sorriso, Gina perguntou:
- Cadê o Draco?
Ninguém pareceu notar a sua pergunta. Seu coração se acelerava cada vez mais, a cada segundo que se passava.
- Cadê o Draco?- perguntou, quase num grito.
Aqueles que escutaram a pergunta pararam de comemorar e olharam para ela, mas ninguém disse somente uma palavra. O sorriso forçado que ela tinha feito, morreu.
- Onde está o Draco? Por quê ele não está aqui?? O que aconteceu com ele???- perguntou, se alterando.
- Acalme-se minha filha!- Sr. Weasley pediu. Foi em direção dela e a abraçou.
Essa atitude do pai, só fez piorar a situação. Gina encarou como se ele tivesse tentando consolá-la e isso não era nada bom. Ela se alterou mais ainda.
- NÃO!!! COMO VOU ME ACALMAR??? CADÊ O DRACO???- perguntou, desesperada. As lágrimas de alegria se tornaram em lágrimas de tristeza... E começaram a rolar pelo seu rosto. Tentava fazer força para sair dos braços do seu pai, mas não conseguia. Se sentia tão fraca...
- Ele está n---
Gina o interrompeu.
- Por Merlin, não me diga que ele está morto. Por favor, não me diga...- levou as mãos no rosto. Não queria que todos vissem o quanto que ela estava frágil. Parecia que toda a tensão que estava acumulada dentro dela começou a explodir, tudo de uma vez.
- Ele não está morto, Gina!- Sirius exclamou.- Ele está internado no St. Mungus.
Gina levantou o olhar. Por um instante, pareceu se acalmar, mas ainda tremia incontrolavelmente.
- Internado? O que aconteceu com ele?
- Ele foi atingido enquanto duelava com Voldemort, sofreu um corte profundo e perdeu muito sangue.- Gui Weasley explicou.
Gina soltou um soluço forte e reiniciou a chorar, mas por apenas alguns instantes.
- Oh, não... Mas ele ficará bem, não é? Está tudo bem com ele?- perguntou, preocupada.
- Nós voltamos de lá agora, Gina... Ele precisou receber um pouco de sangue.
- Mas ele ficará bem, Gui?- Gina perguntou, novamente.
- Não sabemos.- ele se viu forçado em dizer. - Os medibruxos disseram que não podem afirmar nada. Ele ainda corre risco de vida e só o que podemos fazer por ele é esperar.
Gina sentiu suas pernas fraquejarem. Se seu pai não estivesse segurando-a, certamente ela teria caído no chão. Não escutava nada além do que sussurros. Não prestava mais atenção em nada. Só passava pela sua cabeça que seu namorado estava internado entre a vida e a morte. Já sabia que todos da sua família estavam bem e, por isso, se sentia livre para se preocupar apenas com ele. Lágrimas escorreram pelo seu rosto. Sentia-se destruída.
Escutou um burburinho maior, que lhe chamou a atenção. Olhou para o lado, lentamente, como se não tivesse forças para tanto. Narcisa Malfoy havia acabado de desmaiar.
Muitos correram para acudir a Sra. Malfoy, porém Gina não conseguia ter forças para tanto. Não conseguia ao menos se desvencilhar dos braços de seu pai. Porém, Arthur vendo a preocupação da filha, a levou mais pra perto. Alguns instantes depois, com um feitiço fácil, Madame Pomfrey fez com que Narcisa acordasse. De início, ela ficou tonta e não entendeu o que havia acontecido, porém, depois que Sirius explicou, ela se mostrou bastante irritada consigo mesma por ter desmaiado na frente de tantas pessoas, principalmente dos que ela repudiava. Levantou-se, mesmo ignorando os protestos de todos, que diziam que ela deveria descansar, e se dirigiu para o Salão Comunal.
