Capítulo 29- A vida continua... Parte II
Draco estava recostado numa estátua na entrada do Salão Principal. Faltava apenas uma semana para o fim do ano e o Baile dos formandos seria feito no outro dia. Como era de praxe, Dumbledore deveria fazer um discurso, dando os parabéns aos que estavam saindo da escola.
Ele não queria participar dessa cerimônia. Devido à experiência dos anos anteriores, sabia que Dumbledore iria exaltar o 'precioso' Potter, dizendo que ele foi o grande herói da guerra e que ele continuava sendo 'o-menino-que-sobreviveu'. Ou pior, seria chamado de 'o-menino-que-sobreviveu-duas-vezes'. Isso era ridículo. Mais uma vez, Potter levaria todos os méritos, apenas por ter uma cicatriz estúpida na testa. Seu esforço naquela guerra nem ao menos seria mencionado. Mas não havia problema, ele não queria ser reconhecido mesmo. O seu dever naquela guerra era destruir Voldemort e vingar o nome do seu pai e isso ele havia feito. Não se importava com os outros.
Ele passou a mão pelos cabelos quando Dumbledore levantou. Não queria prestar atenção, queria ir embora, não queria participar daquilo. Mas algo mais forte o prendia ali. Uma voz fina e fraca penetrava a sua cabeça, dizendo para ele que seria mencionado e que ele deveria estar ali pra ver a cara do trio-maravilha quando isso acontecesse, sendo que sua razão dizia que Dumbledore não falaria dele e ele compactuaria com o show do Potter.
De leve, sentiu alguém segurando na sua cintura. Reconheceria aquele toque em qualquer momento da sua vida. Era Gina.
- O que você está fazendo ainda aqui?- ela perguntou, docemente.
Ele a fitou antes de responder. Olhou dentro dos olhos castanhos dela e deu um abraço leve.
- Estava indo pro Salão Comunal.
- E vai perder o discurso do Dumbledore e o banquete?
- Eu já sei de cor tudo o que ele vai dizer, Gina. 'Voldemort está derrotado', ' O mundo mágico está livre' e 'Potter é o herói'- ele fez mímicas forçadas de Dumbledore, arrancando gargalhadas dela.- Isso é um saco.
- Vamos, Draco. Pare de ser emburrado e anti-social. Você é setimanista e esse banquete também é em sua homenagem.- Gina o puxou pela mão e os dois entraram no Salão Principal.
Tiveram que se separar. Gina seguiu para Grifinória e Draco sentou-se na mesa, um pouco mais vazia do que antes, da Sonserina. Mas sentaram de frente um para o outro e não quebravam o contato com o olhar. Parecia que desde que a guerra havia acabado e que eles haviam ficado juntos novamente, eles aproveitavam todo e qualquer momento de ficar juntos e de demonstrar para todo mundo que o amor entre eles continuava forte.
Pegaram o discurso de Dumbledore pelo meio. Gina tentou se informar com Hermione, que contou que ele só havia comentado sobre o baile dos setimanistas que ocorreria na outra semana. O diretor, então, iniciou a falar sobre o fim do ano e as perspectivas para o futuro e a nova era que estava se iniciando.
- Meus caros alunos! Como vocês sabem, felizmente, a guerra acabou! Todos nós, que estamos aqui, podemos ser considerados vencedores. Mesmo aqueles que não participaram da guerra em si, recebem os méritos pelo simples fato de terem sobrevivido. E aqueles que morreram também merecem ser lembrados, porque foi devido aos seus sacrifícios que podemos dizer hoje que o mundo mágico está livre de toda a ameaça que Voldemort representava. Todos nós, do corpo docente de Hogwarts, temos uma grande responsabilidade com vocês, alunos. A maioria de vocês não deve saber, mas Lord Voldemort estudou em Hogwarts anos atrás. Ainda utilizava o nome de Tom Marvolo Riddle e era um aluno excepcional. Inteligente, monitor-chefe. Ninguém acreditaria se dissessem no que ele se tornaria. Mas foi o que ocorreu. Por isso que eu digo que o futuro do nosso mundo está nas mãos de vocês. Façam por onde, utilizem o bom senso e os ensinamentos que vocês receberam e sempre passem isso pra frente. Só assim construiremos um mundo de paz, onde todos possam viver tranqüilamente.
Os alunos deram uma salva de palmas. Enquanto Gina batia palmas ela olhou para a mesa da Sonserina e não teve como não sorrir: Draco estava com a maior expressão de tédio que ela já vira em toda a sua vida. E, logicamente, não batia palmas.
Dumbledore fez um gesto para cessar as palmas. O Salão mergulhou no mais profundo silêncio. Ele, então retornou a falar.
- Nessa guerra, nós tivemos muitos personagens importantes. Muitas pessoas que colocaram suas vidas em risco em prol da nossa causa. Dentre esses, temos que destacar Harry Potter, logicamente. Ele passou todos os sete anos aqui em Hogwarts lutando contra a onipresença de Voldemort. Passou por momentos muito difíceis, teve que enfrentar a morte de pessoas queridas, como foi o do nosso saudoso guarda-caça Rúbeo Hagrid. No entanto, ele continuou firme, sabendo que esse era o seu destino e que não tinha como fugir dele. Perseguiu o seu objetivo que culminou na morte de grande parte dos comensais e de Voldemort, naquele cemitério. Vamos então, fazer um brinde a Harry Potter!
Dumbledore levantou a taça e a maioria dos alunos levantou as suas taças. Gina viu quando Draco bateu com a cabeça na mesa. Depois, lançou um olhar pra ela que dizia claramente 'eu-não-disse?'.
Harry então, levantou-se da cadeira, agradecendo o brinde. Muitos olharam para ele, indagando sobre o que ele ia fazer, mas ele parecia muito certo do que estava fazendo.
Assim que as palmas cessaram, ele começou a falar.
