OLÁ MINHA CONCUMBINA (Parte 05)

O proprietário da casa queria saber como foi o dia de sua jovem hóspede:

- Sakura, como foi o seu dia hoje? Estudou muito?

- Bem, eu revisei as lições de ontem, e procurei estudar sozinha as anotações que Tomoyo me passou. Posso dizer que estou entendendo melhor o idioma daqui. E você Shoran? Como foi o seu dia?

- O meu dia foi cansativo, ainda mais com este calor, mas foi um dia tranqüilo e sem grandes problemas. Eu fico feliz que esteja gostando das aulas de Cantonês. Fico contente com seu desempenho e seu esforço.

Sakura se sentiu feliz com o incentivo de Shoran, e em saber que ele se importava com ela. Isto trazia um sentimento caloroso em seu coração, vindo do homem que mexia cada vez mais com seus sentimentos, transformando um sentimento de carinho em um sentimento mais profundo e envolvente.

- Obrigada Shoran. Não imagina o quanto fico contente...

O jovem chinês gostou de ver que Sakura estava satisfeita com o que estava recebendo naquela mansão. Se sentia bem ao lado da jovem estrangeira, e queria que ela fosse bem tratada, que ela se sentisse bem, embora ela estivesse em um país diferente e sem conhecer mais ningém.

- Que bom que esteja gostando, Sakura. Mas acho que merecemos algum descanso, não é? Venha, vamos entrar, daqui a pouco irá escurecer. Se você ficar dormindo aí, vai acabar se resfriando.

Sakura ficou ruborizada, se sentiu envergonhada por ter cochilado naquele jardim, ainda mais quando Shoran foi acordá-la.

- Me desculpe pelo que aconteceu, Shoran...

Shoran achou engraçado a timidez de Sakura, e riu por ela estar envergonhada sobre o acontecido de alguns momentos atrás:

- Pedir desculpas pelo cochilo? Esqueça...Hoje estava fazendo um calor bem gostoso. Hoje é sábado, portanto não se preocupe. Se eu não tivesse que ter de ir trabalhar hoje, eu bem que queria ter tirado um cochilo aqui também...

A japonesa riu do comentário de Shoran, e se sentiu um pouco mais à vontade:

- Hehehe...Tá bom então...

O jantar aquela noite foi bem agradável, onde Sakura não parava de conversar com Shoran, e o assunto das conversas era na maior parte das vezes sobre a curiosidade que ela tinha daquela ilha, daquele lugar que era chinês e estrangeiro ao mesmo tempo. De onde ela tinha vindo, era um ambiente totalmente diferente, e tudo ali era novidade para ela. Mesmo tendo visto pouca coisa sobre Hong Kong, o pouco que ela vira era algo que aguçava a sua curiosidade.

- Shoran, eu vi que a maior parte das pessoas daqui são chinesas, mas também tem muitos gaijins aqui. De onde vieram estas pessoas, e por quê elas vem para cá?

- Sabe Sakura, acho que você não sabe, mas Hong Kong não faz parte da China.

Sakura estava confusa, queria entender um pouco mais sobre a ilha:

- Hã? Como assim? Pelo que vi, a maioria das pessoas daqui são chinesas, não são?

- Mais ou menos. A maior parte da população nasceu na China, só que esta ilha não faz parte da China. Desde o século passado, esta ilha está sobre o domínio bitânico, ou seja, esta ilha faz parte da Grã-Bretanha. Muitas das pessoas da ilha, assim como eu e a Sra. Wong, são chinesas. Mas também tem outras pessoas que vieram da Grã-Bretanha, e é por isso que você vê também muitas pessoas que não são chinesas.

A jovem japonesa estava achando interessante o assunto. A conversa estava sendo bastante interessante, ainda mais com o jovem chinês sendo prestativo com ela, e lhe explicando um pouco sobre a ilha:

- Que interessante Shoran. E por quê Hong Kong deixou de fazer parte da China?

- Bem, isto foi no século passado, onde a China entrou em guerra contra a Grã-Bretanha, e perdeu Hong Kong para os britânicos. Você quer que eu te conte com mais detalhaes?

- Eu quero sim, Shoran.

