N/A: A história desta songfic se passa durante o ano equivalente ao terceiro ano de Harry. A música é da trilha sonora do desenho da Disney Pocahontas, com letra da versão em português e título da versão original.
Colors
of The Wind
Songfic de Babi Prince
Base na trilha sonora de Pocahontas
Penelope Clearwather
acordou e olhou contente pela janela do dormitório. Era um sábado ensolarado e
ela teve a impressão de que seria um dia maravilhoso, julgando pelo fato de que
as provas do final do ano letivo tinham se acabado na véspera.
Ela
se levantou, vestiu-se depressa e foi até o salão principal, acompanhada de
sua amiga Rebecca. Ao chegar lá, notou que seu namorado, Percy Weasley, não se
encontrava na mesa da Grifinória.
- Talvez ainda não tenha levantado – sugeriu Rebecca
servindo suco de abóbora no copo da amiga – Deve ter ido dormir tarde por
causa das comemorações do final dos exames.
Mas
Penelope sabia que Percy não era de fazer festa até altas horas, por isso
ficou preocupada. À medida que os alunos acabavam de comer, o Salão Principal
ia se esvaziando e os jardins se enchendo. Logo Penelope e Rebecca também saíram
do castelo para curtir um pouco de sol.
- Olha lá o Patrick – disse Rebecca olhando para o próprio
namorado, um garoto de cabelos negros e olhos azuis, que estava sentado com
alguns amigos à beira do lago – Eu vou lá com ele. Você vem?
- Não, vou procurar Percy.
Penelope
esperou a amiga se afastar e saiu caminhando pelos jardins à procura de Percy.
Contornou o lago, as estufas, chegou até os portões ladeados por javalis
alados e voltou. Ele tinha que estar dentro do castelo.
Se
acha que eu sou selvagem,
você viajou bastante, talvez tenha razão.
Mas não consigo ver mais selvagem quem vai ser.
Precisa escutar com o coração.
Coração!
Não era preciso
conhecer Percy tão bem para saber onde encontrá-lo. Penelope foi direto à
biblioteca da escola, e lá estava ele, rodeado por livros abertos, resmungando
e olhando para um pergaminho de anotações.
- Amor, as provas já terminaram – disse Penelope
cordialmente sentando-se ao lado do namorado.
- Eu sei – confirmou Percy.
- Vamos lá para fora, o dia
está lindo! – pediu ela puxando de leve o braço dele.
– Não posso, Penny, estou
conferindo as respostas do meu teste de Aritmancia. Você sabe, se eu não
obtiver um bom número de N.I.E.M.s não poderei ingressar no Ministério.
- Ora, Percy, de que adianta saber o que você errou se não
pode mudar o resultado do teste?
Ele
olhou para Penelope como se a garota tivesse perguntado o resultado da adição
de dois e dois.
- Não é óbvio? Se eu perceber onde foi que perdi pontos,
posso fazer algum curso à respeito para acrescentar ao meu currículo para
compensar o baixo número de N.I.E.M.s.
Penelope
ergueu as sobrancelhas, surpresa com os planos de Percy.
- Você também deveria ter pensado nisso, no próximo ano vai
prestar seus N.I.E.M.s. Perdoe-me, Penelope, se disser que às vezes você não
pensa como uma monitora.
Ela
lançou um sorrisinho irônico a ele e se levantou.
- Talvez eu não mereça
ser monitora, você está certo. Afinal, você sempre está certo, não é
mesmo? – e saiu da biblioteca pisando firme.
Se pensa que essa terra lhe pertence,
você tem muito ainda o que aprender.
Pois cada planta, pedra ou criatura
está viva e tem alma, é um ser.
Percy correu atrás
de Penelope, largando os livros todos para trás. Ele a alcançou no saguão de
entrada.
- Penelope, desculpe, eu não quis te ofender.
- Você nunca quer, não é mesmo?
- Quantas vezes te ofendi?
Ela
olhou fundo nos olhos dele e sorriu docemente.
- Você nunca me ofendeu. Mas eu queria que olhasse um
pouquinho mais para mim do que para seus livros.
Percy
abaixou a cabeça, envergonhado. Penelope agarrou a mão dele e levou-o para
fora do castelo.