- Er...- ele ficou bastante vermelho.- Bem... Todos sabem que eu queria tanto quanto vocês a derrota de Voldemort e que eu corri muito atrás disso, mas eu não fui o único. Como o diretor disse, muitas pessoas fizeram parte dessa nossa vitória.- ele parou de falar. Por um momento, Draco achou que ele iria desistir, o que pra ele seria um alívio. Ver Potter fazendo um discurso era deprimente. Mas ele continuou a falar e Draco bateu com a cabeça na mesa, permanecendo com ela baixa.- E, uma pessoa merece ser mencionada. A primeira coisa que você se dá conta em Hogwarts, mesmo sem estar envolvido com o Mundo Mágico é que há rixas entre as casas. Há a luta para fazer parte da melhor casa, há a rivalidade milenar entre Grifinória e a Sonserina. Mas se foi algo que eu aprendi nessa guerra é que se separados somos bons, juntos, nós somos infinitamente melhores. O que eu quero dizer é que poucas pessoas daqui sabem, mas eu só consegui derrotar Voldemort porque Draco Malfoy me ajudou.
O loiro, ainda de cabeça baixa, se assustou. Seus olhos pareciam rodar nas órbitas. 'O que ele disse? Ele falou de mim?', pensou. Num instante, ele levantou a cabeça. Todos os olhares estavam postos sobre ele, inclusive dos professores. Se fosse qualquer outra pessoa, teria ficado vermelho até o último fio de cabelo, mas Draco manteve-se impassível, ficando, talvez, um pouco mais pálido que o normal. Ainda assim, ele levantou ligeiramente o rosto, como se olhasse todos de cima, mas não disse uma palavra.
Harry, por sua vez, contornou a mesa da Grifinória, contornou o Salão e parou de frente à mesa da Sonserina. Depois, recomeçou a falar:
- Quando eu atingi o alto do cemitério, Malfoy e Voldemort estavam duelando.- Harry agora parecia mais confiante no que dizia e não demonstrava mais sinais de desconforto - E sendo assim, Malfoy deixou-o extremamente fraco com a série de feitiços que lançou nele. Portanto, quando eu cheguei a duelar com Voldemort, ele já era uma peça fraca. Podemos dizer que, quem fez o serviço todo foi ele, eu apenas dei o empurrão final. Por isso que eu digo que as casas unidas são muito mais fortes do que nós podemos imaginar. Hogwarts seria muito mais forte se nós não nos víssemos mais como Grifinórios, Sonserinos, Corvinais ou Lufos, e sim se nos tratássemos como alunos de Hogwarts.
Ele parou de falar e deu mais alguns passos em direção a mesa da Sonserina. Parou de frente para Draco e esticou a mão, sem dizer nada.
' Ótimo! Primeiro esse cicatriz me envergonha perante a escola inteira, agora vem aqui pra que eu aperte a mão dele. Deve estar achando que eu vou compactuar com o showzinho que ele está dando. Ah! Mas não vou mesmo!!!! Meu pai vai revirar no túmulo se souber que eu participei disso. No entanto, ele foi o único que teve o bom senso de lembrar a minha participação na guerra... E mais, ele ainda deixou bem claro que grande parte da derrota de Voldemort foi graças a mim. Pra ele também deve ser uma grande humilhação estar fazendo isso tudo. Imagina... Nunca se passou pela minha cabeça ver Potter me exaltando na frente do Salão Principal inteiro. Ainda mais me dando todos os méritos por algo que ele seria beneficiado. Por Slytherin! Esse garoto tá que nem um estúpido com essa mão esticada na minha direção e mais estúpido sou eu que não tomo nenhuma atitude. Vamos lá, Draco Malfoy. Decida-se. Ou aperta a mão do 'cicatriz' ou caia fora do Salão'
Draco pensava rapidamente. Não sabia o que fazer. Já tinha visto que Harry começava a dar sinais de desistência e arrependimento. Olhou a sua volta. Parecia que todos estavam com a respiração presa e esperavam qualquer movimento a ser tomado. Dumbledore chegou a tal ponto que se levantou um pouco da sua cadeira para ver melhor. McGonagall mantinha as duas mãos juntas e ele podia ver que ela esperava o momento certo para dar um gritinho abafado. Passou os olhos pelas outras mesas. Ninguém sequer piscava.
Precisava se decidir rápido.
Olhou para a mesa da Grifinória. Procurava especificamente por ela. Por Gina Weasley. Seus olhos se encontraram em seguida. Ela lançou um olhar penetrante, balançou a cabeça em afirmativo e murmurou: 'Vai!'. Ele sacudiu a cabeça em afirmativo, de volta.
Harry desistiu de ficar com a mão esticada, fez uma careta e abaixou a mão. Nesse exato instante, Draco se levantou. Os dois se encararam por um certo momento, até que Draco, incentivado mais uma vez pro Gina, esticou a mão. Harry, com um sorriso fraco, aceitou, apertando-a.
Dumbledore puxou as palmas. O Salão inteiro, com exceção da maioria dos membros da Sonserina, o seguiu. Muitos começaram a assobiar e a gritar. Aproveitando a barulheira, Draco disse, com um sorriso de desdém:
- E então? Satisfeito de me fazer passar vergonha perante toda a Escola?
- Lógico que não. Se pudesse, faria todos os dias só pra me satisfazer com a sua cara de tédio.
- Não é necessário ter tanto trabalho. Você verá a minha cara de tédio sempre quando aparecer na minha frente.- Draco disse, largando a mão do garoto.
Harry sorriu.
- Sabe que agora, que vejo os seus comentários por outro lado, eu os acho até engraçado?
- Do que você está falando, Potter?- perguntou, desconfiado.
- Eu vi o seu outro lado, Malfoy. Vi que você é um garoto normal e que pode ter sentimentos. Você não é inatingível. Você não é essa pedra de gelo que parece ser. É só uma tentativa de auto-proteção.
- Você não sabe o que diz. Eu nasci assim. Sou assim.- respondeu, com grosseria.
- Diga o que quiser, Malfoy. Não vai mudar a minha opinião.- ele parou por um instante.- Lembra-se da primeira vez que nos encontramos aqui, em Hogwarts?
Draco apenas concordou com a cabeça.
- Você esticou a mão, para que eu apertasse. E eu, te julgando prematuramente, não aceitei. Espero que você leve esse aperto de mão como se fosse o daquela vez. Só que com sete anos de atraso.
Draco abriu a boca para retrucar, mas não disse nada. Foi impedido por Gina, que veio correndo na direção deles. Estava com lágrimas nos olhos.
- Que cena linda! Nunca pensei que viveria para ver isso.
- Pare de ser sentimental, Gina. Nem foi nada demais.- Draco disse, com um certo desprezo na voz.
- Pare você de ser insensível. Foi lindo!- ela o abraçou.
