OLÁ MINHA CONCUMBINA (Parte 04)

Uma figura feminina observava, da janela de seu quarto, o carro deixando a propriedade. A bela jovem sentia muita vontade de estar junto da pessoa que estava sendo transportada naquele carro, o dono da mansão e seu protetor. Ela sentiu um pequeno arrependimento em não ter acompanhado o jovem senhor daquela casa, mas resignou-se assim que o carro deixou a propriedade e sumiu de seu campo de visão. A jovem fechou as cortinas da janela de seu quarto, e foi para a pequena mesa em seu quarto, onde estava a refeição que Shoran havia trazido. A refeição ainda estava morna, e Sakura resolveu jantar logo, para que fosse deitar-se mais cedo, pois não tinha nada mais a se fazer, a não ser descansar do dia cansativo que ela teve.
Sakura serviu-se de um pouco de sopa e um pedaço de pão, separando das demais frutas na travessa, uma maçã para a sua sobremesa. A japonesa estava somente há dois dias naquela casa, mas sentia falta de uma companhia no jantar. Mais precisamente, da companhia do jovem Chinês, que iria fazer a hora do jantar se tornar mais interessante, se ela não tivesse ficado receosa e aceitado o convite dele para irem jantar fora. Enquanto a jovem tomava a sua sopa, ela imaginava como seria agradável se Shoran estivesse sentado à mesa, junto dela, apreciando o jantar e conversando sobre algum assunto qualquer, apenas compartilhando a companhia de um para o outro. Seus pensamentos fizeram a jovem não perceber o quão foi rápido o seu jantar, restando como alternativa ir se recolher mais cedo, e ter um bom descanso, para estar preparada para o dia seguinte.

À medida que o carro seguia em direção ao local definido por Shoran, ele apenas contemplava a paisagem urbana passando rapidamente pela janela do carro. Suas atenções ainda estavam na mansão, mais precisamente, na nova hóspede que chegara há poucos dias. Queria que ela estivesse junto dele, para que ela apreciasse a paisagem até o local do jantar. Ele ficava imaginando a reação de curiosidade dela, onde ela ficaria olhando para a janela do carro, e vendo os arredores que passavam rapidamente. Queria estar próximo dela, conversando, escutando, ou somente admirando as reações que ela possa ter quando estão juntos...Sem ela o jantar não teria o mesmo interesse, estava indo apenas por polidez, pois Shoran não gosta de desmarcar um compromisso assumido. Com ela o compromisso seria mais que divertido, seria encantador e na companhia dela o tempo passaria num piscar de olhos, devido ao fato de ser agradável estar junto dela. Mas aos poucos, o jovem se resignava a ser apenas Shoran Li, o rapaz que a tirou do cabaré de Madame Butterfly, para que ela pudesse ter uma vida digna e voltar com orgulho para a sua terra natal. Poderia demorar alguns meses, mas já era fato que ela iria voltar para a sua família no Japão. Então procurou se conformar com o fato de que não a teria em sua casa nos próximos meses, e de que não criasse muita afetividade com a nova hóspede da mansão, para que não houvesse muito sofrimento na partida da jovem estrangeira.
O carro então chegou ao seu destino, e o motorista estacionou em frente ao Restaurante "Grand Pekin". O motorista de Shoran desceu do veículo, e deu a volta para abrir a porta para que Shoran descesse.
- Sr. Li, chegamos ao Grand Pekin.
Shoran se surpreendeu em ver que a viagem até o restaurante tenha sido rápida, talvez por causa de seus pensamentos pela sua hóspede. Desceu do veículo, e foi para a entrada do restaurante. Na entrada do restaurante, estava uma bela atendente, trajando um vestido chinês vermelho, onde flores em relevo decoravam o vestido, e seu vestido tinha um corte nas laterais, que iam até o meio do quadril. A jovem estava maquiada, e seus cabelos eram presos em coques laterais, deixando a atendente mais bela e sedutora. Ela logo reconheceu o cliente, e lhe deu as boas-vindas:
- Sr. Li, seja bem vindo. O Sr. Hiragizawa está a sua espera. Acompanhe-me, por favor.
