Capítulo Doze: Creme de Canário Colorido
Mariana passou o domingo inteiro passando a limpo as onze poções que
ela e Fred já tinham pesquisado na véspera. Ele perguntara se ela não ia
pesquisar o resto, mas Mariana disse que era melhor entregar um trabalho
incompleto do que completo e com quatro das poções escritas na letra de outro
aluno.
A
segunda-feira chegou e Fred acordou desanimado. O motivo? O simples fato de ser
segunda-feira!
Quando
ele chegou ao salão principal, os amigos já estavam tomando café da manhã.
- Bom dia – cumprimentou Angelina quando ele se sentou ao
seu lado.
- 'dia.
- Você vai junto? – perguntava Alícia a Jorge.
- Não, acho melhor ver depois que estiver pronto.
- Do que vocês estão falando? – perguntou Fred se servindo
de duas panquecas de uma só vez.
- Alícia decidiu que vai mesmo cortar o cabelo – praguejou
Jorge.
Alícia,
diante do desgosto do namorado, segurou o rosto dele e aproximou do seu,
perguntando?
- Você vai deixar de gostar de mim por causa disso?
- Nunquinha – respondeu Jorge sorrindo e beijando a
namorada.
Mas
eles pararam de se beijar quando as centenas de corujas entraram pelas janelas
para entregar as correspondências, como de costume.
Uma
coruja cinzenta parou em frente à Angelina e outra, marrom, na cabeça de
Jorge.
- Ei, saia daí! – mandou ele sacudindo a cabeça.
A
coruja piou ofendida, jogou um envelope sobre o prato dele e levantou vôo.
- Bicho maluco – praguejou Jorge abrindo o envelope e
lendo-o – Uau! Lembram daquela aluna da Durmstrang que fez uma encomenda de
caramelos incha-língua?
- Joane Russell? – perguntou Fred incerto.
- É, ela mesma! Gostou dos caramelos e pediu mais: três
pacotes de caramelos incha-língua e dois potes de creme de canário.
- Nossa, ela deve ser um demônio, não?
- Não me admira que
Karkarof tenha essa cara de enfezado – comentou Alícia espiando a carta na mão
de Jorge – Já pensou se cada aluno da Durmstrang comprasse tudo isso?
- Fred e Jorge estariam milionários! – riu Katie – O que
foi, Angelina?
Angelina
estava sorrindo com os olhos parados na carta que recebera e puxava as vestes de
Katie.
Ela
mostrou o pergaminho a Katie, que o leu e soltou um gritinho.
- Que foi? – perguntou Lino curioso.
Katie
teve que responder, pois Angelina estava demais entusiasmada para encontrar a própria
voz.
- É que... Já faz um tempo que Angelina vem se
correspondendo com Olívio...
- Wood?
- Ele mesmo! Bom, acontece que ele… Ai, que lindo!
Ele pediu ela em namoro!
Lino
abriu o senhor sorriso para Angelina.
- E você vai aceitar?
Ela
assentiu com a cabeça.
- Ah, que legal, parabéns!
Logo
todos estavam fazendo uma farra em volta de Angelina. Alícia e Katie abraçaram-na
contentes e Lino bagunçou todo o seu cabelo.
Fred
sentiu um aperto no coração como se estivesse perdendo Angelina naquele
momento. Não queria admitir, mas estava com uma pontinha de ciúmes. Porém, no
momento seguinte, ele pensou bem e ficou feliz por Angelina encontrar alguém
que gostasse dela e se juntou a seu irmão: cada um deles deu um beijo em uma
das bochechas de Angelina, que estava completamente envergonhada.
Mais uma segunda-feira que prometia ser entediante: Flitwick, Sprout,
Sprout de novo e Snape. Se não fosse pelas novidades de Angelina e a empolgação
de Alícia, que iria ao cabelereiro no próximo final de semana em Hogsmeade,
eles não teriam um assunto sequer para conversar.
Estavam
atravessando o saguão de entrada para subir à sala de Transfiguração quando
viram cerca de cinqüenta rubis subirem na ampulheta que marcava os pontos da
Grifinória.
- Mas que droga! – reclamou Alícia ameaçando chutar a
parede – A gente se esforça tanto para conseguir pontos e então chega um
idiota qualquer e perde todos eles de uma só vez!
- Calma, Alícia – disse Jorge abraçando-a – Ainda
estamos na frente dos Sonsebobos!
Nesse
momento, Mariana se aproximou deles com seus amigos Penelope, Rebecca e Patrick.