Draco soltou um muxoxo contrariado. Harry sorriu e em seguida se retirou. Como o banquete ainda não havia sido servido, Gina também voltou para a sua mesa e Draco pra dele, onde jantaram.
[UMA SEMANA DEPOIS]
- Gina! Por Merlin! Você ainda não está pronta???- Hermione gritou entrando no dormitório feminino.
- Oh, céus! Me ajuda aqui, Hermione! Draco dará um ataque se eu me atrasar muito. Ele odeia atrasos.- ela disse, nervosa, enquanto se abaixava para procurar os sapatos.
Com um resmungo, Hermione foi em direção a menina.
- Você deveria ter começado a se arrumar mais cedo, Gina.
- Mas eu comecei!- ela se defendeu - Eu só me enrolei um pouco. Estou nervosa...
- Imagino. Eu também estou. Pronto.- Hermione terminou de ajudar a fechar o vestido de Gina.- Vire-se pra mim.
Gina se virou.
Estava com um vestido marrom aperolado de seda, que tinha um espartilho bordado de cetim. Usava sandálias brancas, altas e delicadas. O cabelo estava solto e, com a ajuda de Hermione, fez com que ele ficasse com vários cachos uniformes.
- Você está linda, Gina. Malfoy tem um bom gosto, hein...
- Foi ele que me deu o vestido, mas tenho certeza que não foi ele que escolheu.- ela tornou a se virar para o espelho.- Ainda não entendi porque ele me deu esse vestido. Eu disse pra ele que iria conseguir comprar algum bom. Fred e Jorge iriam me dar um.
- Vai ver ele tem algum motivo. Ou foi um simples capricho.- ela disse, dando de ombros, e indo se olhar no espelho também.
- É, mas esses caprichos custam caro.
- Não para um Malfoy. Lembre-se que o pai dele comprou sete Nimbus 2001 só pra garantir a entrada do filho no time.- Hermione concluiu.- Agora vamos que estamos atrasadas.
Gina concordou, deu mais uma última olhada no espelho e desceu.
Chegaram ao Salão Comunal, Rony e Harry já esperavam as duas. Harry estava acompanhado de uma menina que ela conhecia... Era Cindy!
- Cindy? Você vai ao Baile com o Harry?- Gina perguntou, meio abobalhada.
- Sim...- ela respondeu meio desmotivada.
- Nossa! Não sabia. Por quê não me contou?- a ruiva ainda estava empolgada com a descoberta.
- Porque você estava muito ocupada nesses últimos tempos. Achei que não era necessário de contar isso.
- Mas...- Gina tentou retrucar, porém Cindy a interrompeu.
- Vamos, Harry?
Ela deu o braço para Harry e forma em direção a passagem do Salão Comunal. Harry, antes de sair, olhou para trás e murmurou: 'Fique calma'.
Gina, ainda atordoada, se virou para Rony e Hermione, sem entender e seu olhar indicava claramente que pedia por uma explicação.
- Ela acha que você não deu mais atenção a ela ultimamente, Gina.- Hermione iniciou.
- E é verdade, maninha. Vocês dois viviam grudadas e depois, do nada, não andavam mais juntas. Se você quer saber, tem tempo que ela e o Harry estão juntos.
- Tem?- ela perguntou, incrédula.
- Antes da guerra, eles já conversavam muito. Não lembra na época em que você não estava mais com o Malfoy e o Harry sempre dava um jeito de conversar com vocês? Então... Só que ele preferiu ir empurrando com a barriga, porque ele não sabia se ia voltar vivo ou não, essas coisas. E, quando ele voltou da guerra, eles começaram a sair juntos. E isso tem mais de um mês, Gina.- Hermione explicou e Gina sentiu seu coração afundar.
Realmente havia deixado a sua amiga de lado. Só ficara pensando em Draco e seu estado de saúde. Depois que ele ficou bem, ela só pensava em recuperar o tempo perdido com ele, aproveitando todos os momentos possíveis em que poderiam estar juntos e demonstrar para ele o quanto o amava. E, assim, se esqueceu da sua melhor amiga. Nos últimos tempos, suas conversas andavam vazias e na maioria das vezes, o silêncio reinava, e para Gina, isso era um certo alívio porque era mais tempo que ela passava pensando em Draco.
Céus, como havia sido egoísta! Tudo bem que passara por momentos difíceis, mas nunca poderia ter se esquecido dos amigos. Da melhor amiga! Logo ela que já tinha ajudado tanto, que foi quem mais deu força pra aquele namoro. Que foi a primeira pessoa, e talvez a única, a acreditar que Draco realmente gostava dela. E agora ela imaginava quantas vezes a Cindy deve ter ficado doida para contar que estava saindo com Harry Potter, que pela primeira vez se sentia importante, que sua obsessão por ruivos havia passado. E ela não havia dado nem a chance dela iniciar o assunto. Nada mais justo do que ela estar com raiva dela. Precisava se retratar. Precisava ter sua amiga de volta.
Hermione e Rony a trouxeram para a realidade, tirando-a de seus pensamentos. Disseram que já estavam mais do que atrasados e resolveram descer.
Gina caminhou em silêncio até o ponto onde iria encontrar com Draco. Ele já estava com o pé apoiado na parede e uma cara de poucos amigos, em contrapartida, estava incrivelmente bonito. Estava com as suas vestes de gala, e como já era de praxe, eram negras, mas a gola tinha tons variados de verde e usava dois broches em forma de serpente, que Lúcio Malfoy costumava usar. Os cabelos, impecavelmente para trás, estavam um pouco maiores e seus olhos mantinha o tom cinzento que era tão característico.
- Até que enfim, Gina Weasley. Já estava criando raízes aqui.- ele disse, mal-humorado.
- Não me dê sermão, Draco. Eu tive um probleminha.- ela respondeu, com a feição mais mal-humorada ainda. Draco viu que era sério, ela nunca ficava assim.
- O que houve?- perguntou, preocupado.
- Nada. É que por sua causa, a Gina simplesmente se esqueceu da amiga dela.- Rony respondeu, interrompendo Gina, que lhe lançou um olhar aborrecido.
- Que amiga?- Draco resolveu não retrucar. Estava mais preocupado com a sua namorada do que com o que o irmão dela dizia.
- Cindy Landew. Você lembra dela.- ela respondeu com a cabisbaixa.
- Lógico que eu me lembro da trouxa.
- Ela não é trouxa!- ela respondeu, emburrada. Hermione soltou um muxoxo de desaprovação.
