OLÁ MINHA CONCUMBINA (Parte 02)
Shoran Li conduzia Sakura para fora do cabaré, onde seu motorista o aguardava para levá-lo de volta à sua residência. Sakura ficara confusa com tudo isto que esta acontecendo:
- Mas, não tem problema de eu ir morar na sua casa?
- Problema? Se todos os meus problemas fossem assim, eu poderia me considerar um felizardo! Não haverá problema algum. Você será minha hóspede! E por favor, quero que se sinta como se estivesse em sua própria casa. O que importa é que você se sinta bem.
Sakura se sentira confortada com o que Shoran havia dito, pois não se sentia bem com o ambiente em que estava.
O motorista de Shoran, vendo que ele estava se aproximando, desceu e prontamente abriu a porta do carro para seu patrão e para a bela moça que estava com ele. Já dentro do carro, Shoran pediu para que voltassem para casa. Sakura não falava nada, apenas ficava olhando pela janela do carro a paisagem que passava por eles enquanto se dirigiam até a residência de Shoran.
Passados alguns instantes, eles já estavam nos portões da residênia de Shoran Li. Um empregado veio recebe-los, abrindo os portões para entrarem, e o carro seguiu adiante, parando em frente a um belo casarão de dois andares, onde próximo a ele havia um jardim amplo.
Shoran desceu do carro, e delicadamente segurou na mão de Sakura para que ela descesse. Sakura desceu, e mesmo sendo madrugada, ela ficou admirada com a beleza que aquela mansão transmitia. O motorista despediu-se de seu patrão e foi guardar o carro e se recolher. Shoran entrou na mansão e conduziu Sakura até o hall de entrada. Ela ficara maravilhada no amplo espaço do ambiente e com a beleza na decoração, onde lindas telas à óleo e uma ou duas esculturas traziam mais vida ao ambiente.
- Nossa Shoran, que linda é sua casa. Quantas pessoas moram aqui?
- Bem, atualmente somente eu moro aqui.
- Só você?
- É, os empregados tem seus aposentos nos fundos da mansão. É que preferi morar sozinho, já que agora eu é que estou à frente dos negócios da família. Agora vamos subir que eu vou te deixar no seu quarto.
Shoran e Sakura foram em silêncio até o andar superior da mansão. Lá havia um corredor com várias portas e em uma daquelas portas estava o quarto de hóspedes:
- Vejamos, onde era o quarto de hóspedes? Lembrei! É na penúltima porta à esquerda.
Eles foram até lá e Sakura ficou encantada com o quarto em que ficaria. Havia uma cama , um criado mudo com um abajur, uma penteadeira, uma cômoda, uma mesa com dois lugares e um banheiro próprio, bem acabado e com toalhas bordadas. Toda a mobília do quarto era em estilo Neo-Clássico. Sakura perguntou maravilhada:
- Eu vou ficar aqui?
- Por quê? Você não gostou? Se quiser a gente pode mudar alguma coisa...
- Não! Não é isso. Eu adorei tudo isto. É tão lindo, tão aconchegante.
- Que bom que você gostou. É justamente o que eu queria te proporcionar, um ambiente aconchegante.
- Muito obrigada, Shoran... hã... quer dizer, Sr. Li...
- Me chame de Shoran, é bem melhor do que você me chamar de Sr. Li...
Sakura sorriu com este comentário de Shoran:
- Tá certo, vou me lembrar...
Shoran ficava só observando Sakura e pensando consigo mesmo:
"Como o sorriso dela é lindo! Nunca encontrei uma mulher com um sorriso assim..."
Então Sakura notou que Shoran estava ali parado, sem dizer nada a ela:
- Shoran, algum problema com você?
- Ah, me desculpe. Já está na hora de se recolher. Acho que no armário tem cobertores, caso precise. Eu deixarei avisado a governanta sobre a sua estadia, pois agora ela esta dormindo e não quero acordá-la agora.
- Tá bom, então boa noite. E muito obrigada!
- Boa noite Sakura, durma bem.
- Obrigada.
E Shoran se retirou e deixou Sakura em seu quarto. Foi se recolher, pois pela manhã ele teria que ir
ao escritório para resolver alguns problemas referentes a uma das filias de sua empresa.
Shoran dormira muito pouco, tinha que levantar bem cedo para resolver logo estes problemas, pois ainda se sentia os efeitos da Recessão de 1929, onde várias empresas faliram. Antes de sair, Shoran avisou a sua governanta sobre a estadia de Sakura e sobre ela só falar japônes, e recomendou que a tratassem bem, fazendo com que ela se sentisse em sua própria casa. Em seguida saiu para o escritório. Rapidamente ele chegou e foi para a sua sala:
- Bom dia Srta. Sung.
- Bom dia Sr. Li. O Sr. Hiragizawa o esta esperando em sua sala.
- Ótimo, eu preciso muito falar com ele. Por favor Srta. Sung, não estou para ninguém até eu terminar esta reunião com Hiragizawa.
- Sim , Sr Li...
Shoran entrou em sua sala e encontrou Eriol sentado em um sofá que havia na sala. Logo tratou de cumprimentar Eriol:
- Bom dia Eriol. Que bom que veio cedo!
- Bom dia Shoran. Quanto mais cedo resolvermos este problema com a filial em Londres, melhor. Pois depois da Grande Recessão, todo cuidado é pouco.
- É verdade Eriol. Vou pedir que a Srta. Sung nos traga um café, pois parece que a reunião será longa.
Shoran e Eriol discutiam sobre os problemas da filial em Londres, onde o fornecedor pedia um aumento na renovação do contrato, e muitas duplicatas a receber de vários clientes estavam comprometendo o redimento da filial. Eles discutiram, tentando achar uma saída. Ligaram para outros fornecedores, negociaram algumas duplicatas e ligaram para os encarregados da filial em Londres. Depois de passarem a manhã toda na sala, eles conseguiram a muito empenho resolver os problemas que estavam afetandoa filial em Londres. Cansados e famintos, eles deram por encerrada a reunião. Eriol se sentia aliviado por aquilo ter terminado:
- Ufa! Foi difícil, mas conseguimos. Eu estou com muita fome. Que tal irmos almoçar naquele restaurante de frutos-do-mar?
- Hoje não Eriol, obrigado. Vou almoçar em casa. Você não quer ir?
