Aika: 'A gente já passou por aqui zilhões e quinquilhões de vezes!!'
Kero: 'É só ilusão.'
Eriol: 'A biblioteca tem este efeito de repetição para parecer maior, mas quem tem um poder mágico bem desenvolvido pode se localizar muito bem aqui.'
Tomoyo: 'Pode-se dizer que é puro Marketing.'
Mey Ling bocejou pela, talvez, milésima vez. Não era só ela que estava cansada. Todos estavam, mas Eriol precisava ajuda-los. Tomoyo o acompanhava pois estava aflita com o sumiço de Sakura. E Aika, estava muito curiosa, enquanto Kero só procurava se manter um guardião leal, o que raramente fazia. Mey Ling bocejou novamente...
Kero: 'Pare menina! Isso é uma pesquisa séria! Temos que procurar os livros certos para fazer uma magia boa e trazê-los de volta!'
Mey Ling: 'kero, como vamos fazer uma magia boa a partir da seção de Ocultismo!??'
Eriol: 'Mey Ling, Ocultismo não é do bem ou do mal. Nenhuma magia é! A índole não existe na magia. Tudo depende da intenção com que é utilizada.'
Kero: 'Ocultismo é a arte de manipulação da energia.'
Tomoyo: 'É isso aí! O Ocultismo ensina a orientação das energias cósmica-aureais que vagam pela realidade.'
Mey Ling (cochichando com Aika): 'Esses três tão bem informados. Formam uma família perfeita! Um marido mago, uma esposa cantora e um filho de pelúcia.'
Aika (não contendo o riso): 'Para com isso Mey Ling.'
Mey Ling dava altas gargalhadas com suas piadas. Era a única coisa que a mantinha acordada. Kero, não pode deixar de notar, e como sempre se viu como motivo da piada.
Kero: 'Do que está rindo, hein garota?!'
Mey Ling (segurando a risada): 'Ah, de nada...Apenas da sua naturalidade humana.'
Ela desencadeou risadas mais histéricas... Mas ela, de repente, sentiu uma força misteriosa fechar sua boca, seus lábios se fundiam um no outro. Ela tentava falar mas só conseguia murmurar alguns "humm".
Kero: 'O que está havendo?!'
Aika: 'Ai meu Deus! O que está acontecendo!!!!?'
Kero: 'Mey Ling!!'
Eriol e Tomoyo permaneceram indiferentes aquele acontecimento e continuaram andando. Os lábios de Mey Ling haviam se juntado e agora pareciam estar colados, não conseguia abri-los. Logo, sua respiração se tornou ofegante.
Aika: 'Eriol?'
Eriol: 'Deixe-a. São as regras da biblioteca. Qualquer som acima do grau de decibéis permitido, é automaticamente interrompido.'
Aika: 'E quando irá parar!?'
Tomoyo: 'Daqui uns 5 minutos. Na terceira interrupção sonora, ela é transportada para fora da biblioteca.'
Aika: 'Você sabia disso Tomoyo?'
Tomoyo: 'Claro, eu li todo o livro do regulamento bibliotecário.'
Aika pegou Mey Ling que estava incrédula e furiosa ao mesmo tempo, e começou a caminhar vagarosamente com ela. Kero ia atrás, alfinetando cada vez mais.
Kero: 'Quem vai rir agora, garota!? Eu, o bichinho de pelúcia idiota ou a pirralha imprudente!? Hahaha, fedelha.'
No fim, eles se amavam.
Tomoyo, não estava nem ligando para os gritos vitoriosos de Kero. Estava com as faces ruborizadas com a piada de Mey Ling. Ela continuou a andar por aqueles intermináveis corredores, estantes, setores e seções. Eriol ia um pouquinho à frente. Ele pareceu não ter notado a gozação que Mey Ling fizera, mas por dentro, estava dando importância demasiada.
