N/A:
Essa fanfic contém spoilers do 5º livro.
Abençoado Seja o Apagueiro
As férias de verão
haviam começado a uma semana. Rony estava em seu quarto no Largo Grimmauld
jogando xadrez de bruxo com Harry quando Fred e Jorge entraram animados, fazendo
o maior estardalhaço.
- Rony! Harry! Olhem só o que nós compramos!
Os
meninos se viraram, extremamente interessados. Fred então tirou do bolso o que
parecia um pequeno isqueiro de prata.
- É um apagueiro! – informou ele, todo sorrisos.
- E para que serve isso? – perguntou Harry, após trocar um
olhar desconfiado com Rony.
- Oras, não é óbvio? – exclamou Jorge espantado – Ele
apaga luzes!
- Mas que grande b...! Eu posso apagar luzes sem gastar
dinheiro com um negócio desses – disse Rony voltando-se novamente para o
tabuleiro – Francamente, depois que conseguiram algum dinheiro vocês dois não
param de comprar coisas idiotas!
- Ah, Rony, você realmente não entende a utilidade do
instrumento.
- Talvez um dia há de compreender!
E
os gêmeos saíram do quarto deixando Harry e Rony confusos.
- Malucos! – disse Rony – Bispo da esquerda, avance três
casas à direita em diagonal!
Lá
se foi um peão de Harry.
Quando
os dois desceram para jantar, a sra.Weasley lhes lembrou que no dia seguinte
iriam buscar Hermione na casa dela, via flú.
- Não tem perigo, mãe? – disse Rony puxando uma batata
para o prato – Digo... ficar saindo com o Harry assim?
- Não, não – respondeu Molly – Quim já confirmou que a
rede de flú não está sendo vigiada de verdade, ninguém saberá que foram
para lá, a não ser que metam a cara na janela enquanto um Comensal estiver
passando na rua. E deixaremos Tonks de vigia do lado de fora da casa, só por
garantia.
Rony
deu de ombros e colocou a batata na boca. Desta vez quem chamou a mãe foi Gina:
- Mamãe, a Mione me perguntou se podemos passar a tarde com
ela.
- Acho que não tem problemas. Importa-se de demorar mais um
pouco, Tonks?
- Claro que não! Estou as ordens – respondeu prontamente
Tonks, com sua habitual voz animada.
Gina
foi a primeira a se levantar da mesa. Quando a viu sair, Rony engoliu o resto de
suas batatas e correu atrás dela. Alcançou-a no terceiro patamar, em frente ao
quarto que ela dividiria com Hermione no dia seguinte.
- Gina! – chamou Rony – Eu preciso falar com você!
- Sobre o quê? – perguntou a menina desconfiada.
- Entra no quarto.
Os
dois entraram e Rony fez a irmã sentar na cama para ouvi-lo. Ele abriu a boca e
tornou a fecha-la várias vezes, esquecendo-se do que ia dizer.
- Droga, eu até ensaiei para dizer isso – ele pensou alto.
- É sobre a Mione? – perguntou Gina.
Por
um momento, Rony pensou que a menina lera sua mente. Mas então se lembrou de
que ela não podia usar magia fora da escola. Concordou com um aceno de cabeça.
- Como você...?
- Você ama ela, não é, Rony? – perguntou Gina se movendo
no lugar, entusiasmada.
- É, eu... Era exatamente isso que eu ia te contar.
Gina
deixou escapar um gritinho.
- Eu sabia! Tinha certeza, desde a primeira vez que vi vocês
juntos! A Mione fala muito de você, sabe, muito mais do que do Harry, e eu acho
que vocês combinam muito, sei que todas as brigas que vocês têm são por ciúmes,
e...
Tinha
ficado de pé e falou isso muito rápido. Rony estava simplesmente assustado.
Puxa vida, só queria pedir uma ajuda à Gina e ela quase explodira de empolgação!
É nisso que dá contar as coisas para a irmã mais nova, ele pensou.
Talvez devesse ter falado com Harry. Não, Harry já tinha coisas mais
importantes para pensar. Isto é, mais importantes para ele, pois para Rony a
coisa mais importante agora era resolver aquele assunto logo.
Gina
parou de falar para tomar fôlego e Rony aproveitou para interrompe-la.
- Vai me ajudar ou não?
- Você quer minha ajuda?
- Não, estou te dizendo isso para ver se você espalha para o
resto do mundo! – ele ironizou deixando-a um pouco zangada – É claro
que eu quero sua ajuda! Você é amiga da Hermione, não é?
- Está bem, não precisa falar assim comigo! – ela se
sentou de volta na cama – Muito bem, o que quer que eu faça?
- Ah, eu... – isso ele também tinha ensaiado e esqueceu –
Não sei, você tem um namorado, deve saber melhor do que eu.
- Você quer que eu te diga o que fazer com ela? – perguntou
Gina em uma mescla de espanto e receio.
- Não, quero que... Você arme a situação. Consegue? Aí
você deixa que eu me viro sozinho. Só não diga a ela que eu gosto dela de não
tiver certeza dos sentimentos dela, okay?
