Tia Amélia só chegou no Caldeirão Furado horas depois. Anna e Fayth já
tinham arrumado um quarto e já se preparavam para dormir. Conversaram um
pouco, tentaram descobrir aonde Amélia tinha ido - sem sucesso - e logo
adormeceram. Anna teve um sono conturbado e por várias vezes acordou
apanhada em suor, sem se lembrar do que tinha sonhado. Fayth sonhara com
Draco. Só disso se lembrava. Não sabia o que tinha acontecido no seu sonho,
mas sabia que ele estava lá, martelando em sua cabeça.
Longe, bem longe de lá, em uma bela mansão, Draco virava pela milionésima vez na cama, em uma tentativa frustrada de dormir.
__ Fedelha maldita... Deixa eu dormir!! Sai da minha cabeça!!! DROGA!! - ele afundou o rosto no travesseiro. - Afinal de contas, quem é você??? Por que me persegue??? Por que eu já sonhava com você antes de te conhecer?
--------------------------------------
__ BOM DIA, MENINAS!! - com certeza aquele grito tinha acordado todos os hóspedes do Caldeirão Furado. - Vamos descer para tomar café. E rápido que eu preciso deixar Anna em casa!
Elas se aprontaram e desceram para tomar café da manhã, na companhia de seus ídolos - e agora amigos. Foi uma manhã agradabilíssima até a hora de ir embora. Enquanto os pais Weasley conversavam com Amélia, a "ala jovem" se divertia com o baile que Fayth tinha dado ao conversar com Draco no dia anterior.
__ Vocês tinham que ver a cara dele! - Rony falava com os irmãos. - Eu só vi ele daquele jeito quando a Mione meteu um tapa na cara dele!!
__ Eu me lembro daquele dia. - Harry comentou. - Aliás, acho que nunca vou esquecer! Aposto que ninguém nunca o enfrentou daquela maneira e saiu por cima.
__ Você já, Harry. - Anna comentou.
__ Nada comparado com aquilo!
__ Você se esqueceu da vez que o Falso Moody o transformou em doninha! - Fayth falou, entre risadas. - Foi hilário!
__ Agora, mudando de assunto, que história é essa de a vida do Harry ser publicada em um livro para trouxas? - Jorge perguntou, faminto de curiosidade.
__ Ninguém no mundo trouxa, a não ser aqueles que se tornam bruxos, como eu e a Fayth, sabe da existência real de Harry Potter. Eles o conhecem através de um livro e pensam que ele é mera ficção, literatura. Foi uma maneira que o próprio Ministério da Magia arrumou para camuflar os acontecimentos.
__ Que ridículo... E quantos livros já existem?
__ Quatro. E o cinco está para ser lançado no fim do ano letivo.
__ Então eles esperam para que o ano "aconteça" e aí publicam o livro? - Harry indagou.
__ Exatamente. E você tem legiões de fãs trouxas, Harry. Verdadeiros exércitos de bruxos e bruxas que não têm poder mágico algum. Inclusive eu e a maninha fazemos parte dessa turma.
__ Eu só espero que o Malfoy nunca fique sabendo disso... - falou Harry. - Se ele já me odeia por ser famoso no mundo bruxo, imagine como as coisas vão ficar se ele descobrir que o mundo trouxa também me adora...
__ Agora o que eu não entendo é porque nem você nem a Mione sabiam disso.
__ Talvez para que isso não nos assustasse. - falou Hermione, sabiamente. - Afinal, tudo bem que Harry já esteja se habituando à fama excessiva, mas eu... Bom, isso seria um pouco assustador e muito constrangedor. Afinal eu nunca fiz nada para me tornar famosa!
__ Crianças, vamos embora? - Amélia interrompia a conversa sem nenhum vestígio de remorso.
__ Mas já, tia???
__ Deixa a gente ficar mais um pouco!
__ Vocês terão muito tempo para conversar em Hogwarts, mas agora precisamos ir. Além do quê, sua mãe deve estar muito preocupada com você, Anna. Foi um prazer conhecer você, Harry. Espero que a gente se cruze por aí! Tchau Rony, tchau, Fred, tchau Jorge, tchau Gina, depois a gente se vê. Tchau, Hermione, querida, foi um prazer te conhecer também. Vamos meninas!
__ Tchau. - Anna e Fayth disseram aos garotos que responderam com outro tchau.
A viagem de volta foi muito tranqüila e assim que Anna chegou em casa, foi correndo contar para a mãe sobre o maravilhoso dia que teve. Mostrou, animada, tudo o que tinha comprado, mostrou sua varinha e seu gato, que, por sinal, não tinha largado hora nenhuma.
__ Ele não é lindo, mamãe?
__ Muito lindo, querida. Agora, por que não vai tomar um banho? Você deve estar bem suada de ontem.
__ Mãe, você não tem noção! Eu conheci o Harry Potter!!! - continuou a falar, como se não tivesse ouvido o que a mãe tinha dito. - Ele, a Hermione e o Rony! E também o Jorge, o Fred, a Gina! AH! E a Fayth enfrentou o Draco Malfoy, foi demais!!!
__ Que beleza. Agora, JÁ PRO BANHO, MOCINHA!
Sem esperar terceira ordem, Anna correu para o banho.
-----------------------------
O carro ia andando normalmente pelas ruas de Londres. Se aproximava da estação de trem, onde a movimentação era visível de longe. Dentro, Albert dirigia com tranqüilidade e Anna apertava com força o gato que carregava nos braços. Apertou tanto que este acabou por miar furiosamente e descer do colo dela, se aninhando do outro lado do banco.
__ Desculpa, Johann, mas eu estou nervosa!
__ Chegamos. - anunciou Albert, um homem de meia-idade, cabelos castanhos, um pouco grisalhos, olhos também castanhos, alto e forte, com um físico bem desenhado. - Pode descer que eu vou pegar o seu malão.
Anna desceu e pegou Johann nos braços, após algum protesto do mesmo.
__ Eu prometo que não vou mais te espremer! Anda logo, vem!
Na estação, ela encontrou Fayth - e a tia faladeira - e foram juntas.