Por mais que ele parecesse diferente, com massa muscular, cabelo comprido e um pouco rebelde (e muito azul!) , ele permanecia o mesmo. Eriol Hiragizawa sempre foi aquele garoto recolhido misterioso, com uma beleza frágil e um homem de meias palavras.
Eles não andaram muito mais e logo atingiram a seção sobre Ocultismo. Agora só faltava colocar os olhos bem abertos nas etiquetas dos milhares que pousavam nas 15 prateleiras das duas estantes, as quais formavam as longínquas paredes do corredor de Ocultismo.
Aos poucos Mey Ling foi sentindo seus lábios desgrudarem-se. Como que arrancassem um band-aid com aquela cola melosa. Como uma seção de depilação. A dor foi tanta! Eles dois esticando-se, ai! Me dá uma dor só de me ouvir pensar isso. Ela queria gritar, mas sabia que se o fizesse teria tua boca tapada novamente. Mas o importante aconteceu, Mey Ling voltou a falar.
Aika: 'Tá! Agora nossa busca fica mais fácil!'
Mey Ling: 'Só se for para você.'
Tomoyo: 'Vamos, vamos! Menos papo mais ação!'
Mey Ling: 'Só uma balada para me animar. Um dessas não cairia mal agora.'
Tomoyo: 'Procure, Mey Ling...'
Mey Ling: 'Daquelas Open Bar.'
Tomoyo: 'Procure, Mey Ling.'
Mey Ling: 'Aquelas com um montinho de gatinhos para a gente poder paquerar um monte, provocar muitos, mas ficar com o mais bonito de todos.'
Tomoyo: 'Ai ai ai...'
Aika: 'Eu gostaria de uma balada. Com um techno bem gostoso.'
Mey Ling: 'Queria uma Lagoa Azul agora. Eu adoro!'
Aika: 'Não existe coquetel mais gostoso.'
Mey Ling: 'E tem que ser com Sprite!'
Aika: 'É! Teem, Soda, etc...nada do gênero funciona! Tem que ser Sprite!'
Tomoyo: 'Desisto.'
Enquanto Eriol ria sem parar da conversa descontrolada das três, Kero se concentrava excepcionalmente na busca por livros que falassem sobre transmissão de almas, auras ou essências. Não tardou (eu adoro usar essas duas palavras juntas! Eu sei que vocês sabem disso...hehehe ^________^'') e eles encontraram vários livros. É claro que era um exagero, mas eles não tinham nenhuma pista. Não tinham por onde começar. Tudo que os guiava era o vasto conhecimento de Magia de Eriol acompanhado do interesse de Tomoyo. Só!
Dependendo de Mey Ling, todos estariam numa festa, das agitadas, com garotos (e garotas) bonitas, bebidas e muito techno. Aika ía no fluxo...Procurando, mas um pouco distraída pelo poder e aura que podia sentir vindo de Eriol. Os comentários abusados de Mey Ling também tomavam a atenção da nossa ruivinha. Mas Aika estava confusa. Às vezes sentia aquela aura dourada vindo de Eriol, aquele poder magnífico e caloroso, mas às vezes não. O universo estava distorcido. Em alguns momentos podia-se sentir auras e poderes, e em outros...não.
O universo mágico estava distorcido! Para os demais humanos e mortais, nada parecia estar diferente.Se não fosse nada, era quase isso.
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Após o tempo explicar pela infinitésima vez (irônico, não?), Sakura finalmente entendeu. Shaoran estava entediado e irritado por ouvir aquilo tantas vezes.
Sakura: 'Então quer dizer que é o Eriol que vai nos tirar daqui!?'
Li: 'SIM, É!!'
Sakura: 'Nossa, Shaoran...Que paciência, hein? Como será que vai tratar nossos filhos? Se for assim eu prefiro procurar um orfanato!'
Li (assustado): Filhos!?! É um pouco (bem) cedo para pensar nisso, né!?
Sakura: 'Magiiiina!! Que cedo que nada! Uma mulher com um pé no futuro, vale pela humanidade inteira!'
Li: 'E quem disse que terei filhos com você!?'