- Aonde vamos? – perguntou Percy atravessando o gramado a
passos largos.
- Para a floresta – disse Penelope tranqüilamente.
Ele
parou bruscamente e ficou muito sério.
- A floresta é proibida aos alunos. Sabe disso.
- Sei sim. Mas não há nenhum professor aqui. E o que os
olhos não vêm, o coração não sente.
- Penelope, eu não vou desobedecer o regulamento da escola,
mesmo que não vá perder pontos.
- Esse é o seu problema, Percy – disse ela, embora passasse
a mão nos cabelos dele carinhosamente – Pensa que só vai se dar bem na vida
se seguir todas as regras.
- E não estou certo? – perguntou ele baixinho – Pelo
menos nunca tenho nada a esconder dos professores.
- Não? E quando
nós começamos a namorar?
Ele
abriu a boca para responder, mas tornou a fechá-la sem ter dito nada. Penelope
deu uma risada seca.
- Ah, Percy, você ainda tem muito o que aprender!
Vê que só gente é seu semelhante
e que os outros não têm o seu valor.
Mas se seguir pegadas de um estranho,
mil surpresas vai achar ao seu redor.
Dizendo isto,
Penelope se esgueirou até a floresta, seguida de perto por um Percy receoso.
Eles andaram, desvencilhando-se das raízes das árvores, por um bom tempo. A
luz do sol já estava quase extinta sobre as árvores muito juntas quando
Penelope entrou em uma clareira, sentou-se ao lado da raiz de uma árvore
frondosa e bateu com a mão no chão convidando Percy a se sentar também.
E
foi o que ele fez, um pouco apreensivo.
- Eu posso não ter jeito para monitora, – comentou ela
baixinho, como se temesse que alguém os ouvisse – mas você tem que admitir
que sou capaz de encontrar lugares maravilhosos.
Percy
ergueu as sobrancelhas, incapaz de entender o que ela via de tão bonito em se
sentar sobre em um monte de gravetos secos e sujar as vestes.
- Sabe, Percy, muitas vezes as pessoas nos surpreendem. Mesmo
as pessoas que mais subestimamos.
- Eu não subestimei você – defendeu-se ele indignado.
- Não, não eu – explicou sinceramente Penelope – Mas você
nunca imaginou que poderia haver algo de bom dentro da floresta proibida.
Afinal, quem iria querer entrar em uma floresta velha e escura?
- Não estou entendendo... Vamos voltar para o castelo?
Ela
segurou a mão dele e sorriu.
- Ouça as árvores.
- Ouvir o qu?!
Penelope
colocou o dedo indicador sobre os próprios lábios e Percy se calou, fazendo um
certo esforço para ouvir qualquer coisa interessante naquele lugar.
Já ouviu o lobo uivando para a lua azul?
Será que já viu um lince sorrir?
É capaz de ouvir as vozes da montanha
e com as cores do vento colorir?
E com as cores do vento colorir!
E ele ouviu.
O
barulho da brisa fresca da manhã batendo nas copas das árvores, que roçavam
umas nas outras, os gravetos estalando sob os pés dele, que se mexiam, os pássaros
cantando ou farfalhando as asas aqui e ali. Tudo aquilo era mágico, uma música
que Percy nunca sonhara em ouvir. Poderia ter passado a vida toda ali, curtindo
o momento, mas foi distraído por Penelope.
A
garota acabara de se levantar e estava subindo em um uma pedra muito próxima,
que estava coberta de limbo.
Correndo pelas trilhas da floresta
provando das frutinhas o sabor,
rolando em meio a tanta riqueza,
nunca vai calcular o seu valor.
-
O que está fazendo? – perguntou ele tranqüilamente, sem intenção alguma de
impedi-la.
- Apanhando... umas... frutas – ofegou ela saltando e
apanhando, em uma árvore franzina, várias frutinhas redondas e pequenas.
Ela
tornou a se sentar ao lado de Percy, oferecendo-lhe uma das frutas.
- Tem certeza de que não são venenosas? – perguntou ele
incerto.
- Tenho – respondeu ela abocanhando uma das bolinhas – São
araçás, tenho um pé delas em casa.
