Capítulo 5 – final

Lúcifer era um gato

Um grande gato monstruoso cinza que chiava e mostrava as garras a qualquer um que se aproximasse. Qualquer um ou qualquer coisa, isso era, exceto se fosse Draco. Tornaram-se amigos quando Draco mal tinha saído das fraldas. Ele encontrou o velho animal zanzando pela propriedade Malfoy, assustando os cães de guarda. Seu pai teve repulsa à imediata ligação do filho com o gato, mas sua mãe adorou e deu a ele permissão para mantê-lo.

Seu pai sempre olhou o animal como se esperasse que ele estivesse armando alguma. Quando era mais jovem, Draco tinha certeza que Lúcifer estava aprontando alguma. Grandes planos de dominar o mundo (ou pelo menos, a Mansão Malfoy). O que Draco imaginou nunca se concretizou, ao contrário, e ele logo aceitou que Lúcifer era somente seu gato de estimação e não um meio de libertação de Lucius Malfoy.

- Libertação, - Ginny divagou enquanto olhava o céu nublado acima – é como realmente se sente em relação à sua vida em família?

- Ainda sinto. – Draco confirmou, sua cabeça descansando confortavelmente no colo de Ginny. A mão dela brincando com os cabelos dele. Ele estava convencido que ela só fazia isso porque sentia uma perversa satisfação em desarrumar o que ele demorava vinte minutos toda manhã para arrumar. Ela o encontrou falando com Pansy mais cedo. Eles estavam conversando sobre o dever de Poções; mas ele não se deu ao trabalho de dizer isso a Ginny, por isso ela estava especialmente irritada. O ciúme absurdo dela o divertia, mesmo que não entendesse o comportamento possessivo que ela tinha para com ele.

- Eu acho que gostaria de conhecer o velho Lúcifer. – Ginny disse pensativa – Qualquer gato que tenha feito Lucius Malfoy ficar apreensivo não pode ser tão ruim.

- Ele morreu – Draco disse. As mãos de Ginny pararam de afagar os cabelos dele e ela tentou pensar em algo para dizer. Antes que ela pudesse formular qualquer coisa, ele continuou com uma voz que ganhava força a cada palavra. – Eu soube antes do jogo naquele dia que você me seguiu pela primeira vez. Uma coruja da minha mãe. Ele morreu alguns dias antes e ela finalmente criou coragem para me contar. Eu... isso é estúpido, mas eu queria ganhar por ele. Então eu ganhei.

- Não é estúpido. – ela disse serenamente enquanto seus dedos voltaram a acariciar seus cabelos. Ela não continuou com sua satisfação perversa, ao contrário, esperava dar a ele uma espécie de conforto.

 Esse foi o dia que ela descobriu que o odiava porque o amava tanto. E esse foi o dia que prometeu a si mesma que nunca iria deixar que ele descobrisse isso.

Por mais interessante que possa parecer, esse também foi o dia que Draco descobriu que ela o odiava e que sempre o faria, não importa o quanto ele tentasse demonstrá-la que a amava.

~

- Droga, Malfoy, espera!

- Deixa quieto, Weasley. Eu não quero falar sobre isso.

- Teimoso.

Quando Draco apressou o passo, Ginny se pôs a correr atrás dele. Voou nas costas dele como um esquilo, o que mandou ambos direto pro chão.

- Ufa – Draco se virou até que suas costas estivessem voltas para o chão. Ginny em cima dele. – O que que há de errado com você, Ginny?

- Eu não sei. Por que você levou a tarefa a sério? Nós não... nós não estamos sérios, Malfoy.

- Não, Ginny, você não está séria. – disse cansadamente – Apesar dos rumores que você possa ter ouvido dizerem o contrário, eu não faço as coisas casualmente.

Ela sabia disso. Em algum lugar dentro dela, Ginny sabia que não havia nada de casual sobre ele. Mas ela supôs... erradamente, estava começando a crer... que o relacionamento deles foi o primeiro pra ele. E isso era... bom... ter alguém para ir quando você precisa conversar, gritar, brigar, chorar ou simplesmente sentir.

Então, ela percebeu tardiamente, esse era o motivo das pessoas manterem relacionamentos em primeiro lugar.

- Eu... eu não sabia.

Ele revirou os olhos. – É, creio que isso é bem óbvio agora.

- Você... quero dizer, você se importa comigo?

