Capítulo 4

- Acredito que vocês entenderam o dever?

- Não foi necessária uma grande força intuitiva para adivinhar que você queria que nós respondêssemos as perguntas um do outro.

- Especialmente considerando que as instruções estavam no cabeçalho da folha. – Ginny completou debochadamente.

Penella notou que quanto mais eles faziam terapia juntos, mais Ginny começava a dotar os hábitos de Draco de ser tão desagradável quanto podia. Ou talvez isso tenha a ver com a tarefa. Parecia bem simples... responder as seguintes cinco perguntas como se fosse seu parceiro e depois responder as mesmas cinco perguntas como você mesmo, compará-las e contratá-las... isso sempre gerou resultados interessantes. Com sua experiência, Penella notou que as pessoas nunca se viam da mesma maneira que os outros a viam e ficavam desiludidas pelas respostas.

De alguma maneira, ela duvidava que um dos dois sofreriam alguma desilusão. A hostilidade entre eles era tão aberta que ela duvidava que qualquer palavra escrita nos pergaminhos que ambos seguravam teria algum impacto não importa o quanto cruel fosse.

O olhar de Draco, no entanto... esse olhar fez Penella para. Se ele fosse qualquer outro garoto, ela pensaria que ele estava nervoso por causa de alguma coisa. Ridículo, claro, ela se censurou. Como ele disse antes, o garoto não tinha medo de nada, salvo a fúria de seu pai. Mas mesmo assim...

- Quem quer ir primeiro? – Penella disse.

- Eu vou, - Ginny murmurou – "Cinco perguntas por 'Draco Malfoy'" – Ela realmente simbolizou com as mãos as aspas e limpou a garganta.

- "Se você pudesse mudar alguma coisa que você fez na sua vida, o que seria?" – 'Eu teria certeza que me desviaria antes do Olho-Tonto Moody me transformar em doninha'.

- "Como você se vê em dez anos?" – 'Malvado'.

- "Qual a sua melhor lembrança da sua infância?" – 'O dia em que superei Harry Potter. Não, espera... esse é o melhor sonho de infância que eu nunca realizei'.

- "Qual seu objetivo na vida?" – 'Ser o garoto mais lindo do mundo'.

- "Você alguma vez se apaixonou?" – 'Só por mim mesmo'.

Foi a vez da Penella limpar a garganta. Draco fechou a cara sobre a usual máscara que Penella já começava a acostumar-se.

- Muito esperto Ginny, - disse Penella – implicante, mas esperto. Agora, suas próprias respostas?

- "Se você pudesse mudar alguma coisa que você fez na sua vida, o que seria?" – ' Eu queimaria meu diário no começo do meu primeiro ano'.

- "Como você se vê em dez anos?" – 'Feliz'.

- "Qual a sua melhor lembrança da sua infância?" – 'Tem tantas que fica difícil escolher uma'.

- "Qual seu objetivo na vida?" – 'Ser alguém'.

- "Você alguma vez se apaixonou?" – 'Sim'.

Na última pergunta, Draco bufou e fez um pequeno som de desagrado.

Ginny parou e virou violentamente a cabeça para encará-lo.

- Que foi? O que é tão engraçado sobre as minhas respostas?

- Nada, - ele contestou determinado e ela desviou o olhar. Ambos ficaram olhando para o nada por quase um minuto. Draco quebrou este clima primeiro – Só essa patética paixonite pelo Potter ser considerada amor. Você não saberia o que é amor nem se ele estivesse em baixo do teu nariz.

- É verdade, sempre quando penso em autoridades no assunto 'Amor', penso em Draco Malfoy.- Ginny falou.

- Draco - Penella interrompeu gentilmente - Acredito que seja a sua vez.

- Sim, mas eu mudei de idéia. Não quero fazer essa estúpida tarefa.

-Mas você já a fez, Draco. É sua escolha, claro, mas não completar a tarefa é repetir a matéria também.

Penella estava mexendo com o orgulho deste Sonserino neste momento. Ele não permitiria que tantos pontos fossem retirados e sua casa, mesmo que para isso ele tivesse que se abrir. A mulher estava quase convicta que Draco fez a sua tarefa muito mais seriamente que Ginny fizera.

Sem mais delongas, Draco começou a ler.

- "Se você pudesse mudar alguma coisa que você fez na sua vida, o que seria?" - 'Eu jogaria aquele diário de volta na cara de Lucius Malfoy.'

- "Como você se vê em dez anos?" - 'Feliz'.

- "Qual a sua melhor lembrança da sua infância?" - 'Seria como escolher um filho preferido, cada um tem seu charme.'

- "Qual seu objetivo na vida?" - ' Fazer-me acreditar no que todo mundo já sabe.'

- "Você alguma vez se apaixonou?" – ' Eu já odiei, não é a mesma coisa?'

Ginny engoliu seco – Não está escrito isso!! Você está trapaceando!

- Honestidade, se lembra? – Draco disse se referindo os feitiços lançados naquela sala - Toma aqui, leia você mesma se não acredita. Não estou afim de ficar tentando te convencer. Próximo.

- "Se você pudesse mudar alguma coisa que você fez na sua vida, o que seria?" – ' A primeira vez que encontrei com Harry Potter.'

- "Como você se vê em dez anos?" – ' Vivendo em uma casa, que meu pai não comprou, com alguém que eu amo.'

- "Qual a sua melhor lembrança da sua infância?" – 'O dia que eu encontrei Lúcifer.'

- "Qual seu objetivo na vida?" – ' Ser nada parecido com meu pai, mesmo assim fazer ele se orgulhar de mim.'

- "Você alguma vez se apaixonou?" – 'Sim'.

E assim que a última palavra foi dita, Draco jogou o pergaminho no chão e saiu da sala.

Ginny ficou encarando ele até depois de desaparecer no corredor.