Terra. Europa. Inglaterra. Londres. Um bairro qualquer de Londres. Um pequeno condomínio. Uma casa de classe média alta com dois andares. É aqui que mora Anna Foster, uma menina de onze anos, cabelos compridos, lisos e castanhos, olhos também castanhos, baixinha (uma tampinha, segundo seus primos). Seu pai, Albert, era um comerciante de boa renda e de origem trouxa. Sua mãe, Christine, também trouxa, era confeiteira de uma das maiores confeitarias de Londres. Anna tinha um irmão e uma irmã, ambos mais novos e uma irmã mais velha, mas ela não vivia com eles. Uma de suas maiores distrações eram passar horas e horas no computador, "teclando" com amigos de todas as partes da Inglaterra e do mundo. Seu nick era Blue Angel (depois de vinte tentativas com nicks diferentes ela finalmente escolheu um). Outra era devorar todos os livros que podia, mas principalmente uma série que conta a história de um famoso bruxo adolescente chamado Harry Potter. Na Internet, ela tinha uma grande amiga, que morava em uma vila nos arredores de Londres. Apesar de nunca terem se encontrado, elas eram unha e carne. Tanto que se adotaram como irmãs. O nome dessa amiga era Fayth e seu nick Shadow Maid. Ficavam horas conversando e, na maior parte do tempo, sobre a paixão que compartilhavam aos livros do Harry Potter e fanfics de todos os tipos.

Blue Angel: Quando será que vão lançar o próximo livro?? Mal posso esperar!!

Shadow Maid: Eu também não! Eu estou doida para ver o que acontecerá com o pessoal! Dizem que alguém morre!!

Blue Angel: Mas isso é o de menos!! Eu quero é saber qual que é a relação existente entre Lílian e Voldemort!!

Shadow Maid: Dizem que ela era Comensal. Olha, maninha, fim de semana que vem a gente continua o papo, porque minha mãe já tá chamando, tá? Beijokas!

Blue Angel: Ok. Beijos!

E as conversas delas sempre eram assim (a não ser que uma irritasse a outra e elas começassem a "se perseguir", numa brincadeira muito engraçada). Aconteceu, que em meados de Agosto daquele ano, Anna estava deitada em sua cama, entediada - havia acabado a energia do condomínio e não havia muita coisa para se fazer e quando sua mãe a pegou lendo com a ajuda de uma vela quase a comeu viva porque "ler no escuro estraga a vista" - quando um barulho a alertou. Algo estava batendo em sua janela e o quarto dela ficava no segundo andar.

__ Mas o que será isso? perguntou a si mesma, enquanto caminhava até a janela para abri-la. Qual não foi sua surpresa quando viu uma coruja parda sobrevoar sua cama e pousar bem em cima do computador. - Sai daqui, coruja maluca! Vai estragar meu computador!!

A coruja pareceu ofendida e soltou um pio indignado. Arrancou uma carta de sua pata, jogou sobre o teclado e saiu do quarto.

__ Ué, que história é essa? Pombos correio versão século XXI?

Anna pegou a carta e começou a rir.

__ Algum engraçadinho deve estar tirando onda com a minha cara... "Carta de Hogwarts". Tá bom que eu sou fã, mas eu não sou idiota a ponto de... - neste exato momento, a energia voltou. Ela aproveitou e ligou o computador. Precisava contar aquilo para Fayth. Mal ela se conectou, uma mensagem de Fayth piscava na tela.

Shadow Maid: MANA!!! ADIVINHA SÓ!!!! EU RECEBI UMA CARTA DE HOGWARTS!!!!

Blue Angel: E você acreditou nisso, mana?? Eu também recebi! Deve ser alguma brincadeira de mau gosto!! Algum palhaço deve ter tido um bom trabalho treinando corujas e escrevendo cartas.

Shadow Maid: Pensa que eu não averigüei isso??? É de verdade, mana!!! Confia em mim!!

Blue Angel: Aham, e se você olhar pela janela vai ver a esquadrilha de porcos voadores da Jamaica. -_-

Shadow Maid: Estou falando sério! Você lembra que eu te disse que minha tia era muito esquisita, que usava umas roupas extravagantes e etc?