[DOIS DIAS DEPOIS]
There can be miracles
Pode haver milagres
When you believe
Quando se acredita
Though hope is frail
Ainda que a esperança seja frágil,
It's hard to kill
É dura de matar
Who knows what miracle
Quem sabe que milagre
You can achieve
Se pode alcançar
When you believe
Quando se acredita
Somehow you will
De algum modo você alcançará
You will when you believe
Você alcançará quando acreditar
- Estamos aqui para nos despedirmos de pessoas maravilhosas, que nos deixaram de modo abrupto, sem que pudéssemos dizer o quanto que elas eram importantes para nós, sem que pudéssemos, ao menos, nos despedir. Mas, assim é a vida. Nem sempre ela nos dá a oportunidade de fazer algo que já deveríamos ter feito há muito tempo. Muitas vezes, nós nos damos conta apenas quando perdemos. Porém, tenho certeza que as pessoas que hoje não estão mais entre nós, sabiam exatamente o quanto que elas eram queridas por nós. Pessoas excepcionais, que entregaram a sua vida em busca de uma causa e morreram lutando por ela. Vai ser muito difícil nos acostumarmos sem essas pessoas, tamanha será a falta que iremos sentir, mas o que nos serve de consolo é sabermos que elas morreram lutando por aquilo que acreditavam e mais ainda, que a morte deles não foi em vão. Esteja onde eles estiverem, eles estarão felizes, porque finalmente, nossa luta chegou ao fim.- Dumbledore parou por um momento. Engoliu em seco, mas continuou.- E, eu espero que a morte deles realmente não tenha sido em vão. Que a partir de hoje, nós tenhamos na nossa mente e nos nossos corações, toda a luta que tivemos que enfrentar, tudo que tivemos que passar para chegarmos até aqui. E que os melhores ensinamentos sejam refletidos na nossa atitude e que a gente busque sempre o bem. O repentino desaparecimento de nossos amigos deve ser mantido como lembrança do quanto nós somos frágeis e que devemos correr sempre atrás dos nossos objetivos e lutar por eles. Vamos seguir os exemplos dos nossos companheiros. Kingsley Shacklebolt e Alastor Moody, pessoas nobres e que agora, descansam em paz.
Não era um enterro de verdade. Fora apenas uma cerimônia, idealizada por Dumbledore para homenagear aqueles que não haviam sobrevivido à guerra. A cerimônia fora realizada nos jardins de Hogwarts, porque as vítimas, de algum modo, haviam tido algum tipo de relação com a escola. Várias cadeiras estavam dispostas lado a lado e um palanque, onde se encontrava Dumbledore, estava de frente para elas. Havia dois murais, um de cada lado do palanque, que flutuavam a alguns centímetros do chão. No da esquerda, havia fotos de Kingsley Shacklebolt, em todas as épocas de sua vida. As fotos haviam sido tiradas em momentos felizes, mas naquele instante, as fotos estavam cabisbaixas. No da direita, estavam as fotos de Alastor Moody, que eram poucas. Parecia que não gostava de tirar fotos e, nas poucas que tinha, estava naturalmente carrancudo.
Just believe
Apenas acredite
You will when you believe
Você alcançará quando acreditar
Um silêncio fúnebre pairava sobre eles. Mesmo que muitos ali não tivesse tido contato com Shacklebolt ou com Moody, eles sabiam o que a morte deles representava. Sabiam do compromisso que assumiam daquele momento em diante: nunca mais deixar que o caos se instalasse de tal modo no mundo mágico, onde vidas foram sacrificadas. Todos queriam paz e iriam fazer de tudo para que ela se mantivesse.
Gina participava da cerimônia ainda bastante abalada. Draco ainda se encontrava no St. Mungus, mas estava se recuperando bem. Estava se saindo melhor do que a expectativa dos medibruxos. Isso a confortava um pouco, mas ela sabia que, enquanto ele não estivesse fazendo algum comentário sobre alguém da sua família, ela não se sentiria em paz.
Narcisa Malfoy, como já era de se esperar, não participou da cerimônia. Na realidade, ela havia sido vista poucas vezes pelos corredores de Hogwarts. Gina desconfiava que Dumbledore havia recrutado algum elfo para que ele a servisse no Salão Comunal da Sonserina. Ou então, ela estava passando fome, já que ela não aparecia nas refeições.
No fim, todos se dirigiram para dentro do castelo, mas Gina permaneceu um momento do lado de fora. Foi em direção ao lago e sentou-se, olhando para nenhum ponto em especial. Estava absorta em seus pensamentos. Não sabia ao certo quanto tempo ficara ali, até quando alguém se sentou do lado dela, assustando-a.
- Harry! Que susto!- ela sorriu fracamente.
- Fico realmente agradecido em ver que eu sou responsável por esse tipo de reação...- ele disse, sorrindo pra ela.