- Então, vamos para o terraço, onde podemos tomar chá, e aproveitando a noite que está bem agradável. Enquanto tomamos chá, eu te falo mais coisas sobre Hong Kong. Tudo bem para você?

- Claro que sim. Estou ansiosa por saber mais sobre aonde você mora...

E os dois jovens deixaram a sala de jantar, e foram até o terraço da mansão. Quando deixaram a sala de jantar, a governanta da casa perguntou para Shoran o que ele desejaria:

- O Sr. gostaria de mais alguma coisa?

- Sra. Wong, Sakura e eu iremos para o terraço, e quero lhe pedir que sirva o chá para nós dois lá mesmo.

- Como queira Sr. Li. Com licença.

A governanta se retirou para providenciar que o chá fosse servido, e Sakura e Shoran foram até o terraço:

- Sakura, vamos para o terraço. Só espero que o tempo não vire...

Sakura riu do comentário de Shoran, e respondeu:

- Acho que não. Está uma noite gostosa. Acho difícil chover agora...

Shoran viu que estava um clima bem agradável entre eles, e resolveu ser um pouco sarcástico:

- Eu também espero que não. Justo agora que você está interessada em conversar comigo...

Sakura fez uma expressão de manha, e deu um tapa leve no ombro de Shoran:

- Ora essa! Sempre estou interessada em conversar com você...Não seja injusto comigo!

- Tá bom, tá bom! Estava só brincando. Não fique brava comigo...

Os jovens subiram até o segundo andar da casa, rindo das brincadeiras que um fazia com o outro. E na cozinha da mansão, a governanta preparava o chá que serviria para o seu patrão, e sorriu ao ouvir as risadas dos jovens.

O terraço era uma área que ficava no andar de cima, próximo ao corredor dos quartos. Lá havia uma pequena mesa, com três cadeiras, onde o casal se acomodou. Sakura estava ansiosa em saber mais sobre Hong Kong, e cobrou Shoran para continuarem o assunto:

- E então Shoran? Vai me contar mais sobre Hong Kong?

- Puxa, você está mesmo interessada...Onde a gente tinha parado?

- Você ia me contar o por quê de Hong Kong não fazer parte da China...

- Ah é...Você tem razão...

Nisso a governanta chegava ao terraço, trazendo uma travessa com o chá para Sakura e Shoran:

- Com licença Sr. Li. Aqui está o chá que o Sr. pediu.

A governanta deixa o chá com os dois jovens, e pede licença para se retirar:

- O Sr. gostaria de mais alguma coisa?

- Nào Sra. Wong. No momento não irei precisar de mais nada. Muito obrigado, Sra. Wong. A Sra. poe se recolher, se quiser.

- Muito obrigado, Sr. Com licença, e tenham uma boa noite.

Sakura agradece a governanta em cantones, suspreendendo Shoran e a governanta:

- Muito obrigada Sra. Wong. Depois eu levo as xícaras de volta.

Os dois riram da prestatividade de Sakura, e a governanta logo disse a Sakura:

- Não se preoucpe, jovem Srta. Pode deixar que eu cuidarei de tudo, não se preocupe. Não é mesmo, Sr. Li?

- É como a Sra. Wong disse, Sakura.

A jovem se sentiu encabulada com a situação:

- Mas é que eu ainda fico sem jeito...queria ser um pouco útil de vez em quando...

- Sakura, não se preocupe com isto. Te disse que em breve darmos um jeito nisto, ok?

- Tudo bem Li, eu confio em você.

A governanta então decidiu se retirar:

- Bem, com licença, mas vou me recolher. Tenham uma boa noite.

Shoran cumprimentou e agradeceu a governanta:

- Boa noite Sra. Wong, e obrigado.

E os dois jovens ficaram conversando sobre Hong Kong. Shoran ia contando para Sakura os acontecimentos sobre aquela ilha, e a jovem japonesa ia ouvindo com muita atenção, como se fosse uma criança, que ouvia um conto de fadas, não perdendo nenhuma parte.

- Puxa Shoran, que interessante que é a história de Hong Kong. E você acha que aqui ainda vai voltar a ser da China?