Blue Angel: E daí? Não vejo onde a falta de senso de moda da sua tia nos ajuda aki...

Shadow Maid: Daí que ela estava aqui no dia que eu recebi a carta! E ela saltou de alegria!! Ela estudou em Hogwarts, me disse que Harry Potter existe e que a Rowling escreve o livro de acordo com o que realmente acontece lá!! A Rowling trabalha no Ministério da Magia, é a representante trouxa de lá!!

Blue Angel: Você tá mesmo falando sério, mana?

Shadow Maid: Já disse que sim!!

Blue Angel: Digamos q seja mesmo verdade, COMO exatamente a Rowling conseguiu cada detalhe da vida do Harry?

Shadow Maid: Sei lá, oras, vai ver ela inventa algumas coisas pra não invadir demais a privacidade do garoto? A coisa é q é verdade mesmo, eu juro! A minha tia disse que esse livro era inicialmente um arquivo para colocar no Ministério da Magia, mas a Rowling resolveu publicar pra ganhar algum, não muitos empregados do Ministério sabem disso pq são todos bruxos de sangue-puro.

Blue Angel: Isso quer dizer então que...

Shadow Maid: NÓS VAMOS PARA HOGWARTS!!!!!! Bom, depois a gente conversa!! Minha tia chegou aqui, nós vamos ao Beco Diagonal!!! Pede sua mãe para você ir também, aí nós finalmente vamos nos encontrar!!

Blue Angel: Duvido que ela sequer acredite nisso, nem eu sei se acredito nessa história direito...

Shadow Maid: Minha tia me deu uma ótima idéia!! Nós vamos passar aí e te levar!!! Se apronte rápido, estaremos aí logo, logo! Beijokas!!!

Blue Angel: Beijos...

Anna desligou o computador ainda pasma. Piscou duas vezes deixando a informação processar. Então era verdade! Ela iria para Hogwarts!! Levantou- se e trocou de roupa como um foguete. Desceu até a sala e ficou esperando. Sua mãe (quem olhasse para ela veria que Anna era uma versão dela em miniatura.) apareceu e quando viu a filha com roupas de sair e com um brilho nos olhos, ficou curiosa.

__ Vai sair com alguém, filha? Está tão bonita...

__ Olha só isso, mãe!! - ela tirou a carta de dentro do bolso. - Eu vou pra Hogwarts!!

__ Hogwarts? Não é sobre aquele livro que você já leu... umas trocentas vezes?

__ Trocentas e sessenta e cinco! - ela respondeu cheia de orgulho de si mesma. Se a sua mãe fosse um anime, certamente estaria com uma gota enorme na cabeça, ela pensou.

A empregada, que passava por lá, ouviu e retrucou.

__ Dá licença, patroa? Eu não pude deixar de ouvir. A menina recebeu carta de Hogwarts?

__ Recebi, Clara! Não é demais??? - Anna já estava pulando pra cima e pra baixo como uma pipoca descontrolada.

__ Ora, Clara! Isso com certeza foi algum coleguinha dela que...

__ Não, patroa! Não foi não! Meu filho estuda em Hogwarts!

__ Como é que é??

__ Meu filho estuda lá, já vai pro quinto ano! Ele é da... Lufa-Lufa! Isso, Lufa-Lufa é o nome da casa!

__ Mesmo, Clara?? - Anna perguntou, com grande excitação na voz. - E ele conhece o Harry ou o Harry não existe?

__ O menino Harry existe sim, sem dúvida! O meu Larry vive me falando dele!

__ Viu só mamãe?? Não é mentira nem brincadeira!! Neste momento, a campainha soou.

__ É A FAYTH!!! - a menina correu para atender a porta. Quando abriu, viu uma mulher loira, alta, olhos castanhos, batom muito vermelho, um vestido rosa choque, uma capa laranja-vivo, uma bolsa também laranja-vivo e um chapéu comprido, rosa choque. Aparentava ter uns quarenta anos ou mais e não ter nenhum senso de moda. Ao seu lado, uma menina de onze anos, cabelos compridos, ondulados e castanhos, olhos cor de mel, bem mais alta do que Anna e bem alta para a idade que tinha.