Sakura sentiu aquilo na alma! Preparou-se para chutar Shaoran.
Tempo: 'Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.'
Li: 'Cala a boca! Nem nos casamos ainda!'
Sakura (para o Tempo): 'Mas iremos em breve.'
Li: 'Iremos!?'
Sakura: 'Você já está convidado, querido Tempo.'
Li: 'Como essa mulher sonha, já pensa em filhos e casamento quando ainda nem passamos uma noite juntos.'
Sakura: 'Agora você me deixou muito irritada Li Shaoran!!!'
Sakura se preparou para dar um belo chute nele, bem no meio das pernas onde sabia que o efeito de sua raiva seria recebido muito bem! Mas é claro que nosso perfeito, herói, magnífico, e super tudo de bom do Shaoran previu seu movimento e interrompeu o chute com uma mão.
Li (com um sorriso vitorioso): 'Pois é, né...! Mas lembre-se que sem mim ao vai ter filho nenhum! Por tanto é bom você ir me tratando bem. E principalmente esta minha área de lazer, tá bom!?'
Sakura ficou vermelha!
Li: 'Que foi!? Sexo não é mais tabu!'
Sakura: 'Para com isso, Shaoran! Você tá me deixando envergonhada!'
Li: 'Por que? Será que é surpresa!? Sakura! É preciso um homem e uma mulher para nascerem os filhos!'
Sakura: 'Shaoran...'
Li: 'Quem lhe garantiu que iremos casar e ter filhos?'
Sakura arregalou os olhos! Agora é sério!
Sakura: 'O queeeeeeeeeeeee?!!?(aquele típico de Sakura) Você não quer se casar comigo!?!'
Li: 'Sakura!'
Sakura: 'Nada disso Shaoran! Eu te fiz uma pergunta! Exijo reposta!!'
Li: 'Não exagere...'
Shaoran virou-se para o Tempo.
Li: 'Por que elas sempre exageram?'
Tempo: 'E não é de agora...faz milênios, séculos, faz história.'
Sakura: 'Responda, Shaoran!'
Li: 'Sakura...'
Sakura: 'Shaoran!! Como pôde fazer isso comigo!? Como pode se envolver comigo já sabendo que nunca iríamos ter que--'
Ela foi cortada com um beijo quentíssimo e gostoso. Os lábios ferventes de Shaoran entrelaçavam o de Sakura e os dela faziam o mesmo. Até que ele se afastou e olhou-a bem nos olhos.
Li: 'Se não quisesse me casar não estaria aqui. Não estaria me envolvendo com alguém deste jeito já pensando no futuro desastroso.'
Sakura sorriu feliz.
Li: 'Eu nunca perco meu tempo.'
Sakura: 'Até nessas horas você é orgulhoso.'
Sakura quis falar para o Tempo como aquele tipo de homem era, mas outro beijo lhe interrompeu, este era mais doce e mais apaixonado. Era perfeito.
Shaoran beijava sua amada, mas seu coração estava partido pois essa conversa/discussão lhe acabou lembrando que ele nunca poderia se casar com Sakura. Teria uma esposa dentro do Clã. Este nunca iria aceitar uma esposa japonesa, poderosa e inimiga (já que possuía as cartas) como esposa do futuro guerreiro e rei do Clã. Nunca.
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Eles já estavam procurando há mais de horas, o que se manifestava em outra escala na realidade em que estavam Sakura e Shaoran. Aika olhava para os livros absorvendo e absorvendo informação, o quanto mais podia absorver...absorvia! Mey Ling tinha desistido de procurar há muito tempo e já havia colocado uma edição da Cosmogirl dentro de um livro fazia muito tempo! Somente Eriol e Tomoyo estavam realmente compenetrados na leitura e realmente entendendo algo. Por mais que Kero quisesse ajudar, só conseguia dormir com aquela escrita monótona de séculos passados, seu negócio mesmo é videogame!