- Não seja bobo. Eu estava apenas distraída...- ela voltou sua atenção para o lago.
- Pensando no Malfoy, suponho.
- Não é tão difícil de adivinhar assim, não é?- ela lançou-lhe um olhar rápido - Eu só tenho feito isso nesses últimos dias.
- Eu estou percebendo... Todos percebem, na realidade. Nós estamos preocupados com você, Gina.
- Preocupados com o quê? Eu estou bem...- ela murmurou, como se não tivesse certeza do que afirmava.
- Você só vive pelos cantos, envolta nos seus pensamentos, quase não se alimenta direito...- Harry enumerou.- São motivos de sobra para ficarmos preocupados.
- Eu só ficarei bem quando ele sair de lá. Eu sinto muito a falta dele, Harry!- uma lágrima escorreu e Harry a abraçou.
- Tenho certeza que ele também sente a sua. E afirmo que é estranho te dizer isso.
- O que você quer dizer?- ela levantou o olhar e o fitou.
- Ninguém te contou o que aconteceu no cemitério?
Ela balançou a cabeça, em negativo.
- Bom...- Harry iniciou.- Quando eu cheguei até o ponto mais alto do cemitério, Malfoy estava duelando com Voldemort. Na realidade, ele já estava com uma grande vantagem sobre ele, porém ele parecia muito nervoso, descontrolado e nós começamos a discutir. Nesse meio tempo, Voldemort lançou um feitiço, sem a ajuda duma varinha. Foi um mero 'Expelliarmus', mas que fez com que Malfoy voasse longe. O feitiço não era pra causar nenhum efeito mais sério nele, sendo que ele caiu direto numa estátua quebrada, que havia em cima de uma lápide. Isso fez um corte enorme e profundo no abdômen dele.- Gina fez uma expressão horrorizada.- Eu ainda tentei socorrê-lo, mas ele pediu que eu terminasse com o que ele havia começado. Eu, então, me virei e matei Voldemort. Foi fácil porque ele já estava fraco. O Cruciatus que o Malfoy havia lançado afetou-o. Depois, fui ver como ele estava. Ele sangrava muito e eu não sabia o que fazer. Meus conhecimentos de medicina bruxa não era o suficiente para fazer alguma coisa. Tentei então, mantê-lo acordado, o que também não surtiu muito efeito. Em instantes, ele desmaiou. De início, achei que ele tinha morrido.- Gina deu um gritinho abafado.- mas logo vi que não. Ele ainda respirava, mas muito debilmente. Em questão de minutos, todos chegaram até lá, e Hermione conseguiu estancar a hemorragia e fechar o machucado. E, foi aí que eu vi que ele realmente gostava de você, Gina. Ele começou a delirar por causa da forte febre que sentia, e ele só dizia duas palavras: mãe e Gina. E, foi assim até quando ele chegou no St. Mungus. É isso que eu te digo: não se culpe. Ele adora você. Você sabe que eu não iria mentir quanto a isso, nem tenho motivos pra isso. De fato, isso contradiz tudo que eu acreditava até agora sobre Draco Malfoy...
Gina respirou fundo e deu um sorriso de leve.
- Esse Malfoy pra vocês, é novidade... Mas eu já o conheço há muito mais tempo...
- Quando você dizia, eu juro que eu não acreditava.
- Eu sei. Afinal, ele não mudou com todo mundo. Infelizmente, esses sentimentos bons só são dirigidos a mim e a mãe dele. Ninguém mais.
Harry permaneceu em silêncio e agora também fitava o lago. Gina se desvencilhou do abraço, deitou na grama que estava ligeiramente molhada e murmurou:
- Que meu amor fique bom logo, pra que eu possa dizer pra ele o quanto eu o amo...
[QUINZE DIAS DEPOIS ]
Draco se sentia dolorido. Parecia que havia sido triturado ou que havia caído de uma vassoura a 30 metros de altura. Não sabia exatamente qual parte do seu corpo doía mais: sua cabeça, suas pernas, seus braços...
Chegou a conclusão que tudo doía do mesmo modo, e isso não era animador. Tinha vontade de abrir os olhos, mas não conseguia. Sentia como se os cílios tivessem grudados um no outro. 'Será que estou morto?', pensou. Seu coração se acelerou. Não queria estar morto.