__ Você deve ser a Anna, eu suponho. - a mulher falou, tinha uma voz amigável. - Fayth não parou de falar de você desde que se conheceram na internet. Meu nome é Amélia. Amélia Kvar. Você pode estranhar o sobrenome, mas eu e meu irmão somos de origem russa. Ah! E você deve ser a mãe de Anna! - ela disse ao ver Christine olhar para ela com uma cara de quem diz "O que diabos está acontecendo aqui?" - Amélia Kvar, muito prazer. Sou tia de Fayth. Qual o seu nome, querida?

__ Christine... - respondeu, um pouco assustada.

__ Christine! Que nome bonito! Sabe, eu queria que a Fayth se chamasse Christine, mas a mãe dela insistiu em colocar Fayth e o pai aceitou! Bom, vamos deixar as duas conversando um pouco para se habituarem a se olhar, já que nunca se viram antes, e vamos para a cozinha! Onde é a cozinha meu bem? Me leve lá que eu vou te ensinar a fazer um chá revigorante delicioso! E vocês duas fiquem prontas porque isso só leva um minuto! - Amélia saiu arrastando Christine para a cozinha, enquanto as meninas se dobravam de rir.

__ Puxa, como sua tia fala!! - Anna falou, enquanto limpava uma lágrima do canto do olho.

__ Isso é o normal dela! Precisa ver quando ela está animada com alguma coisa!! Falando nisso... - Fayth então pulou em cima de Anna em um abraço de urso que quase derrubou a menina - Que bom te conhecer mana!!!

__ Ai... Eu sei que você tá contente e tal, mas EU PRECISO DE AR!!

__ Ops! Foi mal... Er... Por que não me mostra o seu quarto?

__ Tá, vamos! - as duas subiram as escadas correndo. Entraram no quarto e ficaram conversando por alguns minutos, até que ouviram Amélia gritar lá de baixo.

__ VAMOS MENINAS, JÁ ESTAMOS SAINDO!!

Elas desceram as escadas voando e se juntaram a Amélia, cada qual com um sorriso maior no rosto. Estavam animadíssimas.

__ Bom, Christine, foi um prazer conversar com você! Espero que a gente se encontre por aí! Depois vê se passa lá em casa para tomar um chá ou café, tudo bem? Beijinho, beijinho! Até logo! As três saíram de casa, deixando Christine olhando para a porta, como que em transe.

__ Patroa? A senhora tá bem? - Clara perguntou.

__ Aquela mulher não parou de falar um único segundo! Aquilo não foi uma conversa, foi um monólogo!! De onde ela arrumou tanto assunto?? E, pelo amor de Deus, que roupas eram aquelas?!?!?!?!?!

__ Sei não, patroa. Sei não. - respondeu a empregada, segurando uma risada.

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__ Como nós vamos para o Beco Diagonal, tia? - Fayth perguntou, depois que andaram alguns metros.

__ Vocês leram sobre o "Nôitibus Andante", certo? Bem - ela tirou a varinha de dentro da bolsa e fez sinal com ela na rua. - Eu lhes apresento o Vesperbus Andante! - um ônibus, semelhante ao Nôitibus. Afinal de contas, de tarde não podemos ter um Nôitibus, não é verdade?

__ Vão para onde, senhoritas? - o motorista perguntou.

__ Caldeirão Furado, meu querido. Lugar para três. - Amélia entregou alguns galeões para ele e logo depois um homem mais jovem as guiou para o lugar.

Não era como o Nôitibus. Na cabine tinha uma mesa, algumas cadeiras, um sofá, um banheiro e uma janela, na qual se via o caminho por onde passavam.

__ Meu querido, a que horas servirão o lanche? - ela perguntou ao jovem.

__ As cinco em ponto. As meninas vão querer algo específico?

__ Suco de laranja!! - gritou Fayth.

__ Rosquinhas de amendoim! - gritou Anna.

__ Bom, aí está o pedido delas. Quanto a mim vou preferir um chá de camomila com torradas e geléia, muito obrigada.

__ De nada. Com licença. - o jovem virou as costas e saiu, deixando as três sozinhas.

__ E então, Anna, me fale sobre você. - Amélia sentou-se em uma cadeira e as meninas a imitaram. - Tem algum bruxo na família?