Patrick cantava uma música recém composta, que dizia "Grifinórios são
gatinhos! Gatinhos vira-latas!".
Todos
olharam para ele ofendidos, mas foi Mariana quem se explicou:
- Não liguem para eles, pessoal! Ele sempre faz isso quando
eu perco pontos, e eu acabei de perder cinqüenta!
- Você, Mari? – espantou-se Angelina.
- É... Mas não foi nada de mais, só um trabalho incompleto.
Faz um tempo que Snape anda irritado por nunca achar motivos para tirar pontos
meus.
Fred
ficou boquiaberto e desconcertado.
- Foi aquele trabalho que nós fizemos juntos?
Mariana
fez que sim.
- Desculpa, Mari, eu não queria que você perdesse pontos. Me
ofereci para ajudar e acabei atrapalhando, não é?
- Não, Fred, não faz mal. Mesmo! Quem liga para o Snape?
Ele
deu um sorriso enviezado, sem notar que seus amigos haviam deixado-o sozinho e
subido para a aula.
- Aliás, obrigada.
- Por quê?!
- Se não tivesse você para conversar, teria enlouquecido
dentro daquela biblioteca!
Fred ficou parado digerindo o que
acabara de ouvir e sentindo o coração bater mais forte do que nunca.
Mariana
e seus amigos foram para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e Fred teve
que correr para chegar a tempo à sala de Transfigurações.
- E aí? – perguntou Lino animado quando ele sentou-se ao
seu lado.
- 'E aí' o quê?
- O que a Mariana falou?
Sentindo
o rosto corar e sorrindo, Fred respondeu:
- Disse que agradece por eu ter acompanhado ela na bibli...
- Sr.Weasley! Sr.Jordan! – era a professora Minerva – Seus
sinos não vão se transfigurar sozinhos!
Os
dois se calaram e fizeram o feitiço mandado pela professora, para tentar
transformar sinos em talheres.
Ao
final da aula, somente uma aluna da Corvinal -
Isabel Parker - conseguira
uma faca, um garfo e uma colher, embora Alícia e Angelina tivessem obtido
garfos perfeitos e o metal que constituía o sino de Fred tivesse se tornado uma
lâmina afiada.
Depois do almoço, Fred e Jorge foram para fora do castelo para não ter
que assistir a aula de História da Magia. Eles pensaram em apanhar uma goles no
campo de quadribol e treinar com ela nos jardins, mas desistiram quando Filch
saiu para lavar a escada do lado de fora da escola.
Eles
foram para trás da cabana de Hagrid, que no momento estava tentando passear com
um explosivin em torno do lago.
- O que acontece se misturarmos casca de abóbora aos nossos
cremes de canário? – sugeriu Jorge olhando para a plantação de Hagrid.
- Não custa nada tentar!
Jorge
abaixou-se e tirou um canivete da mochila. Com ele, arrancou um pedaço da
gigantesca abóbora.
Enquanto
isso, Fred pegou um pote de creme de canário e os dois entraram na floresta –
sempre um bom lugar para experimentar logros novos.
Fred
observou Jorge picar o pedaço de abóbora e joga-lo no pote misturando o conteúdo
com auxílio da varinha. O creme mudou de amarelo para bege e depois para
laranja.
Os
gêmeos se olharam, ambos sugerindo ao outro que provasse o experimento.
Após
alguns minutos de relutância, Fred enfiou o dedo dentro do pote e em seguida o
lambeu. Ele explodiu em penas instantaneamente.
- Nenhuma mudança, não é mesmo?
- Exceto o fato de que as suas penas são laranjas!
Ele
espantou-se e olhou para sua mão, que soltava penas para todos os lados.
- Legal! – exclamou Jorge fechando o pote – Creme de canário
colorido!
- Podemos fazer mais alguns e avaliar seu desempenho no
jantar. O que me diz?
- Ótimo.
Antes
de sair da floresta eles espiaram o castelo à distância, onde Filch ainda
limpava os degraus. Então, seguiram cautelosamente até uma lateral do castelo
e pegaram um corredor secreto, onde subiram uma escada estreita e saíram atrás
de um quadro no primeiro andar, que ficou reclamando por terem arrastado-o para
o lado.
Mas
os gêmeos ignoraram o quadro. Foram até a cozinha e apanharam várias frutas
coloridas, passando o resto da tarde em seu dormitório criando novos cremes
coloridos.