Tentou fazer um esforço e mexeu seu dedo. Conseguiu. Com um pouco mais de força, mexeu a mão. Escutou ao fundo alguém dizer: 'Olhe! Ele está se mexendo!!'. Não estava morto, então! Isso o fez ficar mais tranqüilo, mas ainda se sentia inquieto. Embora soubesse que era de alguém conhecido, não conseguiu identificar de quem era a voz. Havia sido muito longe, bastante deturpada. Queria abrir os olhos de qualquer jeito. Queria ver sua mãe e Gina novamente. Queria saber se estava bem e se iria sobreviver.
Com mais uma dose extrema de força, tentou levantar o seu braço. Durante vários minutos, tentou, mas foi em vão. Com um suspiro, resignou-se. Ainda doía muito pra conseguir levantá-lo. Resolveu, então, focar as suas energias em tentar abrir os seus olhos. Seria muito mais fácil. Começou a se concentrar, mas uma voz o impediu.
- Acorde Draco...Por favor...
Era ela!!! Era a voz doce que ele tanto conhecia e que ele tanto gostava de escutar. Era Gina! Seu coração acelerou, e doeu. Tudo doía, mas ele não se importava no momento. Gina estava do lado dele e pra ele, isso era o mais importante. Sentiu quando ela segurou na sua mão. Ele se sentiu mais forte. Precisava de qualquer jeito abrir os olhos para encontrar mais uma vez aqueles olhos castanhos, que ele tanto amava. Decidiu esquecer que Gina estava tocando a sua mão e resolveu se concentrar. Precisava de forças e, não havia nada mais forte, do que a vontade que ele tinha de ver novamente aqueles cabelos flamejantes na sua frente.
Sentiu como se saísse de um buraco negro e descobrisse uma nova habilidade: a de enxergar. Abriu seus olhos vagarosamente, tentando se acostumar com a claridade. Não havia muita luz, mas a pouca que tinha, afetava muito os seus olhos. Para sua felicidade, ao terminar de abrir os seus olhos, deu de cara com um par de grandes e expressivos olhos castanhos, fitando-o, a poucos centímetros de seu rosto.
- Até que enfim acordou, seu preguiçoso.- ela sorriu, mas seus olhos se encheram de lágrimas.
Novamente, fazendo um pouco de força, ele falou:
- Dormi por muito tempo?
- Dezoito dias. Tempo demais na minha opinião...
Ele olhou para ela e deu um sorriso fraco, de meia boca.
- Eu realmente precisava dormir um pouco.
Gina sorriu.
- Só Merlin sabe o quanto que eu sofri por não poder escutar esses comentários...- disse, fazendo um biquinho, como se tentasse refrear o choro. Passou a mão pelos cabelos loiros platinados dele.
Draco queria a todo custo limpar as lágrimas dela, inclusive tentou. Mas logo, a dor exagerada que sentiu, o fez lembrar que não podia mover muito o seu braço.
- Por quê eu não consigo me mexer? Eu não estou...
- Não! Lógico que não! Por Merlin, Draco... Nem pense numa coisa dessas... Madame Pomfrey disse que é natural. Você sofreu uma queda muito forte, quebrou alguns ossos, e mesmo depois que eles forma consertados, você não os mexeu, porque estava desacordado. Por isso que está sentindo dor... Irá passar.
- Quebrei alguns ossos? Quais?- perguntou, tentando mudar um pouco de posição na cama.
Gina ajudou-o a levantar um pouco o pescoço.
- Você quebrou um no seu braço direito, duas costelas e teve uma luxação nas pernas. Acho que só...
- Uau! Só? Eu quase fiquei em frangalhos... O pior é que eu não lembro de ter sentido dor nesses lugares...- ele deu um gemido de leve. Falara muita coisa em muito pouco tempo. Gina deu um olhar reprovador.
- Lógico. O seu corte doía muito mais. E antes que você pergunte: seu corte já está fechado. Você perdeu muito sangue, mas não será dessa vez que você irá morrer.
- Não será dessa vez que você vai se livrar de mim...- ele disse com um sorrisinho de meia boca.
- A última coisa que eu quero agora é me livrar de você.- ela disse séria.
Os dois ficaram se fitando durante bastante tempo. Como Gina havia sentido falta desse olhar... Draco também, porque, por mais que tivesse passado todos esses dias em que ficara desacordado, ele se sentia como se tivesse a noção exata do tempo que havia ficado 'fora do ar' e por isso, a saudade também o atingia. Sem contar os inúmeros sonhos que havia tido com ela.