__ Não que eu saiba, senhora.

__ Senhora não! Deixa tudo muito formal! Me chame de Amélia e me trate por você, combinado?

__ Combinado.

__ Bom, se você não tem bruxos na família, para a Sonserina você não vai. Somente sangues-puros vão para lá.

__ É eu sei.

__ Não sei se a Fayth te contou, mas ela é adotada.

__ Você é?? Por que nunca me disse??

__ Porque eu, e a minha tia está CANSADA de saber disso, não gosto de tocar no assunto!

__ Como eu dizia, ela é filha da irmã da mãe adotiva dela. - continuou Amélia, sem dar muita atenção para o protesto da sobrinha. - Era recém- nascida e a verdadeira mãe morreu no parto. Não sei muito sobre o pai dela, apenas que era um trouxa, nos dois sentidos, desempregado, mas a mãe era bruxa, por isso que ela também é.

__ De que casa minha mãe era, tia?

__ Sabe que eu não sei? Nunca me ocorreu perguntar e eu nunca prestei muita atenção a ela, já que era mais nova do que eu. Bem, agora ela está morta e o importante é saber de casas vocês serão. Ah! São cinco horas, hora do lanche!

Os pedidos das meninas e o de Amélia surgiram na mesa num piscar de olhos. Elas comeram com bastante apetite e educação, como boas inglesas. Depois de lancharem, conversaram por mais algum tempo até que o motorista anunciou que haviam chegado.

__ Meu Deus, Anna... Estamos mesmo no Caldeirão Furado!! - Fayth mal se agüentava de emoção e apertava o braço da amiga com força.

__ Escuta... Eu também estou animada, mas eu não estou tentando arrancar seu braço por causa disso.

__ AH! Desculpa, mana! Nem me dei conta!

__ É, eu percebi! - disse, massageando o braço onde Fayth tinha apertado.

__ Bom, meninas, vamos direto ao Beco Diagonal. Não vamos parar no Caldeirão Furado porque acabamos de lanchar. Vocês trouxeram a lista de materiais?

__ Ah! Sabia que tinha esquecido alguma coisa! - exclamou Anna, dando um tapa na própria cabeça.

__ Eu trouxe a minha, tia. São iguais mesmo, é só comprar tudo em dobro.

__ Espere! Eu não tenho dinheiro bruxo! Como vou comprar minhas coisas??

__ Sua mãe me passou um cheque, querida. Vai cobrir suas despesas. E mesmo que não cobrisse, eu pagaria para você!

__ Nunca! Eu jamais aceitaria isso!

__ Bom, isso não é mais um problema. Vamos andando, queridas! Bom dia, Tom! Como vai?

__ Eu vou bem, Amélia, querida. E você? - respondeu o simpático, mas bem feio, dono do bar-hospedaria.

__ Muito bem. Estou trazendo minha sobrinha e a amiguinha dela para fazer compras. Sabe como é. Primeiro ano em Hogwarts.

__ Claro que sei, e ainda me lembro de minha época lá. Bons tempos aqueles...

__ Se nos dá licença, Tom, estamos com um pouco de pressa. Na volta, quem sabe, dependendo do que demorarmos, até passemos a noite aqui. Até logo! - terminou, com um veemente aceno de mão.

__ Até logo. AH! Vocês deram sorte! Poderão cruzar com Harry Potter e seus amigos! Vieram todos fazer compras!

__ HARRY POTTER ESTÁ AQUI?? - Anna e Fayth gritaram em uníssono.

__ Está sim. Ele, a jovem Granger e os Weasley. Chegaram não deve fazer dez minutos.

__ VAMOS LOGO, TIA AMÉLIA!!! QUERO CONHECÊ-LO!! - Fayth e Anna arrastavam a coitada pela mão, enquanto ela se despedia de Tom com um sorriso.

Dirigiram-se para o pátio dos fundos. Amélia puxou a varinha, bateu no terceiro tijolo a contar da esquerda, acima do latão de lixo e viu o queixo das meninas cair mais e mais enquanto se abria na parede o arco para o Beco Diagonal. Assim que o arco acabou de abrir, nada segurou aquelas duas. Correram até todas as lojas que já tinham ouvido falar nos livros.Se lhes fosse permitido, iriam a todos os lugares e comprariam tudo, mas algo as impediu.