A atendente conduziu Shoran pelo restaurante, que era fartamente decorado com motivos chineses. Os funcionários do restaurante de vestiam de acordo com o tema que o restaurante sugeria, e os seus pratos eram bastante reconhecidos pela alta classe de Hong Kong. Logo a atendente já se aproximava da mesa em que Eriol aguardava, e Shoran já notava o amigo esperando por ele. Ao chegar até a mesa onde Eriol estava, a atendente então se despediu de Shoran Li:
- Sr Li, fique a vontade, e não hesite em nos chamar. Faremos o que puder para que sua estadia seja a mais agradável possível. Com licença...
A bela atendente se afastou, e deixou os dois amigos mais à vontade. Eriol levantou-se da cadeira onde estava, e logo tratou de convidar o amigo para sentar-se junto com ele. Shoran puxou uma cadeira e ajeitou-se em seu lugar.
- Que bom que veio Shoran, eu já estava imaginando que você não viria. E por que não trouxe a estrangeira junto com você?
- Ela não quis vir Eriol. Passou o dia todo estudando, e parece que estava cansada de vir até aqui.
- Ela agora está estudando? Mas isto é muito interessante. Não faz dois dias que você a recebeu, e ela já começou a receber a sua atenção...É mesmo uma pena Shoran. Seria muito bom se ela pudesse ter vindo.
- Eu farei o que for possível para ajudá-la, pois ela chegou aqui desamparada, e se tudo correr bem, ela poderá voltar para o país de onde ela veio, para a família dela. Mas deixemos isto de lado, é para um jantar de negócios que estamos aqui, não é mesmo?
- Sim, você tem razão. Deixemos isto de lado. Trouxe aqui comigo alguns balancetes do desempenho da filial em Londres, e gostaria que você analisasse comigo isto...
- Mas Eriol. Era para isto que você me chamou? Não tínhamos decidido com a gerência em Londres sobre o que iria ser feito?
- Claro que sim, mas de acordo com estes balancetes que estou querendo te apresentar, acredito que nossos esforços trarão um resultado além do esperado. Veja isto...
Shoran e Eriol ficaram um bom tempo no restaurante, analisando balancetes e conversando sobre os resultados esperados da filial das empresas Li em Londres. Depois de ficarem conversando sobre assuntos da empresa durante 1 hora, Shoran já via que estava na hora de terminar aquele assunto...
- Eu acho que já chega por hoje. Estamos aqui há um bom tempo, e agora eu só quero mesmo poder jantar. Merecemos relaxar um pouco...
- Tudo bem, você venceu...Também estou faminto. Vamos logo fazer nosso pedido...
A bela atendente prontamente atendeu os jovens executivos, trazendo até eles o menu da casa. Após escolherem os seus pedidos, a atendente pediu licença para se retirar, e depois de alguns instantes, voltou com os pedidos dos jovens clientes.
- Bom apetite. Não hesitem em nos chamar...Com licença...
A atendente se retirou, e deixou os dois jovens a se banquetearem. Enquanto comiam, Eriol começou a conversar com Shoran:
- Shoran, como está sendo a vida daquela estrangeira na sua casa?
- Bem, o que posso te dizer? Hoje mesmo ela pode ter suas aulas de Cantonês. Ficou muito grata e está sendo muito aplicada em suas aulas. Tive sorte de conseguir uma professora que Sakura tenha gostado.
- Mas o que de especial tem esta professora que a Sakura gostou?
- Me parece que a professora não é natural da China, e sim do Japão. Além é claro, de a professora ser jovem, acredito que da idade de Sakura. Tudo isto pode ter contribuído para que Sakura tenha gostado das aulas dela...
- E esta professora é bonita? Como ela é?
- Hei, por que você me faz estas perguntas? Nem viu a mulher e já está querendo ficar com ela também? E quanto a aquelas garotas que vivem te rodeando no cabaré de Madame Butterfly?