Muitas vezes, apenas o olhar era melhor do que muitas palavras e, naquele momento, a intensidade do olhar transmitia tudo o que eles queriam dizer um pro outro, toda a saudade que haviam sentido, toda a angústia que haviam passado e o quanto que eles se amavam.
Gina passou a mão, novamente, pelos cabelos platinados dele, que fechou os olhos. Ele se sentia cansado, mas não queria dizer isso pra ela, porque ela iria mandá-lo descansar e ele não queria. Ele queria ficar com ela por todo o tempo que conseguisse.
Ouvira um barulho de passos e a Madame Pomfrey apareceu em frente à cama.
- Ah, nosso paciente acordou. Que bom.- ela exclamou.
Draco lançou um olhar confuso para Gina. Ela, entendendo, explicou:
- Você foi trazido para cá em menos de uma semana. Os medibruxos acharam melhor que você ficasse perto da sua mãe, dos seus amigos, já que não tinha mais nada a se fazer, além de esperar que você acordasse.
Draco não comentou nada e nem deixou nada transparecer nas suas feições e, por isso, Gina não sabia se ele tinha gostado ou não da idéia. Na realidade, nem ele sabia direito se havia gostado. Lógico que ficava feliz em estar perto da sua mãe e da sua namorada, mas ficar desacordado na Ala Hospitalar de Hogwarts não era um tratamento digno de um Malfoy.
- Tome isso, Sr. Malfoy...- Madame Pomfrey disse, gentilmente. Draco, muito relutante e depois de olhar milhares de vezes dentro do copo que lhe foi oferecido, bebeu o medicamento.- Agora é bom que você descanse.
Draco olhou para ela.
- Eu dormi durante dezoito dias e você vem me dizer pra descansar? Você está louca?- zombou.
- Draco!- Gina ralhou.- Madame Pomfrey tem razão. Você precisa descansar.
- Mas, Gina...
- Sem 'mas'... Descanse.
Draco suspirou resignado e se ajeitou na cama. Mal havia decidido descansar, novos barulhos de passos invadiram a Ala Hospitalar. Dumbledore e sua mãe apareceram na frente da cama.
- Olá, Draco.- Dumbledore disse cordialmente, com seus olhos azuis cintilando.
- Mãe...- Draco murmurou, ignorando Dumbledore por uns instantes. Estava muito mais feliz em ver o rosto de sua mãe novamente.- Olá, diretor.
Narcisa se aproximou do filho, e parou do outro lado da cama, ficando de frente para Gina.
- E então, meu filho? Como você está se sentindo?- perguntou baixo, mas parecia não se importar em parecer preocupada com o filho na frente de outras pessoas.
- Estou sentindo um pouco de dor, mas já estou bem. Pronto para uma outra batalha.- disse, dando um sorriso debochado.
- Nem diga uma coisa dessas, Draco. Se você se meter em algo desse tipo novamente e praticamente fazer com que eu tenha um colapso nervoso, eu deserdo você!
- Não precisa me ameaçar... Não sou idiota de entrar numa guerra novamente.
Narcisa sorriu de leve e passou a mão pelo cabelo do filho.
- Eu espero que não haja uma outra guerra, Draco. Voldemort está morto. Ele não é mais uma ameaça. E você teve uma grande participação nisso tudo. Muitas pessoas estão gratas a você, inclusive eu.
- Não fiz isso pelas pessoas, o senhor sabe muito bem, diretor.- disse, seco.
- Eu sei... Seus motivos podem não ter sido os mesmos que os das outras pessoas, mas o objetivo era o mesmo. E, por isso, você acabou ajudando a todos nós. E é isso que agradecemos.
Draco resolveu não replicar. Viu que não adiantaria muita coisa, por isso, apenas acenou com a cabeça, aceitando o agradecimento. Dumbledore manteve seu olhar no de Draco, sem desviar por nenhum momento. Até que falou:
- Acho que você tem mais alguma coisa a me dizer...