- Eu sei. Você me entendeu. Mas o que aconteceu?
- Ela está namorando o Harry e eu fui descobrir somente hoje porque os dois foram juntos ao Baile. Só que tem tempo isso, e eu não fiquei sabendo porque eu não conversava mais com ela. Eu a ignorei, Draco.- ela ameaçou chorar, Draco a abraçou.
- Não fique assim. Se vocês conversarem, ela vai entender.
Ele não se deu conta dos olhares abobalhados que Hermione e Rony davam em direção a eles. Draco Malfoy estava tendo uma demonstração de carinho! Não acreditavam no que viam.
Depois de um momento, Gina se soltou do abraço e deu um selinho no namorado. Draco sorriu.
- Acho que ainda não comentei o quanto que você está linda hoje...- disse, fingindo pensar.
Ela sorriu.
- Não, você ainda não disse...
- Pois bem... Você está belíssima, Gina.
- Obrigada. Você também está lindo.- Gina respondeu, levemente corada.
Os olhos de Draco se puseram no casal que estavam atrás dele, com os olhares fixos e com a boca ligeiramente aberta.
- O que foi? Nunca viram não? Ou perderam alguma coisa aqui?- perguntou, grosso.
Hermione sorriu.
- Estava me perguntando onde estava o Draco Malfoy que eu conhecia. Parece que achei...
[...]
O baile transcorreu normalmente. De início, houve o discurso de Dumbledore, sobre a saída dos alunos deste ano. Ele havia dito que não gostava de diferenciar os seus alunos, mas deixou bem claro que nunca iria esquecer dos formandos daquele ano. Eram turmas especiais, com vários talentos para magia e para confusões. Seriam inesquecíveis.
Em seguida, havia iniciado o Baile, onde os setimanistas dançaram com seus pais. Draco, logicamente, dançou com sua mãe, Narcisa, que estava belíssima em um vestido preto e os cabelos loiros caídos nos ombros. Gina novamente reconhecia nela, aquela mulher que havia conhecido nas férias de verão do ano passado. No entanto, ainda estava claro que ela não era mais a mesma pessoa.
Rony dançou com a sua mãe e Harry dançou com Tonks, que Draco reconheceu como sendo a mulher estranha que havia ido pra guerra e que, cada vez que ficava nervosa, mudava a sua aparência.
Depois que a pista de dança havia sido inaugurada, todos dançaram com seus pares. Draco puxou Gina para dançar, assim como todos os outros setimanistas fizeram. A segunda música era mais lenta que a primeira e as luzes das velas se abaixaram um pouco. Draco puxou a ruivinha mais pra perto de si.
- E então, gostou do vestido?
- Oh, Draco... Ele é lindo!- ela disse, empolgada.
- Sabia que iria gostar. Minha mãe tem um ótimo gosto.
- E eu sabia que não foi você que tinha escolhido o vestido!
- Ah, Gina... Eu não tenho dom pra essas coisas. Você viu como eu fugia das compras que a minha mãe inventava.
- Eu sei. Não estou te culpando de nada. Amei mesmo assim.
Ela afundou a cabeça nos ombros dele.
- Você é a mais bela desse Salão, Gina...- ele murmurou no ouvido dela, que levantou a cabeça para olhar para ele.
- Eu te amo, Draco! Te amo muito...- ela suspirou.
Ele ficou algum tempo fitando-a e depois disse:
- Eu preciso te dizer uma coisa muito importante. Vamos até a nossa sala... Precisa ser a sós.
Mas ela estava com o olhar num outro ponto do Salão. Via Cindy e Harry dançando e a menina, toda vez que percebia os olhares de Gina em sua direção virava o rosto.
- Tudo bem... Eu vou dar uma volta pelo salão e você resolve esse problema com a Landew. Te espero na nossa sala daqui a 1 hora, ok?
- Acho que ela não vai querer falar comigo...
- Você não vai saber se não tentar. Eu sei o quanto que a amizade dela é importante pra você. Vá até lá. Eu te espero na sala.
Ela concordou com a cabeça, Draco lhe deu um selinho e se retirou do Salão.
[EM ALGUM OUTRO PONTO DO SALÃO]
- Será que você me daria a honra dessa dança?
Ela levantou os olhos com desdém. Reconhecia aquela voz que, não importava quanto tempo passasse, sempre seria marota. Encarou a mão esticada a sua frente e ignorou-a.
- Eu não danço mais, Sirius.
Ele empertigou-se novamente, colocando as duas mãos para trás. Deu um sorriso debochado. Era nesse momento que Narcisa via que ele realmente era um Black.
- Não dança mais, Narcisa? Duvido. Você sempre gostou de dançar.
Ela desviou o olhar dele e encarou a pista de dança.
- Digo qualquer coisa para o priminho me deixar em paz.
- Não perde a chance de demonstrar que continua com a mesma língua afiada.
Ela o encarou novamente.
- Pra quê? Pra perder a chance de te ver contrariado? Jamais.- respondeu com um sorriso enviesado.
- Você sempre vai me tratar assim, Narcisa? Nunca vai me dar uma chance de conversarmos de um modo civilizado?
- Hum... Deixe-me pensar...- Ela ficou quieta por uns segundos.- Não.
Sirius se abaixou, colocando as duas mãos apoiadas na mesa, praticamente envolvendo-a.
- Eu ainda vou baixar essa sua guarda, Narcisa Malfoy.
- Nunca, Sirius Black. Nunca. Eu sou fiel ao meu marido.
- Lúcio Malfoy está morto.
O rosto dela se contorceu.
- Eu sei. Mas não é porque ele está morto que eu tenho que ter uma outra pessoa, Black. Você teve a sua oportunidade há muitos anos atrás e não a valorizou. Na realidade, até te agradeço, porque se você não tivesse me ignorado, talvez eu não tivesse me casado com o Lúcio. E além de não ser feliz, iria ter que enfrentar a vergonha de ser casada com um prisioneiro e fugitivo, como você.
Ela se levantou e seguiu para o lado oposto do Salão, deixando um Sirius revoltado pra trás.
[...]
Gina foi caminhando, receosa, em direção ao casal que conversava em um canto. Estava morrendo de medo de ser tratada mal. Na realidade, temia mais ser ignorada por Cindy, perdendo de vez a sua amizade, do que passar alguma vergonha na frente dos presentes.