__ Filha, você tem certeza de que a plataforma é essa, 9 ¾ ? Que eu saiba, não existe essa plataforma.
__ Não se preocupe, papai. Eu sei que está certo.
Eles chegaram e pararam diante da parede maciça que dava acesso à Plataforma 9 ¾ .
__ Onde está a plataforma, Anna?
__ Atrás dessa parede, pai.
__ Bom, eu não duvido. E creio que eu não vou poder ir para o outro lado. Então eu já vou, querida. - ele depositou um beijo no rosto da filha, se despediu de Amélia e de Fayth e saiu.
__ E então? Vamos lá? - Fayth perguntou para Anna, que segurava suas coisas com medo de que elas fossem sair correndo de repente.
__ Vamos.
Elas saíram correndo, quase ao mesmo tempo e ultrapassaram a parede, chegando ao lugar que tanto sonhavam. Viram o reluzente trem vermelho soltando fumaça e vários alunos andando de um lado para o outro, alguns entrando no trem, outros com seus pais... Sem esperar primeira ordem, elas correram para entrar no trem. Escolheram uma cabine vazia e se acomodaram com facilidade.
__ Ai, mana... É como eu sempre sonhei!! - Fayth comentou, enquanto acariciava sua coruja.
__ Você gostou mesmo dessa coruja, não é?
__ Muito! Desde quando eu pus os olhos nela eu sabia que era ela que eu ia comprar!
__ Ela é mesmo muito bonita.
A coruja soltou um pio de agradecimento e, muito convencida, estufou o peito.
__ Ela tinha mesmo que ser sua. Não tem um pingo de modéstia. É mais convencida que a dona!
Agora a coruja soltava um pio de indignação, como se dissesse "Convencida é a mãe".
Nessa hora a porta da cabine se abriu, dando lugar a ninguém mais ninguém menos que...
__ Droga, olha só com quem eu tive o azar de encontrar... Fedelha.
__ Malfoy! Mas que desagradável surpresa ver você logo de manhã! Mas eu deveria saber que se aproximava. Senti o seu odor fétido se aproximando.
__ Fayth, não exagera! - Anna falou, em tom um pouco mais baixo que o de uma conversa normal.
__ Fayth? Esse é o seu nome então?
__ Não, é o nome da minha falecida avó, que tá sentada aqui do lado. Sabe, a minha amiga é médium.
__ Puxa vida, como você é engraçada. Olha como eu estou me contorcendo de tanto rir.
__ Eu não falei nada para você rir. Não vou gastar minha comédia com um branquelo feito você. Mudando de assunto, cadê seus capachos? Vai dizer que eles arrumaram outros namorados?
Perdendo a cabeça, Draco avançou para cima da menina, que chegou para trás e arrancou a varinha.
__ Não me obrigue a usar isto! - disse, em tom ameaçador.
__ Que tipo de feitiços uma garota do primeiro ano poderia fazer?
__ Não queira saber!
Ele deu um sorriso desdenhoso e abriu os braços.
__ Pois eu quero saber, fedelha. Dê o seu melhor.
Ela retribuiu o sorriso dele com um igual.
__ Foi você quem pediu, Malfoy. EXPELLIARMUS!!!
O raio o atingiu em cheio e ele voou e bateu direto na cabine de trás.
__ Se quiser tem muito mais de onde esse veio! - ela falou, com um sorrisinho de dar nojo. - Agora, se nos dá licença, eu e minha amiga queremos ter uma viagem sossegada.
Furioso, Draco arrancou a varinha das vestes e apontou para Fayth.
__ Ninguém humilha um Malfoy e fica impune!
__ Pois bem... Anna, procure Harry e os outros e fique com eles. Isso pode demorar um pouco. Leve Shadow com você, não quero que ela se machuque.
__ Eu acho que não. - uma voz soou atrás deles, em um tom de censura. Hermione permanecia de pé, olhando para eles. Em suas vestes, o distintivo de monitora reluzia.
__ Dumbledore só pode estar louco, nomeando uma sangue-ruim para o cargo de monitora.
__ Apenas saia daqui, Malfoy. Ou vou tirar pontos de sua casa antes mesmo do ano letivo começar de fato.
Draco ainda ia falar mais alguma coisa com Hermione, mas engoliu. Virou-se para Fayth, que o encarava com um sorriso vitorioso.
__ Isso não vai ficar assim, fedelha.
__ Pois eu espero mesmo que não, Malfoy. Será um prazer acabar com você outra vez.
Ele respirou fundo e ia saindo quando voltou.
__ Eles não vêm mais para Hogwarts.
__ Quem? - Fayth perguntou, sem entender muito.
__ Crabbe e Goyle.
__ Por que está me dizendo isso?
__ Porque você me perguntou. - sem esperar alguma resposta, saiu. Rony, que estava atrás de Hermione todo o tempo, apareceu.
__ Menina, você me dá medo. Ou ele te odeia demais, ou ele está completamente apaixonado por você.
__ Pois eu espero que seja a primeira opção, pelo bem da saúde dele.
__ Em que casa você quer ficar?
__ Hã? Ah, não sei... Nunca pensei sobre isso. Anninha, em que casa vai querer ficar?
__ Também não sei.
__ Aposto que vão ser da Grifinória! Vocês têm jeito pra coisa! Já odeiam o Draco!
__ Pra quem leu os livros, odiar Draco Malfoy não é uma tarefa muito complicada. Onde está Harry?
__ Ainda não chegou. Mas ele tem tempo. Faltam quinze minutos para o trem partir.
__ Mas eu pensei que ele estava passando as férias na sua casa.
__ Não, o Dumbledore não deixou. Disse que na casa dos trouxas ele estava mais seguro. Mas me parece que a professora MacGonagall também ficou na casa dos trouxas, para impedir que eles continuem maltratando o coitado. Então ele deve chegar a qualquer minuto.
Mal Rony falou e Harry embarcava no trem e ia ao encontro deles.
__ E aí, pessoal? Perdi muita coisa?
__ Só a Fayth dando uma lavada no Malfoy.
__ Outra? Se continuar desse jeito, logo até eu vou ficar com pena dele. Escuta, porque não ficamos todos juntos? Será mais divertido. Além de conversarmos bastante, poderemos tirar uma com a cara do Malfoy.