- Bem, são lindas moças. Mas com o tempo acabo me entediando com tudo aquilo. Acho que já está na hora de eu conhecer mulheres mais interessantes.
- Você é mesmo impulsivo! Não quero que você possa atrapalhar as aulas de Sakura, tentando seduzir a professora dela...
- E por que tanta preocupação com a linda japonesa? Acho que você está levando sério demais esta estória de ser o tutor dela... Parece que ao invés de tutor, você está sendo alguma espécie de protetor... Não querendo que nada de ruim aconteça com sua flor...Por acaso está se apaixonando por ela?
Ao ouvir estas últimas palavras de Eriol, Shoran se espantou, e acabou se engasgando com uma porção de lámen que estava saboreando. Eriol pegou depressa uma taça de água que estava próximo a ele, e entregou a taça com água para Shoran, sendo que ele bebeu em grandes goles, para que parasse de se engasgar. Respirando rápido e se refazendo do susto, Shoran respondeu para Eriol:
- Mas que bobagem que você está falando? Por que eu estaria me apaixonando por ela? Pare de falar bobagens...
- Mas me parece que você ficou transtornado com o que eu disse...Não é verdade?
- Não, não é! E pare de me amolar com isto! Você sabe muito bem que eu não tive coragem de deixá-la no cabaré, para que ela fosse aproveitada por algum canalha. Assim que ela acabar de estudar, começar a trabalhar, ela vai voltar para o Japão...
Eriol sabia que Shoran era muito teimoso, e não ia confessar o que sentia pela estrangeira. Resignado, acabou concordando com Shoran:
- Tudo bem Shoran. Eu acredito em você. Mas agora, vamos comer sem surpresas nem sustos...

O carro do proprietário da mansão já estava de volta, passando pelos portões da propriedade e se dirigindo até a frente da mansão. O jantar que tinha combinado com Eriol acabou sendo breve, e bem antes de 10 da noite, o jovem senhor retornou de seu compromisso. Seu motorista estacionou em frente da mansão, desceu do carro e abriu a porta para que seu jovem patrão fosse descer do carro. Shoran desceu do carro, e deu ordens para que o seu motorista guardasse o carro e fosse se recolher. O motorista desejou uma boa noite para o jovem patrão, e ele retribuiu o gesto de seu empregado.
Ao entrar em sua mansão, Shoran não quis acordar a sua governanta para que ela soubesse que ele havia chegado. Foi logo subir as escadas, para ir para o seu quarto, pois estava exausto daquele compromisso, e tudo o que ele queria era tomar um banho relaxante e poder dormir. Ao passar em frente do quarto de sua hóspede, ele teve o cuidado para que seus passos não a acordassem. Ficou há instantes, olhando para a porta fechado do quarto de Sakura, curioso e imaginando como seria as feições dela ao dormir...Mas logo os seus devaneios deram lugar a seu autocontrole:
"Mas o que você está pensando, Shoran Li? Pare de ficar pensando na sua hóspede, ela é apenas uma mulher frágil e que você a está ajudando... Contenha-se!"