__ MENINAS!!! - o berro fez com que todas as pessoas que andavam por lá parassem e olhassem para Amélia, que pareceu não notar. As duas pararam e olharam para a mulher, que continuava com o mesmo semblante calmo e amigável. - Primeiro vamos comprar o que é NECESSÁRIO. Depois, se der tempo, compramos alguns jogos e até mesmo uma vassoura se vocês quiserem. Combinado?

__ Tá certo, tia.

__ Tudo bem, Amélia.

__ E, lógico, um belo de um sorvete do Florean Fortescue! Vamos andando?

__ CERTO! - responderam as amigas.

__ Muito bem... Vamos ao Gringotes para eu trocar o dinheiro que sua mãe me passou e pegar o dinheiro das compras de Fayth. Aproveite, querida e me entregue a lista de materiais.

Fayth meteu a mão no bolso e entregou a carta, um pouco amassada para sua tia, que a guardou na bolsa.

No Gringotes tudo correu bem e rápido. De lá, foram direto até "Madame Malkin - Roupas para Todas as Ocasiões" para comprar seus uniformes - os quais não tirariam em momento algum. Enquanto Madame Malkin tirava as medidas das meninas, Amélia lia em voz alta.

__ Vejamos... "MATERIAL PARA OS ALUNOS DA PRIMEIRA SÉRIE" O Livro padrão de feitiços, 1ª série; de Miranda Goshawk... Ela deve ser mesmo muito boa, pois só usamos os livros dela desde a minha época.

As meninas não se deram ao trabalho de segurar uma risada.

__ Continuando... Transfiguração - Teoria e Prática para iniciantes de Minerva MacGonagall... Finalmente ela escreveu um livro! Eu sempre achei que ela era a melhor em Transfiguração, já estava passando da hora de ela mostrar isso ao mundo! Trevas e Perigo - Proteja-se das Artes Maléficas de John Telford... Ugh... Telford... Ele era da minha época... Um sonserino intragável! Torçam para que ele não seja seu novo professor. Muito me admira ele nunca ter se aliado a Você-Sabe-Quem. Eles dariam certinho!

Naquele momento, toda a animação pareceu se esvair do rosto das duas garotas.

__ Tia... Você chegou a ler os livros que fizeram do Harry Potter? - Fayth perguntou, um pouco receosa da resposta. - O quarto livro, para ser mais exata?

__ Não, nunca li. Só leio o Semanário das Bruxas e a coluna social do Profeta Diário. Por quê? Há algum problema?

__ Bom, Amélia... Não sei como te dizer isso, mas... Voldemort voltou.

Madame Malkin, que estava ajeitando a bainha da roupa de Fayth com alfinetes, espetou o dedo em um ao ouvir o nome de Voldemort. Amélia tornou- se branca como papel e estremeceu até o último fio de cabelo.

__ NUNCA MAIS REPITA ESSE NOME!! NUNCA MAIS!! - pela primeira vez Amélia parecia perturbada. Respirou fundo e continuou lendo a lista como se nada de mais tivesse acontecido. - Herbologia de Robert Conger. Um caldeirão de estanho, tamanho médio. Uma varinha. Um animal (gato, rato, sapo ou coruja). Alguns ingredientes para poções, rolos de pergaminhos, penas. É, o de praxe. Já terminou, Madame Malkin?

__ Sim, eu já tirei as medidas. Se quiserem podem ir fazer o resto das compras que, quando terminarem, as roupas já estarão prontas.

__ Obrigada então, querida. Pagaremos na volta, pode ser?

__ Claro. - Malkin respondeu, dando um belo sorriso.

__ Ótimo. Vamos, queridas?

__ Vamos... - elas responderam, com a animação meio estragada por causa de Voldemort. Mas logo se esqueceram desse detalhe, pois, assim que saíram da loja, trombaram (literalmente) com um rapaz mais alto, de uns quinze anos. Olharam para seu rosto e quase enfartaram. Viram os olhos extremamente verdes, cobertos pelos óculos, viram a cicatriz em forma de raio, um pouco escondida pelos cabelos rebeldes, que apontavam para todos os lados.