Tomoyo: 'Gente, olha só, isso é super interessante! Os demônios Har-anock podem mudar e viajar através de dimensões, mas isso requer muita energia e para eles poderem fazê-lo, necessitam de uma fonte de magia, geralmente buscam magos em potencial que não sabem bem com o que lidam.'
Aika: 'Que coisa!'
Tomoyo: 'Ainda não terminou... Mas tem o lado bom. Eles podem ser reconhecidos como demônios viajantes e são muitas vezes invocados para atravessar realidades, mas para isso é necessário extrair a pedra negra que eles possuem na cabeça, assim eles não lhe atacaram e acabam se tornando ótimos e dóceis criaturas mágicas. Para invocá-lo basta dizer seu primeiro nome adicionando o prefixo do nome do demônio (Har-) antes dele e o sufixo (-anock) depois.'
Aika: 'Então quer dizer que o meu ficaria: Har-Aika-anock!?'
Eriol: 'Ai Meu Deus!!!'
Neste momento algo atravessou Aika. Ela caiu para trás junto com a cadeira-de-madeira, a qual fez um estalo no chão. Mey Ling estava com um pouco de raiva por Aika não ter sua boca tapada por aquele barulhão, mas também estava surpresa por vê-la ali estatelada no chão com uma cadeira nas costas. Somente Eriol parecia estar a par do que realmente havia acontecido.
Ali, no chão, Aika começou a sentir seus olhos fecharem. Ela dormiu por alguns segundos e logo despertou. Seus olhos estavam totalmente azuis. Um azul celeste, brilhante e poderoso. Ambos os olhos eram cobertos por aquele céu brilhante. Ela levantou-se vagarosamente e disse num tom de voz muito mais grave que o seu.
Aika: 'Menina tola!'
E então de repente ela caiu sozinha no chão, enfraquecida e desacordada. Tomoyo correu até o corpo no chão e constatou que ela não estava morta.
Eriol: 'Não há nada para se preocupar, Tomoyo.'
Mey Ling: 'Mesmo!? Porque tem um corpo no chão, né? E quando tem um desse no chão nunca se sabe o que se deve fazer!'
Eriol: 'Sem brincadeiras, Mey Ling.'
Kero um pouco zonzo de sono levantou os olhos do livro e balbuciou algumas palavras.
Kero: 'O que?? Aonde?! Não fui eu!!'
Mey Ling lhe deu uma bofetada na cara e ele logo voltou a dormir, desta vez um pouco mais profundamente.
Mey Ling: 'Pelúcia.'
Tomoyo: 'Já que você não está fazendo nada Mey Ling, faça-me o favor de sentir-se útil e levar Aika ao hospital.'
Eriol: 'E leve kero em sua bolsa, ele também está nos retardando.'
Mey Ling: 'Aí já não é minha culpa.esse sempre foi o trabalho dele.'
Eriol: 'Você nunca para?'
Mey Ling: 'De fazer o que? Dizer a verdade?'
Ela fez uma pausa estratégica.
Mey Ling: 'Fui criada assim. Me ensinaram que a verdade sempre é para o bem de todos.'
Eriol lhe olhou com uma cara maliciosa e deu um sorriso sedutor.
Eriol: 'Nem sempre, Mey Ling.'
Ela tentou decifrar aquilo no caminho para o hospital com Aika no banco de trás do Táxi e kero em sua bolsa.
Tomoyo retomou os estudos somente depois que falou com Mey Ling no celular e teve certeza de que tudo estava sendo encaminhado direitinho. Enquanto isso Eriol pensava calmamente. Ele sabia que o demônio havia passado pelo corpo de Aika, mas como ela é fraca, ele teve que sair rapidamente. Isso fez com que ele ficasse solto em nosso universo. Ele estava lá naquela biblioteca. Talvez, rastejando naquele corredor.
A mesa redonda que eles encontraram para estudar abrigava sete cadeiras e um bocado de livros, o suficiente para impedir a visão de Tomoyo com Eriol que estavam bem distantes, simetricamente distantes.