Apagando totalmente os seus devaneios para com a jovem hóspede, Shoran foi em direção ao seu quarto, e chegando lá, se despiu rapidamente, e logo estava tomando uma ducha fria, para que pudesse espantar os seus pensamentos, e refrescar e massagear o seu corpo após um dia cansativo de trabalho e compromissos. Após a ducha, vestiu o seu roupão preferido e foi em direção até a sacada de seu quarto. Estava uma noite agradável, e ele ainda queria ficar mais alguns momentos acordado, admirando o luar e o brilho das estrelas, que pareciam estar mais intensos naquela noite. Havia na sacada um conjunto de mesa e cadeiras, em estilo clássico, onde Shoran ficava alguns momentos ali, meditando ou bebendo chá ou apenas apreciando o dia ou a noite, dependia muito do momento que o jovem chinês se sentia interiormente. Sentou-se em uma das cadeiras localizadas na sacada, fechou seus olhos, e respirou fundo o ar limpo e com o odor do orvalho, liberado pela vegetação que a propriedade possuía. Abriu seus olhos, e sentiu um sentimento de paz dentro de seu coração. A lua estava convidativa naquela noite, o clima agradável e o céu estavam limpos e bonitos, com as estrelas exibindo o seu brilho. Uma noite perfeita, mas ele sentia que faltava algo para que a noite ficasse completa. E pensou na sua jovem hóspede, pensou em Sakura. Pensou em como seria muito bom se ela pudesse estar junto dele agora, apreciando aquela noite agradável, e ficarem conversando dos mais variados assuntos. Juntos naquela sacada, sentados, apreciando um bom chá, com a luz da lua e o brilho das estrelas sobre eles. Seria uma noite perfeita. Só que seu autocontrole mais uma vez não deixava que tais pensamentos dominassem o jovem chinês, e mais uma vez ele procurou salientar para si mesmo que ele era apenas o bem-feitor da japonesa que estava morando em sua casa. Querendo se ver livre de seus devaneios, ele voltou para o seu quarto, e fechou a porta para a sacada. Deitou-se, e passando a mão em seus próprios cabelos, ainda tinha um leve pensamento para Sakura. E com este pensamento, não demorou muito para que ele adormecesse.

Sakura dormia tranqüilamente em seu quarto, e ainda faltavam 2 horas para o nascer do dia, mas o seu sono leve a despertou ao ouvir sons vindo do lado de fora da mansão, mais precisamente do jardim. Ficou curiosa em saber o que estava causando aqueles sons, e então levantou-se e caminhou até a janela de seu quarto, que era voltada para os jardins da mansão. Receosa, abriu a janela com cuidado e apenas uma pequena abertura , para que ela pudesse espionar o que estava acontecendo no jardim. Ficou surpresa ao constatar que o causador daqueles ruídos era Shoran, vestido com uma calça larga para luta, sapatilhas, uma faixa azul-escura amarrada em sua cintura e o tórax nu. Ele estava segurando um bastão, onde fazia vários katis com uma destreza e rapidez surpreendentes. Perto dele havia outros tipos de armas, incluindo um nunchaku, uma ton-fa e uma espada chinesa. Era a primeira vez que Sakura via o seu protetor sem camisa,e o tórax suado e descoberto deixaram Sakura envergonhada e ruborizada, sentindo um calor momentâneo. Ao terminar os exercícios de bastão, Shoran iniciou a sessão de katis com as mãos nuas. Seus golpes precisos, seus movimentos firmes, porém sincronizados, demonstravam o quanto ele era um lutador bem treinado, e Sakura, de sua janela observava Shoran, e se sentia hipnotizada com seus movimentos. Ela observava o jovem Chinês, tomando o cuidado de não ser descoberta por ele, e nem via o tempo passar. Após terminar o seu kati, Shoran então foi até aonde deixou as armas de treinamento, e começou a recolher as armas, dando por encerrado o treinamento. Sakura sentiu um certo desapontamento, pois queria ver mais um pouco o treinamento do jovem chinês. Com as armas recolhidas, Shoran ia se retirando do jardim, mas subitamente parou e ficou observando o ambiente à sua volta, como se sentisse que estivesse sendo espionado. Sakura ficou assustada, e pensou que ele à tivesse visto, e fechou ainda mais sua janela, deixando uma pequena fresta, e se escondendo ainda mais. Shoran constatou que não havia ninguém no jardim, e se retirou. Sakura viu que Shoran estava deixando o jardim, e com cuidado fechou a janela de seu quarto. Sentou-se no chão, e encostada na parede da janela, levou sua mão ao peito, e respirou aliviada por não ter sido vista por Shoran. Ainda ficou naquela posição por alguns momentos, lembrando dos movimentos de Shoran e do peito nu e suado, e novamente a sua face se ruborizou. Correu para a sua cama, e deitou-se em um pulo. Agarrando seu travesseiro, ficou muito envergonhada de ter se lembrado em ver Shoran sem camisa. Começou a sorrir sem motivo, e achava graça de tudo aquilo que estava fazendo espontaneamente. Sorrindo como uma criança, a jovem japonesa logo voltou a adormecer.