- E será que o motivo de você almoçar em sua casa seja a bela japonesa da noite de ontem?
- Digamos que sim. Não quero que ela se sinta pouco a vontade estando em minha casa.
- Bem, venhamos e convenhamos, você se deu muito bem ontem.
- Ora, não aconteceu nada entre eu e ela. Ela nem estava entendendo o que estava sendo discutido
lá no "Dragão Voador". Nem falar catônes ela sabe. Ainda bem que eu a tirei de lá... Mas ontem você também se deu muito bem, estava rodeado de belas garotas.
- É, mas nenhuma delas tinham o sorriso e o olhar da bela japonesa que você hospedou. A beleza dela é uma mistura de inocência com sensualidade.
- Ela é muito bonita mesmo, eu fiz isto por quê não queria que aquela beleza fosse imaculada por algum daqueles caras que estavam lá. Ela não se sentia bem ali, espero que eu possa ajudá-la.
- Bem, então vá e não se atrase, eu vejo se a Srta. Sung não quer ir comigo almoçar.
- Tudo bem, eu te vejo depois. Até mais.
Shoran se despediu de Eriol e da sua secretária, Srta. Sung, e se dirigiu até a sua residência. Estava curioso em saber como Sakura estava e se tinha dormido bem, e o que estava achando de sua estadia.
Logo Shoran já atravessava os portões de sua mansão, era um começo de tarde agradável, com sol e sem ventos e não abafado. O chofer parou o carro em frente a porta de entrada, desceu do carro e abriu a porta para Shoran descer. Shoran desceu, deu instruções ao seu motorista para que fosse almoçar e entrou dentro de sua mansão. No hall de entrada ele notou uma criada de costas para ele, com um espanador na mão, tirando o pó das esculturas. A criada, ouvindo o barulho da porta se fechar, virou-se para ver quem estava chegando.
- Shoran! Seja bem-vindo!
- Sakura? O que você esta fazendo? E por que essas roupas de criada?
Sakura estava vestida com uma roupa que lembra as criadas da aristocracia. Um vestido azul marinho, com alguns babados.
- Bem, é que...eu acordei meio tarde hoje...e sua governanta me serviu o café da manhã no quarto, mas eu não queria ficar no quarto, queria poder ajudá-la. Eu fui num destes quartos procurar algo para me vestir, e achei este uniforme. Aí comecei a tirar o pó da casa, mas ela começou a falar de um jeito desesperado, colocando as mãos na cabeça, então resolvi fazer o serviço de limpeza novamente...
Ao ouvir isto, Shoran começou a rir, pois estava imaginando o desespero de sua governanta e também por sua hóspede querer fazer-se de empregada da casa.
- Mas Sakura, você é minha hóspede. Não tem que fazer este serviço.
- Mas queria me sentir útil aqui.
- Você vai se sentir útil quando puder começar a estudar. Acho melhor eu contratar uma professora para ensinar a você o mais breve possível, senão você pode querer pintar a minha casa...
Sakura ficara envergonhada com o comentário, mas gostou de saber que iria poder estudar. Nisso a governanta de Shoran , que estava na cozinha, ouviu seu patrão chegar, e imediatamente foi reportar a ele o que tinha acontecido:
- Sr. Li, que bom que o senhor chegou. Eu a servi como o senhor tinha me recomendado, mas ela ficou insistindo que queria ajudar na limpeza da casa, não entendia o que eu dizia, e comecei a ficar aflita, com medo de sua reação...
- Não se preocupe Sra. Wong! Eu sei que a senhora fez o possível, é que ela não entende a nossa língua, e gosta de ser prestativa.
- Obrigada Sr. Li pela sua compreensão. Posso mandar servir o almoço?
- Pode sim. Eu e Sakura iremos almoçar agora e depois iremos sair, avise ao motorista para que esteja pronto para nos levar ao centro comercial, após a refeicão.
- Sim senhor, com licença.
A governanta se retirou e foi ordenar as outras criadas que preparassem a mesa para o almoço.
- E então Sakura, vamos almoçar?
- Vamos sim, estou com fome também.
O dois jovens terminaram sua refeição e Shoran avisou Sakura:
- Sakura, vamos agora ao centro comercial, onde vamos comprar algumas roupas para você. Você não pode andar pela casa só com esta roupa.
- Mas as minhas coisas. Eles não vão deixá-las aqui?
- Ainda não me foi entregue as suas coisas que você deixou com Madame Buterfly. Enquanto elas não vem, vamos ir tratando de comprar roupas novas para você.
- Tá, tudo bem. Mas eu vou com meu quimono?
- Você é quem decide. Vá do jeito que achar melhor.
- Não. Se quiser podemos ir agora.
Madame Buterfly pedira a suas criadas para que os pertences da jovem que fora atração na noite anterior fossem cuidadosamente embaladas para que sejam entregues em sua nova casa. Uma bela mulher, de cabelos pretos longos e de gênio difícil não se conformava com o que estava acontecendo. Foi desabafar todo o seu descontentamento com Madame Buterfly. Se dirigiu aos aposentos de Madame Buterfly e pediu licença para entrar.
- Madame com licença. Gostaria de falar com a senhora.
- Meilin, entre. O que houve? Algum problema?
- Todos, Madame. Por quê Shoran levou aquela moça com ela? Ele nunca fez isto comigo! E eu que o sirvo há tanto tempo...isto não é justo...por quê ele não me escolheu?
- Meilin, eu posso tentar entender o que você está sentindo, mas Shoran nunca te enganou. Ele sempre disse que queria você como a sua concumbina, e você aceitou.
- Mas é que eu pensava que com o tempo ele iria gostar de mim. Iria me amar. Que ele iria me levar para morar com ele, pra se casar comigo. Mas ao invés disso, ele não levou a mim, que sempre dei todo o meu amor para ele. Ele levou uma estranha, uma pessoa que ele conhecera somente algumas horas. E que esta vivendo com ele agora.
Então Meilin começara a ficar com os olhos úmidos e a ficar alterada:
- Isto não é justo...Por quê a senhora deixou que ele a levásse a não a mim? Por quê?