- Legal, vou fazer o possível, Ronyquinho! – as orelhas de
Rony ficaram vermelhas.
Ele
agradeceu à irmã e já estava saindo do quarto quando virou para trás e fez
um último pedido:
- Gina... Não me chame de Ronyquinho na frente dela, está
bem?
Naquela
noite Rony sonhou que estava voando. Estava voando com Hermione. Sim, eles
estavam juntos e felizes. Ela se abraçava a ele. Os dois estavam montados em um
hipogrifo... verde? Sim, o hipogrifo era verde limão. Mas não era
problema: ele não se lembrava de ao menos uma vez na vida ter tido um sonho
normal. Certa vez sonhara que olhava o céu e ao invés de nuvens haviam nele
pepinos fatiados.
Acordou
e levantou-se sonolento. Harry já havia saído do quarto. Ele tomou um banho e
desceu para tomar café.
Durante
a refeição, Gina parecia muito mais agitada do que o normal, mas não falava
com ninguém. Rony desejou que ela não fizesse isso, a sra.Weasley já estava
perguntando se ela se sentia bem.
Tonks,
sentada ao lado da Gina, estava mais uma vez irreconhecível. Desta vez era uma
adolescente morena e alta, que vestia uma jaqueta e uma calça jeans.
Todos
acabaram de tomar café. Arthur foi trabalhar e Molly foi limpar a sala de
estar, que estava empoeirada até demais.
Rony, Harry e Gina foram lá para cima alimentar o Bicuço. Depois do
almoço, pegaram a lareira para ir à casa de Hermione – Tonks, Fred e Jorge
preferiram aparatar pouco depois deles. Molly apenas se despediu deles e
continuou a limpar a casa.
Quando
Rony e seus amigos chegaram, Hermione estava entrando na sala, brigando com
Bichento por ficar no meio do caminho.
Então
ela os viu e esqueceu do Bichento. Correu em direção a eles e, como sempre,
abraçou Harry.
- Ah, Harry, eu estava preocupada! Já está se sentindo
melhor? Seus tios te trataram bem? Como você chegou à sede?
Rony
se perguntou por que raios Hermione sempre abraçava Harry. Só se lembrava de
ter sido abraçado por ela uma vez na vida, e fora no terceiro ano!
Tentou ignorar Mione, que disparava perguntas a Harry como se fosse sua mãe,
e observou a sala. Era bem legal, para uma casa de trouxas. Tinha sofás com
tecido xadrez e uma mesinha de centro repleta de curiosos enfeites que, assim
como as fotos nas paredes, não se mexiam. Em frente a um dos sofás havia uma
grande televisão (Rony já ouvira falar muito delas), que nem ao menos
precisava ficar sobre uma mesa, tal era a sua altura.
Então
algo inesperado aconteceu com Rony: Hermione o abraçou também. Ele sentiu seu
rosto corar e ficou sem ação. Pôde ver Gina abafando o riso.
- Você também está bem, Rony? Como estão todos? Já
chegaram os resultados dos seus N.O.M.s? Quanto você tirou? Ah, que saudades!
- Hem, hem.
Um
som que trazia a todos a lembrança dos tempos em que estiveram sob direção da
Prof.ª Umbridge os assustou e fez Hermione largar Rony o mais rápido possível.
Eram
Fred e Jorge, com uma moça que Hermione pensava não conhecer. Os gêmeos riram
do espanto dos três.
- Oi Fred! Jorge! E...
- E aí Mione, beleza?
A
saudação de Tonks era inconfundível.
- Ah, oi Tonks! Sente-se!
-
Não posso, obrigada! Estou aqui para observar a movimentação. Será que pode
abrir a porta da rua para mim sair, por favor? – pediu ela tirando um jornal
trouxa da semana anterior do bolso da calça larga.
Hermione
abriu a porta e observou a bruxa sair e se sentar na calçada do outro lado da
rua fingindo ler o jornal.
- Eu não vejo motivo para se preocupar – disse Gina
espiando pela janela – A rua parece tranqüila!
- Parece, Gina, falou bem – comentou Mione fechando a
porta – Você não viu a barulheira que fica quando a minha prima liga o rádio
no quintal e vai andar de skate na rua.
- Você tem uma prima? –
perguntou Fred interessado na descrição da garota. Não sabia o que era skate
mas mesmo assim achou que gostava disso.
- Tenho – respondeu Mione
– Mora à umas duas quadras, mas passa a maior parte do tempo aqui, mesmo
quando eu não estou. Ela acha que estou fazendo intercâmbio na Itália.
Harry
achou que se o único problema por ali era uma garota que andava de skate
poderia sugerir aos Dursley que se mudassem para aquela rua.
- Sentem-se – pediu Hermione apontando para os sofás –
Querem beber alguma coisa?
A
única que quis beber foi Gina. Hermione ligou a tevê e entregou o controle a
Harry antes de ir para a cozinha com a amiga. Gina aproveitou enquanto ela fazia
isso e deu uma piscadela para Rony.
- Vejamos... – disse Mione olhando para a parte de dentro da
porta da geladeira – Tem suco de melancia e Pepsi.