__ Ops, me desculpem! - ele falou. - Eu machuquei vocês?

__ Ha- Ha- Ha- Ha- Ha-... - as meninas começaram a gaguejar. Amélia, divertida, com isso, deu-lhes um tapão na cabeça, para ver se elas falavam. - HARRY POTTER???

O jovem respirou bem fundo e respondeu.

__ Sim sou eu mesmo. E esses são... - ele apontava para os amigos quando foi interrompido.

__ RONY WEASLEY!!! - Anna berrou.

__ HERMIONE GRANGER!!! - Fayth também.

__ É, isso mesmo. Como sabiam?

__ Vocês não sabem?? - Anna indagou, indignada - Vocês são mais famosos no mundo trouxa do que podem sequer imaginar!! Hermione, você deveria saber!!!

__ Eu? Saber do quê?

__ Toda sua vida, Harry, tudo sobre você é colocado em um livro, escrito por uma trouxa que obtém informações do Ministério da Magia! Você é um ídolo para trouxas de todas as idades, que pensam que você não existe de verdade, que é apenas um personagem da literatura inglesa!!

__ E eu que pensei que a vida era difícil... Se os trouxas descobrem que eu existo de verdade...

__ Mas eles não vão saber, Harry! Ah! Permita que eu me apresente, sou Amélia Kvar e estou acompanhando as meninas. Sabe, Harry, o livro está sendo escrito justamente para te manter no anonimato! Preservar sua imagem, já assediada o suficiente no mundo bruxo! A idéia foi do próprio Dumbledore, homem brilhante, magnífico! Sempre o admirei por sua sabedoria... Oi, Rony! Como vai sua mãe?

__ Bem, obrigado. - o ruivo respondeu, um pouco envergonhado.

__ Diga a ela que eu adorei o bolo que ela me mandou semana passada e que eu já estou preparando um pudim para retribuir! Outra hora eu passo lá na sua casa, tudo certo? Preciso levar as meninas para fazer compras.

__ Se quiser podemos ir juntos. - Harry sugeriu - Estávamos no Florean tomando um sorvete e agora que vamos começar as compras. Estamos indo a Floreios e Borrões.

__ Enorme coincidência, querido! Estamos indo para lá também!

__ Bom, claro que se não for incômodo! - ele rapidamente emendou.

__ INCOMODO ALGUM!! - Anna se apressou em dizer.

__ SERÁ UM PRAZER!!! - Fayth completou.

__ Então tá! - ele sorriu.

__ Hã... Harry, querido, pode me fazer um favor? Acompanhe as meninas só por alguns minutos que eu preciso ir ali.

__ Claro!

__ Ótimo! Tomem, meninas! - ela passou a sacola de moedas para elas. - Não gastem em porcarias enquanto não tiverem comprado tudo o que precisam, combinado?

__ Tá, tia.

__ Combinado.

__ Ótimo, eu não demoro. - depositou um beijo na testa de cada uma e saiu apressada.

__ Ah, ainda bem! - Rony exclamou. - Sem ofensa, garotas, mas ela fala demais!

__ Rony! - Hermione ralhou. - Que falta de educação!

__ Tudo bem, Hermione! Nós sabemos bem disso! - falou Fayth, dando uma risada e sendo acompanhada por todos, menos Hermione.

O dia não poderia ter sido melhor. Entraram na Floreios e Borrões e compraram os livros e ainda conheceram Gina, Fred e Jorge, os irmãos de Rony, que estavam comprando seus livros. Depois foram até o Olivaras, onde Anna ficou com uma varinha de mogno, 30 cm com pêlo de unicórnio e Fayth com uma de Cedro, 27 cm com pena de fênix. Em seguida compraram os caldeirões e se dirigiram à Animais Mágicos para comprarem os animais das garotas.

Anna corria de um lado para o outro, procurando algum bicho que a agradasse. Fayth ficou paralisada assim que entrou na loja e deu de olhos com uma belíssima coruja negra de olhos vermelhos. E a coruja também parecia ter ido com a cara dela, pois em momento algum desviara os olhos.