Madame Buterfly começou a falar com voz firme e rapidamente tomou o controle da situação:
- Meilin, acalme-se. Infelizmente você esteve se enganando todo este tempo. Sabia que Shoran não te amava. Não adianta nada ficar irada com tudo e com todos, pois é resultado do seu egoísmo. E Shoran levou aquela bela jovem pois quis ajudá-la, estava preocupado com o bem-estar da jovem.
- E com o "meu" bem-estar? Ele devia se preocupar comigo!
E Meilin saiu correndo dos aposentos de Madame Buterfly, indo para o seu quarto chorar todas suas mágoas. Saindo do quarto, quase trombou com uma criada que iria falar com Madame Buterfly. A criada, assustada com a pressa de Meilin, fora falar com sua Senhora.
- Madame Buterfly, o que houve com Meilin?
Madame lamentava o quanto aquela jovem estava sentindo, se enganando daquele jeito:
- Deixe Shin. Meilin estava se enganando, e encontrou a frustação ao invés do amor. Mas mudando de assunto, todos os pertences da jovem estrangeira já foram bem embalados?
- É isto que vim lhe informar. Estão todos embalados e esperando a sua decisão quanto a eles.
- Ótimo. Eu lhe darei o endereço para que sejam entregues os pertences da jovem estrangeira. Quero se sejam entregues ainda esta tarde.
- Sim senhora. Serão entregues conforme seu pedido.
E nos aposentos de Meilin, a bela chinesa estava agarrada ao seu travesseiro, deitada de bruços na cama o quanto ela amou Shoran e que estava agora chorando as mágoas que sentia dele:
- Por quê fez isto comigo Shoran? Ela é bem melhor para você do que eu? E as noites que passamos juntos?
Meilin chorava compulsivamente, as lágrimas desciam de seu rosto como um pequeno corrégo, cheio de tristeza e de desapontamento.
Sakura e Shoran chegaram ao Centro Comercial de Hong-Kong, onde havia muitas lojas , com os mais variados artigos. Shoran levou Sakura até a uma boutique que era especializada em roupas femininas. Shoran gostou das roupas que estavam na vitrine e entrou na loja junto com Sakura. Logo a vendedora foi atende-los:
- Bom Tarde! Em que posso ajudá-los.
Sakura pensou que ela estivesse cumprimentando-os, e respondeu o cumprimento:
- Olá, boa tarde.
A vendedora não entendeu o que Sakura disse, e Shoran tratou logo de intervir:
- Boa tarde. Esta é uma amiga que veio do Japão, ela não entende nosso idioma e infelizmente teve sua bagagem transviada. Como não sabemos se o problema de sua bagagem será ou não solucionado, resolvemos vir até aqui para comprar roupas novas. Eu gostaria que ela experimentasse alguns modelos.
- Claro senhor. Ela será muito bem tratada. Por aqui senhorita...
- Shoran, para onde estão me levando?
- Vá com eles Sakura. Só estão querendo que você experimente algumas roupas.
- Tá bom...
A vendedora mostrou a Sakura vários modelos, e através de gestos via se Sakura gostava ou não de alguma roupa. Sakura ia experimentar as roupas qe escolhia, e ia mostrá-las a Shoran, que não se cansava de admirá-la vestindo roupas que ficavam muito bem nela. Uma roupa em especial chamou a atenção de Shoran. Sakura vestia um vestido vermelho claro, que um pouco abaixo dos joelhos, estava usando luvas que iam um pouco abaixo do cotovelo, sapatos femininos de meio salto e uma pequena bolsa feminina. Shoran via Sakura vestida daquela maneira, e por alguns momentos ficou estático, apenas admirando Sakura trajando aquelas roupas.
- Shoran? O que foi? Algum problema?
- Sakura, por favor, quando irmos embora, quero que você esteja vestindo esta roupa, tudo bem?
- Claro, mas por quê diz isto?
- É que... você ficou maravilhosa com esta roupa...
Sakura ficou vermelha com esta declaração de Shoran, apenas ficou limitada a responder a pergunta de Shoran:
- Tá...tá certo...vou vesti-lá depois...
E ela entrou depressa no provador, ainda com vergonha do que Shoran havia dito. Shoran ficara encabulado e não acreditava no que havia dito. A vendedora perguntou a Shoran se além de roupas formais, ela não gostaria de alguma roupa de passeio. Shoran pediu que a vendedora mostre a Sakura as outras roupas e dependendo do que Sakura gostar, eles irão levar.
A compra das roupas consumiu tempo e já era fim de tarde. Shoran então fez um convite a Sakura:
- Sakura , gostaria de tomar um chá comigo? Tem um restaurante muito bom por aqui. Ou você está cansada?
- Não estou cansada. Se quiser podemos ir.
- Que bom. Queria conversar mais com você.
E depois de ter dito isto, Shoran ofereceu com cavalherismo o seu braço para que fosse de braços dados:
- Podemos ir, srta. Sakura?
Sakura achou graça naquele gesto de Shoran, fazendo o joguinho dele, aceitou ir de braços dados com Shoran:
- Obrigada Sr. Li. O senhor é muito gentil.
E os dois jovens, sorridentes e felizes por se entenderem bem, foram até o restaurante próximo ao centro comercial. Shoran há muito tempo tem mesa cativa lá, e assim que chegaram foram prontamente atendidos e levados até a sua mesa. Muitos clientes notaram o belo casal indo para seus lugares, e muitos comentaram que faziam um lindo par, onde a beleza de um tinha harmonia com a beleza do outro. Shoran notou os olhares das outras mesas, e não via a hora de chegar até a sua mesa para ficar livre daqueles olhares curiosos.
Os dois jovens se acomodaram em seus lugares, e pediu que servissem chá com torradas. Sakura ficara encantada com o ambiente, onde podia se ouvir o pianista executar Moonlight Sonata, Minute Waltz e outras composições, deixando o ambiente calmo e aconchegante.
- Puxa Shoran, é tão gostoso este ambiente. Calmo e acolhedor...
- Que bom que gostou. E enquanto saboreamos chá com torradas, poderíamos ficar conversando...
- E o que gostaria de convesar?
- O que você quiser.
- Eu queria saber mais sobre você Shoran. Se você nasceu aqui, do que você gosta...