Percy pegou uma das araçás amarelas e colocou na boca. Tinha um gosto
muito diferente de tudo o que ele já provara, mas era, sem dúvidas, uma delícia.
- Ainda quer voltar para o
castelo? – perguntou Penelope divertida quando ele pegou mais uma araçá na mão
dela. Sua voz, pensou Percy, se enquadrava perfeitamente com a sinfonia das árvores.
- Não, por enquanto não
– respondeu Percy observando tudo ao seu redor com curiosidade – Você tinha
razão. É maravilhoso!
Penelope riu, puxou Percy pela gola das vestes e o beijou.
A lua, o sol e o rio são meus parentes.
A garça e a lontra são iguais a mim.
Nós somos tão ligados uns aos outros
neste arco, neste círculo sem fim.
-
A natureza é linda – comentou ela alguns minutos depois, mirando com respeito
a árvore na qual apoiava as costas.
Percy
teve que concordar. Até alguns minutos atrás ele estava convencido de que
admirar a natureza resumia-se em tratar bem a sua coruja e manter um vaso de
violetas dentro de casa. Mas agora compreendeu que estava completamente errado.
Penelope parecia estar pensando a mesma coisa, pois falou:
- Sabe, Percy, ninguém precisa aprisionar a natureza para
estar com ela. Nós fazemos parte do meio ambiente e ele faz parte de nós, não
importa onde estejamos ou o que façamos.
Ela
parecia estar divinamente inspirada naquelas palavras.
- Penny – começou cautelosamente Percy – Por que é que
estamos falando nisso? Isto é, não que eu não esteja interessado, é lógico
que estou – acrescentou com pressa.
- Eu não sei – respondeu Penelope – Vamos mudar de
assunto.
Percy
pensou em dizer a ela que estava gostando da conversa daquele jeito, mas
Penelope já mudara de assunto.
A árvore aonde irá?
Se você a cortar, nunca saberá.
Não vai mais o lobo uivar para a lua azul.
Já não importa mais a nossa cor,
vamos cantar com as belas vozes da montanha
e com as cores do vento colorir.
-
Você quer ser Ministro da Magia, não é?
- Eu vou ser
Ministro da Magia.
- Claro que vai – concordou Penelope com brandura – Tem o
meu voto desde já! Vai melhorar as leis desse país não é mesmo? – ela não
cansava de ouvir ele falar de seus planos para o futuro.
- Obviamente. Você verá, Black será preso logo que eu
ingressar no Ministério. É preciso que reforcem a segurança em Azkaban
e que criem leis mais rígidas para diminuir a criminalidade fora da prisão. Se
não houver crimes, não haverá prisioneiros, e sem prisioneiros não teremos
fugitivos.
- É, a gente precisa mesmo cortar o mal pela raiz –
comentou Penelope apoiando a cabeça no ombro do namorado – As pessoas estão
se importando cada vez menos com valores morais. Você viu no ano passado quando
a Câmara Secreta foi aberta – ela sentiu um calafrio – Imagine, querer
matar uma pessoa porque ela é nascida trouxa. Será que não temos coisas mais
importantes para nos preocupar?
Percy
fez que sim e acariciou os cabelos dela.
- Quando eu for Ministro, a comunidade bruxa vai se preocupar
em cumprir as leis e vai trabalhar junto, independente do sangue que corre nas
veias de cada um.
- A natureza é desse jeito
e é por isso que eu admiro ela. Você nunca vai ver um animal desrespeitando o
outro, independente de sua raça – e acrescentou depois de uma pausa: -
voltamos a falar sobre a natureza, não é mesmo?
Percy
fez que sim com a cabeça e sorriu.
Você só vai conseguir desta terra usufruir
se com as cores do vento colorir.
-
Tomara que seus planos dêem certo – murmurou Penelope segurando a mão de
Percy.
- Se você estiver comigo – disse ele – vai dar tudo
certo.
- E eu vou estar. Aprendo tanto com você...
- Não tanto quanto eu aprendo com você.
Ele
levantou o rosto de Penelope e eles se beijaram demoradamente, os sons da
natureza ainda penetrando magicamente em seus ouvidos. Não importava que rumo
suas vidas iam tomar, ambos iam se lembrar daquele momento para sempre.