Sakura foi acordada por batidas na porta de seu quarto, e viu pela janela que o dia já estava claro. Ela se levantou, e foi logo atender a porta. Como ela esperava, era a governanta da mansão, que estava lhe chamando para o café da manhã. Sakura a cumprimentou, graças as aulas de Cantonês que Tomoyo lhe dera:
- Bom dia Sra. Wong. Tudo bem com a senhora?
A governanta de Shoran ficou surpresa, e ao mesmo tempo contente, em notar que a jovem estrangeira já estava conseguindo se comunicar com ela, sem empecilhos com o idioma de ambos:
- Bom dia Srta. Sakura. Está uma manhã linda, não? Seu café da manhã já esta pronto. Posso mandar servi-lo?
Obviamente o nível de aprendizado do Cantonês para Sakura ainda era iniciante. Sakura não conseguiu entender a frase completa, mas conseguiu resolver a falta de comunicação, por se lembrar da palavra "café da manhã". Com isto, ela deduziu que a governanta à estava chamando para o desjejum. A japonesa então pode responder para a governanta da casa:
- Sim, muito obrigada.
A governanta então pediu licença para se retirar , e voltou para os seus afazeres. Sakura fechou a porta de seu quarto, e sentiu um alívio por ter entendido o que a governanta de Shoran havia conversado com ela. Sakura rapidamente arrumou a sua cama, pois não agradava nada para ela a idéia de que as criadas arrumassem sua cama. Queria se sentir útil naquela casa, queria que somente ela, cuidasse daquele cantinho seu da mansão, que era o seu quarto. Em seguida abriu a janela de seu quarto, e deixou o sol invadir o ambiente.
- Nossa, que dia lindo! Acho que vai fazer muito calor hoje...
Em seguida, foi logo tomar um banho rápido, e saindo do banho, viu que precisava de uma roupa leve para o dia, que prometia ficar quente no período da tarde. Foi até o armário onde estavam as suas roupas, e achou um vestido que ela tinha trazido do Japão. Um vestido branco, com várias rosas estampadas no tecido. Era de um tecido leve, e que ela costumava usar nos verões quentes quando ela ainda morava no Japão. Aquele simples vestido conseguiu trazer de volta boas recordações daqueles dias, e seria muito bom poder vesti-lo novamente, pensou ela. Para os seus pés, escolheu um par de sandálias por causa do dia ensolarado.
Ao se trocar e arrumar o seu quarto, Sakura então desceu para o café da manhã. Estava levando as anotações que Tomoyo havia lhe passado no dia anterior, e tinha planos para depois do café, de estudar as anotações que Tomoyo deixou com ela, e repassar as suas lições. Sakura ficara entusiasmada com a sua melhora em entender o Cantonês, e estava se esforçando para aprender ainda mais. Não iria estudar na biblioteca, pois o dia estava muito convidativo. Iria estudar no jardim, aonde o vento leve e refrescante e o clima de paz e tranqüilidade iriam lhe ajudar bastante.
Sakura logo chegou até a sala de jantar, e a governanta de Shoran estava a sua espera para que lhe fosse servido o seu café da manhã. A japonesa sentou-se à mesa, e colocou os seus materiais em uma cadeira próxima. Em seguida, a governanta começou a servir o café da manhã para Sakura, que ficava tímida com todo aquele tratamento recebido, mas que a governanta fazia questão de manter, e que aos poucos estava gostando de servir Sakura. A jovem hóspede agradecia a cada gesto com que a governanta tinha para com ela em lhe servir. Ao terminar o seu café da manhã, Sakura foi ajudar a Sra. Wong com a mesa, e a governanta deixou que ela à ajudasse, já se acostumando com esta mania de Sakura, e começando a achar engraçada tal mania.