A reação de Shoran fora de surpresa e alegria pela pergunta de Sakura. As mulheres que saíam com Shoran eram tão superficiais para ele. Só queriam saber de festas, viagens. Se importavam mais em saber se ele era rico do que saber do que ele gostava, de conhecer sua personalidade. E Shoran ficou feliz com este carinho de Sakura. E com prazer contou a Sakura que nascera em Hong-Kong, único filho homem da família Li, clã influente e muito respeitado. Contou a ela que fora desde cedo preparado para assumir as empresas do clã assim que atingisse a maioridade. Contou sobre sua mãe, Yelan Li, sobre suas irmãs e sobre seu pai e o quanto o admirava. Sakura estava atenta a tudo que Shoran dizia e achava interessante tudo que Shoran dizia. Shoran ainda contou sobre os seus treinamentos, seus gostos pessoais, seu trabalho. E Sakura alguma vez ou outra fazia perguntas sobre estes assuntos, e Shoran a respondia, tornando a conversa mais envolvente e atrativa. E o tempo passou rápido para eles enquanto estavam ali. Saíram do restaurante por volta das 8:30 e logo foram para a mansão de Shoran.
Meia hora após sairem do restaurante aonde Shoran e Sakura passaram momentos agradáveis conversando, os jovens estavam em frente a mansão de Shoran. Sakura pegou no sono rapidamente, e Shoran preferiu não acordá-la até que chegassem em casa. Quando o motorista manobrou o carro até em frente da mansão, Shoran com cuidado tratou de acordar Sakura, dando leves empurrões no ombro dela:
- Sakura, acorde. Já chegamos.
- Hã...o quê? Onde estamos?
- Em frente da minha casa. Você dormiu no caminho até aqui.
- Ai, me desculpa. Foi sem querer! Não foi por mal...
- Não se preocupe. Eu não quis te acordar no caminho. Você esta um pouco cansada.
O chofer desceu do carro e abriu a porta para que seu patrão e sua amiga descessem do carro. Shoran pediu para que ele levasse os pacotes até o hall de entrada e depois fosse se recolher, pois não iria sair mais. O motorista retirou os pacotes das compras e os levou até a altura das escadarias da mansão, Shoran agradeceu e lhe desejou uma boa noite. O chofer agradeceu e desejou uma boa noite ao seu patrão e foi guardar o carro e ir se deitar. O casal ao entrar na mansão, foi recepcionado pela governanta de Shoran:
- Boa noite Senhor Li, boa noite Srta. Sakura.
- Boa noite Sra. Wong.
Sakura deduziu que a governanta estava cumpimentando-a:
- Boa noite, tudo bem com a senhora?
Shoran achou graça as duas se cumprimentando e não entendendo o que diziam:
- Sra. Wong, esqueceu que ela não entende Cantônes?
- Desculpe Sr. Li. Mas a srta. Sakura ficou tão linda nestas roupas, que eu tinha me esquecido disto.
- Isto é verdade Sra. Wong.
- Sr. Li, hoje a tarde nos foi entregue os pertences da srta. Sakura. Eu pedi a uma das criadas da casa para que lavasse e passase as roupas da srta. Sakura e que as organizasse no quarto que dela.
- Ótimo Sra. Wong, obrigado pela gentileza.
- É sempre um prazer, Sr. Shoran. O Sr. e a Srta. Sakura irão jantar agora?
- Não sei Sra. Wong, vou peguntar para Sakura.
Shoran se voltou para Sakura e perguntou:
- Sakura, irá jantar agora?
- Não Shoran, obrigado. Acho que irei tomar um banho e depois irei dormir cedo.
- Eu também vou dormir cedo, vou avisar a Sra. Wong que você não irá jantar.
- Sra. Wong, não iremos jantar esta noite. Por favor, poderia levar os pacotes das compras até o quarto de Sakura? Se ela quiser lhe ajudar, deixe-a, ela só quer ser prestativa.
- Sim Sr. Li. Com licença e boa noite.
- Boa noite Sra. Wong.
Shoran Li voltou-se para Sakura , para lhe desejar uma boa noite.
- Boa noite Sakura.
- Boa noite Shoran.
E a governanta de Shoran pegava os pacotes e prontamente Sakura pedia para ajuda-la. A governanta sorriu e deixou para ela algumas sacolas. Sakura sorriu e agradeceu e as duas foram até os aposentos de Sakura. Enquanto isto Shoran se dirigia até o seu escritório, onde preparava a papelada que ele levaria até o escritório da empresa.
Sakura e a governanta deixaram as sacolas do lado da cômoda e Sakura agradeceu com um sorriso e desejou uma boa noite, embora a governanta não tenha entendido nada. A governanta compreendeu, e se retirou. Após tomar um banho, Sakura foi até as compras pegar o pijama que tinha comprado, mas ao verificar a cômoda para pegar cobertores, viu que as suas roupas antigas estavam arrumadas nos cabides e estavam limpas, passadas e com perfume de roupa limpa. Sakura ficou contente com a gentileza e feliz por ter as suas roupas entregues e limpas. Trocou-se e logo foi se deitar.
Shoran saia cedo para trabalhar, como fazia sempre. Após as recomendações que fazia para a governanta, Shoran foi para o escritório da empresa e de lá tratou logo de pedir para sua secretária, Srta. Sung, para que rapidamente contratasse os serviços de uma professora para Sakura, para que começasse a dar aulas ainda hoje. Por sorte, Srta. Sung conhecia uma tradutora que poderia prestar serviços para lecionar Cantônes.
Sakura acordou com a batida na porta de seu quarto. Era uma das criadas que levou seu café da manhã. Sakura agradeceu com uma reverência e foi logo se arrumar e tomar seu café. Ao terminar seu desjejum, novamente batiam à sua porta e ela foi ver do que se tratava. Era a governanta, que com gestos, pediu para que Sakura descesse com ela. Sakura a acompanhou, e ao descer as escadas, notou uma bela moça no hall de entrada, que parecia estar esperando alguém.
A governanta levou Sakura até a moça que estava no hall. A moça era muito bonita. Tinha uma pele clara, porém sedosa, e cabelos longos e negros que estavam entrelaçados. Vestia um vestido branco com detalhes de flores, sandálias de salto e bico fino e segurava sua bolsa e uma pasta. Ao observar Sakura, a cumprimentou em um perfeito Japonês.
- Bom dia, tudo bem com você? Você deve ser Sakura. Sou Tomoyo Daidouji, sua nova professora de Cantônes.