Quando ela chegou perto deles, eles ainda não haviam tomado conhecimento da presença dela e continuavam conversando, animadamente. Gina pigarreou, chamando a atenção deles. Cindy, que estava sorrindo, fechou a cara.
- Será que eu... Er... Será que eu poderia... Hum...Conversar?- Gina ficou completamente vermelha e abaixou a cabeça.
- Quê?- Cindy perguntou, rudemente.
- Eu queria conversar com você.- disse, dessa vez mais confiante, mas ainda encarando o chão.
Cindy iria negar, mas Gina viu quando Harry apertou a mão dela.
- Ela vai conversar com você sim, Gina. Com licença que Rony está me chamando.
Gina sabia que essa era mentira porque, quando estava vindo falar com Cindy, vira Rony e Hermione indo para os jardins.
- O que você quer falar comigo?- ela perguntou, ainda aborrecida.
- Eu... Oh, Cindy... Eu queria me desculpar. O que eu fiz com você foi muito errado. Muito mesmo. Só Merlin sabe o quanto que eu gosto de você. Que você é a minha melhor amiga. Mas esses últimos tempos foram tão conturbados pra mim e eu... Oh... Eu nem me dei conta que eu havia te ignorado. Me desculpa. Se eu estivesse no seu lugar, também estaria com raiva. Te compreendo perfeitamente. Mas não quero perder a sua amizade. Por favor, me perdoe...- Gina disse tudo de uma vez, quase sem parar pra respirar. No fim, respirou fundo, porque estava sem ar. Não olhou pra reação da Cindy, apenas fitou o chão.
Cindy passou um longo tempo sem dizer nada. Parecia estar pensando e Gina não quis interromper. Quando ela resolveu falar, Gina já estava desistindo de ficar ali.
- Eu fiquei muito magoada, Gina...- ela disse.
- Eu sei.
- Eu fiquei muito aborrecida, sabe...
- Eu sei.
- Eu tentei te falar, mas você nem me deu atenção. Então eu resolvi te ignorar. Mas isso doeu muito, sabe...
- Eu sei.
- Você é uma idiota...
- Eu se---
Só então ela se deu conta e levantou o olhar. Cindy estava sorrindo.
- Cindy!!!- ela exclamou, meio brigando, meio sorrindo.
- Pare de ser dramática e me dê um abraço.
As duas se abraçaram, sorrindo.
- Ah! Que bom que nós fizemos as pazes, sabia? Eu ia ficar tão chateada se você dissesse que nunca mais queria falar comigo. Eu sou uma tonta mesmo!- ela disse, com lágrimas nos olhos.
- Ei, ei! Não chora, srta. Weasley! Vai borrar a sua maquiagem. E você acha que eu ia ficar muito tempo sem falar com você? Lógico que não! Estava só fazendo charme... Você sabe como eu gosto de ser bajulada!
- Eu sei... Mas você tinha todo o direito de ficar chateada comigo. Eu prometo que nunca mais vou fazer isso com você, tá?
- Tudo bem. Amigas para sempre?- Cindy esticou a mão.
- Para sempre e sempre!- Gina apertou e em seguida as duas se abraçaram novamente.
- E agora, me conta tudo o que aconteceu entre você e o Harry, menina! Estou curiosa!!!!
[...]
- Ora, ora... Pot e Weasel.
Draco havia resolvido ir até o jardim, dar uma espairecida. No entanto, encontrou Harry e Rony parados nas escadas da entrada do Salão e não conseguiu refrear o comentário.
- Malfoy.- os dois disseram ao mesmo tempo, mas não se viraram. Draco deu um passo a frente e parou no meio dos dois, que pareciam estar fitando os jardins de Hogwarts.
- Eu vou sentir muita falta desse lugar. Passei bons momentos aqui.- Harry começou a falar.
- É... Eu também. Nunca vou me esquecer das vezes que você caiu da vassoura, dos seus desmaios quando via os dementadores e quando você, Weasley, vomitou lesmas. Foram momentos muito engraçados na minha vida, sabia?- disse com um sorriso sonhador.
- É... Quando o Moody te transformou em doninha também foi um grande momento na minha vida...- Rony retrucou e Harry caiu na gargalhada.
- Muito engraçado, Weasel... Muito engraçado. Estou rolando de rir.- Draco fez uma careta.
- Ah, Malfoy... Você ficou bem de doninha.- Harry comentou, entre os risos.
- Cale essa sua boca imensa, cicatriz!- retrucou, contrariado.- Só de pensar que eu vou ter que aturar vocês pelo resto da minha vida, dá até vontade de desistir.
Os dois pararam de rir no mesmo momento.
- O que você quis dizer com isso, Malfoy?- Rony perguntou, desconfiado.
- Surpresa...- ele murmurou.- Você logo vai descobrir, cunhadinho...
Dito isso, Draco deu um sorriso de meia-boca e entrou novamente no Salão.
[...]
(I do swear that I'll always be
there. I'd give
anything
(Juro
que sempre estarei ao seu lado. Eu daria tudo,
and everything and I will always care. Through weakness
qualquer
coisa e sempre cuidarei. Através da fraqueza
and strength, happiness and sorrow,
for better for worse,
e força, alegria e tristeza, pelo melhor ou pior,
I will love you with every
beat of my heart.)
te amarei com a força de cada batida do meu coração.)
Draco caminhava em passos lentos até a sala. Achava que nunca havia se sentido assim em toda a sua vida. Seu estômago estava embrulhado. Na realidade, não sabia bem se aquilo era seu estômago. Tinha a estranha sensação que seus órgãos haviam mudado de lugar. Suas mãos suavam frio e ele tinha dificuldade em respirar. Sim, estava nervoso. Muito nervoso.
Enquanto caminhava, pensava se realmente estava fazendo a coisa certa. Sabia que a amava. Não tinha mais dúvidas quanto a isso. A cada dia que passava, o sentimento que nutria por ela aumentava cada vez mais, e ele não entendia como isso era possível. Mas poderia ser uma atitude precipitada. Eles estavam há dois anos juntos, e ainda eram um Malfoy e uma Weasley, embora isso já não fizesse diferença alguma pra ele. E ainda, a maior dúvida que o remoia: Será que ela vai aceitar?
Tinha certeza que ela o amava. Ninguém iria aturá-lo se não o amasse. Se nos bons dias, ele era incrivelmente sarcástico, debochado e era dotado de uma grande parcela de humor negro, nos maus dias, era tudo isso, só que elevado ao cubo. E mesmo assim, ela mantinha-se ao lado dele, sem reclamar.