O chinês pos a mão no queixo e fez uma expressão compenetrada:

- Sinceramente eu não sei, Sakura. Pelo que sei, a Grã-Bretanha tem um prazo para devolver a ilha para a China.

- E você iria querer que isto acontecesse?

- É um dos meus sonhos. Um sonho que tenho que, aonde eu vivo , voltasse a pertencer a China, de onde eu nasci, e que tenho uma grande estima...

Shoran parecia saudoso do país que tinha nascido, e Sakura queria poder confortá-lo, pois aquele rapaz que tanto zelava por ela, mexia com os seus sentimentos, quando algo o afligia. Tomada de coragem, Sakura segurou as mãos de Shoran, e sorriu, olhando para Shoran:

- Eu não entendo muito disto, mas acho que, um dia o seu sonho vai se tornar realidade. E pode contar comigo para o que eu puder fazer por você.

Shoran ficou supreso com esta atitude da jovem japonesa, e ficou feliz e ao mesmo tempo surpreso em ver a bela jovem, sendo atenciosa e preocupada com ele.

- Puxa, obrigado por se preocupar comigo, Sakura...

- Shoran, eu é que tenho que lhe agradecer por tudo que você tem feito por mim desde que cheguei aqui em Hong Kong...

Ficaram por alguns momentos sem se falarem, sentados e de mãos dadas. Ambos estavam se sentindo bem em estarem naquela posição, mas a japonesa, bem envergonhada com a situação, recolheu as suas mãos, e cruzou os braços, como se estivesse com frio:

- Nossa, começou a esfriar aqui fora. Acho que já ficou tarde.

- É mesmo, esfriou um pouco. Sakura, acho que é melhor entrarmos, senão iremos nos resfriar.

- É mesmo Shoran. Acho que vou aproveiar e ir deitar. Já deve estar tarde, e quero estudar mais amanhã...

- Mas amanhã é domingo. Não vai querer sair ou conhecer a ilha?

- Mas Shoran, eu só conheço você e a Tomoyo, e é claro a Sra. Wong. É melhor eu ficar por aqui para não me perder...

- Sakura, eu tive uma idéia...

Sakura ficou curiosa com a idéia de Shoran:

- Que idéia Shoran? O que você está pensando em fazer?

- Estou pensando que, vou aproveitar o domingo e levar você para conhecer os pontos turísticos da ilha. Claro que não conseguiremos ver tudo num só dia, mas creio que poderemos passear bastante amanhã. E então? Gostaria de ir comigo?

Sakura ficou surpresa, não esperava receber um convite destes. Era a primeira vez que um rapaz a estava convidando para sair, e justo pelo rapaz que ela estava começando a ter um carinho muito grande, e um sentimento que ela estava começando a ter por seu jovem protetor, que ela não sabia descrever o que era:

- Mas amanhã? Assim tão de repente?

- Vejo que você não vai querer ir...

- Não! Não é nada disso..É claro que eu gostaria de ir com você...É que...não quero te dar trabalho...você está sendo tão bom comigo...

O jovem chinês ficou contente em ouvir que Sakura estava reconhecendo o tratamento que ele tinha por ela, e achou graça nesta preocupação da jovem, que não queria ser um extorvo para ele:

- Não se preocupe. Pensa que é só você que irá se divertir? Eu também pretendo me divertir um pouco. Estes dias tem sido muito cansativos, com reuniões, compromissos, horas preso no escritório. Preciso de uma folga, e amanhã parece-me ser o dia ideal. E por quê não levar você junto comigo? Você irá gostar de conhecer esta cidade, onde quero te levar nos principais pontos turísticos da região...

- Puxa, obrigada pela sua gentileza. Eu tenho certeza de que vou adorar este passeio...

- Certo, mas vamos sair do terraço, parece que o frio está ficando maior. Eu vou fechar aqui, e te acompanho até o seu quarto.

O casal saiu do terraço, e após Shoran ter fechado a porta que os conduziu para fora do terraço, ele acompanhou Sakura até a porta do quarto da jovem. De lá, eles se despediram:

- Sakura, eu costumo acordar cedo. Acho que 9 da manhã está excelente para sairmos de casa. O que me diz?