Continua...
Shoran Li conduzia Sakura para fora do cabaré, onde seu motorista o aguardava para levá-lo de volta à sua residência. Sakura ficara confusa com tudo isto que esta acontecendo:
- Mas, não tem problema de eu ir morar na sua casa?
- Problema? Se todos os meus problemas fossem assim, eu poderia me considerar um felizardo! Não haverá problema algum. Você será minha hóspede! E por favor, quero que se sinta como se estivesse em sua própria casa. O que importa é que você se sinta bem.
Sakura se sentira confortada com o que Shoran havia dito, pois não se sentia bem com o ambiente em que estava.
O motorista de Shoran, vendo que ele estava se aproximando, desceu e prontamente abriu a porta do carro para seu patrão e para a bela moça que estava com ele. Já dentro do carro, Shoran pediu para que voltassem para casa. Sakura não falava nada, apenas ficava olhando pela janela do carro a paisagem que passava por eles enquanto se dirigiam até a residência de Shoran.
Passados alguns instantes, eles já estavam nos portões da residênia de Shoran Li. Um empregado veio recebe-los, abrindo os portões para entrarem, e o carro seguiu adiante, parando em frente a um belo casarão de dois andares, onde próximo a ele havia um jardim amplo.
Shoran desceu do carro, e delicadamente segurou na mão de Sakura para que ela descesse. Sakura desceu, e mesmo sendo madrugada, ela ficou admirada com a beleza que aquela mansão transmitia. O motorista despediu-se de seu patrão e foi guardar o carro e se recolher. Shoran entrou na mansão e conduziu Sakura até o hall de entrada. Ela ficara maravilhada no amplo espaço do ambiente e com a beleza na decoração, onde lindas telas à óleo e uma ou duas esculturas traziam mais vida ao ambiente.
- Nossa Shoran, que linda é sua casa. Quantas pessoas moram aqui?
- Bem, atualmente somente eu moro aqui.
- Só você?
- É, os empregados tem seus aposentos nos fundos da mansão. É que preferi morar sozinho, já que agora eu é que estou à frente dos negócios da família. Agora vamos subir que eu vou te deixar no seu quarto.
Shoran e Sakura foram em silêncio até o andar superior da mansão. Lá havia um corredor com várias portas e em uma daquelas portas estava o quarto de hóspedes:
- Vejamos, onde era o quarto de hóspedes? Lembrei! É na penúltima porta à esquerda.
Eles foram até lá e Sakura ficou encantada com o quarto em que ficaria. Havia uma cama , um criado mudo com um abajur, uma penteadeira, uma cômoda, uma mesa com dois lugares e um banheiro próprio, bem acabado e com toalhas bordadas. Toda a mobília do quarto era em estilo Neo-Clássico. Sakura perguntou maravilhada:
- Eu vou ficar aqui?
- Por quê? Você não gostou? Se quiser a gente pode mudar alguma coisa...
- Não! Não é isso. Eu adorei tudo isto. É tão lindo, tão aconchegante.
- Que bom que você gostou. É justamente o que eu queria te proporcionar, um ambiente aconchegante.
- Muito obrigada, Shoran... hã... quer dizer, Sr. Li...
- Me chame de Shoran, é bem melhor do que você me chamar de Sr. Li...
Sakura sorriu com este comentário de Shoran:
- Tá certo, vou me lembrar...
Shoran ficava só observando Sakura e pensando consigo mesmo:
"Como o sorriso dela é lindo! Nunca encontrei uma mulher com um sorriso assim..."
Então Sakura notou que Shoran estava ali parado, sem dizer nada a ela:
- Shoran, algum problema com você?
- Ah, me desculpe. Já está na hora de se recolher. Acho que no armário tem cobertores, caso precise. Eu deixarei avisado a governanta sobre a sua estadia, pois agora ela esta dormindo e não quero acordá-la agora.
- Tá bom, então boa noite. E muito obrigada!
- Boa noite Sakura, durma bem.
- Obrigada.
E Shoran se retirou e deixou Sakura em seu quarto. Foi se recolher, pois pela manhã ele teria que ir
ao escritório para resolver alguns problemas referentes a uma das filias de sua empresa.
Shoran dormira muito pouco, tinha que levantar bem cedo para resolver logo estes problemas, pois ainda se sentia os efeitos da Recessão de 1929, onde várias empresas faliram. Antes de sair, Shoran avisou a sua governanta sobre a estadia de Sakura e sobre ela só falar japônes, e recomendou que a tratassem bem, fazendo com que ela se sentisse em sua própria casa. Em seguida saiu para o escritório. Rapidamente ele chegou e foi para a sua sala:
- Bom dia Srta. Sung.
- Bom dia Sr. Li. O Sr. Hiragizawa o esta esperando em sua sala.
- Ótimo, eu preciso muito falar com ele. Por favor Srta. Sung, não estou para ninguém até eu terminar esta reunião com Hiragizawa.
- Sim , Sr Li...
Shoran entrou em sua sala e encontrou Eriol sentado em um sofá que havia na sala. Logo tratou de cumprimentar Eriol:
- Bom dia Eriol. Que bom que veio cedo!
- Bom dia Shoran. Quanto mais cedo resolvermos este problema com a filial em Londres, melhor. Pois depois da Grande Recessão, todo cuidado é pouco.
- É verdade Eriol. Vou pedir que a Srta. Sung nos traga um café, pois parece que a reunião será longa.
Shoran e Eriol discutiam sobre os problemas da filial em Londres, onde o fornecedor pedia um aumento na renovação do contrato, e muitas duplicatas a receber de vários clientes estavam comprometendo o redimento da filial. Eles discutiram, tentando achar uma saída. Ligaram para outros fornecedores, negociaram algumas duplicatas e ligaram para os encarregados da filial em Londres. Depois de passarem a manhã toda na sala, eles conseguiram a muito empenho resolver os problemas que estavam afetandoa filial em Londres. Cansados e famintos, eles deram por encerrada a reunião. Eriol se sentia aliviado por aquilo ter terminado:
- Ufa! Foi difícil, mas conseguimos. Eu estou com muita fome. Que tal irmos almoçar naquele restaurante de frutos-do-mar?
- Hoje não Eriol, obrigado. Vou almoçar em casa. Você não quer ir?