- Eu? Não mesmo... É apenas impressão.- Draco disfarçou e olhou pra baixo. Resolveu não encarar mais Dumbledore. Ele tinha sim algumas dúvidas sobre o que havia acontecido no cemitério. Ele sabia que, por mais que tenha treinado Maldições Imperdoáveis, que por mais que conseguisse proferi-las, fazer com que Voldemort se desestabilizasse era algo realmente grandioso e ele não sabia que tinha capacidade para tanto.
- Você não tem nenhuma pergunta sobre o que aconteceu no cemitério?- perguntou, ainda fitando-o.
Draco balançou a cabeça em negativo.
- Gina já me contou tudo o que aconteceu lá...
Dumbledore pareceu pensar por um momento. Depois, respirou fundo e disse:
- Você tem um grande poder, Draco. Eu nunca contrariei isso. Percebi desde o momento que você entrou nessa escola. Eu sempre presto muita atenção nos meus alunos, mesmo os mais relutantes e com você não foi diferente. Você percebeu, naquele cemitério, a força que você tem. Tenho certeza que você deve estar se perguntando como conseguiu confrontar Voldemort como um igual. Como se ele não fosse o grande bruxo que todos temiam. A resposta é que você tem o poder pra isso. Sua mãe é uma grande bruxa e seu pai também foi um, mesmo que não tenha utilizado do melhor modo.- Draco crispou os lábios. Gina apertou um pouco a mão dele, como se sinalizasse pra que ele não respondesse.
– Ainda assim, você buscou conhecimento nos livros e se aperfeiçoou. Uma atitude muito sensata. Mas o que mais te ajudou não foi isso, Draco... E sim os seus sentimentos.- Pela primeira vez desde que Dumbledore iniciara a falar, Draco levantou o olhar e se encontrou com o do diretor.- Sim, não me olhe desse jeito. Os seus sentimentos lhe ajudaram a vencer essa batalha. Você estava ferido, magoado com a súbita perda do seu pai e queria vingá-lo. Se olharmos por cima, poderíamos dizer que foi ódio, mas no fundo, a saudade e o amor que você sente pelo seu pai, foi o que te deu a maior força para lutar. O Cruciatus que você lançou em Voldemort fez um efeito tão devastador porque o que você mais queria no momento era feri-lo do pior modo possível. Queria fazer com que ele sofresse como você sofreu. E você conseguiu. A maior arma contra Voldemort sempre foi os sentimentos. E você os usou, mesmo que não tenha se dado conta disso.
Draco estava confuso. De início, estava odiando aquele homem que estava à sua frente. Quem era ele para falar dos seus sentimentos? Quem era ele para lhe dar lições de moral e dizer o que ele havia feito? Ele não estava lá para saber! Quem era ele para falar do seu pai? Mas depois que parou para pensar, viu que ele tinha razão. No momento em que lançou o Cruciatus em Voldemort, ele sentiu ódio como nunca sentira antes na vida. Tinha uma vontade inexplicável de ferir aquele homem à sua frente, de fazê-lo sentir dor, de matá-lo... Somente a imagem do seu pai, morto, vinha à sua cabeça e isso fazia, com que cada vez mais, quisesse lançar a Maldição com mais força. E, lembrando disso tudo, Draco teve que concordar com Dumbledore.
Não fez nenhum comentário. Dumbledore se deu por satisfeito, pediu licença com um sorriso condescendente e se retirou da Ala Hospitalar. Por um momento, ninguém disse nada. Narcisa e Gina olhavam para Draco enquanto ele parecia absorto nos seus pensamentos.
- Você pode nos deixar a sós por um momento?- Narcisa perguntou para Gina. A menina apenas balançou a cabeça em afirmativo e se afastou.
- Draco...- ela chamou. Ele olhou para ela, com um olhar indecifrável.- O que esse velho disse... É verdade?
- Ele sempre é metido a dono da verdade, mas nunca sabe de nada. Porém, creio que ele tem razão em partes.
- Que partes?
- Quando ele disse que no momento em que eu lancei a Maldição, o que mais eu queria era causar dor, feri-lo...
- Você queria isso..?- ela perguntou com cuidado.
- Lógico, mãe! Ele matou o meu pai. Você queria que eu fosse bonzinho com ele?- perguntou, rude.
- Não se altere. Estou te tratando bem até agora e não é porque você se tornou um herói que você poderá me tratar deste modo.- ela disse calmamente.