Tomoyo criou coragem e se levantou para ir até Eriol, ajeitou seu casaco e arrumou o cabelo. Dali a alguns segundos ela estava pronta para ir falar com ele. Levantou-se e caminhou o perímetro da mesa raspando a ponta do indicador e do dedo do meio na superfície de madeira-bruta da mesa. Ela ia segura, mas receosa. Foi quando chegou lá e se sentou na cadeira ao lado dele que fixou seu olhar naquele par de safiras. Ela ia dizer mas reteve suas palavras ao vê-lo falando, sem desviar o olhar do livro.
Eriol: 'Por que quer saber isso, Tomoyo?'
Tomoyo: 'O que!?'
Eriol levantou os olhos do livro e também olhou para os olhos dela.
Eriol: 'Posso responder?'
Tomoyo engoliu em seco, havia muito tempo que queria saber aquilo, e finalmente teria sua resposta!
Eriol: 'Sim, já pensei nisso muitas vezes e está nos rodeando.'
Ela suspirou pensando que aquela resposta era melhor do que todas que ela havia imaginado em seus muitos sonhos.
Eriol: 'A resposta é sim.'
Tomoyo precisou buscar ar onde não tinha. Estava perplexa com uma resposta direta de um garoto que era tão recolhido. Algo havia acontecido naqueles anos. Ele se aproximou dela e chegou a colocar seu rosto bem próximo ao dela. Ela sabia que aquilo era esperado, mas ele estava muito confiante, e isso era bom! Tomoyo fechou os olhos e só ouviu uma voz bem grave vir por trás de seu ouvido, uma voz ácida e cadavérica.
Voz: 'Que pobre desiludida.'
Ela abriu seus olhos e buscou espaço no canto do olho direito para poder ver a criatura medonha que se escondia atrás dela. Eriol foi mais rápido e com um punhal que retirou de seu casaco furou a pedra que pousava na cabeça da criatura horrenda que carregava duas orelhas flácidas e caídas, as quais eram sustentadas por uma cara de Bull-dog que possuía a pele sofrendo a força da gravidade uma sobre a outra formando na verdade um simples ajuntamento cutâneo.
Eriol levantou vitorioso e contornou Tomoyo pisando no peito da criatura semi-humana.
Eriol: 'Avisei que ele estava nos rodeando.'
Tomoyo encheu seus olhos de lágrimas mas as secou. Mordeu o lábio não contendo a tristeza. As palavras do demônio foram precisas, ela sempre esteve desiludida. Baixou sua cabeça e levantou-se re-abrindo seu sorriso generoso.
Tomoyo: 'Sabia que conseguiria.'
Eriol: 'Agora só falta transmitir minha energia para ele e em questão de segundos estaremos com Sakura e Shaoran do nosso lado.'
Tomoyo: 'Que bom!'
Eriol: 'Vamos buscar os corpos dos dois.'
Tomoyo foi agarrada pela cintura ao mesmo tempo em que Eriol colocou sua mão na cabeça do demônio desmaiado.
Eriol: 'Vento, signore di movimento. Li trasporterete a dove voglio.'
Em questão de segundos um brilho atingiu a sacada da casa das meninas. O gramado se iluminou com tanto brilho, mas este logo cessou e pode-se ver um casal e uma criatura não humana parados na porta de entrada daquela pequena casinha onde morava o Eclipse Temperado. Tomoyo abriu a bolsa e retirou a chave da porta. Logo ela estava segurando a porta da frente aberta para deixar Eriol arrastar o pesado monstro para dentro da casa. Sakura e Shaoran estavam deitados nos sofás, um em cada um. Tomoyo nem acendeu as luzes da casa. Afinal seriam breves.
Eriol: 'Certo, agora eu só vou precisar de uma vela.'
Tomoyo: 'Pode ser qualquer uma?'
Eriol: 'Sim...de preferência aquelas de cemitérios...Brancas.'
Tomoyo: 'Já volto.'
