Capítulo Dois: Papai ainda está inteiro!
A cozinha estava deserta quando o sr.Weasley chegou, exceto talvez por
Monstro, escondido sob a mesa praguejando uns xingamentos inaudíveis, como
sempre.
Ele
abriu feliz o armário e tirou um sapinho de chocolate. Sentia-se extremamente
satisfeito consigo mesmo, podia saltitar e cantar por toda a casa, mas os outros
iam achar que estava louco.
Comeu
o seu sapinho e pegou a figurinha na embalagem: Bertie Bott, o inventor
dos Feijõezinhos de Todos os Sabores. Guardou-a no bolso para mais tarde dar
para Rony e jogou a caixinha no lixo.
Foi
então que Fred entrou na cozinha e ao ver o pai enfiou a cabeça na porta e
gritou:
- O papai chegou – depois olhou de novo para Arthur e deu um
novo grito – E parece que ainda está inteiro!
O
barulho acordou a Sra.Black em seu quadro, que começou a berrar, muito mais
alto do que a voz de Fred poderia fazer.
- Filhos da desonra, traidores do próprio sangue, amaldiçoados
sejam os que invadem a minha casa e atrapalham o meu sono!
A
sra.Weasley apareceu no corredor e gritou alguma coisa para Fred, que não ouviu
uma palavra sequer. Ao ouvir sua senhora, Monstro correra para o corredor e
abrira a cortina em frente ao quadro, para sacudir a cabeça freneticamente e
concordar com tudo o que ela dizia.
Molly,
com um certo esforço, fechou a cortina, abafando os gritos do quadro.
- Saia daqui, Monstro! Saia já! Se Harry te vê é capaz de
arrancar a sua cabeça – Harry andara muito mais do que furioso com Monstro
desde a morte de Sirius.
O
elfo se afastou, murmurando algo como "mas é isso que Monstro deseja" e a
sra.Weasley voltou-se para Fred.
- Quantas vezes eu tenho que lhe dizer para não gritar no
corredor? Quantas vezes... Ah,
Arthur!
Ela acabara de notar o
marido encostado na porta da cozinha, rindo.
- Você já voltou! Falou com o Percy? O que ele queria?
- Pedir desculpas – contou Arthur enquanto os três entravam
na cozinha.
Molly
parou de chofre no meio do caminho e Fred boquiabriu-se, visivelmente irritado.
- E você desculpou ele? – perguntou sem necessidade.
- Lógico que sim! Disse a ele que vamos estar em casa para
comemorar na hora do jantar.
- Ah, isso é maravilhoso, querido! – disse Molly com o coração
aos pulos - Eu sabia, sabia que ele ia voltar para nós! Vou caprichar no
jantar... Fred, avise seus irmãos que iremos para casa à noite.
- Eu não vou!
- Por que não?
- Não vou comemorar porque aquele quadrado imbecil diz que
gosta da gente! – protestou ele.
- Não fale assim do seu irmão!
- Ele não é meu irmão!
E
Fred saiu da cozinha pisando firme, deixando Molly atordoada. O sorriso se esvaíra
de seu rosto.
- Não se preocupe, Molly – disse Arthur abraçando-a –
Fred ainda é novo para entender o que significa isso para nós. Ele não tem
filhos, não é mesmo?
Molly
fez que sim com a cabeça e foi preparar o jantar.
À
noite, a Toca ficou cheia como não estava há semanas. Todos trajavam vestes à
rigor e esperavam Percy e a namorada para comemorar.
Fred
e Jorge não quiseram ir, ainda afirmando que Percy não era seu irmão. Harry e
Hermione se demonstraram contentes que a família Weasley estivesse completa
novamente, assim como Gui, que saiu para comprar garrafas de cerveja amanteigada
e uísque de fogo. Gina só se convenceu de que Percy realmente estava
arrependido depois que Gui conversou com ela. Rony porém ainda guardava grande
rancor por causa da carta que Percy lhe enviara quando estava em Hogwarts e as
únicas alegrias que tinha naquele jantar eram a sua nova e primeira namorada,
Hermione, e as lindas vestes azuis que os gêmeos haviam lhe dado no ano
anterior. Fleur Delacour, a nova namorada de Gui e também mais novo membro da
Ordem também estava presente.
Percy
e Penelope aparataram na sala de mãos dadas, às sete e meia, mas logo Penelope
largou Percy para que este fosse abraçar a mãe, que chorava muito.
- Me desculpe, mamãe – ele murmurou – Eu fui mesmo um
idiota... Não devia ter magoado a senhora.
Gui,
que já cumprimentara Penelope e estava atrás da mãe esperando para dar um
abraço no irmão, teve que pigarrear alto para que os dois se largassem.
Após
todos se cumprimentarem com saudades, o jantar começou na enorme mesa montada
no jardim. Penelope mal falava – estava ocupada desfrutando de uma refeição
decente e deliciosa, da qual já havia esquecido o gosto.
Já
Percy, não sabia com quem falava primeiro. Queria saber as novidades de todos.
Quando
ele perguntou por que Fred e Jorge não estavam ali, Gui sensatamente disse que
a loja dos gêmeos estava vendendo muito e que eles estavam trabalhando até
tarde hoje devido aos alunos de Hogwarts que estavam no Beco.
Todos
agora já haviam comido muito e já começavam a desfrutar da sobremesa quando
Percy começou a falar com o pai sobre um assunto inesperado.
- Pai, o senhor está ajudando Dumbledore a nos proteger
contra Você-Sabe-Quem, não está?
Arthur
trocou um olhar rápido e preocupado com Molly e não respondeu. Ninguém na
mesa parecia estar prestando atenção, exceto por Hermione, que parara de
tentar explicar a Rony o que era um cinema e apurava os ouvidos.
- Penelope e eu conversamos e decidimos que queremos ajudar
vocês. Também queremos lutar contra Ele e gostaríamos de saber como.
- Escute, Percy – começou Arthur escolhendo cuidadosamente
as palavras – Nós estamos sim fazendo parte de... uma espécie de grupo
contra as artes das trevas. Se vocês estão realmente interessados em
participar eu vou entrar em contato com Dumbledore.
Hermione
achou estranho que só fosse dito isso e arriscou um olhar à senhora Weasley.
Ela parecia totalmente confusa: não queria arriscar mais um de seus filhos
naquela guerra, mas temia que se dissesse isso Percy achasse que ela não
confiava nele.
Arriscado
ou não, Arthur escreveu para Dumbledore logo no dia seguinte e este permitiu
que o casal entrasse para a Ordem. Em apenas dois dias, Percy e Penelope
abandonaram sua pequena e confortável casa para ficar na "mui antiga e nobre
casa dos Black".