Ao terminar de ajudar a governanta, Sakura pegou seus materiais, curvou-se e cumprimentou a Sra. Wong antes de sair para o jardim da mansão:
- Tenha um bom dia, Sra. Wong.
- Um bom dia para você também, Srta. Sakura.
Então Sakura se dirigiu para a copa, aonde havia uma saída nos fundos da mansão, que ficava bem próxima ao jardim da mansão. No jardim, ela pode sentir o calor dos raios de sol, e a brisa que transmitia refrescância e o aroma de toda vegetação daquele ambiente. Procurou um local confortável para que ela pudesse estudar, e decidiu-se em ficar sob uma frondosa árvore que tinha uma sombra bastante convidativa, e também poderia se apoiar em seu tronco para que tivesse um conforto maior em seus estudos. Ela sentou-se aos pés da árvore, retirou as sandálias que estava calçando, e encostou seu corpo no tronco da árvore, procurando uma posição em que ela se sentisse confortável. Ao se posicionar melhor, Sakura pegou suas anotações, e procurou se concentrar nas lições que Tomoyo havia deixado com ela.

Eram 5 horas da tarde. O dia quente que havia feito transformou-o em um dia cansativo, e Shoran não via a hora de chegar em sua residência, onde o que ele mais queria era um banho refrescante e relaxante. Ao terminar de despachar a sua papelada, Shoran viu que não tinha mais nenhum compromisso agendado para o final da tarde. Arrumou alguns papéis em sua valise, pois poderia ter que lê-los e despachá-los em sua residência, deixou a sua mesa de trabalho e saindo de seu escritório, foi conferir alguns detalhes com sua secretária:
- Srta. Sung, já estou de saída, pois pelo que sei, não terei mais nenhum compromisso hoje, correto?
- Sim, Sr. Li. Não há nenhum compromisso agendado para o final do dia.
- Então está tudo certo. Estou indo para minha residência, se acontecer algo urgente, ligue para minha governanta, que ela me transmitirá o que está acontecendo.
- Pode ficar tranqüilo quanto a isto, Sr. Li. Tenha um bom descanso.
- Um bom descanso para você também, Srta. Sung. Até amanhã.

O carro já estava adentrando a propriedade, trazendo o proprietário de mais um dia cansativo de trabalho. Shoran se sentia aliviado por chegar em sua residência, logo iria poder tomar um banho relaxante e descansar um pouco, e é claro, teria um ótimo jantar na companhia de Sakura. Ele procurou esquecer esses últimos pensamentos que lhe invadiam a mente nestes últimos dias. Como sempre, o carro parou na frente da mansão para que shoran descesse, onde o chofer sempre descia e abria a porta do carro para que Shoran descesse. Ao descer do carro, Shoran deu instruções para o seu chofer que não iria precisar do carro esta noite, e que guardasse o veículo. O chofer compreendeu as ordens e se despediu de seu patrão. Shoran entrou em sua mansão, e foi logo recebido pela sua governanta:
- Seja bem vindo, Sr. Li. Como foi o dia de hoje?
Enquanto se cumprimentavam, Shoran entregava para a governanta o paletó e sua valise, como sempre fazia, para que ela pudesse guardá-los:
- Cansativo e muito quente, Sra. Wong. Ainda bem que estou em casa agora. E onde está Sakura?
- A Srta. Sakura levantou-se bem cedo, e depois do café da manhã, foi estudar no jardim, perto dos fundos deste casarão. Só saiu de lá para almoçar, e voltou para lá novamente. Sempre com aquelas anotações que ela tem....
- Ela está mesmo se dedicando muito às aulas de Cantonês. Na certa gostou tanto das aulas que tem vontade de aprender ainda mais. Eu vou lá falar com ela...
Shoran deixou sua governanta e foi até os fundos da mansão, procurar por Sakura no jardim. A governanta achou graça neste gesto juvenil de seu patrão, e foi guardar os objetos que estavam com ele.