__ Eu acho uma idéia maravilhosa. - Fayth concluiu, e todos se acomodaram naquela cabine.
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A velocidade do trem foi diminuindo cada vez mais, até que parou. A noite estava linda e o céu muito limpo, possibilitando que todas as estrelas possíveis fossem enxergadas. Anna e Fayth despediram-se de Harry e Cia LTDA e correram para fora. Viram Hagrid em seus mais de três metros de altura gritando pelos garotos do primeiro ano e correram até ele. Embarcaram nos pequenos barcos que as levariam até o castelo, com o coração quase saindo pela boca.
Não tardou para que chegassem ao castelo e fossem recebidas por Minerva MacGonagall, que as guiou, junto com todos os outros alunos do primeiro ano, até o salão principal, onde ocorreria a cerimônia de seleção.
De tão animadas e ansiosas estavam, não prestaram atenção à canção que o Chapéu Seletor cantou. O coração delas saltava a cada nome que era chamado, pensando que era o delas. Até que finalmente...
__ Foster, Anna.
Anna tremeu nas bases, mas caminhou até o banquinho e sentou-se. Antes que o chapéu fosse depositado em sua cabeça, ela viu, na mesa da Grifinória, Harry, Rony e Mione torcerem para ela.
Então ela sentiu o chapéu em sua cabeça. Em seguida ouviu o que ele dizia.
__ Muito determinada, mas um pouco tímida. Valoriza muito os amigos e não tem medo de desafios... Certo... Melhor que fique na... GRIFINÓRIA!
A mesa da Grifinória explodiu em aplausos. Harry, Rony e Mione pareciam muito entusiasmados. Na fila, Fayth aplaudia com força e alegria. Alguns nomes depois, o coração de Fayth deu um grande salto.
__ Kvar, Fayth.
Um pouco trêmula, ela caminhou até o banquinho, e quando sentiu o chapéu ser colocado em sua cabeça, se assustou com o que ouviu.
__ Rá. Já vi tudo, garota. Vamos andar logo com isso, certo? SONSERINA!
Fayth não sabia o que dizer. Afinal de contas, ela era sangue-puro, pois mestiços nunca iam para a Sonserina. Mas não era isso que a incomodou. Ela queria ir para a mesma casa que Anna, assim poderiam ficar juntas o dia todo. E tudo isso foi por água abaixo quando ela viu a mesa da Sonserina aplaudir freneticamente. Só se mexeu quando foi despertada por MacGonagall.
__ Querida, a seleção ainda não acabou! Poderia dar licença?
Ela se levantou e se dirigiu até a mesa da Sonserina, onde se sentou próxima de alguns alunos novos. Não prestou mais atenção à seleção, nem aos avisos de Dumbledore - mesmo porque os conhecia de cor, afinal eram sempre os mesmos - e só esboçou qualquer reação quando a comida surgiu nos pratos. Meio a contragosto, começou a comer alguma coisa, até que foi interrompida.
__ Que ironia... Eu e a fedelha dividindo o mesmo teto...
__ Não pense que isso me agrada, Malfoy. Agora me dê licença porque estou comendo e não gostaria de vomitar tudo em cima de você. Meu vômito merece um lugar mais adequado do que a sua cara.
__ Com uma língua ferina como a sua não me admira que esteja aqui.
__ Sai daqui, Malfoy! - ela gritou, com lágrimas nos olhos. - Me deixa em paz!
Assustado com a reação dela - sendo a última que esperava - levantou-se e voltou para o lugar onde estava sentado antes.
Fayth voltou a comer, mas desta vez com mais dificuldade, pois havia um nó em sua garganta.
Na mesa da Grifinória as coisas também não iam muito bem. Anna não se conformou em ver sua melhor amiga ir para a casa rival à sua.
__ Eu não entendi essa. - Rony falou, enquanto mastigava um pedaço de carne. - Eu tinha certeza absoluta de que ela ia vir pra Grifinória!
__ Eu também. - falou Harry. - Além do quê, a gente se deu tão bem... Não faz sentido ela ir para a Sonserina.
__ Talvez seja algo com os pais dela. - Hermione comentou. - Ela mesma disse que é sangue-puro.
__ Ela não é sangue-puro. - Anna falou, visivelmente chateada.
__ Como? Ela não é sangue-puro? Então como ela pode estar na Sonserina??
__ Não é, de acordo com que a tia dela nos contou. A mãe era bruxa, mas morreu no parto. Mas o pai era trouxa. Ela é mestiça.
__ Isso não quer dizer nada. - Harry falou em tom mais baixo - Voldemort é mestiço e, no entanto, era Sonserino.
__ É, aí você tem um ponto. - Anna falou. - Mas Fayth odeia a Sonserina com todas as forças. Quando ela lia os livros se contorcia de raiva do Snape e do Draco. E agora ela vai ter que compartilhar o mesmo teto que eles. Vai ser totalmente intragável para ela...
Nenhum dos três falou coisa alguma. Não sabiam o que era ter o melhor amigo na casa rival.
----------------------------
Fayth corria pelos corredores. Tinha ficado acordada até tarde e quase se atrasou demais para a aula. Poções, junto com a Grifinória. Por sorte - sorte não, ironia do destino - ela era Sonserina, então Snape não brigaria muito com ela. Estava chegando nas masmorras, quando trombou em alguém e caiu no chão, espalhando seus rolos de pergaminho.
__ Por que não olha por onde anda??? - ralhou, sem ver em quem tinha esbarrado.
__ Fedelha! Você por aqui!
__ Só me faltava essa... Sai da minha frente, Malfoy, eu estou atrasada demais para formular uma patada decente.
__ Espera. - ele pegou no braço dela, impedindo que continuasse.
__ Se eu chegar atrasada, você...
__ O Snape não tira pontos de alunos da casa dele.
__ Eu sei disso, mas pra mim é uma questão de honra cumprir horários. - mentiu descaradamente.
__ Quem é você? - ele perguntou, olhando nos olhos dela.
__ Fayth Kvar, aluna do primeiro ano de Hogwarts, filha de Clair e George Kvar. Posso ir agora?
__ Não, não pode. - ele segurou-a pelos punhos a forçando a olhar para ele.
__ Malfoy! - uma voz soou ao fim do corredor chamou a atenção dos dois. - Poderia soltar minha aluna? - Snape falou, com uma expressão nada agradável, típica dele. - Depois vocês continuam essa conversa tão agradável. Draco a soltou, com o desagrado totalmente aparente.
