i_ Hey, guria. O que foi?
Ela ergueu os olhos pra ele, e ele viu que ela tinha estado chorando. Não dava pra esconder as marcas de lágrimas naquela pele frágil dela. Marie voltou a olhar pra noite estrelada e resmungou uma resposta.
_ Nada.
Ele continuou parado ao lado dela; e cruzou os braços e franziu as sobrancelhas. Se sentindo meio impotente, porque ele não era bom com palavras ou sentimentos... mas era óbvio que ela estava com problemas, e ele se sentia completamente responsável por ela, mesmo que existissem o professor e tempestade e todos os outros ali. Ela era dele. era como a irmã mais nova que ele nunca tinha tido, ou não se lembrava de ter tido. Era sua amiga, sua parceira. e logan queria ser capaz de resolver os problemas daquela pessoa tão especial. Ele se ajoelhou ao lado dela na estufa de ororo, tentando controlar ao máximo seu temperamento explosivo.
_ Não mente pra mim, Marie. Eu te conheço.
Ela mordeu o lábio, ele talvez tivesse sido grosseiro demais outra vez. Raios. Ele suavizou a voz, deixando-a com aquele tom que apenas ela conseguia tirar dele, desde aqueles meses distantes dentro daquele trem...
_ Eu... me preocupo contigo.
E como da primeira vez, o tom de voz dele quebrou alguma coisa dentro dela, fazendo-a suspirar. Logan estendeu um braço sobre o ombro dela, e Marie finalmente se abriu.
_ São as coisas de sempre, Logan.
A mutação dela. Raios. Ele realmente não conseguia fazer idéia do quanto devia ser difícil de suportar, tão acostumado que estava a ter mulheres sempre que quisesse... mas o problema não se resumia apenas a sexo, era claro... ela estava proibida até do mais simples e inocente aperto de mãos... mas ela era forte e raramente se entregava, e isso só a fazia crescer aos olhos dele. Ele acariciou de leve o ombro dela por cima do casaco, tentando encontrar alguma palavra de conforto enquanto ela enxugava novas lágrimas com as costas das mãos.
_ Nunca vou ser de ninguém... nunca poder me divertir como todo mundo...
_ Nunca vai poder se divertir?
Bom, isso ele podia resolver. Pelo menos por aquela noite.
_ Ah, Logan. Ninguém quer sair com uma garota que não pode tocar em ninguém, que vai ficar se isolando num canto... huh? Quem?
_ Hmpf. Eles não sabem o que tão perdendo. Vem, vou te levar prum bar.
Ele se levantou mas ela continuou sentada no chão, surpresa.
_ Bar?
Ela tinha arregalado os olhos, agora secos, e o encarava.
_ Você... já tá com dezoito anos, não tá?
Ele não queria problemas com a lei, e ela sorriu.
_ Sim, claro... é só que... nunca pensei... você...
_ Então continua não pensando. Vamos.
Ela ainda estava em dúvida, e logan tirou a correntinha do pescoço.
_ E quanto a ser de alguém...
Ela engoliu em seco enquanto ele colocava devagar a dogtag no pecoço dela.
_ Pode não ser no sentido que você quer exatamente, mas já é alguma coisa.
Ela baixou os olhos e corou; e disse baixinho:
_ Qualquer forma de ter você vale a pena.
Ele tentou não sorrir, aquilo já estava ficando sentimental demais. Estrategicamente ele desviou o assunto.
_ E então? Vamos?
Seus olhos brilhavam quando ela respondeu.
_ Eu... eu vou. Só quero vestir alguma coisa melhor, ok?
Alguma coisa realmente melhor. Quando ela o encontrou no hall de entrada minutos mais tarde, ele não pôde deixar de notar o quanto ela ficava bem naquele tom de vermelho escuro... e as botas... por algum motivo ele achou estranho que ela usasse botas de salto alto, mas combinavam perfeitamente com ela. A correntinha continuava ali no pescoço dela, visível por baixo da echarpe e entrando por dentro da blusa. Até mesmo na maquiagem leve ele reparou; a única coisa que ele não gostou foi o perfume que ela tinha passado. Era suave, mas ele preferia milhares de vezes o perfume natural dela. Mas ele não disse nada, apenas ofereceu o braço.
_ Vamos?
E ela respondeu, empostando a voz:
_ Quando estiver pronto, senhor. /i
"Pronto. Hmpf. A gente nunca tá pronto. Nunca."