Chegando ao jardim, Shoran olhos para os lados para ver se via Sakura, e nisto viu uma pequena silhueta, provavelmente sendo de Sakura, escondida atrás de uma árvore. Ele caminhou até aquela silhueta, e quando contornou a árvore e pode ver quem era, ele ficou estático e emocionado em ver a bela japonesa, encostada naquela árvore, dormindo um sono tranqüilo e inocente. As anotações estavam no colo da Sakura, e seus braços pendentes, onde em uma mão mal se segurava o lápis que estava usando, e na outra a palma da mão estava semi aberta. As pernas estavam juntas e flexionadas, onde elas se encostavam ao solo, e pendiam para o lado direito de seu corpo. Shoran ficou sem fôlego, ao ver a sua jovem hóspede dormindo naquele jardim, tão linda e com uma feição angelical. De todas as mulheres que Shoran conheceu, somente Sakura tinha mexido tanto com as emoções do jovem chinês daquela maneira.
"Que bom que finalmente eu pude vê-la dormir! Como é linda quando está dormindo!" Shoran pensava consigo mesmo. Então ele quis tocar as madeixas do cabelo de Sakura, e sua mão foi indo em direção para a franja da jovem. Mas a vontade de não querer imacular tal angelical imagem fez recuar o seu gesto. E depois de alguns instantes à observar a bela japonesa, o seu autocontrole tratou e apagar os seus devaneios, e o seu bom senso já dizia que estava na hora de acordá-la. Shoran tocou suas mão nos ombros de Sakura, e com levíssimos sacolejos, ele procurou acordá-la:
- Ei, Sakura, acorde. Logo vai escurecer...
- Hã...Uááá...O que...
- Acorde Sakura...
- Hã... Shoran!
- Ainda bem que acordou...
- Mas...Mas...er...Eu...
Indecisa, Sakura procurou se recompor o mais rápido possível. Pegou as anotações, o lápis, e logo se levantou. Já de pé, ela olhou para Shoran, muito envergonhada do acontecido:
- Me desculpa Shoran...Eu devo ter dormido aqui no final da tarde...Que vergonha...
Shoran achou engraçada a reação dela, e procurou acalmá-la:
- Não culpo você. Afinal, este lugar é muito sossegado, e neste dia de calor, aqui seria fácil uma pessoa tirar uma soneca...
Os dois riem da conclusão de Shoran, descontraindo o ambiente. Então Shoran faz uma pergunta a Sakura:
- E como foi o seu dia hoje? Estudou muito?
- Bem, eu revisei as lições de ontem, e procurei estudar sozinha as anotações que Tomoyo me passou. Posso dizer que estou entendendo melhor o idioma daqui. E você Shoran? Como foi o seu dia?
- O meu dia foi cansativo, ainda mais com este calor, mas foi um dia tranqüilo e sem grandes problemas. Eu fico feliz que esteja gostando das aulas de Cantonês. Fico contente com seu desempenho e seu esforço.
Sakura se sentiu feliz com o incentivo de Shoran, e em saber que ele se importava com ela. Isto trazia um sentimento caloroso em seu coração, vindo do homem que mexia cada vez mais com seus sentimentos, transformando um sentimento de carinho em um sentimento mais profundo e envolvente.

Continua...

N.A. Mil perdões pela demora deste capítulo do fic.Muitos fatores contribuíram para o atraso deste capítulo, entre eles as provas da faculdade, o trabalho e a problemas técnicos com o micro. Quero também agradecer aos incentivos e elogios referentes a este fic, agradecer as pessoas que lêem este fic, e que mandam mensagens de apoio ao fic. Muito obrigado a todos.
Aproveitando esta nota, quero explicar o significado da palavra "Kati", que aparece neste fic.
Kati é um termo para denominar o conjunto de posições que os lutadores treinam em determinado tipo de arte marcial, como é o caso do Kung-Fu. No Karatê, este termo se chama "Kata".
E mais uma vez, muito obrigado a todos vocês que estão acompanhando este fic. É tão bom quando vejo algo que escrevo sendo lido, apreciado e reconhecido por todos vocês. E desculpem-me pelo atraso em colocar este fic.