- Para mim está ótimo. Com certeza acordarei mais cedo, e as 9 da manhã já estarei pronta para sairmos.

- Ótimo. Vejo você amanhã de manhã. Vamos dormir que amanhã teremos um dia cheio. Boa noite Sakura.

- Boa noite Shoran, e muito obrigada pelo convite. Acho que vai ser bom o passeio.

Os dois ficaram se olhando por alguns instantes, e o jovem chinês tomou a iniciativa de se retirar para o seu quarto. Sakura sentiu um certo alívio, mas ao mesmo tempo, sentiu-se vazia em ver Shoran se distanciando dela. Ela entrou em seu quarto e fechou a porta, e se preparou para deitar. No quarto próximo, o jovem dono da casa também estava se preparando para deitar, pensando em como seria o seu passeio com a jovem hóspede.

O dia amanhecia bastante claro, e parecia que o domingo prometia ser quente e com bastante sol. Um clima perfeito para um passeio pela cidade. A jovem japonesa acordou por volta das 8 da manhã. Levantou-se e abriu a janela de seu quarto, e sentiu a luz e o calor do sol naquela manhã de domingo. Ela se sentiu mais revigorada, e Sakura foi tomar um banho e se trocar. Ela escolheu um vestido que havia comprado no dia em que o jovem dono da casa à levou para fazerem compras. Um vestido branco, feito de linho, com finas alças sobre os ombros. Calçou sandálias femininas sem salto e um chapéu feminino de abas largas. Desceu para tomar o seu café da manhã e encontrou a governanta da mansão na cozinha, terminando de dar algumas ordens para uma criada da mansão. Sakura cumprimentou a governanta da mansão em cantonês:

- Bom dia , Sra. Wong.

A governanta retribuiu o cumprimento da jovem hóspede:

- Bom dia Srta. Dormiu bem?

Sakura ainda estava aprendendo o cantonês, e conversava com a governanta com alguns erros gramaticais, mas que não impediam a sua comunicação:

- Sim, eu dormir bem. Estar pronta para o passeio de hoje.

- A Srta. já está falando um pouco o idioma daqui.

- É sim. Estar conseguindo falar algo, mas nom muito bem. Ainda precisar treinar mais...E o Shoran? Já se levantou?

- O Sr. Li já se levantou.

- E onde Shoran estar?

- Ele já tomou o seu café da manhã há uma hora atrás, e já saiu para o jardim.

- Hã? Desculpa, mas eu nom entender...

A governanta lembrou que a jovem ainda não aprendeu com domínio o cantonês, e procurou ser breve e simples em sua resposta.

- Ele não está. Está no jardim.

- Ah. Entendi. Obrigada.

- A Srta. vai querer tomar café?

- Eu querer sim. Pode ser aqui?

A governanta estranhou este pedido da bela hóspede:

- Aqui Srta.? Na cozinha? É aonde comem os empregados...

Sakura se sentiu envergonhada, e procurou explicar o porque do pedido:

- É que aqui lembrar a minha casa...Não posso?

A governanta riu e acalmou a japonesa:

- É claro que pode. Sente-se que eu mesmo vou servi-la.

E então a governanta serviu o café da manhã para Sakura, e ela se sentia bem com o tratamento recebido da governanta. Terminado o seu desjejum, Sakura agradeceu a governanta pelo café da manhã.

- Muito obrigada pelo café da manhã, Sra. Wong.

- Disponha sempre, Srta. Sakura.

- Não precisar me chamar de Srta. Sakura. Pode me chamar de Sakura, tá bom?

- Tudo bem então, Sakura. Espero que tenha um ótimo passeio.

- Obrigada Sra. Wong. Agora tenho que ir, tchau.

A jovem se aproximou da governanta da mansão e se despediu dela com um beijo no rosto, como se fosse uma menina se despedindo, causando uma certa surpresa na governanta da mansão. Em seguida ela saiu pela portas dos fundos, deixando a governanta surpresa e com um sorriso no rosto. A governanta não esperava esta reação da jovem menina que o seu patrão trouxera para a mansão, mas começava a sentir um certo carinho maternal e simpatia pela jovem hóspede.

