Não faz assim
por Sarah Snape
Bem, tive a idéia dessa songfic ao ler "A lenda" de Mel ao Sol.
Lastimo muito para quem não gostar de musica sertaneja.
Tudo é apenas uma questão de gosto, não é mesmo? Espero que gostem.
Beijos
Sarah
Tire seus olhos dos meus,
eu não quero me apaixonar
Ficou em mim o adeus,
que deixou esse medo de amar
Era fato. Por mais incrível que isso pudesse parecer era fato. Aquela garota! Será que ela
não tinha suas próprias ocupações? Será não poderia deixa-lo em paz. Aquela perseguição
estava lhe dando nos nervos. Não entendia, absolutamente o motivo de que todos aqueles
olhares que lhe eram dirigidos. Certamente deveria se tratar de alguma aposta ou algo deste
gênero, embora não pudesse acreditar que a srta. Granger fosse pessoa capaz de se
envolver nestas coisas. Mas qualquer outra possibilidade não poderia ser digna de crédito.
Não, não poderia mesmo.
Severo Snape vinha patrulhando os corredores, mas sem perceber o que acontecia ao seu
redor. Draco Malfoy, saiu por uma porta, surgida do nada, tropeçou no professor, que
apenas resmungou e não disse maias nada. Seus pensamentos estavam longe daí. Claro,
tudo poderia ser mera imaginação de sua cabeça.. Como se não tivesse tantos problemas a
se preocupar ainda estava procurando mais um. Sim esse era o termo exato. Procurando
mais um problema. Porque aqueles olhares daquela menina estavam lhe tirando do sério,
de seu habitual descaso.
Não, era pouquíssimo improvável, senão impossível, dizer-se que a moça poderia ter
algum tipo de interesse nele. O único, porém dessa historia é que ela se portava como se
houvesse algo a mais. Por mais que a moça lhe agradasse, ou que se sentisse atraído por
ela (coisa que procurava negar a si mesmo, mas cada vez parecia menos crível aos seus
próprios ouvidos) já lhe bastara uma decepção na vida. E se por ventura se iludisse, e as
coisas não fossem bem como ele as estava interpretando? Isso já lhe acontecera uma vez,
portanto todo o cuidado era pouco.
Eu já amei uma vez e
senti a força de uma paixão
A gente às vezes se entrega demais
esquece de ouvir a razão
Sim, uma única vez se apaixonara de verdade. Claro, tudo aquilo fazia muito tempo. Não,
não deveria analisar o tempo como os trouxas o fazem. A contagem do tempo bruxo era
muito diferente, mas não que esta certeza lhe desse a sensação de que o tempo não passara
. Não que o tempo não tivesse passado, isso eram meras ilusões de sua cabeça. O tempo
passara talvez não na acepção mais corriqueira desse fato, mas sim nos sentimentos, na
pessoa como um todo. Ele, com certeza era diferente do que já fora, não melhor ou pior,
apenas diferente, apenas ele mesmo, mas um si mesmo maltratado pelas desventuras.
Ela fora uma desventura.. Mais uma dentre tantas, mas nenhuma fora pior do que aquela.
Era como sair do céu e ser jogado no inferno. Também, com certeza seu amor por Lílian
fora um de seus piores erros. Obviamente, devido a todas as espécies de convenções tinha
que fingir odiá-la. Sim, sim, sim. Nem conseguia convencer direito a si mesmo de seus
sentimentos, quem dirá, conseguir fazer com que aquelas palavras saíssem de sua boca,
e mesmo a ruiva jamais lhe destinara algum olhar, ou uma frase, nada... E isso que a
grifinória sempre fora considerada muito simpática... Talvez a culpa tivesse sido dele
mesmo.Sempre a tratara mal, sempre tivera que fingir o que não era. Tinha medo que seus
pares descobrissem, que sua reputação caísse por terra, que...
Não olhe assim não,
você é linda demais
Tem tudo aquilo que um homem procura em uma mulher
- Desculpe professor.
Tropeçara no alvo de seus pensamentos, realmente por acaso. Também porque motivo
àquela moça teria que estar ali, à uma hora daquelas?
- Onde pensa que vai, Granger? – retrucou rudemente. Deveria ser esse seu destino, fingir
ser quem não era, fingir ser ainda pior, do que sua realidade, com o objetivo de não deixar
as pessoas perceberem que ele era diferente do que as aparências mostravam.
A moça olhou-o penetrantemente como parecia ser seu hábito. O professor fingiu não
perceber os interesses da moça...
- Vim a pedido de Neville. – respondeu ela, sem tirar os olhos do homem alto vestido de
preto que estava a sua frente.
- O que houve com o Longbotton desta vez? – perguntou ele, buscando desviar seus olhos
dos dela.
- Ele caiu da vassoura, novamente. – explicou ela, ainda com aquele olhar firme e avaliativo.
Aquilo lhe parecia um jogo – E não poderá cumprir a detenção.
Severo Snape não respondeu nada e a moça apenas ficou observando-o, incrivelmente
aquilo o deixava muito sem jeito. Era como se uma vontade subida de cavar um buraco
no solo se apossasse dele. Será que seria esta sua nova e improvável chance?
Ele mirou a moça parada a sua frente, o cabelo bem arrumado, o sorriso. Não que
aparentemente ela tivesse algo de especial. Era simples, singela e presunçosa. Sim, ela era
presunçosa.. Snape sorriu e Hermione percebeu. Mas um segundo depois ele voltou a ter
a mesma expressão mordaz de sempre.
- Pode ir senhorita.
Hermione limitou-se a assentir com a cabeça e voltar na direção de onde ele viera.
Não olhe assim, não
porque até sou capaz
De atender esse meu coração que só diz que te quer
Não poderia negar que realmente a senhorita Granger preenchia todos o pré-requisitos que
ele impunha a si mesmo como uma espécie de auto-defesa. Nunca imaginara que fosse
encontrar alguém assim. Ver seu amor nos braços de outro era uma sensação terrível, mas
pior que isso fora sua falta de coragem. E justo ele que sempre enfrentara perigos mil... Não
, a senhorita Granger estava brincando com fogo... E o pior mesmo, era o fato de que ele
estava gostando disso, gostando dessa brincadeira de olhar. E tudo isso despertara seu
coração, o velho coração de pedra... Era estranho esses sentimentos, cada vez que ele o
olhava diretamente nos olhos como acontecera no corredor a pouco, sentira o coração
pular, num frêmito de alegria.
Sim, a senhorita Granger estava brincando com fogo. E quem fazia isso, deveria ter a plena
consciência de que poderia se queimar.. E pelo andar dos acontecimentos, logo ela se
queimaria...
Severo Snape, contrariando seus modos, teve que sorrir. Porque as pessoas por mais
centradas que fossem, eram sempre tão vulneráveis ao amor???
***FIM***