- E será que o motivo de você almoçar em sua casa seja a bela japonesa da noite de ontem?
- Digamos que sim. Não quero que ela se sinta pouco a vontade estando em minha casa.
- Bem, venhamos e convenhamos, você se deu muito bem ontem.
- Ora, não aconteceu nada entre eu e ela. Ela nem estava entendendo o que estava sendo discutido
lá no "Dragão Voador". Nem falar catônes ela sabe. Ainda bem que eu a tirei de lá... Mas ontem você também se deu muito bem, estava rodeado de belas garotas.
- É, mas nenhuma delas tinham o sorriso e o olhar da bela japonesa que você hospedou. A beleza dela é uma mistura de inocência com sensualidade.
- Ela é muito bonita mesmo, eu fiz isto por quê não queria que aquela beleza fosse imaculada por algum daqueles caras que estavam lá. Ela não se sentia bem ali, espero que eu possa ajudá-la.
- Bem, então vá e não se atrase, eu vejo se a Srta. Sung não quer ir comigo almoçar.
- Tudo bem, eu te vejo depois. Até mais.
Shoran se despediu de Eriol e da sua secretária, Srta. Sung, e se dirigiu até a sua residência. Estava curioso em saber como Sakura estava e se tinha dormido bem, e o que estava achando de sua estadia.
Logo Shoran já atravessava os portões de sua mansão, era um começo de tarde agradável, com sol e sem ventos e não abafado. O chofer parou o carro em frente a porta de entrada, desceu do carro e abriu a porta para Shoran descer. Shoran desceu, deu instruções ao seu motorista para que fosse almoçar e entrou dentro de sua mansão. No hall de entrada ele notou uma criada de costas para ele, com um espanador na mão, tirando o pó das esculturas. A criada, ouvindo o barulho da porta se fechar, virou-se para ver quem estava chegando.
- Shoran! Seja bem-vindo!
- Sakura? O que você esta fazendo? E por que essas roupas de criada?
Sakura estava vestida com uma roupa que lembra as criadas da aristocracia. Um vestido azul marinho, com alguns babados.
- Bem, é que...eu acordei meio tarde hoje...e sua governanta me serviu o café da manhã no quarto, mas eu não queria ficar no quarto, queria poder ajudá-la. Eu fui num destes quartos procurar algo para me vestir, e achei este uniforme. Aí comecei a tirar o pó da casa, mas ela começou a falar de um jeito desesperado, colocando as mãos na cabeça, então resolvi fazer o serviço de limpeza novamente...
Ao ouvir isto, Shoran começou a rir, pois estava imaginando o desespero de sua governanta e também por sua hóspede querer fazer-se de empregada da casa.
- Mas Sakura, você é minha hóspede. Não tem que fazer este serviço.
- Mas queria me sentir útil aqui.
- Você vai se sentir útil quando puder começar a estudar. Acho melhor eu contratar uma professora para ensinar a você o mais breve possível, senão você pode querer pintar a minha casa...
Sakura ficara envergonhada com o comentário, mas gostou de saber que iria poder estudar. Nisso a governanta de Shoran , que estava na cozinha, ouviu seu patrão chegar, e imediatamente foi reportar a ele o que tinha acontecido:
- Sr. Li, que bom que o senhor chegou. Eu a servi como o senhor tinha me recomendado, mas ela ficou insistindo que queria ajudar na limpeza da casa, não entendia o que eu dizia, e comecei a ficar aflita, com medo de sua reação...
- Não se preocupe Sra. Wong! Eu sei que a senhora fez o possível, é que ela não entende a nossa língua, e gosta de ser prestativa.
- Obrigada Sr. Li pela sua compreensão. Posso mandar servir o almoço?
- Pode sim. Eu e Sakura iremos almoçar agora e depois iremos sair, avise ao motorista para que esteja pronto para nos levar ao centro comercial, após a refeicão.
- Sim senhor, com licença.
A governanta se retirou e foi ordenar as outras criadas que preparassem a mesa para o almoço.
- E então Sakura, vamos almoçar?
- Vamos sim, estou com fome também.
O dois jovens terminaram sua refeição e Shoran avisou Sakura:
- Sakura, vamos agora ao centro comercial, onde vamos comprar algumas roupas para você. Você não pode andar pela casa só com esta roupa.
- Mas as minhas coisas. Eles não vão deixá-las aqui?
- Ainda não me foi entregue as suas coisas que você deixou com Madame Buterfly. Enquanto elas não vem, vamos ir tratando de comprar roupas novas para você.
- Tá, tudo bem. Mas eu vou com meu quimono?
- Você é quem decide. Vá do jeito que achar melhor.
- Não. Se quiser podemos ir agora.
Madame Buterfly pedira a suas criadas para que os pertences da jovem que fora atração na noite anterior fossem cuidadosamente embaladas para que sejam entregues em sua nova casa. Uma bela mulher, de cabelos pretos longos e de gênio difícil não se conformava com o que estava acontecendo. Foi desabafar todo o seu descontentamento com Madame Buterfly. Se dirigiu aos aposentos de Madame Buterfly e pediu licença para entrar.
- Madame com licença. Gostaria de falar com a senhora.
- Meilin, entre. O que houve? Algum problema?
- Todos, Madame. Por quê Shoran levou aquela moça com ela? Ele nunca fez isto comigo! E eu que o sirvo há tanto tempo...isto não é justo...por quê ele não me escolheu?
- Meilin, eu posso tentar entender o que você está sentindo, mas Shoran nunca te enganou. Ele sempre disse que queria você como a sua concumbina, e você aceitou.
- Mas é que eu pensava que com o tempo ele iria gostar de mim. Iria me amar. Que ele iria me levar para morar com ele, pra se casar comigo. Mas ao invés disso, ele não levou a mim, que sempre dei todo o meu amor para ele. Ele levou uma estranha, uma pessoa que ele conhecera somente algumas horas. E que esta vivendo com ele agora.
Então Meilin começara a ficar com os olhos úmidos e a ficar alterada:
- Isto não é justo...Por quê a senhora deixou que ele a levásse a não a mim? Por quê?