Assim que ela saiu da sala Eriol se encostou-se à parede entre a porta de entrada e a escada, fitou o chão, respirou bem fundo e deixou uma única gota de suor lhe escorrer pela testa.
Eriol: 'Por que isso agora? Já tenho problemas suficientes.'
Tomoyo estava parada na porta da cozinha apenas ouvindo aquelas palavras que saíam da boca de Eriol. Novo hábito ele estar falando sozinho. Ela se aproximou um pouco mais da porta para ouvir os murmúrios ainda embaralhados num barulho.
Eriol: 'Por que ela fez aquilo.'
Tomoyo ainda mal distinguia as falas de Eriol.
Eriol (falando mais alto): 'Por que você tinha que aparecer? Por que bem naquela hora, monstro!!?'
Com o grito, Tomoyo se assustou e deixou a vela cair no chão. O baque da cera no piso fez barulho suficiente para despertar a concentração de Eriol. Ele olhou para a cozinha e pela fresta da porta iluminada pela luz da rua, viu um dos olhos violeta da garota que há pouco tentará se aproximar dele. Eriol engoliu em seco e criou coragem para falar algo e dispersar o silêncio constrangedor.
Eriol: 'Está tudo bem, Tomoyo?'
Ela saiu da cozinha com a vela na mão. Olhou atentamente para aqueles dois olhos azuis que paravam na sua frente e estendeu a mão com a vela. Eriol abriu a sua e sentiu a vela deslizar pela mão de Tomoyo e cair em sua palma sem eliminarem o contato ocular. Eles mantiveram este contato durante alguns minutos quando Eriol, como sempre, quebrou o silêncio.
Eriol: 'Tomoyo...Me promete uma coisa?'
Tomoyo: 'Diga.'
Eriol: 'Eu vou voltar em um segundo, literalmente. Me promete que não sairá daqui?'
Tomoyo ficou em silêncio durante um tempo, mas depois confirmou com a cabeça.
Eriol acendeu a vela com magia e pousou-a ba testa do demônio, no lugar onde a pedra estava. Enquanto a será derretida preenchia o espaço deixado pela pedra, Eriol repetia algumas palavras.
Eriol: 'Har-Eriol-Anock, lo prende dove desidero, voi sa dove è. Ora prendalo, prendendo la cura del vostro piede...'
Depois de sete vezes repetidas aquelas palavras, Eriol passou a ser um vulto azul parado ali como se estivesse sendo desfigurado pelo vento. Seus cabelos voavam em câmera lenta e nenhum traço seu podia ser definido, seu rosto era um azul opaco enquanto seus pés tendiam a serem transparentes.
+++++
Sakura: 'Quer me soltar?'
Li: 'Por que? Se eu te soltar você vaio fazer escândalo de novo.'
Sakura: 'Eu só não acho justo vocÊ me beijar para me fazer parar de falar?'
Li: 'Mas é o único jeito.'
Sakura: 'Mas por que você faz isso!?'
Tempo: 'Sakura! Não reclama, ele é bonito, sarado, beija bem, deve ser bom de cama e tudo de bom!! Você ainda reclama!? '
O casal olhou feio para a carta.
Tempo: 'Pode deixar, eu fico na minha...'
Eles iam começar a discutir de novo, mas algo os fez parar. De repente, no negro do cenário surge uma abertura. Uma circunferência branca quebrou a negritude da dimensão. Eriol saiu de lá com o espectro de um monstro na sua frente.
Eriol: 'Vamos logo, não sei quanto tempo este portal ficará aberto.'
Tempo: 'Sim, mestre Clow.'
Eriol sorriu para a carta que lhe retribuiu o sorriso e logo apressou os dois amantes.
Sakura já ia indo em direção ao portal quando Shaoran lhe chamou.
Li: 'Sakura.'
Sakura: 'Sim?'
Ele lhe puxou para perto e colou-a em sua cintura.
Li: 'Quero que saiba que te amo muito.'
Sakura se derreteu e abriu um sorriso aprovador, um sorriso doce e alegre.