'Hum... Sem reclamar não. A gente sempre briga por causa disso. Mas digamos que, se ela não me deixou até hoje, é porque ela não tem vontade de o fazer.', pensou, levando a mão ao bolso e apertando a caixinha que estava lá dentro.
Mas ser namorado é uma coisa... Aceitar o que ele iria propor era outra completamente diferente! Ele iria pedi-la em casamento! Era uma loucura. Insanidade total. Eles eram tão novos. Ele havia atingido a maioridade há pouco tempo e ela, nem isso havia conseguido ainda. Mas ele a queria tanto... Enquanto ele esteve naquela guerra, ele viu o quanto que a vida pode se acabar em míseros segundos. Não tem como retroceder e o amanhã, simplesmente, não existe. Apenas há o hoje e tinha que aproveitá-lo o máximo possível. Será que ela entenderia isso?
Lógico que eles não se casariam naquele exato instante. Esperaria ela sair de Hogwarts e aí, eles veriam o que poderiam fazer. Com a fortuna que tinha, poderia sustentá-la sem fazer o mínimo esforço. Não precisaria nem trabalhar. Mas, ele queria entrar pra International Potion University (*), a famosa IPU, onde só os melhores estudavam. E, com as notas obtidas nos seus NOM´s e, provavelmente nos NIEM´S, conseguiria com facilidade. Aprofundaria-se em Poções e depois de cinco anos, se tornaria um Mestre na matéria e, só então, se casaria com Gina.
Na realidade, estava mais firmando um compromisso com a garota. Pedi-la em casamento era como se oficializasse a união e demonstrasse para todos que os interesses dele, em Gina, eram os mais sinceros possíveis. E, mais... Sairia de Hogwarts e ela ficaria. Mesmo distante, sabia que poderia ficar tranqüilo, afinal, ninguém ousaria chegar perto da noiva de Draco Malfoy.
From this
moment life has begun
A
partir deste momento a vida começa
From this moment you are the one
A partir deste momento você será o único
Right beside you is where I belong
Vou estar ao seu lado aonde você estiver
From this moment on
A partir deste momento
Alcançou a porta da sala e girou a maçaneta, ainda com receio. Seu coração parecia que ia sair pela boca e ele se punia por estar sendo tão fraco e não conseguir manter controle sobre seu corpo. Mas isso, no momento, estava se tornando uma tarefa impossível. Quando abriu a porta, soltou um suspiro de alívio. Ela ainda não estava lá. Não sabia se isso era bom ou ruim. Se ela tivesse, poderia acabar com o tormento logo de uma vez, e agora, continuaria remoendo as dúvidas que tinham na sua cabeça.
Cerca de dez minutos depois, um barulho na maçaneta fez seu estômago afundar. Era ela. Gina estava entrando na sala. Ele se virou para olhá-la.
Se ele tinha alguma dúvida de que realmente queria se casar com aquela garota, as dúvidas foram embora no momento em que ela cruzou a soleira da porta. Ela estava linda. Seus olhos grandes, profundamente castanhos, pareciam assustados e procuravam por ele. A pele branca, como sempre, contrastava com o cabelo vermelho-fogo. Era tão delicada, tão frágil, mas ao mesmo tempo tão forte e decidida. Fora ela a responsável por grandes mudanças na sua vida. Ele não se importava com ninguém até sentir aquele toque macio. Tudo bem, continuava não se importando com ninguém, mas se importava com ela e isso era o mais importante. A sensação de ter alguém pra cuidar, alguém que precisa dele, era inexplicável, ainda mais se tratando de Gina Weasley.
- Oh, Draco. Demorei muito?- ela perguntou, com a voz doce de sempre.
- Por quê você tem que ser tão linda?- ele perguntou, sem perceber. Gina ficou estupefata por um momento.
- Ahn... Draco... Eu...
Ele a interrompeu.
- Precisava exagerar tanto? Precisava ser tão linda e me fazer perder o chão toda vez que olho pra você?- ele deu vários passos apressados na direção dela e parou a poucos centímetros.- Precisava me fazer sonhar todos dos dias, dormindo ou acordado, com você?- ele disse, murmurando, enquanto tocava de leve o rosto dela.
- Draco, eu---
Ele a tocou levemente nos lábios.
- Não diga nada... Por favor... Eu...- ele respirou fundo. Pela primeira vez, Gina o via confuso. Sem estar certo do que estava fazendo.- Eu quero te dizer uma coisa e...Eu quero saber a sua resposta. Sincera.
Ela balançou a cabeça em afirmativo.
- Lógico... Diga o que é, Draco. Você está me deixando nervosa.
- Não. Não fique.- ele sorriu.- Não é nada demais. Quer dizer, é sim... É importante. Mas não precisa se preocupar. Bom, eu... Eu não sou muito bom nessas coisas. Você sabe... Eu não sou romântico, mas vou tentar ao máximo... Venha aqui...
Ele estava conseguindo deixá-la nervosa. O que ele pretendia? Primeiro, ele lhe deu aquele vestido, dizendo que queria que ela fosse a mais bela do baile, depois, a chama para a sala, no meio do baile e começa a fazer todo esse discurso sobre romantismo. O que ele estava fazendo?
Colocou-a de costas para a janela e num impulso, colocou-a sentada lá.
- Draco... O que você está pretendendo?
- Bem... Você se lembra que, quando você me pediu em namoro nós estávamos exatamente aqui, nessa mesma posição?
- Lógico que me lembro. Nunca vou me esquecer daquele dia. Foi o início da época mais feliz da minha vida...- ela disse, com a voz sonhadora.- E, graças a Merlin, ela ainda não acabou.
- E se depender de mim, ela nunca vai acabar.- ele respirou fundo.- Gina... Eu... Não teve aquele dia que eu saí da Ala Hospitalar e nós nos encontramos aqui?- ela sacudiu a cabeça em afirmativo.- Você se lembra que eu fiquei fitando o cordão em seu pescoço durante um tempo?
- Sim, lembro. Até estranhei.
- Então... Foi nesse exato momento que uma idéia passou pela minha cabeça. Uma idéia louca, mas que ao mesmo tempo parecia tão certa. Algo que eu quero muito e eu seria o homem mais feliz do mundo se você quisesse também.
- O que é, Draco? Fale. Estou angustiada!