Quando
desceram para jantar, qualquer um poderia pensar que as suas mochilas estavam
cheias de livros. Isto é, qualquer um que não conhecesse bem Fred e Jorge,
pois o que fazia peso nas suas costas eram, na verdade, dezenas de potes de
logros.
- Até que enfim apareceram – exclamou Lino quando os viu no
salão principal – O Binns passou uma pesquisa enorme para entregar na semana
que vem.
- Ah, esquece o trabalho! – disse Fred sentando-se em frente
ao amigo – Olhe só o que fizemos.
Ele
pegou um pote de conteúdo vermelho dentro da mochila e o abriu. Ao seu lado
estava sentada Lilá Brown, do quarto ano.
- Fred, eu posso falar com você um minuto?
Penelope
se aproximou quando Fred estava prestes a passar o creme de canário no arroz da
menina, fazendo-o esconder rapidamente o logro embaixo da mesa.
- Pode sim, fale!
- Preciso falar em particular – explicou ela olhando para
Lino e Katie, que estavam sentados ao lado.
Fred
levantou-se a contragosto e seguiu a menina para fora do salão.
Assim
que eles saíram, Penelope encarou-o com um sorriso estampado no rosto. Ele
esperou que ela dissesse algo, mas a menina continuou sorrindo.
- Se importa de falar rápido? Tem um jantar me esperando ali
dentro!
- Me responde uma coisa, Fred: você ainda gosta da Mari?
- E por que eu diria isso à você?
- Não seja mal-educado, eu estou aqui para ajudar! A Mariana
pediu para mim perguntar.
Fred
engoliu seco. Por que será que Mariana queria saber se ele gostava dela? Algo
em sua cabeça dizia que finalmente a conquistara.
- Está bem... Eu gosto sim dela, por quê?
- Você é correspondido, meu querido!
Ele
boquiabriu-se. Penelope estaria brincando ou ele podia entrar no Salão agora
mesmo e beijar Mariana, sem cerimônias?
- Boa sorte – murmurou Penelope antes voltar para a mesa da
Corvinal.
Fred
espiou pela porta e pôde ver Penelope, que contava algo para Mariana quase aos
pulos. Esta, a ouvia ficando cada vez mais ruborizada.
Sentindo
repentinamente que perdera a fome, o menino subiu até a torre da Grifinória.
Após errar três vezes a senha, ele finalmente entrou na Sala Comunal e
jogou-se em um sofá, onde ficou experimentando frases em voz alta.
- Mariana, a Penelope me contou que... Não, não
envolva a Penelope. Eu queria saber se você gosta... Não, muito direto.
Mariana, você já sabe que eu te amo, não é?
- Eu também te amo.
Fred
colocou-se em pé em um pulo e virou-se para trás. Mariana estava lá, debruçada
sobre o sofá rindo divertida.
Ele
ficou completamente sem fala. E não se lembrava de alguma vez ter ficado assim
antes.
- E então? Aquela proposta de namoro ainda está de pé?
Mariana
foi se aproximando de Fred, que descobriu estar sem fala, mas não sem ação,
pois agarrou-a pela cintura e a beijou imediatamente.
Os
dias se passaram e logo foi marcado um passeio a Hogsmeade. Nesse dia
aconteceram muitas coisas que ninguém esperava acontecer.
A
primeira delas era que Jorge simplesmente se apaixonou pelo novo visual de Alícia
quando esta saiu do cabelereiro e levou-a para comprar montes de doces na
Dedosdemel.
A
segunda foi que Katie resolveu cortar o cabelo também e Lino quase desmaiou
quando a viu.
Mais
uma surpresa, porém apenas para Fred, foi que ele não sentiu o que pensou que
sentiria quando viu Angelina e Olívio juntos, como namorados, pela primeira
vez. Ele apenas admitiu para si mesmo que os dois combinavam muito.
A
quarta coisa e mais importante era que Fred e Mariana estavam comemorando um mês
de namoro. Ele havia se esforçado muito e havia sofrido, mas havia confiado em
si mesmo e agora ela estava com ele.
N/A: É isso aí, gente, acabou a fic e eu espero que tenham gostado do final! O
trecho que contém "Sonsebobos" e a musiquinha que o Patrick canta são uma
homenagem ao pessoal que eu conheci no encontro de fãs na Siciliano, em
Dezembro. Por favor, me mandem e-mails para dizer o que acharam da minha história!
Quem gostou, pode ler a minha song Vícios e Vrtudes, que é mais ou menos algo
escrito por Fred depois dos acontecimentos da Gemialidades Weasley!