Sakura: 'Eu também te amo muito, Shaoran.'
Li selou seus lábios nos de Sakura e lhe deu um beijo que queria que fosse eterno.
Eriol: 'Vamos logo, gente.'
Todos passaram pelo portal e logo ele se fechou deixando aquela dimensão sozinha entre o tempo e espaço.
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Para Tomoyo aquilo não havia passado em menos de um minuto. Ela fixou seus olhos na parede que Eriol deixou vazia, mas logo se encheu com aquela imagem doce. O vulto azulado voltava a tomar cores diferenciadas. A tonalidade da pele branca de Eriol estava se formando, os cabelos tomavam aquela azul índigo e os olhos mostravam-se mais azuis que nunca. Em pouco tempo ele estava totalmente materializado em sua frente.
Eriol: 'Sabia que iria cumprir sua promessa.'
Tomoyo: 'Como não haveria de fazê-lo?'
Eriol não respondeu, apenas manteve seus olhos nos dela como fizeram antes. Intactos, vidrados. Ambos se fixavam sem piscar. Tomoyo dava aquele sorriso que aprovava e Eriol apenas mostrava o canto da boca dobrado num sorriso escondido.
Tomoyo: 'Vai ficar aí parado?'
Eriol se desencostou da parede e ficou com seu nariz lado a lado com o de Tomoyo. As respirações ofegantes faziam os dois esquentarem seus corpos por dentro.
Eriol (sussurrando): 'Nunca.'
Ele primeiro encostou seus lábios nos dela num beijo suave. Ela fechou s olhos pousou suas mãos na face de Eriol. Ele por estar um pouco mais alto, teve que inclinar sua cabeça. Com suas mãos na cintura da moça, ele a beijava intensamente. Ela lhe deu permissão para aprofundar e acabou se tornando seu primeiro beijo. As mãos geladas de nervoso de Tomoyo estavam entrelaçando os cabelos um pouco rebeldes de Eriol. Ele permanecia com suas mãos na cintura dela respeitando-a.
Enquanto os dois se mantinham naquele beijo. Os corpos deitados no sofá começavam a ganhar cor e logo...vida. Shaoran e Sakura aos poucos foram se movendo com suavidade, algo bem distante daquela petrificação. Os dois estavam agora vivos novamente. Seus espíritos haviam se fundido aos corpos novamente. Sakura levantou-se do sofá suspirando como se precisasse de ar. Shaoran apenas engasgou e logo estava de pé.
Eriol e Tomoyo estavam tão intensificados naquele momento que acabaram não percebendo o que estava acontecendo. Sorte que o monstro havia se espatifado com tanta magia, assim seria u a menos para atrapalhar o momento.
Sakura se levantou e olhou em volta, estranhamente aquilo lhe era desconhecido. Shaoran fez o mesmo e olhou para todos os lados com estranheza.
Sakura: 'Onde eu tô!?'
Eriol e Tomoyo pararam de se beijar e olharam atentamente para Sakura e Shaoran que pairavam com muitos pontos de interrogação na cabeça.
Shaoran: 'Quem são vocês?!'
Continua...
Nota do autor: E aí gente? O que acharam da volta de Magia Natural!? Espero mesmo que tenham gostado, eu me empenhei muito e observei atentamente tudo ao meu redor para poder fazer o melhor que pude no momento.
Bom, tenho uma notícia horrível. Vou viajar nesse fim de semana (15/02/2004 - domingo) e só volto no Carnaval. Parece que esse será o único capítulo de Fevereiro, mas não se preocupem pq os ouros já estão em andamento...hehehe.
Muitos beijos a todos aqueles que lêem este Fanfic e a todos aqueles que conseguiram chegar aqui e suportar meu super-mega-mór-atraso.
Beijos queridos de Rogan Peve.
Sugestões, comentários ou simples xingos é só mandar uma review ou um e-mail, tá?
Beijos.
Rogan Peve pe_ve@hotmail.com