From this
moment I have been blessed
A
partir deste momento eu me sinto abençoada
I live only for your happiness
Eu vivo somente para sua felicidade
And for your love I'd gave
my last breath
E pelo seu amor darei meu último suspiro
From this moment on
A partir deste momento
Era verdade. Estava extremamente angustiada. Gostaria que ele acabasse com aquele tormento logo de uma vez e dissesse o que ele queria dizer. Ela já fazia alguma idéia do que ele pretendia, mas parecia tão surreal. Será que ele pretendia o que ela imaginava ou tudo não passava de um devaneio dela?
Não achava que ele iria fazer o que ela pensava. Não se conhecesse Draco Malfoy. Era tudo tão cedo, tão precoce... Mas se ele o fizesse... Ah! Se ele o fizesse... Ela aceitaria sem nem pensar...
- Tá legal... Vou dizer logo.- respirou fundo mais uma vez, como se buscasse forças.- Desde a primeira vez que nós nos encontramos, naquele baile de Inverno, eu sabia que você era especial, mesmo sem saber quem você era. Sua beleza, mesmo que modificada, me enfeitiçou. E, mesmo depois de que eu descobri que você era uma Weasley, eu fiquei extremamente perturbado porque eu te queria mais do que tudo no mundo, mas eu não podia te ter porque você era uma Weasley! Eu nunca te disse isso em todo esse tempo em que estamos juntos. Mas você faz idéia de quanto tempo eu fiquei pensando em você? Fiquei me perguntando por que você não saía da minha cabeça?
I give my hand to you with
all my heart
Eu
entrego meu coração nas suas mãos
Can't wait to live my life
with you, can't wait to start
Não consigo imaginar minha vida sem você
You and I will never be
apart
Eu e Você ficaremos juntos para sempre
My dreams came true because
of you
Meus sonhos se tornaram realidade por sua causa
Não. Ele realmente nunca havia falado isso pra ela. E ela se sentia cada vez mais lisonjeada. O que Draco dizia para ela era simplesmente maravilhoso. Ela não acreditava que estava escutando tudo isso dele, que um dia fora pra ela o menino mimado e esnobe da Sonserina. O que estava à sua frente era Draco Malfoy, o amor da sua vida.
Ela sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto, mas não se importou. Continuou atenta ao que Draco dizia.
- Dúvidas perfuravam a minha mente. Eu queria tanto me decidir. Eu pedi mil vezes que você nunca tivesse aparecido na minha frente, porque eu não teria mais com o que me preocupar. Quando você surgiu, você ocupou um pedaço vazio na minha vida, que eu ignorava completamente. Nem sabia que tinha um espaço vago dentro de mim e por isso, hoje, eu agradeço a Slytherin por ter você como minha namorada. Sei que eu não sou o melhor namorado do mundo. Não... Não sou. Sou chato, sarcástico, debochado e até cruel. Só que a melhor coisa que eu tenho é você. É o que eu sinto por você. É ao seu lado que o melhor de mim surge. É onde eu posso cuidar de alguém sem me importar com o que vão pensar. É onde eu posso abraçar, beijar e dizer que amo, sem medo ou culpa. Eu amo você, Gina. Amo muito.
From this
moment as long as I live
A
partir deste momento e enquanto eu viver
I will love you, I promise you this
Eu vou te amar, isto eu prometo
There is nothing I wouldn't give
Não existe nada que eu não daria
From this moment on
A partir deste momento
Gina já não impedia mais as suas lágrimas de caírem. Draco nunca foi de falar coisas bonitas pra ela e muitas vezes ela se pegou queixando-se disso. Agora, ela abdicaria por todas as palavras de amor que pudesse ter-lhe dito apenas para escutar o que ele estava dizendo nesse momento.
Ela tentou falar, mas ele a impediu. Agora que começara, não poderia parar. Se parasse, talvez não conseguisse continuar.
- E eu sempre me dei conta da importância que você tinha pra mim, sempre mesmo, embora eu nunca tenha dito isso pra você. Você é tão carinhosa comigo, sempre me diz coisas doces, mesmo que eu nunca responda com nada melhor que um 'obrigada'. Eu fico feliz apenas em te ver sorrindo. Vendo seus olhos se iluminarem quando eu digo algo que você acha graça. Quando eu fui pra aquela guerra, a sua imagem vinha a todo o momento na minha cabeça. Eu dizia sempre pra mim que, se eu saísse vivo, eu faria de tudo para te fazer feliz. Tudo o que estivesse ao meu alcance e o que não estivesse. Lá que eu me dei conta do quanto que eu te amava.- ele parou para respirar. Ele dizia tudo muito rápido, quase atropelando as palavras - Depois, eu ficava imaginando o que eu poderia fazer para demonstrar o quanto que eu te amava, mas nada nunca vinha na minha cabeça. Pensei muito nisso quando estava na Ala Hospitalar. Mas não tinha idéia... Até quando nos encontramos aqui, e eu vi o cordão, pendendo no seu pescoço. Você, usando um cordão, com um pingente em M, de Malfoy. E, pela primeira vez, a idéia de ver você se chamando Gina Malfoy veio na minha cabeça. E cada vez ela ficava mais forte. Não desisti dessa idéia e ela parecia sempre mais forte e é por isso que...
Ele parou de falar e procurava com a mão, algo nos eu bolso.
Gina prendeu a respiração. Ele ia fazer o que ela estava pensando!!! Simplesmente não acreditava! Achava que fosse impossível escutar isso de Draco, mas era o que parecia. Seu coração estava na boca, batia extremamente rápido e as lágrimas não paravam mais de cair.
Ele tirou a caixinha preta de veludo de dentro do bolso e olhou-a nos olhos.
O luar iluminava o rosto dela, que suspirou ao vê-lo tirando a caixinha do bolso. Ela levou as mãos à boca. Ela estava ainda mais linda. Esperou pelo momento certo. Aproximou-se mais dela e olhou para cima. Mesmo que ela estivesse sentada na janela, ele quase ficava do mesmo tamanho que ela, por isso que as bocas estavam muito próximas.
Ele, então, abriu a caixa.
Era um solitário belíssimo, de ouro branco e a única pedra era um rubi.
Gina soltou um gritinho abafado pelas suas mãos e seus olhos ficaram completamente marejados.
- Aceita se casar comigo, Gina Weasley?