A japonesa ficou procurando o jovem chinês nos jardins da mansão, e viu que ele estava de costas para ela, encostado em uma árvore proxima. Ela se aproximou, e em japonês, chamou-o pelo nome:

- Shoran, é você? Eu já estou pronta.

O jovem chinês, ouvindo Sakura lhe chamar, saiu de trás da árvore, e foi em direção da sua hóspede. Enquanto ele se aproximava, Sakura pode reparar do jeito que Soran se vestira. Ao invés das roupas sociais e formais que ele sempre usava, ele estava com uma calça social simples, uma camisa de manga longa, azul e estampata de forma quadriculada, e usando uma boina azul-escura. O chinês sorriu ao ver Sakura, e não pode deixar de reparar na sua bela hópede:

- Vejo que você já está pronta, Sakura. Esta roupa ficou muito bem em você...

Sakura ficou envergonhada, e ao mesmo tempo contente pelo elogio de Shoran, e ela também reparou no jovem senhor da mansão:

- Obrigada, Shoran. E você também está muito bem nesta roupa.

Shoran se sentiu envergonhado com o elogio, e sorrindo, pos a mão na nuca:

- Puxa, que bom que você gostou. É que você sempre me vê com roupas formais, deve estranhar em me ver nestas roupas. Mas estamos bem para um passeio de domingo.

Shoran estendeu o braço para Sakura, num gesto de galanteio e cavalherismo:

- E então Sakura? Pronta para começar o passeio?

A jovem riu do gesto de Shoran, e pegou em seu braço, aceitado a brincadeira:

- Puxa, estou ansiosa para conhecer mais aonde você vive. Podemos ir agora mesmo.

E os dois jovens foram andando até os portões da mansão, e Sakura estranhou em ver Shoran saindo da mansão sem o seu motorista:

- Shoran, nos iremos sem o seu carro desta vez?

- É que resolvi dar uma folga para o motorista hoje. Iremos de táxi aos lugares que eu irei te mostrar, assim teremos mais liberdade para ir aos pontos turísticos.

- Tudo bem, É que eu me acostumei a te ver saindo desta mansão, sempre com o seu carro...

- Não se preocupe com isto. Vamos aproveitar este domingo de sol, e vai ser divertido depois desta semana cansativa que tivemos. E você vai ter um passeio turístico pelos pontos principais de Hong-Kong.

Sakura sorriu com o encorajamento de Shoran, e estava ansiosa por aquele passeio, sendo que ela não estava se importanto com lugares ou pontos turísticos, e sim, passar um dia inteiro ao lado do jovem chinês, que aos poucos estava conquistando a sua confiança, e os seus sentimentos.

O rapaz estava a mais de 15 minutos, dentro de seu Ford A, observando uma jovem e bela moça em frente a uma barraca que vendia legumes e verduras. Ele estava com o carro estacionado bem próximo da calçada, e com alguns metros de distancia da moça, o rapaz ficava escorado com as duas mãos sob o volante, observando e admirando a bela jovem, de pele branca e sedosa e cabelos longos. Ela escolhia alguns legumes e verduras na barraca, e os entregava ao proprietário da barraca, onde eram pesados e depois colocados em uma sacola que a moça carregava. Após pagar pelas mercadorias, ela agradeceu e foi embora. O rapaz de dentro do carro dá a partida no veículo, e em baixa velocidade, começa a seguir a bela jovem. Ele fica a uma distancia em que a moça não perceba a sua presença, mas ele já estava ficando aborrecido com este jogo de perseguição. Ele acelera o carro, ficando lado a lado com a moça que estava seguindo. A moça caminhava com calma, ignorando a presença do carro que estava ao lado dela. Com o carro em movimento, o rapaz tenta ganhar a atenção da jovem:

- Com licença Srta. Não gostaria de ajuda? Creio que deva estar cansada por carregar as suas compra...

A jovem não responde e nem faz qualquer reação, continuando a caminhar tranqüilamente. O rapaz não desistiu e voltou a insistir:

- Hei Srta, o que eu poderia fazer para ter a sua atenção? Eu só gostaria de ajudá-la...