- Já que você aparentemente perdeu a capacidade de ler nas entrelinhas, vou simplesmente soletrar pra você, hmm? – Ele botou os braços em baixo da cabeça e a encarou, o cabelo dela rebeldemente fora do lugar devido à queda, o peito subindo e descendo devido ao esforço para respirar. Uma folha se misturava ao cabelo da garota. – Estou apaixonado por você, idiota; já estou há um tempão.

A boca de Ginny tremeu. – Se isso for algum tipo de brincadeira, eu juro, vou te matar.

Draco respirou fundo, exausto. – Eu não sei o que fazer com você...

 - Eu sei. Sou uma estúpida. Desculpa. – Ela se debruçou e o beijou brevemente, mas foi definitivamente o tipo de beijo que significa alguma coisa. Uma promessa. – Mas eu te amo. Mesmo quando eu te odeio. Isso faz... quero dizer, certamente, isso faz você lidar comigo mais facilmente?

- Hmm – Ele murmurou em tom discordância. Levantou a mão e retirou a folha do cabelo dela, jogando-a de lado. Então aprofundou os dedos pelas mechas do cabelo e puxou a boca da garota até a sua para uma mais demorada, mais satisfatória exploração. – Não vai ser fácil. – Ele alertou uma vez que se afastaram – Agora que vamos tentar ficar juntos sem nos odiarmos, vai ficar complicado.

- Talvez devamos continuar como se ainda odiássemos um ao outro, então. – Ela sugeriu – Além da tortura emocional debilitante que isso traz, era quase adorável a maior parte do tempo. Não acho que as coisas vão ser muito diferentes.

Ele balançou a cabeça negativamente, mas decidiu não discutir. Pelo menos, não naquela hora. Ele rolou com ela até que esta ficasse com as costas voltadas para o chão, não muito longe do lugar onde ela o seguiu pela primeira vez. Ele se livrou das roupas deles dois facilmente e ela deslizou as pernas por volta da cintura dele, entrelaçando firme a mão dela com uma mão enquanto a outra sustentava o peso de seu corpo contra o chão.

O ritmo era calmo e sem pressa. Embora antes eles geralmente fossem rápidos, agora o compasso deles era lento, querendo prolongar o momento ao máximo. Draco passou seus lábios na bochecha, nos olhos fechados cheios de prazer dela e mordeu-lhe o lóbulo da orelha. A mão dela atingiu a lombar dele deixando cinco marcas lá, mais tarde naquela noite ele mostraria isso a ela, obtendo como resposta um rubor da cabeça aos pés.

- Eu te amo – Ele sussurrou no seu ouvido – Eu te amo e isso é o que faz toda a diferença, sua tolinha neurótica.

~

No dia seguinte, Penella notou uma evidente vibração vinda de Draco e Ginny.

- Acredito que vocês deram um jeito de resolver as dificuldades geradas pela tarefa de vocês.

- É – Draco sorriu e a imagem de um tubarão passou pela cabeça de Penella – Você ficaria deslumbrada ao saber o que algumas horas de sólida, focada atenção fazem por um problema.

Ginny tossiu alto – Obrigada, Penella. Nós realmente apreciamos todo trabalho duro que você teve sobre o nosso comportamento.

Penella sorriu amavelmente – Só estava fazendo meu trabalho, querida. – Ela folheou suas anotações – Vocês ficarão felizes em saber que depois da sessão de hoje, estarei passando vocês na matéria.

- Sério? – Ginny não pôde evitar, se sentia imensamente excitada. O curso de Penella foi de longe o mais difícil neste ano. Ela não era exatamente uma adepta de desvendar sua própria psique. Olhou para Draco e relutantemente admitiu que teria que agradecê-lo por isso. Essa era nova, ser grata a ele sem se odiar por isso.

- Eu só tenho um último dever – Penella disse.

- Lá vem ela. – Draco murmurou.

- Nós vamos terminar da maneira que começamos: associação de palavras. Srta. Weasley responde primeiro, depois o Sr. Malfoy. – Ao consentimento de ambos, ela começou.

- Amor?

- Bom.

- Ginny.

Ginny corou e Draco se recusou a olhar Penella nos olhos.

- Sonserina?

- Draco.

- Orgulho.

- Grifinória?

- Orgulho.

- Otários.

Ginny o encarou. Draco deu de ombros resignado. Penella suspirou.

~

Fin