__ Essa conversa ainda não terminou.
__ O que quer agora? Minha certidão de nascimento?
__ Senhorita Kvar, poderia vir? Não temos o dia todo.
__ Com todo prazer, professor. - ela disse, sem desviar o rosto de Malfoy. Depois se virou e desceu até as masmorras.
Snape se dirigiu até a frente da sala e anunciou.
__ Dividam-se em duplas.
Sem perder tempo, Anna correu para sentar-se ao lado de Fayth.
__ Vejamos... - ele olhava para um pergaminho onde, provavelmente estava a lista de alunos. - Senhorita Foster.
__ Pois não, professor? - Anna respondeu, sem medo na voz.
__ Poderia me dizer quais são as propriedades da escama de dragão em uma poção?
__ Não senhor.
__ Menos cinco pontos para a Grifinória.
__ Por quê?
__ Qualquer um poderia saber que a escama de dragão serve para causar combustão em outros ingredientes.
__ Eu achei que o trabalho de um professor fosse ensinar, de que adiantaria se eu soubesse a resposta para todas as perguntas antes mesmo de começarem as aulas? - disse ela com um sorrisinho sarcástico. Ter lido os livros mais vezes do que podia contar a preparou bem para a personalidade do Snape.
__ Menos cinco pontos por insolência.
__ Insolência, professor? Se o meu dicionário está correto ser insolente é usar palavras ofensivas e pouco respeitosas, em nenhum momento eu esqueci da educação que a minha mãe me deu, muito obrigada. - ela estreitou os olhos, estava querendo irritá-lo bastante e estava conseguindo.
__ BASTA! Menos quinze pontos! E se falar mais qualquer coisa, pegará detenção! Fui claro?
__ Mais claro que isso só o seu antiprofissionalismo - ela disse entre os dentes, mas alguns alunos ouviram e abafaram risadinhas.
Fayth segurava para não cair na gargalhada, mas os alunos da Grifinória estavam apreensivos por terem perdido tantos pontos logo na primeira aula. Já os da Sonserina sorriam com desdém - devem ter aprendido isso com o Draco.
A aula correu intragavelmente péssima. Grifinória ainda perdeu mais dez pontos por um aluno ter feito a poção de maneira errada. Mas na saída, Fayth e Anna tinham tramado uma boa. Deixaram bombas de bosta na carteira de um aluno - sem se preocuparem em ver de qual casa era - e saíram antes que pudessem ver que foram elas.
Assim que todos tinham saído da sala, a bomba explodiu, sujando toda a masmorra e o Snape.
__ Podem ter CERTEZA! De que o aluno responsável pegará NO MÍNIMO uma bela detenção! - ele falou entre os dentes, o que fez todos os grifinórios e Fayth guardarem uma gargalhada para mais tarde.
__ Adorei sua idéia, mana! - Anna sussurrou para Fayth.
__ Eu precisava descontar minha raiva em alguém.
__ Raiva? - Anna perguntou com um ? enorme na cabeça.
__ Raiva.
__ De quem??
__ Te dou um doce se você adivinhar.
__ Draco Malfoy. Me dá o doce.
__ Depois, agora eu não tenho.
__ Mas o que foi que ele te fez dessa vez?
__ Quando eu estava vindo para as masmorras ele me parou e começou a me interrogar. Depois agarrou meu pulso e não queria me deixar ir embora. Ai, só de olhar pra ele meu sangue ferve de raiva!!
__ Sabe, maninha, se eu não te conhecesse muito bem, eu diria que vocês dois são um caso de amor mal-resolvido.
__ VIRA ESSA BOCA PRA LÁ!!! Quero distância da família Malfoy!
__ Tudo bem, foi só um comentário. Aula de que você tem agora?
__ Feitiços com a Lufa-Lufa. E você?
__ Transfiguração com a Corvinal.
__ Que pena... Bom, nos vemos no almoço! - disse, abraçando forte a amiga que retribuiu.
__ Até, maninha!! - e saíram correndo em direções opostas.
As aulas correram bem, sem nenhum incidente que pudesse tirar pontos de nenhuma casa (bom, pelo menos no primeiro ano, já que no quinto ano, o simples fato de Harry estar respirando fazia Snape descontar pontos da Grifinória).
No almoço, Fayth e Anna mal se viram, pois estavam cercadas pelos novos companheiros que não deixavam elas saírem. Só depois das aulas que tiveram chance de se encontrar.
__ Alguma coisa de interessante aconteceu com você hoje, mana? - Fayth, deitada na grama e de olhos fechados, perguntou para Anna, que se encontrava na mesma posição.
__ Quem me dera... As aulas são muito parecidas com o que a Rowling descrevia, eu praticamente já sabia de tudo. Mas mesmo assim é melhor do que a vidinha normal que a gente estaria fadada a viver.
__ Concordo... Ai, que moleza... - espreguiçou-se. - Se deixar eu sou bem capaz de adormecer aqui...
__ Rooonc.... Fiiiuuu... Rooonc.... Fiiiuuu...
__ Pára de gracinha! - Fayth deu um "jump" da irmã, acordando ela com uma gargalhada e um "UFS".
__ Agora você me paga!!! - Anna começou a correr atrás de Fayth, que tinha entrado dentro do castelo e corria alucinadamente pelos corredores. Mas, para o azar das garotas, Fayth encontrou com "ele" outra vez. Draco estava sentado em uma mureta, com um semblante pensativo.
__ Não é possível... Garoto, você tá me perseguindo??
Ele sorriu em resposta.
__ E se eu disser que sim?
__ Que saco, me deixa em paz!!! Por que você não vai namorar a Pansy??
__ Ela não me atrai. Nunca me atraiu.
__ Mas você foi com ela ao baile no ano passado!
__ Por simples falta de opção. O grande defeito da Sonserina e não atrair jovens muito atraentes. E pelo jeito, nada mudou. - ele olhou para Fayth, que começava a bufar de ódio.