Madame Buterfly começou a falar com voz firme e rapidamente tomou o controle da situação:
- Meilin, acalme-se. Infelizmente você esteve se enganando todo este tempo. Sabia que Shoran não te amava. Não adianta nada ficar irada com tudo e com todos, pois é resultado do seu egoísmo. E Shoran levou aquela bela jovem pois quis ajudá-la, estava preocupado com o bem-estar da jovem.
- E com o "meu" bem-estar? Ele devia se preocupar comigo!
E Meilin saiu correndo dos aposentos de Madame Buterfly, indo para o seu quarto chorar todas suas mágoas. Saindo do quarto, quase trombou com uma criada que iria falar com Madame Buterfly. A criada, assustada com a pressa de Meilin, fora falar com sua Senhora.
- Madame Buterfly, o que houve com Meilin?
Madame lamentava o quanto aquela jovem estava sentindo, se enganando daquele jeito:
- Deixe Shin. Meilin estava se enganando, e encontrou a frustação ao invés do amor. Mas mudando de assunto, todos os pertences da jovem estrangeira já foram bem embalados?
- É isto que vim lhe informar. Estão todos embalados e esperando a sua decisão quanto a eles.
- Ótimo. Eu lhe darei o endereço para que sejam entregues os pertences da jovem estrangeira. Quero se sejam entregues ainda esta tarde.
- Sim senhora. Serão entregues conforme seu pedido.
E nos aposentos de Meilin, a bela chinesa estava agarrada ao seu travesseiro, deitada de bruços na cama o quanto ela amou Shoran e que estava agora chorando as mágoas que sentia dele:
- Por quê fez isto comigo Shoran? Ela é bem melhor para você do que eu? E as noites que passamos juntos?
Meilin chorava compulsivamente, as lágrimas desciam de seu rosto como um pequeno corrégo, cheio de tristeza e de desapontamento.
Sakura e Shoran chegaram ao Centro Comercial de Hong-Kong, onde havia muitas lojas , com os mais variados artigos. Shoran levou Sakura até a uma boutique que era especializada em roupas femininas. Shoran gostou das roupas que estavam na vitrine e entrou na loja junto com Sakura. Logo a vendedora foi atende-los:
- Bom Tarde! Em que posso ajudá-los.
Sakura pensou que ela estivesse cumprimentando-os, e respondeu o cumprimento:
- Olá, boa tarde.
A vendedora não entendeu o que Sakura disse, e Shoran tratou logo de intervir:
- Boa tarde. Esta é uma amiga que veio do Japão, ela não entende nosso idioma e infelizmente teve sua bagagem transviada. Como não sabemos se o problema de sua bagagem será ou não solucionado, resolvemos vir até aqui para comprar roupas novas. Eu gostaria que ela experimentasse alguns modelos.
- Claro senhor. Ela será muito bem tratada. Por aqui senhorita...
- Shoran, para onde estão me levando?
- Vá com eles Sakura. Só estão querendo que você experimente algumas roupas.
- Tá bom...
A vendedora mostrou a Sakura vários modelos, e através de gestos via se Sakura gostava ou não de alguma roupa. Sakura ia experimentar as roupas qe escolhia, e ia mostrá-las a Shoran, que não se cansava de admirá-la vestindo roupas que ficavam muito bem nela. Uma roupa em especial chamou a atenção de Shoran. Sakura vestia um vestido vermelho claro, que um pouco abaixo dos joelhos, estava usando luvas que iam um pouco abaixo do cotovelo, sapatos femininos de meio salto e uma pequena bolsa feminina. Shoran via Sakura vestida daquela maneira, e por alguns momentos ficou estático, apenas admirando Sakura trajando aquelas roupas.
- Shoran? O que foi? Algum problema?
- Sakura, por favor, quando irmos embora, quero que você esteja vestindo esta roupa, tudo bem?
- Claro, mas por quê diz isto?
- É que... você ficou maravilhosa com esta roupa...
Sakura ficou vermelha com esta declaração de Shoran, apenas ficou limitada a responder a pergunta de Shoran:
- Tá...tá certo...vou vesti-lá depois...
E ela entrou depressa no provador, ainda com vergonha do que Shoran havia dito. Shoran ficara encabulado e não acreditava no que havia dito. A vendedora perguntou a Shoran se além de roupas formais, ela não gostaria de alguma roupa de passeio. Shoran pediu que a vendedora mostre a Sakura as outras roupas e dependendo do que Sakura gostar, eles irão levar.
A compra das roupas consumiu tempo e já era fim de tarde. Shoran então fez um convite a Sakura:
- Sakura , gostaria de tomar um chá comigo? Tem um restaurante muito bom por aqui. Ou você está cansada?
- Não estou cansada. Se quiser podemos ir.
- Que bom. Queria conversar mais com você.
E depois de ter dito isto, Shoran ofereceu com cavalherismo o seu braço para que fosse de braços dados:
- Podemos ir, srta. Sakura?
Sakura achou graça naquele gesto de Shoran, fazendo o joguinho dele, aceitou ir de braços dados com Shoran:
- Obrigada Sr. Li. O senhor é muito gentil.
E os dois jovens, sorridentes e felizes por se entenderem bem, foram até o restaurante próximo ao centro comercial. Shoran há muito tempo tem mesa cativa lá, e assim que chegaram foram prontamente atendidos e levados até a sua mesa. Muitos clientes notaram o belo casal indo para seus lugares, e muitos comentaram que faziam um lindo par, onde a beleza de um tinha harmonia com a beleza do outro. Shoran notou os olhares das outras mesas, e não via a hora de chegar até a sua mesa para ficar livre daqueles olhares curiosos.
Os dois jovens se acomodaram em seus lugares, e pediu que servissem chá com torradas. Sakura ficara encantada com o ambiente, onde podia se ouvir o pianista executar Moonlight Sonata, Minute Waltz e outras composições, deixando o ambiente calmo e aconchegante.
- Puxa Shoran, é tão gostoso este ambiente. Calmo e acolhedor...
- Que bom que gostou. E enquanto saboreamos chá com torradas, poderíamos ficar conversando...
- E o que gostaria de convesar?
- O que você quiser.
- Eu queria saber mais sobre você Shoran. Se você nasceu aqui, do que você gosta...