__ E então, já escolheram? - perguntou a bruxa do balcão.

__ Eu já. - respondeu Fayth, com firmeza. - Quero aquela coruja. - apontou para a coruja, que ainda continuava olhando para ela.

__ São sete galeões e três sicles.

Fayth desembolsou o dinheiro e pegou a gaiola com a coruja. Após algum tempo, Anna escolheu um gato malhado de preto e branco e com olhos muito azuis.

__ Ele vai se chamar Johann! - disse Anna, enquanto alisava o pelo dele.

__ Johann? Que espécie de nome é esse? - perguntou Rony

__ A mana é uma fã de música clássica. - explicou Fayth com um sorrisinho.

__ Ahn?

__ Johann Strauss! Nunca ouviu falar?! Povo mais sem cultura! - resmungou Anna.

__ E como vai se chamar sua coruja? - perguntou Hermione a Fayth, tentando desviar o assunto.

__ Shadow. Ela vai se chamar Shadow.

A coruja soltou um longo pio, que demonstrou a aprovação do nome.

Depois de um dia cheio, compraram um malão para guardar suas coisas. Anna pegou a coruja de Harry emprestada para avisar a sua mãe que dormiria no Caldeirão Furado. A resposta foi um bilhete de seu pai, explicando que a mãe não entendia nada de corujas e de correspondência voadora e que ela tivesse juízo. Pelo visto seu pai não tinha se espantado nem um pouco com a história de ela ser bruxa, por algum motivo ele esperava qualquer coisa dela.

Foram até o Florean Fortescue e se deliciaram com sundaes de chocolate que o próprio Florean oferecera de graça "Ao menino Potter e aos amigos dele". O dia terminaria perfeito se não fosse um pequeno detalhe. Assim que saíram da sorveteria, deram de cara com uma das figuras mais desprezadas de Hogwarts.

__ Ora, ora, Potter. Arrumou mais duas seguidoras de sua seita "Adore o Potter"? Não sabia que você era pedófilo.

__ Cuidado com a língua, Malfoy. Você pode mordê-la e cair duro no chão em seguida.

__ Aposto que são sangues-ruins, assim como a Granger. - disse, dando um sorriso desdenhoso típico dele. Hermione segurou Rony que já estava pronto para partir para cima dele.

__ Não sou não. - Fayth respondeu sem pensar. - Minha mãe era bruxa. E aposto que meu pai também é. Agora, você deveria pensar muito antes de dizer sangue-ruim. Pois para mim e para muitos, sangue-ruim é quem carrega uma marca nojenta como a que seu pai carrega no braço.

__ O que você sabe sobre isso, fedelha?

__ Mais do que imagina, Malfoy.

__ Vocês são patéticos.

__ Me diga, Malfoy, quem é mais patético? Nós ou você e seu papai, que se cagam de medo ao ouvir o nome de Lorde Voldemort, a quem você diz seguir por livre e espontânea vontade?

Draco ficou calado, tentando esconder o medo que sentiu ao ouvir o nome. Rony não se deu ao trabalho e estremeceu. Hermione também tremeu um pouco. Harry ficou apenas surpreso de alguém mais ter coragem de pronunciar o nome dele em voz alta.

__ Foi o que eu pensei. Vamos para o Caldeirão Furado. Tia Amélia deve chegar lá a qualquer minuto.

Eles saíram, deixando um Malfoy furioso para trás. Fayth, que estava por último na comitiva, ainda foi agarrada pelo pulso.

__ Você me paga, garota. Marque minhas palavras. Você me paga.

__ Tire suas patas nojentas de cima de mim! Prefiro ser tocada por um trasgo! - se soltou e continuou andando, como se nada tivesse acontecido.

__ Do que você estava falando? - Anna sussurrou para a amiga. - Seu pai não era bruxo, você ouviu o que sua tia disse!

__ Eu sei. - respondeu Fayth, no mesmo tom de voz. - Mas eu não iria engolir tamanha ofensa calada! Você sabe que aquilo é o mesmo que xingar alguém de filho da...

__ Eu sei, não precisa falar isso! Mas, sinceramente?

__ Sim?

__ Foi o máximo!

__ Eu sei... Eu sou o máximo.

__ E o cúmulo da humildade...

Continua...