__ Pois eu digo o mesmo de você, Malfoy! Mais parece uma serpente esbranquiçada!!!
__ Maninha, vamos embora. - Anna puxava Fayth pelo braço. Sabia perfeitamente que se continuassem ali, os três parariam na diretoria.
__ Irmãs? Vocês duas são irmãs?? - Draco riu. - Devem ser muito parecidas mesmo. Uma foi para a Grifinória e a outra para a Sonserina.
__ Para a sua informação, Malfoy, eu não queria ter que dividir o mesmo teto que você. Estou na Sonserina porque o maluco do Chapéu Seletor acha que meu cérebro e o seu são compatíveis. Não sei de onde ele arrumou tamanha sandice!
__ Maninha, vamos!! - Anna puxou com mais força, mas Fayth nem sequer se moveu.
__ Larga ela, garota! Está com medo de que eu a machuque?
__ Justamente o oposto, Malfoy. - Anna respondeu, na lata. - Estou com medo que ela seja expulsa por matar um asqueroso como você.
__ Olha como fala comigo, sangue-ruim!
PÁ!
Draco nem viu o que o atingiu. Só sentiu a mão forte de Anna se espatifar em seu rosto.
__ Olha você como se dirige a mim! E tem mais! Se eu vir você maltratando minha irmã novamente, eu não respondo por mim!
Draco devia estar contanto até mil para não assassinar Anna ali mesmo. Seus olhos demonstravam tanto ódio que faria até o mais corajoso dos homens cagar de medo. Mas, no entanto, a garota não se abalou.
__ Cara feia pra mim é fome, Malfoy. - ela falou antes de sair puxando a irmã, que ainda estava perplexa.
Continua...
Longe, bem longe de lá, em uma bela mansão, Draco virava pela milionésima vez na cama, em uma tentativa frustrada de dormir.
__ Fedelha maldita... Deixa eu dormir!! Sai da minha cabeça!!! DROGA!! - ele afundou o rosto no travesseiro. - Afinal de contas, quem é você??? Por que me persegue??? Por que eu já sonhava com você antes de te conhecer?
--------------------------------------
__ BOM DIA, MENINAS!! - com certeza aquele grito tinha acordado todos os hóspedes do Caldeirão Furado. - Vamos descer para tomar café. E rápido que eu preciso deixar Anna em casa!
Elas se aprontaram e desceram para tomar café da manhã, na companhia de seus ídolos - e agora amigos. Foi uma manhã agradabilíssima até a hora de ir embora. Enquanto os pais Weasley conversavam com Amélia, a "ala jovem" se divertia com o baile que Fayth tinha dado ao conversar com Draco no dia anterior.
__ Vocês tinham que ver a cara dele! - Rony falava com os irmãos. - Eu só vi ele daquele jeito quando a Mione meteu um tapa na cara dele!!
__ Eu me lembro daquele dia. - Harry comentou. - Aliás, acho que nunca vou esquecer! Aposto que ninguém nunca o enfrentou daquela maneira e saiu por cima.
__ Você já, Harry. - Anna comentou.
__ Nada comparado com aquilo!
__ Você se esqueceu da vez que o Falso Moody o transformou em doninha! - Fayth falou, entre risadas. - Foi hilário!
__ Agora, mudando de assunto, que história é essa de a vida do Harry ser publicada em um livro para trouxas? - Jorge perguntou, faminto de curiosidade.
__ Ninguém no mundo trouxa, a não ser aqueles que se tornam bruxos, como eu e a Fayth, sabe da existência real de Harry Potter. Eles o conhecem através de um livro e pensam que ele é mera ficção, literatura. Foi uma maneira que o próprio Ministério da Magia arrumou para camuflar os acontecimentos.
__ Que ridículo... E quantos livros já existem?
__ Quatro. E o cinco está para ser lançado no fim do ano letivo.
__ Então eles esperam para que o ano "aconteça" e aí publicam o livro? - Harry indagou.
__ Exatamente. E você tem legiões de fãs trouxas, Harry. Verdadeiros exércitos de bruxos e bruxas que não têm poder mágico algum. Inclusive eu e a maninha fazemos parte dessa turma.
__ Eu só espero que o Malfoy nunca fique sabendo disso... - falou Harry. - Se ele já me odeia por ser famoso no mundo bruxo, imagine como as coisas vão ficar se ele descobrir que o mundo trouxa também me adora...
__ Agora o que eu não entendo é porque nem você nem a Mione sabiam disso.
__ Talvez para que isso não nos assustasse. - falou Hermione, sabiamente. - Afinal, tudo bem que Harry já esteja se habituando à fama excessiva, mas eu... Bom, isso seria um pouco assustador e muito constrangedor. Afinal eu nunca fiz nada para me tornar famosa!
__ Crianças, vamos embora? - Amélia interrompia a conversa sem nenhum vestígio de remorso.
__ Mas já, tia???
__ Deixa a gente ficar mais um pouco!
__ Vocês terão muito tempo para conversar em Hogwarts, mas agora precisamos ir. Além do quê, sua mãe deve estar muito preocupada com você, Anna. Foi um prazer conhecer você, Harry. Espero que a gente se cruze por aí! Tchau Rony, tchau, Fred, tchau Jorge, tchau Gina, depois a gente se vê. Tchau, Hermione, querida, foi um prazer te conhecer também. Vamos meninas!
__ Tchau. - Anna e Fayth disseram aos garotos que responderam com outro tchau.
A viagem de volta foi muito tranqüila e assim que Anna chegou em casa, foi correndo contar para a mãe sobre o maravilhoso dia que teve. Mostrou, animada, tudo o que tinha comprado, mostrou sua varinha e seu gato, que, por sinal, não tinha largado hora nenhuma.
__ Ele não é lindo, mamãe?
__ Muito lindo, querida. Agora, por que não vai tomar um banho? Você deve estar bem suada de ontem.
__ Mãe, você não tem noção! Eu conheci o Harry Potter!!! - continuou a falar, como se não tivesse ouvido o que a mãe tinha dito. - Ele, a Hermione e o Rony! E também o Jorge, o Fred, a Gina! AH! E a Fayth enfrentou o Draco Malfoy, foi demais!!!
__ Que beleza. Agora, JÁ PRO BANHO, MOCINHA!
Sem esperar terceira ordem, Anna correu para o banho.