Lentamente ele colocou as rosas brancas no vaso de um vidro translúcido,ao lado de incontáveis porta-retratos, todos com fotos da mesma garota, o mesmo rosto muito branco, os olhos profundos, lábios muito vermelhos e os estranhos cabelos brancos e prata. Viu suas mãos meio pálidas por causa da falta de sol, ainda fortes e sólidas, mas definitivamente... fracas. Como se fossem apenas uma casca... envolvendo o vazio. O que costumava ser ele. A ausência dela deixava um buraco quase palpável, a dor em seu peito chegava a ser física. Logan nunca tinha pensado que fosse possível sentir falta de alguém dessa forma, a cada momento ele a procurava, inconscientemente: durante o café, que eles costumavam tomar juntos, nas sessões na sala de perigo, na sala de tevê durante à noite... bastava passar por uma janela que seus olhos percorriam ansiosos o jardim atrás dela. O jardim onde eles dois tantas vezes se sentaram juntos, onde tantas vezes ele a sentiu do seu lado, em seus braços... onde ele poderia ter sido mais esperto e menos covarde e se declarado e feito ela feliz e... fuck. Ele não queria pensar nisso agora. Logan franziu a testa, sacudiu a cabeça e olhou pra baixo outra vez. Aquelas mãos fechadas de raiva em cima da cômoda eram mesmo suas? Pareciam tão translúcidas quanto a pele dela, ou de como ele se lembrava de como era a pele dela...
Ele se virou e andou até a cama, seus olhos pesavam mas ele não queria dormir. Ela podia chegar a qualquer hora... ela, uma notícia, um sinal. Logan se sentou e pegou uma outra echarpe do meio dos lençóis desarrumados e farejou.
_ Merda.
Ele se levantou irritado e pegou um novo retângulo de tecido na gaveta da cômoda. O cheiro dela sumia depois de um tempo em contato com o corpo dele, e ele se desesperava. Porque era como se ele lutasse contra a própria imagem dela, se desfazendo em sua mente. Ainda parado em frente à cômoda, seus olhos passeavam lentamente pelas fotos, por longos minutos, como se tentassem prender a imagem dela por toda a eternidade em sua memória. Por fim ele olhou pela janela e suspirou. Pôr-do-sol. Hora de ir.
Ele trancou a porta do quarto, guardou a chave no bolso e ignorou qualquer ser que lhe cruzasse o caminho. Não que ele realmente precisasse: ninguém mais tinha puxado mais conversa com ele nessas últimas três semanas. Cada vez mais agressivo, calado e imprevisível. Os olhares de pena só aumentavam, os cochichos que paravam de repente quando ele entrava num lugar também só aumentavam. Mas ninguém precisava parar porque ele ouvia tudo antes. E se torturava e sua alma sangrava. porque, assim como seus olhos, ela não chorava mais. As lágrimas tinham secado há muito tempo, naquele primeiro dia ainda, e tudo o que restava era a raiva e a culpa. Foi numa dessas conversas percebidas por trás da porta que ele ficou sabendo que, enquanto ele tinha estado fora, sua Marie ia toda tarde durante o pôr-do-sol se sentar num banco no jardim, esperando por ele. E era pra lá que ele ia agora. Logan se sentou, as pernas cruzadas, o rosto virado pro norte.
"Ela tá lá. Mas não é como todo mundo pensa... ela foi... dar um tempo... depois do que eu fiz com ela. Esfriar a cabeça. Mas ela vai voltar. Eu sei. Ela só tem que... me perdoar antes. Me perdoar por ter demorado tanto. Pra entender, me declarar... me perdoar por ter sido tão egoísta e irracional."
Ele socou a árvore ao seu lado, furioso.
_ Rrr.
"Não pensa mais. Respeita a memória dela."
Ele ergueu os olhos vazios para cima, as cores vivas do céu de primavera contrastanto e acentuando ainda mais seu vazio e sua ansiedade e suas esperanças e medos de que fossem falsas. Encostado no tronco de uma árvore, ele viu o sol se pondo e as estrelas nascendo, como em todas as noites desde três semanas atrás. As estrelas nasciam e seus olhos percorriam a noite ansiosos esperando ver ela no céu. Mas ela nunca aparecia... ele esperava toda noite até o sol nascer. Esperava e se refugiava também. Na única noite em que ele tentou dormir tudo tinha voltado: ela ficando pra trás pra impedir que os seguranças avançassem no campo de batalha, as portas se fechando, as últimas palavras dela que ele ouviu pelo vão da porta, depois tudo desmoronando e o incêndio...
_ Não.
A lua crescente apareceu e era com um sorriso. Frio, Fino. Um sorriso maligno zombando dele. O vento tocava nele com seus dedos gelados, o céu era negro como se alguém tivesse fechado seus olhos, como se ele estivesse debaixo da terra...
_ Não.
Seus olhos pesavam e queriam se fechar, mas ele resistiu. Não pensou mais, não imaginou mais, apenas esperou. Uma eternidade mas ele merecia todo tipo de tortura por ter feito tanta maldade com ela, com alguém que o amava tanto, com alguém que ele próprio amava mas só fez esperar e sofrer.
"Marie... me perdoa, meu amor."