Draco fez uma careta, mas não respondeu. Narcisa parecia querer dizer algo, porém sempre olhava para o teto e engolia em seco. Repetiu esse processo algumas vezes, até que disse, rapidamente:
- Eu quase morri de preocupação. Não sei o que seria de mim se tivesse acontecido alguma coisa com você. Nunca mais faça isso comigo, Draco!- depois, abraçou-o com cuidado.
Quando se separaram, ele sorriu para ela, e se olharam nos olhos.
- Pode deixar que eu não irei fazer isso novamente. Primeiro porque eu tenho amor a minha vida e depois... Eu não consigo ficar longe da mulher mais bonita do mundo.
Narcisa sorriu e segurou a mão dele.
Foram interrompidos por Madame Pomfrey que retornara para ver o paciente.
- Não acredito que ele ainda está acordado!- disse, aborrecida.- Esse menino tem que descansar! Por favor, senhora... Peço que se retire.
- Você não pode mandar em mim!- Narcisa respondeu, num tom insolente.- Ele é meu filho e eu fico com ele o tempo que eu quiser.
- Se a senhora realmente gosta do seu filho, deveria deixá-lo descansar. Ele passou por muitas provações, precisa descansar ou ele nunca irá se recuperar.
Narcisa olhou para o filho, que sinalizou dizendo pra que ela não causasse mais confusão. Ela deu um leve beijo no rosto do filho e saiu da Ala Hospitalar.
[DIAS DEPOIS]
Draco estava caminhando com passos apressados. Tinha urgência em chegar até aquela sala e abraçar a sua namorada. Tinha dias que ansiava por isso. Seu coração batia rapidamente, mas eram ritmadas, fazendo com que ele chegasse a sentir um leve mal-estar. Parecia que se não a encontrasse naquele dia, naquele momento, ele não sobreviveria.
Quando alcançou a sala, respirou fundo antes de girar a maçaneta.
Desta vez, Gina não estava sentada na janela, e sim, recostada na parede, parada de frente para porta. Ao vê-lo entrando, ela abriu um enorme sorriso e correu na direção dele, parando apenas alguns centímetros na sua frente.
- Oh, Draco! Você não sabe como eu fiquei feliz quando recebi a sua coruja, dizendo que já havia saído da Ala Hospitalar!
- Pois não parece estar tão feliz assim. Não me deu nem um abraço...- ele reclamou, dando de ombros.
- Seu bobo! Eu que fiquei com medo de te machucar.- ela disse, abraçando-o de leve em seguida.
- Gina... Pode aumentar a intensidade... Eu não sou de porcelana.- ele disse, sorrindo e ela correspondeu, abraçando-o fortemente.
- Senti sua falta.- ela disse com a voz um pouco abafada, pois estava com o rosto afundado nos ombros dele.
- Eu também, Gina.- ele deu um suspiro leve, mas que ela percebeu porque estava muito junto dele - Eu também.
Gina levantou o olhar que se encontrou com o dele. Ela se sentia como se fosse a primeira vez que olhava naqueles olhos cinzentos. Sentiu sua mão transpirar, seu coração acelerou e ela respirou fundo, porque o ar lhe faltava. Pensava que nunca mais iria ter essa sensação. Que nunca mais iria ficar tão próxima dele. E agora, ele estava ali, ao seu alcance e ela novamente estava em seus braços.
Ele levou a mão ao rosto dela. As respirações pareciam coordenadas. Ela deu um suspiro, de leve.
Gina achava que ele daria um daqueles beijos sedentos, que era tão característico dele. Mas, contrariando as suas previsões, Draco abaixou-se e lhe deu um beijo terno, mais parecido com uma carícia, o que fez com que Gina se arrepiasse. Era um beijo calmo, como se ele quisesse aproveitar cada momento e cada sensação que aquele beijo proporcionava. Ficaram se beijando durante vários minutos, não se cansavam, queriam a todo custo recuperar o tempo perdido.
Ele parou de beijá-la e olhou-a nos olhos.
- Que falta eu senti de você, meu amor.- ela disse, sussurrando.
Ele tocou no rosto dela com a mão direita e a outra mão estava repousada na cintura da menina. Manteve-se sério enquanto a olhava, até que disse:
- Eu amo você, Gina.