-----------------------------
O carro ia andando normalmente pelas ruas de Londres. Se aproximava da estação de trem, onde a movimentação era visível de longe. Dentro, Albert dirigia com tranqüilidade e Anna apertava com força o gato que carregava nos braços. Apertou tanto que este acabou por miar furiosamente e descer do colo dela, se aninhando do outro lado do banco.
__ Desculpa, Johann, mas eu estou nervosa!
__ Chegamos. - anunciou Albert, um homem de meia-idade, cabelos castanhos, um pouco grisalhos, olhos também castanhos, alto e forte, com um físico bem desenhado. - Pode descer que eu vou pegar o seu malão.
Anna desceu e pegou Johann nos braços, após algum protesto do mesmo.
__ Eu prometo que não vou mais te espremer! Anda logo, vem!
Na estação, ela encontrou Fayth - e a tia faladeira - e foram juntas.
__ Filha, você tem certeza de que a plataforma é essa, 9 ¾ ? Que eu saiba, não existe essa plataforma.
__ Não se preocupe, papai. Eu sei que está certo.
Eles chegaram e pararam diante da parede maciça que dava acesso à Plataforma 9 ¾ .
__ Onde está a plataforma, Anna?
__ Atrás dessa parede, pai.
__ Bom, eu não duvido. E creio que eu não vou poder ir para o outro lado. Então eu já vou, querida. - ele depositou um beijo no rosto da filha, se despediu de Amélia e de Fayth e saiu.
__ E então? Vamos lá? - Fayth perguntou para Anna, que segurava suas coisas com medo de que elas fossem sair correndo de repente.
__ Vamos.
Elas saíram correndo, quase ao mesmo tempo e ultrapassaram a parede, chegando ao lugar que tanto sonhavam. Viram o reluzente trem vermelho soltando fumaça e vários alunos andando de um lado para o outro, alguns entrando no trem, outros com seus pais... Sem esperar primeira ordem, elas correram para entrar no trem. Escolheram uma cabine vazia e se acomodaram com facilidade.
__ Ai, mana... É como eu sempre sonhei!! - Fayth comentou, enquanto acariciava sua coruja.
__ Você gostou mesmo dessa coruja, não é?
__ Muito! Desde quando eu pus os olhos nela eu sabia que era ela que eu ia comprar!
__ Ela é mesmo muito bonita.
A coruja soltou um pio de agradecimento e, muito convencida, estufou o peito.
__ Ela tinha mesmo que ser sua. Não tem um pingo de modéstia. É mais convencida que a dona!
Agora a coruja soltava um pio de indignação, como se dissesse "Convencida é a mãe".
Nessa hora a porta da cabine se abriu, dando lugar a ninguém mais ninguém menos que...
__ Droga, olha só com quem eu tive o azar de encontrar... Fedelha.
__ Malfoy! Mas que desagradável surpresa ver você logo de manhã! Mas eu deveria saber que se aproximava. Senti o seu odor fétido se aproximando.
__ Fayth, não exagera! - Anna falou, em tom um pouco mais baixo que o de uma conversa normal.
__ Fayth? Esse é o seu nome então?
__ Não, é o nome da minha falecida avó, que tá sentada aqui do lado. Sabe, a minha amiga é médium.
__ Puxa vida, como você é engraçada. Olha como eu estou me contorcendo de tanto rir.
__ Eu não falei nada para você rir. Não vou gastar minha comédia com um branquelo feito você. Mudando de assunto, cadê seus capachos? Vai dizer que eles arrumaram outros namorados?
Perdendo a cabeça, Draco avançou para cima da menina, que chegou para trás e arrancou a varinha.
__ Não me obrigue a usar isto! - disse, em tom ameaçador.
__ Que tipo de feitiços uma garota do primeiro ano poderia fazer?
__ Não queira saber!
Ele deu um sorriso desdenhoso e abriu os braços.
__ Pois eu quero saber, fedelha. Dê o seu melhor.
Ela retribuiu o sorriso dele com um igual.
__ Foi você quem pediu, Malfoy. EXPELLIARMUS!!!
O raio o atingiu em cheio e ele voou e bateu direto na cabine de trás.
__ Se quiser tem muito mais de onde esse veio! - ela falou, com um sorrisinho de dar nojo. - Agora, se nos dá licença, eu e minha amiga queremos ter uma viagem sossegada.
Furioso, Draco arrancou a varinha das vestes e apontou para Fayth.
__ Ninguém humilha um Malfoy e fica impune!
__ Pois bem... Anna, procure Harry e os outros e fique com eles. Isso pode demorar um pouco. Leve Shadow com você, não quero que ela se machuque.
__ Eu acho que não. - uma voz soou atrás deles, em um tom de censura. Hermione permanecia de pé, olhando para eles. Em suas vestes, o distintivo de monitora reluzia.
__ Dumbledore só pode estar louco, nomeando uma sangue-ruim para o cargo de monitora.
__ Apenas saia daqui, Malfoy. Ou vou tirar pontos de sua casa antes mesmo do ano letivo começar de fato.
Draco ainda ia falar mais alguma coisa com Hermione, mas engoliu. Virou-se para Fayth, que o encarava com um sorriso vitorioso.
__ Isso não vai ficar assim, fedelha.
__ Pois eu espero mesmo que não, Malfoy. Será um prazer acabar com você outra vez.
Ele respirou fundo e ia saindo quando voltou.
__ Eles não vêm mais para Hogwarts.
__ Quem? - Fayth perguntou, sem entender muito.
__ Crabbe e Goyle.
__ Por que está me dizendo isso?
__ Porque você me perguntou. - sem esperar alguma resposta, saiu. Rony, que estava atrás de Hermione todo o tempo, apareceu.
__ Menina, você me dá medo. Ou ele te odeia demais, ou ele está completamente apaixonado por você.
__ Pois eu espero que seja a primeira opção, pelo bem da saúde dele.
__ Em que casa você quer ficar?
__ Hã? Ah, não sei... Nunca pensei sobre isso. Anninha, em que casa vai querer ficar?
__ Também não sei.
__ Aposto que vão ser da Grifinória! Vocês têm jeito pra coisa! Já odeiam o Draco!
__ Pra quem leu os livros, odiar Draco Malfoy não é uma tarefa muito complicada. Onde está Harry?
__ Ainda não chegou. Mas ele tem tempo. Faltam quinze minutos para o trem partir.
__ Mas eu pensei que ele estava passando as férias na sua casa.
__ Não, o Dumbledore não deixou. Disse que na casa dos trouxas ele estava mais seguro. Mas me parece que a professora MacGonagall também ficou na casa dos trouxas, para impedir que eles continuem maltratando o coitado. Então ele deve chegar a qualquer minuto.