Ela ergueu os olhos pra ele, e ele viu que ela tinha estado chorando. Não dava pra esconder as marcas de lágrimas naquela pele frágil dela. Marie voltou a olhar pra noite estrelada e resmungou uma resposta.
_ Nada.
Ele continuou parado ao lado dela; e cruzou os braços e franziu as sobrancelhas. Se sentindo meio impotente, porque ele não era bom com palavras ou sentimentos... mas era óbvio que ela estava com problemas, e ele se sentia completamente responsável por ela, mesmo que existissem o professor e tempestade e todos os outros ali. Ela era dele. era como a irmã mais nova que ele nunca tinha tido, ou não se lembrava de ter tido. Era sua amiga, sua parceira. e logan queria ser capaz de resolver os problemas daquela pessoa tão especial. Ele se ajoelhou ao lado dela na estufa de ororo, tentando controlar ao máximo seu temperamento explosivo.
_ Não mente pra mim, Marie. Eu te conheço.
Ela mordeu o lábio, ele talvez tivesse sido grosseiro demais outra vez. Raios. Ele suavizou a voz, deixando-a com aquele tom que apenas ela conseguia tirar dele, desde aqueles meses distantes dentro daquele trem...
_ Eu... me preocupo contigo.
E como da primeira vez, o tom de voz dele quebrou alguma coisa dentro dela, fazendo-a suspirar. Logan estendeu um braço sobre o ombro dela, e Marie finalmente se abriu.
_ São as coisas de sempre, Logan.
A mutação dela. Raios. Ele realmente não conseguia fazer idéia do quanto devia ser difícil de suportar, tão acostumado que estava a ter mulheres sempre que quisesse... mas o problema não se resumia apenas a sexo, era claro... ela estava proibida até do mais simples e inocente aperto de mãos... mas ela era forte e raramente se entregava, e isso só a fazia crescer aos olhos dele. Ele acariciou de leve o ombro dela por cima do casaco, tentando encontrar alguma palavra de conforto enquanto ela enxugava novas lágrimas com as costas das mãos.
_ Nunca vou ser de ninguém... nunca poder me divertir como todo mundo...
_ Nunca vai poder se divertir?
Bom, isso ele podia resolver. Pelo menos por aquela noite.
_ Ah, Logan. Ninguém quer sair com uma garota que não pode tocar em ninguém, que vai ficar se isolando num canto... huh? Quem?
_ Hmpf. Eles não sabem o que tão perdendo. Vem, vou te levar prum bar.
Ele se levantou mas ela continuou sentada no chão, surpresa.
_ Bar?
Ela tinha arregalado os olhos, agora secos, e o encarava.
_ Você... já tá com dezoito anos, não tá?
Ele não queria problemas com a lei, e ela sorriu.
_ Sim, claro... é só que... nunca pensei... você...
_ Então continua não pensando. Vamos.
Ela ainda estava em dúvida, e logan tirou a correntinha do pescoço.
_ E quanto a ser de alguém...
Ela engoliu em seco enquanto ele colocava devagar a dogtag no pecoço dela.
_ Pode não ser no sentido que você quer exatamente, mas já é alguma coisa.
Ela baixou os olhos e corou; e disse baixinho:
_ Qualquer forma de ter você vale a pena.
Ele tentou não sorrir, aquilo já estava ficando sentimental demais. Estrategicamente ele desviou o assunto.
_ E então? Vamos?
Seus olhos brilhavam quando ela respondeu.
_ Eu... eu vou. Só quero vestir alguma coisa melhor, ok?
Alguma coisa realmente melhor. Quando ela o encontrou no hall de entrada minutos mais tarde, ele não pôde deixar de notar o quanto ela ficava bem naquele tom de vermelho escuro... e as botas... por algum motivo ele achou estranho que ela usasse botas de salto alto, mas combinavam perfeitamente com ela. A correntinha continuava ali no pescoço dela, visível por baixo da echarpe e entrando por dentro da blusa. Até mesmo na maquiagem leve ele reparou; a única coisa que ele não gostou foi o perfume que ela tinha passado. Era suave, mas ele preferia milhares de vezes o perfume natural dela. Mas ele não disse nada, apenas ofereceu o braço.
_ Vamos?
E ela respondeu, empostando a voz:
_ Quando estiver pronto, senhor. /i
"Pronto. Hmpf. A gente nunca tá pronto. Nunca."