You're the reason I believe in
love
Você é a razão por eu acreditar no amor,
And you're the answer to my prayers from up above
Você é a resposta das minhas preces
All we need is just the two of us
Nós ficaremos juntos para sempre
My dreams came true because of you
Meus sonhos se tornaram realidade por sua causa
Draco disse, mantendo o olhar no dela. Nessa hora, seu coração batia tão rápido que até doía. A espera pela resposta dela foram os momentos mais angustiantes de toda a vida dele. Ele viu quando ela fechou os olhos e várias lágrimas caíram ao mesmo tempo. Estava ficando cada vez mais nervoso. 'Por Slytherin, responda logo!', ele pensou.
Gina ficou por um momento encarando o anel e depois olhou para o seu namorado à sua frente. Sim! Ele a pedira em casamento!!! E ela simplesmente não acreditava! Aquilo era uma loucura. Sendo que ela já havia feito uma loucura total somente em começar a namorar um Malfoy. Por quê não fazer algo insano ao lado dele?
Ela abriu um sorriso ao imaginar a cara da sua família quando ela dissesse que estava noiva dele. E sorriu mais ao ver a cara da Pansy quando ela esticasse o anel na frente dela.
- Oh, Draco... Isso é tão inesperado. Mas é lógico que eu aceito, meu amor. Lógico que quero ser sua mulher...- ela respondeu, chorando e enquanto descia da janela e o abraçava fortemente.
- Eu fiquei tão apavorado. Achei que você não iria aceitar.
- Como você pôde pensar isso? Eu aceitaria qualquer coisa que você me propusesse contanto que ficássemos juntos. Eu amo você, Draco. Sou louca por você.
Ele sorriu e segurou a mão direita dela, com delicadeza. Tirou o anel da caixinha de veludo e colocou-o no seu dedo anelar.
- Como está se sentindo sendo a futura Sra. Malfoy?- perguntou com um sorriso enviesado.
- Me sinto extremamente feliz, mas não por ser a futura Sra. Malfoy e sim por ser a sua futura esposa.
From this
moment as long as I live
A
partir deste momento e enquanto eu viver
I will love you, I promise you this
Eu vou te amar, isto eu prometo
There is nothing I wouldn't give
Não existe nada que eu não daria
From this moment
A partir deste momento
I will love (I will love you)
you as long as I live
Eu vou te amar enquanto eu viver
From this moment on
A partir deste momento...
Draco fitou-a. Estavam muito próximos. Levou as mãos até o rosto dela, acariciando-a. A menina fechou os olhos e aproveitou o toque. Ele prestava atenção em cada movimento dela, fitava as sardas do rosto da menina... Apreciava, mais uma vez, o contraste da pele branca com o cabelo excessivamente vermelho. Ele não cansava de olhá-la. Parecia que cada vez que ele a observava, ele encontrava algo de novo. Sua relação com Gina nunca cairia numa rotina, até porque, a cada dia que passava, eles descobriam algo um do outro.
Ela abriu os olhos e o olhou, com os lábios ligeiramente entreabertos. Os olhos de Draco percorreram todo o rosto da menina, parando nos lábios, onde ele olhou-os com desejo. Também abriu um pouco os seus lábios, logo após passar a língua sobre eles. Precisava beijá-la logo, senão, enlouqueceria.
Num movimento brusco, ele acabou com o espaço que tinha entre eles. Gina se assustou por um instante, com a intensidade que ele havia iniciado o beijo, mas toda a sua vontade de beijá-lo foi mais forte. Ela se segurou nas vestes dele, para não se desequilibrar e correspondeu ao beijo. As línguas se procuravam intensamente. Draco mordiscava os lábios dela, fazendo-a suspirar. Ela levou as mãos até a nuca dele, pois sabia o efeito que isso tinha no garoto.
Com alguma força, Draco interrompeu o beijo. Não estava muito certo do que estava fazendo, mas precisava dizer algo a ela.
- Quando nós começamos a namorar, aqui nessa sala, você disse que eu ia aprender a ser um bom namorado com o tempo e que você me ensinaria. Como você tinha certeza que ia conseguir?- perguntou, ainda abraçado a ela.
- Fácil, Draco... A gente não nasce sabendo nada. Tudo, a gente aprende. E com o amor, isso não é diferente. Você não nasceu sabendo amar, era uma questão de tempo até que você aprendesse. E eu sabia que podia te ajudar nesse aprendizado.
- Você foi uma ótima professora.- ele disse, sorrindo maroto.
- Só espero que você ponha o seu aprendizado em prática apenas comigo.
- Tendo você... Não preciso de mais ninguém.
E se beijaram novamente, com paixão.
I give my hand to you with
all my heart
Eu
entrego meu coração nas suas mãos
Can't wait to live my life
with you, can't wait to start
Não consigo imaginar minha vida sem você
You and I will never be
apart
Eu e Você ficaremos juntos para sempre
My dreams came true because
of you
Meus sonhos se tornaram realidade por sua causa
Agora Draco Malfoy tinha a certeza que aprendera a amar. Que deixara de ser apenas um garotinho que tinha tudo, mas que não tinha nada. Aquela garota, que estava agora em seus braços... Nunca daria nada por ela antes de conhecê-la e agora, ela era a razão de toda a sua felicidade.
Lembrava-se do quanto que odiou a idéia de Dumbledore quando ele resolveu fazer um Baile de Inverno. E agora, tinha que agradecer a ele (não que o fizesse de verdade) porque foi graças a essa idéia que ele pôde encontrar a sua Dama Antiga, o amor da sua vida.
Duas pessoas tão opostas, se encontrando em um momento oportuno.
Um relacionamento que ninguém apostaria um nuque, e que agora daria em casamento.
Uma Weasley que se tornaria, em breve uma Malfoy.
E Draco Malfoy, o garoto esnobe e sarcástico havia recebido uma grande rasteira da vida. De tanto debochar dos Weasleys, encontrou toda a felicidade nos braços de uma e agora, não conseguiria se separar dela.
Dois sangues, completamente opostos. Rixas milenares. Amor e ódio. Que agora estavam unidos na forma do amor dos dois amantes.
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Músicas em ordem de exibição:
I Can Wait Forever
(Eu
posso esperar para sempre)
Air Suply
When You Believe
(Quando você
acredita)
Mariah Carey and Whitney Houston
From This Moment On
(A partir deste momento)
Shania Twain
N/A no próximo capítulo!