A jovem então sorriu, parou de caminhar, e sem olhar para ele, respondeu sarcasticamente para o rapaz que a seguia:

- Você iria estar me ajudando bastante se não me seguisse...

O rapaz ficou surpreso com a resposta da moça, e com uma freada repentina, parou o carro ao lado da jovem. Ele se aproximou da janela do motorista, e perguntou para a moça que seguia, tentando disfarçar as suas reais intenções:

- Perdão Srta. Mas não estou entendendo o que a Srta. quis dizer com isto...

A bela jovem então se voltou para o rapaz do carro, e com uma das mãos à cintura, fitou-o, e respondeu ao comentário que ele havia feito:

- Então, meu jovem senhor, como explicaria a sua atitude, de me seguir até a entrada do bairro de Kowlon, e depois ficar me observando de seu carro durante 15 minutos, e me seguir até este local? Tudo leva a crer que o senhor esteja me seguindo...

Vencido pela percepção da jovem, o rapaz confessa a ela as suas intenções:

- Meus parabéns, você é uma mulher bastante observadora. É que quando eu vi você entrando na avenida principal deste bairro, eu não pude deixar de te seguir. Acho que te assustei, não?

- Um pouco. Se continuasse a me seguir por mais tempo, eu iria chamar a polícia...

- Por favor, Srta. Me desculpe por tê-la seguido, não queria que isto fosse um incomodo para a Srta., mas é que fiquei encantado cm a sua beleza, e não pensei duas vezes em segui-la...

- É, o senhor é bem direto no que diz. Eu admiro esta qualidade nas pessoas. E ainda é galanteador. Realmente o senhor está querendo mesmo a minha atenção...

- Por favor, não precisa me chamar de senhor. Chame-me de Eriol, Eriol Hiragizawa...

- Muito prazer Eriol, mas por favor, não faça isto de novo. Além de ser inconveniente, pode trazer alguns problemas para você. Agora tenho que ir, eu espero que você tenha um bom dia...

A bela jovem voltou a caminhar, e deixou o jovem que ainda estava dentro de seu carro. Ele ficou sem ação ao ver a bela jovem indo embora, e vendo ela se distanciar do seu carro, colocou a cabeça para fora do carro e ainda gritou mais uma pergunta a ela:

- Espere! Qual é o seu nome...Nem ao menos eu sei o seu nome...

A bela moça parou de caminhar, virou-se em direção onde estava o rapaz, que com um sorriso, lhe respondeu:

- Quem sabe, quando nos encontrarmos de novo, eu diga para você o meu nome...Adeus...

E ela se virou para o caminho que estava fazendo, e começou a caminhar novamente, se distanciando do rapaz. Já se aproximando a um cruzamento, ela entrou à esquerda, e sumiu da visão do rapaz que ainda estava no carro. Ele sem hesitar, desceu do carro, e deixando a porta do veículo aberta, correu atrás da moça para não perdê-la de vista. Só que ao dobrar a esquina, ele pode ver que a rua aonde ela tinha entrado estava bastante movimentada. Ao ver várias barracas e muitas pessoas na rua, ele viu que se tratava de uma feira. Ele tirou seus óculos, e pôs a mão nos olhos para pensar melhor:

- Droga! No meio desta multidão, nunca vou encontrá-la. É melhor esquecer isto, e voltar para o carro.

O rapaz colocou seus óculos, e voltou para o seu carro, desistindo daquela caçada repentina. Mas seus pensamentos estavam fixos na bela jovem que ele havia seguido:

- Mas até que valeu a pena esta caçada. Não sei o que deu em mim, mas valeu a pena ter conhecido aquela garota. Pena que ela nem me disse o nome...

Eriol entrou em seu carro, deu a partida, e com o carro em movimento, deu a volta em direção ao sentido contrário de onde estava dirigindo quando seguia a bela moça. Enquanto se dirigia para fora de Kowlon, um pensamento de seu amigo lhe veio à cabeça:

- Como será que Shoran está se saindo com a japonesa? Seria divertido se os sentimentos dele fugissem do controle. Só que uma outra mulher não iria gostar nada disto...

Continua...