Dessa vez, foi ela que tomou a iniciativa do beijo. O beijo, dessa vez, foi mais excitante. Ele puxou-a mais pra perto de si, pressionando o corpo dela junto ao seu. A mão dela, que passeava pelo tronco dele, parou em um momento sob a cicatriz dele. Ele fez uma expressão de dor.
- Ainda dói?- ela perguntou, preocupada.
- Não é bem dor. É um incômodo. Madame Pomfrey disse que ela nunca ficará completamente curada. Poderá doer quando o tempo mudar ou coisa do tipo...
- Posso ver?- perguntou, meio receosa.
Ele concordou com a cabeça e retirou o colete, a gravata e a blusa. Primeiro, Gina soltou um suspiro ao ver novamente o tórax nu dele na sua frente, mas depois, tornou a olhar pra cicatriz, onde manteve-se por muito tempo. Ela pareceu interessada na cicatriz, Draco percebendo, comentou:
- Hum... Parece que meu destino é ser passado pra trás por uma cicatriz...- ele disse, desdenhoso.
Ela sorriu e tornou a olhar nos olhos dele.
- Não mesmo... Eu prefiro o dono dessa cicatriz aqui...- ela disse, puxando-o e colando novamente os corpos com um beijo intenso.
Ele foi empurrando-a lentamente até a mesa que se encontrava perto deles. Quando ele a recostou na mesa, ela soltou um gemido abafado pelo beijo dele. Em um instante, ele tocou-a na parte externa da coxa e, num impulso, puxou-a para cima da mesa, colocando-a sentada. Ela o puxou mais pra perto, sem parar com o beijo, que ficava cada vez mais sedento, mais malicioso.
Ele foi empurrando o corpo dela, ligeiramente, até que estivessem deitados, em cima da mesa, um sob o outro. Quando Draco foi beijá-la novamente no pescoço, ele parou. Levantou um pouco a cabeça e permaneceu fitando o pescoço da menina.
- O que foi?- Ela perguntou, se levantando um pouco.
- Nada.- ele respondeu, ainda sem olhar pra ela. Mantinha o olhar no pescoço.- Estou apenas olhando o meu cordão.
- Ah, sim. Esqueci de devolvê-lo. Eu cuidei muito bem dele. Tome...- ela se sentou na mesa pra retirar o cordão mas ele a impediu.
- Não. Não me devolva agora. Depois você pode fazer isso.
Ele ainda olhou para o cordão com uma expressão indecifrável e tornou a beijá-la.
Gina não sabia como tinha conseguido sobreviver sem aquele beijo. Sabia que Draco já era parte dela e tinha certeza que ele se sentia da mesma forma.
Draco aumentava a intensidade do beijo, deitando-a novamente. Sentia saudade de ter Gina nos seus braços, da sensação de vê-la adormecida em seus braços. Fazendo uma força imensa, Draco parou o beijo.
- O que foi?- ela perguntou, ofegante.
Ele não respondeu. Levantou-a da mesa e com um movimento da varinha, transformou a mesa em uma cama, exatamente igual àquela onde eles fizeram amor pela primeira vez.
Gina sorriu e Draco pegou-a no colo, deitando-a na cama. Ele começou a tirar a blusa da menina, que em instantes jazia ao lado da cama, junto com as suas roupas. Deitou-se sobre ela, jogando de leve o peso dele. Ela apertou-o nas costas, puxando-o mais pra perto de si. Queria sentir cada parte do corpo dele tocando-a. Queria senti-lo. Queria amá-lo.
Os movimentos dos dois se completavam como se estivessem enxergando as próximas ações, como se soubessem exatamente o que o parceiro faria em seguida. Enquanto não estavam se beijando, estavam olhando-se nos olhos. Os dois estavam numa sincronia perfeita desde o primeiro beijo até se tornarem novamente um só.
Nesse momento, ainda ofegante, suado e um pouco descabelado, Draco murmurou:
- Eu amo você... Sou louco por você...
Ela sorriu, e puxou-o para perto de si, abraçando-o.
Algum tempo depois, Gina encontrava-se adormecida nos braços de Draco. Ele não conseguia dormir porque se mantinha olhando-a, perdido em seus pensamentos e devaneios. Por um momento, acariciou o cabelo da menina e depois, seu olhar se fixou no cordão que ela mantinha no pescoço. Passando o dedo de leve pelo pingente do cordão, ele murmurou:
- Nós seremos muito felizes... Para sempre.