- O quê?
- Pepsi – repetiu mostrando a Gina uma garrafa com um líquido
preto – É uma bebida trouxa.
- Okay, eu vou querer isso aí.
Mione
pegou dois copos e encheu-os com o refrigerante. Gina bebeu um gole.
- Nada mal – comentou bebendo mais.
- Vamos lá para a sala – sugeriu Hermione jogando a garrafa
vazia no lixo.
- Espera, Mione, não vamos ainda.
- Por quê?
- É que um amigo meu pediu para fazer uma pergunta e acho que
prefiro faze-la à sós: de quem você gosta?
- E por que seu amigo quer saber isso? – perguntou Hermione
desconfiada.
- Bom, porque... Esse meu amigo está caidinho por você!
- Ele está na sala agora?
Gina
fez que sim com a cabeça, se divertindo com o próprio suspense.
Hermione
esticou a cabeça para olhar os meninos. Harry, Fred e Jorge assistiam a tevê,
interessados. Rony, porém, estava muito vermelho e olhava para o chão.
- É o Rony? – perguntou ela olhando para Gina.
- Responda à pergunta.
- Que pergunta?
- De quem você gosta?
- Primeiro me diga quem quer saber!
Sua
amiga era teimosa e Gina sabia disso. Mandou todo o suspense para o espaço e
respondeu:
- É o Rony, sim.
-
Ah.
- E aí? De
quem você gosta?
Hermione
também ficou vermelha.
- É do Rony? – perguntou Gina baixinho, sorrindo.
Ela
fez que sim com a cabeça e Gina quase bateu palmas de alegria.
- Não conte isso para ninguém! – pediu Hermione com
um olhar ameaçador.
- Está bem, não vou contar.
As
duas voltaram para a sala, onde os gêmeos assistiam a um videoclipe, muito
interessados.
- Já vieram os resultados dos seus N.O.M.s, Mione? –
perguntou Harry que pelo jeito não gostava de videoclipes.
- Ainda não, estou muito nervosa para vê-los. Os seus já
vieram?
Ele
fez que não com a cabeça. Por um momento, todos ficaram olhando para a tevê,
mas então Hermione disse:
- Vocês querem conhecer um jogo trouxa de administração de
bancos? Não, não é chato, Gina. Eu vou buscar.
Ela
subiu as escadas de madeira e logo desceu com uma caixa onde se lia "Banco
Imobiliário". Tentou explicar a todos como era o jogo, mas como isso
parecesse um tanto difícil, ela resolveu que era melhor aprender na prática.
Abriu
o tabuleiro, distribuiu as notinhas ("isso é dinheiro trouxa?" "não,
Rony, é só uma imitação!") e eles começaram a jogar.
Pouco
a pouco os Weasley foram entendendo e gostando da brincadeira. Harry aprendeu
mais fácil, já vira Duda jogar isso muitas vezes. Assim que entenderam como o
jogo funcionava, os gêmeos começaram a trapacear e logo mais da metade do
tabuleiro era propriedade deles.
Eles
jogaram durante toda a tarde enquanto assistiam a mais alguns videoclipes na tevê.
Já
tinha escurecido lá fora e Rony estava brigando com os gêmeos por roubarem cem
libras falsas dele, quando Gina teve uma idéia:
- Meninos, vocês já tomaram Pepsi?
- Eu já – respondeu Harry.
Rony
e os gêmeos simplesmente olharam para ela curiosos.
- Deviam experimentar – disse Gina aos irmãos – É uma
delícia. Mione, serve um pouco para eles!
- Acabou – lamentou Hermione – Aquela era a última
garrafa.
- Ah, não faz mal. O Rony pode ir até o mercado comprar, não
é, Rony?
- Mas eu não sei onde é o mercado!
- A Mione te mostra onde é!
Hermione olhou
desconfiada para Gina, mas como não conseguisse pensar em uma desculpa para não
ir, levantou-se e pegou um molho de chaves sobre um móvel.
Ela
estava abrindo a porta enquanto Gina disse para Rony, sem emitir som: "está
tudo certo!".
Mione
segurou a porta aberta e ela e Rony saíram. Jorge, que já havia entendido o
que se passava, correu para a janela e usou seu apagueiro nos lampiões da rua o
mais depressa possível.
Tudo
ali ficou escuro. Não se podia enxergar um palmo à frente do próprio nariz.
Hermione não teve tempo de se perguntar o que acontecera – sentiu Rony
beijando-a e retribuiu o beijo, já imaginando que Gina havia armado tudo
aquilo. Rony fez uma anotação mental para agradecer a irmã o máximo que
pudesse.
Já
Tonks, que por um momento se espantara com a escuridão, notou o que estava
acontecendo assim que seus olhos se acostumaram com a falta de luz. Ela sorriu e
voltou os olhos para o jornal, mesmo que não conseguisse ler.
Dentro
da casa, havia dois ruivos idênticos e satisfeitos.
- Viu para que serve um apagueiro, Harry?
N/A: Espero que tenham gostado e que comentem! Essa fanfic foi baseada em fatos
reais e é uma homenagem à Samantha & Freddy.