Mal Rony falou e Harry embarcava no trem e ia ao encontro deles.
__ E aí, pessoal? Perdi muita coisa?
__ Só a Fayth dando uma lavada no Malfoy.
__ Outra? Se continuar desse jeito, logo até eu vou ficar com pena dele. Escuta, porque não ficamos todos juntos? Será mais divertido. Além de conversarmos bastante, poderemos tirar uma com a cara do Malfoy.
__ Eu acho uma idéia maravilhosa. - Fayth concluiu, e todos se acomodaram naquela cabine.
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A velocidade do trem foi diminuindo cada vez mais, até que parou. A noite estava linda e o céu muito limpo, possibilitando que todas as estrelas possíveis fossem enxergadas. Anna e Fayth despediram-se de Harry e Cia LTDA e correram para fora. Viram Hagrid em seus mais de três metros de altura gritando pelos garotos do primeiro ano e correram até ele. Embarcaram nos pequenos barcos que as levariam até o castelo, com o coração quase saindo pela boca.
Não tardou para que chegassem ao castelo e fossem recebidas por Minerva MacGonagall, que as guiou, junto com todos os outros alunos do primeiro ano, até o salão principal, onde ocorreria a cerimônia de seleção.
De tão animadas e ansiosas estavam, não prestaram atenção à canção que o Chapéu Seletor cantou. O coração delas saltava a cada nome que era chamado, pensando que era o delas. Até que finalmente...
__ Foster, Anna.
Anna tremeu nas bases, mas caminhou até o banquinho e sentou-se. Antes que o chapéu fosse depositado em sua cabeça, ela viu, na mesa da Grifinória, Harry, Rony e Mione torcerem para ela.
Então ela sentiu o chapéu em sua cabeça. Em seguida ouviu o que ele dizia.
__ Muito determinada, mas um pouco tímida. Valoriza muito os amigos e não tem medo de desafios... Certo... Melhor que fique na... GRIFINÓRIA!
A mesa da Grifinória explodiu em aplausos. Harry, Rony e Mione pareciam muito entusiasmados. Na fila, Fayth aplaudia com força e alegria. Alguns nomes depois, o coração de Fayth deu um grande salto.
__ Kvar, Fayth.
Um pouco trêmula, ela caminhou até o banquinho, e quando sentiu o chapéu ser colocado em sua cabeça, se assustou com o que ouviu.
__ Rá. Já vi tudo, garota. Vamos andar logo com isso, certo? SONSERINA!
Fayth não sabia o que dizer. Afinal de contas, ela era sangue-puro, pois mestiços nunca iam para a Sonserina. Mas não era isso que a incomodou. Ela queria ir para a mesma casa que Anna, assim poderiam ficar juntas o dia todo. E tudo isso foi por água abaixo quando ela viu a mesa da Sonserina aplaudir freneticamente. Só se mexeu quando foi despertada por MacGonagall.
__ Querida, a seleção ainda não acabou! Poderia dar licença?
Ela se levantou e se dirigiu até a mesa da Sonserina, onde se sentou próxima de alguns alunos novos. Não prestou mais atenção à seleção, nem aos avisos de Dumbledore - mesmo porque os conhecia de cor, afinal eram sempre os mesmos - e só esboçou qualquer reação quando a comida surgiu nos pratos. Meio a contragosto, começou a comer alguma coisa, até que foi interrompida.
__ Que ironia... Eu e a fedelha dividindo o mesmo teto...
__ Não pense que isso me agrada, Malfoy. Agora me dê licença porque estou comendo e não gostaria de vomitar tudo em cima de você. Meu vômito merece um lugar mais adequado do que a sua cara.
__ Com uma língua ferina como a sua não me admira que esteja aqui.
__ Sai daqui, Malfoy! - ela gritou, com lágrimas nos olhos. - Me deixa em paz!
Assustado com a reação dela - sendo a última que esperava - levantou-se e voltou para o lugar onde estava sentado antes.
Fayth voltou a comer, mas desta vez com mais dificuldade, pois havia um nó em sua garganta.
Na mesa da Grifinória as coisas também não iam muito bem. Anna não se conformou em ver sua melhor amiga ir para a casa rival à sua.
__ Eu não entendi essa. - Rony falou, enquanto mastigava um pedaço de carne. - Eu tinha certeza absoluta de que ela ia vir pra Grifinória!
__ Eu também. - falou Harry. - Além do quê, a gente se deu tão bem... Não faz sentido ela ir para a Sonserina.
__ Talvez seja algo com os pais dela. - Hermione comentou. - Ela mesma disse que é sangue-puro.
__ Ela não é sangue-puro. - Anna falou, visivelmente chateada.
__ Como? Ela não é sangue-puro? Então como ela pode estar na Sonserina??
__ Não é, de acordo com que a tia dela nos contou. A mãe era bruxa, mas morreu no parto. Mas o pai era trouxa. Ela é mestiça.
__ Isso não quer dizer nada. - Harry falou em tom mais baixo - Voldemort é mestiço e, no entanto, era Sonserino.
__ É, aí você tem um ponto. - Anna falou. - Mas Fayth odeia a Sonserina com todas as forças. Quando ela lia os livros se contorcia de raiva do Snape e do Draco. E agora ela vai ter que compartilhar o mesmo teto que eles. Vai ser totalmente intragável para ela...
Nenhum dos três falou coisa alguma. Não sabiam o que era ter o melhor amigo na casa rival.
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Fayth corria pelos corredores. Tinha ficado acordada até tarde e quase se atrasou demais para a aula. Poções, junto com a Grifinória. Por sorte - sorte não, ironia do destino - ela era Sonserina, então Snape não brigaria muito com ela. Estava chegando nas masmorras, quando trombou em alguém e caiu no chão, espalhando seus rolos de pergaminho.