A reação de Shoran fora de surpresa e alegria pela pergunta de Sakura. As mulheres que saíam com Shoran eram tão superficiais para ele. Só queriam saber de festas, viagens. Se importavam mais em saber se ele era rico do que saber do que ele gostava, de conhecer sua personalidade. E Shoran ficou feliz com este carinho de Sakura. E com prazer contou a Sakura que nascera em Hong-Kong, único filho homem da família Li, clã influente e muito respeitado. Contou a ela que fora desde cedo preparado para assumir as empresas do clã assim que atingisse a maioridade. Contou sobre sua mãe, Yelan Li, sobre suas irmãs e sobre seu pai e o quanto o admirava. Sakura estava atenta a tudo que Shoran dizia e achava interessante tudo que Shoran dizia. Shoran ainda contou sobre os seus treinamentos, seus gostos pessoais, seu trabalho. E Sakura alguma vez ou outra fazia perguntas sobre estes assuntos, e Shoran a respondia, tornando a conversa mais envolvente e atrativa. E o tempo passou rápido para eles enquanto estavam ali. Saíram do restaurante por volta das 8:30 e logo foram para a mansão de Shoran.
Meia hora após sairem do restaurante aonde Shoran e Sakura passaram momentos agradáveis conversando, os jovens estavam em frente a mansão de Shoran. Sakura pegou no sono rapidamente, e Shoran preferiu não acordá-la até que chegassem em casa. Quando o motorista manobrou o carro até em frente da mansão, Shoran com cuidado tratou de acordar Sakura, dando leves empurrões no ombro dela:
- Sakura, acorde. Já chegamos.
- Hã...o quê? Onde estamos?
- Em frente da minha casa. Você dormiu no caminho até aqui.
- Ai, me desculpa. Foi sem querer! Não foi por mal...
- Não se preocupe. Eu não quis te acordar no caminho. Você esta um pouco cansada.
O chofer desceu do carro e abriu a porta para que seu patrão e sua amiga descessem do carro. Shoran pediu para que ele levasse os pacotes até o hall de entrada e depois fosse se recolher, pois não iria sair mais. O motorista retirou os pacotes das compras e os levou até a altura das escadarias da mansão, Shoran agradeceu e lhe desejou uma boa noite. O chofer agradeceu e desejou uma boa noite ao seu patrão e foi guardar o carro e ir se deitar. O casal ao entrar na mansão, foi recepcionado pela governanta de Shoran:
- Boa noite Senhor Li, boa noite Srta. Sakura.
- Boa noite Sra. Wong.
Sakura deduziu que a governanta estava cumpimentando-a:
- Boa noite, tudo bem com a senhora?
Shoran achou graça as duas se cumprimentando e não entendendo o que diziam:
- Sra. Wong, esqueceu que ela não entende Cantônes?
- Desculpe Sr. Li. Mas a srta. Sakura ficou tão linda nestas roupas, que eu tinha me esquecido disto.
- Isto é verdade Sra. Wong.
- Sr. Li, hoje a tarde nos foi entregue os pertences da srta. Sakura. Eu pedi a uma das criadas da casa para que lavasse e passase as roupas da srta. Sakura e que as organizasse no quarto que dela.
- Ótimo Sra. Wong, obrigado pela gentileza.
- É sempre um prazer, Sr. Shoran. O Sr. e a Srta. Sakura irão jantar agora?
- Não sei Sra. Wong, vou peguntar para Sakura.
Shoran se voltou para Sakura e perguntou:
- Sakura, irá jantar agora?
- Não Shoran, obrigado. Acho que irei tomar um banho e depois irei dormir cedo.
- Eu também vou dormir cedo, vou avisar a Sra. Wong que você não irá jantar.
- Sra. Wong, não iremos jantar esta noite. Por favor, poderia levar os pacotes das compras até o quarto de Sakura? Se ela quiser lhe ajudar, deixe-a, ela só quer ser prestativa.
- Sim Sr. Li. Com licença e boa noite.
- Boa noite Sra. Wong.
Shoran Li voltou-se para Sakura , para lhe desejar uma boa noite.
- Boa noite Sakura.
- Boa noite Shoran.
E a governanta de Shoran pegava os pacotes e prontamente Sakura pedia para ajuda-la. A governanta sorriu e deixou para ela algumas sacolas. Sakura sorriu e agradeceu e as duas foram até os aposentos de Sakura. Enquanto isto Shoran se dirigia até o seu escritório, onde preparava a papelada que ele levaria até o escritório da empresa.
Sakura e a governanta deixaram as sacolas do lado da cômoda e Sakura agradeceu com um sorriso e desejou uma boa noite, embora a governanta não tenha entendido nada. A governanta compreendeu, e se retirou. Após tomar um banho, Sakura foi até as compras pegar o pijama que tinha comprado, mas ao verificar a cômoda para pegar cobertores, viu que as suas roupas antigas estavam arrumadas nos cabides e estavam limpas, passadas e com perfume de roupa limpa. Sakura ficou contente com a gentileza e feliz por ter as suas roupas entregues e limpas. Trocou-se e logo foi se deitar.
Shoran saia cedo para trabalhar, como fazia sempre. Após as recomendações que fazia para a governanta, Shoran foi para o escritório da empresa e de lá tratou logo de pedir para sua secretária, Srta. Sung, para que rapidamente contratasse os serviços de uma professora para Sakura, para que começasse a dar aulas ainda hoje. Por sorte, Srta. Sung conhecia uma tradutora que poderia prestar serviços para lecionar Cantônes.
Sakura acordou com a batida na porta de seu quarto. Era uma das criadas que levou seu café da manhã. Sakura agradeceu com uma reverência e foi logo se arrumar e tomar seu café. Ao terminar seu desjejum, novamente batiam à sua porta e ela foi ver do que se tratava. Era a governanta, que com gestos, pediu para que Sakura descesse com ela. Sakura a acompanhou, e ao descer as escadas, notou uma bela moça no hall de entrada, que parecia estar esperando alguém.
A governanta levou Sakura até a moça que estava no hall. A moça era muito bonita. Tinha uma pele clara, porém sedosa, e cabelos longos e negros que estavam entrelaçados. Vestia um vestido branco com detalhes de flores, sandálias de salto e bico fino e segurava sua bolsa e uma pasta. Ao observar Sakura, a cumprimentou em um perfeito Japonês.
- Bom dia, tudo bem com você? Você deve ser Sakura. Sou Tomoyo Daidouji, sua nova professora de Cantônes.
Continua...