Lentamente ele colocou as rosas brancas no vaso de um vidro translúcido,ao lado de incontáveis porta-retratos, todos com fotos da mesma garota, o mesmo rosto muito branco, os olhos profundos, lábios muito vermelhos e os estranhos cabelos brancos e prata. Viu suas mãos meio pálidas por causa da falta de sol, ainda fortes e sólidas, mas definitivamente... fracas. Como se fossem apenas uma casca... envolvendo o vazio. O que costumava ser ele. A ausência dela deixava um buraco quase palpável, a dor em seu peito chegava a ser física. Logan nunca tinha pensado que fosse possível sentir falta de alguém dessa forma, a cada momento ele a procurava, inconscientemente: durante o café, que eles costumavam tomar juntos, nas sessões na sala de perigo, na sala de tevê durante à noite... bastava passar por uma janela que seus olhos percorriam ansiosos o jardim atrás dela. O jardim onde eles dois tantas vezes se sentaram juntos, onde tantas vezes ele a sentiu do seu lado, em seus braços... onde ele poderia ter sido mais esperto e menos covarde e se declarado e feito ela feliz e... fuck. Ele não queria pensar nisso agora. Logan franziu a testa, sacudiu a cabeça e olhou pra baixo outra vez. Aquelas mãos fechadas de raiva em cima da cômoda eram mesmo suas? Pareciam tão translúcidas quanto a pele dela, ou de como ele se lembrava de como era a pele dela...
Ele se virou e andou até a cama, seus olhos pesavam mas ele não queria dormir. Ela podia chegar a qualquer hora... ela, uma notícia, um sinal. Logan se sentou e pegou uma outra echarpe do meio dos lençóis desarrumados e farejou.
_ Merda.
Ele se levantou irritado e pegou um novo retângulo de tecido na gaveta da cômoda. O cheiro dela sumia depois de um tempo em contato com o corpo dele, e ele se desesperava. Porque era como se ele lutasse contra a própria imagem dela, se desfazendo em sua mente. Ainda parado em frente à cômoda, seus olhos passeavam lentamente pelas fotos, por longos minutos, como se tentassem prender a imagem dela por toda a eternidade em sua memória. Por fim ele olhou pela janela e suspirou. Pôr-do-sol. Hora de ir.
Ele trancou a porta do quarto, guardou a chave no bolso e ignorou qualquer ser que lhe cruzasse o caminho. Não que ele realmente precisasse: ninguém mais tinha puxado mais conversa com ele nessas últimas três semanas. Cada vez mais agressivo, calado e imprevisível. Os olhares de pena só aumentavam, os cochichos que paravam de repente quando ele entrava num lugar também só aumentavam. Mas ninguém precisava parar porque ele ouvia tudo antes. E se torturava e sua alma sangrava. porque, assim como seus olhos, ela não chorava mais. As lágrimas tinham secado há muito tempo, naquele primeiro dia ainda, e tudo o que restava era a raiva e a culpa. Foi numa dessas conversas percebidas por trás da porta que ele ficou sabendo que, enquanto ele tinha estado fora, sua Marie ia toda tarde durante o pôr-do-sol se sentar num banco no jardim, esperando por ele. E era pra lá que ele ia agora. Logan se sentou, as pernas cruzadas, o rosto virado pro norte.
"Ela tá lá. Mas não é como todo mundo pensa... ela foi... dar um tempo... depois do que eu fiz com ela. Esfriar a cabeça. Mas ela vai voltar. Eu sei. Ela só tem que... me perdoar antes. Me perdoar por ter demorado tanto. Pra entender, me declarar... me perdoar por ter sido tão egoísta e irracional."
Ele socou a árvore ao seu lado, furioso.
_ Rrr.
"Não pensa mais. Respeita a memória dela."
Ele ergueu os olhos vazios para cima, as cores vivas do céu de primavera contrastanto e acentuando ainda mais seu vazio e sua ansiedade e suas esperanças e medos de que fossem falsas. Encostado no tronco de uma árvore, ele viu o sol se pondo e as estrelas nascendo, como em todas as noites desde três semanas atrás. As estrelas nasciam e seus olhos percorriam a noite ansiosos esperando ver ela no céu. Mas ela nunca aparecia... ele esperava toda noite até o sol nascer. Esperava e se refugiava também. Na única noite em que ele tentou dormir tudo tinha voltado: ela ficando pra trás pra impedir que os seguranças avançassem no campo de batalha, as portas se fechando, as últimas palavras dela que ele ouviu pelo vão da porta, depois tudo desmoronando e o incêndio...
_ Não.
A lua crescente apareceu e era com um sorriso. Frio, Fino. Um sorriso maligno zombando dele. O vento tocava nele com seus dedos gelados, o céu era negro como se alguém tivesse fechado seus olhos, como se ele estivesse debaixo da terra...
_ Não.
Seus olhos pesavam e queriam se fechar, mas ele resistiu. Não pensou mais, não imaginou mais, apenas esperou. Uma eternidade mas ele merecia todo tipo de tortura por ter feito tanta maldade com ela, com alguém que o amava tanto, com alguém que ele próprio amava mas só fez esperar e sofrer.
"Marie... me perdoa, meu amor."