__ Por que não olha por onde anda??? - ralhou, sem ver em quem tinha esbarrado.
__ Fedelha! Você por aqui!
__ Só me faltava essa... Sai da minha frente, Malfoy, eu estou atrasada demais para formular uma patada decente.
__ Espera. - ele pegou no braço dela, impedindo que continuasse.
__ Se eu chegar atrasada, você...
__ O Snape não tira pontos de alunos da casa dele.
__ Eu sei disso, mas pra mim é uma questão de honra cumprir horários. - mentiu descaradamente.
__ Quem é você? - ele perguntou, olhando nos olhos dela.
__ Fayth Kvar, aluna do primeiro ano de Hogwarts, filha de Clair e George Kvar. Posso ir agora?
__ Não, não pode. - ele segurou-a pelos punhos a forçando a olhar para ele.
__ Malfoy! - uma voz soou ao fim do corredor chamou a atenção dos dois. - Poderia soltar minha aluna? - Snape falou, com uma expressão nada agradável, típica dele. - Depois vocês continuam essa conversa tão agradável. Draco a soltou, com o desagrado totalmente aparente.
__ Essa conversa ainda não terminou.
__ O que quer agora? Minha certidão de nascimento?
__ Senhorita Kvar, poderia vir? Não temos o dia todo.
__ Com todo prazer, professor. - ela disse, sem desviar o rosto de Malfoy. Depois se virou e desceu até as masmorras.
Snape se dirigiu até a frente da sala e anunciou.
__ Dividam-se em duplas.
Sem perder tempo, Anna correu para sentar-se ao lado de Fayth.
__ Vejamos... - ele olhava para um pergaminho onde, provavelmente estava a lista de alunos. - Senhorita Foster.
__ Pois não, professor? - Anna respondeu, sem medo na voz.
__ Poderia me dizer quais são as propriedades da escama de dragão em uma poção?
__ Não senhor.
__ Menos cinco pontos para a Grifinória.
__ Por quê?
__ Qualquer um poderia saber que a escama de dragão serve para causar combustão em outros ingredientes.
__ Eu achei que o trabalho de um professor fosse ensinar, de que adiantaria se eu soubesse a resposta para todas as perguntas antes mesmo de começarem as aulas? - disse ela com um sorrisinho sarcástico. Ter lido os livros mais vezes do que podia contar a preparou bem para a personalidade do Snape.
__ Menos cinco pontos por insolência.
__ Insolência, professor? Se o meu dicionário está correto ser insolente é usar palavras ofensivas e pouco respeitosas, em nenhum momento eu esqueci da educação que a minha mãe me deu, muito obrigada. - ela estreitou os olhos, estava querendo irritá-lo bastante e estava conseguindo.
__ BASTA! Menos quinze pontos! E se falar mais qualquer coisa, pegará detenção! Fui claro?
__ Mais claro que isso só o seu antiprofissionalismo - ela disse entre os dentes, mas alguns alunos ouviram e abafaram risadinhas.
Fayth segurava para não cair na gargalhada, mas os alunos da Grifinória estavam apreensivos por terem perdido tantos pontos logo na primeira aula. Já os da Sonserina sorriam com desdém - devem ter aprendido isso com o Draco.
A aula correu intragavelmente péssima. Grifinória ainda perdeu mais dez pontos por um aluno ter feito a poção de maneira errada. Mas na saída, Fayth e Anna tinham tramado uma boa. Deixaram bombas de bosta na carteira de um aluno - sem se preocuparem em ver de qual casa era - e saíram antes que pudessem ver que foram elas.
Assim que todos tinham saído da sala, a bomba explodiu, sujando toda a masmorra e o Snape.
__ Podem ter CERTEZA! De que o aluno responsável pegará NO MÍNIMO uma bela detenção! - ele falou entre os dentes, o que fez todos os grifinórios e Fayth guardarem uma gargalhada para mais tarde.
__ Adorei sua idéia, mana! - Anna sussurrou para Fayth.
__ Eu precisava descontar minha raiva em alguém.
__ Raiva? - Anna perguntou com um ? enorme na cabeça.
__ Raiva.
__ De quem??
__ Te dou um doce se você adivinhar.
__ Draco Malfoy. Me dá o doce.
__ Depois, agora eu não tenho.
__ Mas o que foi que ele te fez dessa vez?
__ Quando eu estava vindo para as masmorras ele me parou e começou a me interrogar. Depois agarrou meu pulso e não queria me deixar ir embora. Ai, só de olhar pra ele meu sangue ferve de raiva!!
__ Sabe, maninha, se eu não te conhecesse muito bem, eu diria que vocês dois são um caso de amor mal-resolvido.
__ VIRA ESSA BOCA PRA LÁ!!! Quero distância da família Malfoy!
__ Tudo bem, foi só um comentário. Aula de que você tem agora?
__ Feitiços com a Lufa-Lufa. E você?
__ Transfiguração com a Corvinal.
__ Que pena... Bom, nos vemos no almoço! - disse, abraçando forte a amiga que retribuiu.
__ Até, maninha!! - e saíram correndo em direções opostas.
As aulas correram bem, sem nenhum incidente que pudesse tirar pontos de nenhuma casa (bom, pelo menos no primeiro ano, já que no quinto ano, o simples fato de Harry estar respirando fazia Snape descontar pontos da Grifinória).
No almoço, Fayth e Anna mal se viram, pois estavam cercadas pelos novos companheiros que não deixavam elas saírem. Só depois das aulas que tiveram chance de se encontrar.
__ Alguma coisa de interessante aconteceu com você hoje, mana? - Fayth, deitada na grama e de olhos fechados, perguntou para Anna, que se encontrava na mesma posição.
__ Quem me dera... As aulas são muito parecidas com o que a Rowling descrevia, eu praticamente já sabia de tudo. Mas mesmo assim é melhor do que a vidinha normal que a gente estaria fadada a viver.
__ Concordo... Ai, que moleza... - espreguiçou-se. - Se deixar eu sou bem capaz de adormecer aqui...
__ Rooonc.... Fiiiuuu... Rooonc.... Fiiiuuu...
__ Pára de gracinha! - Fayth deu um "jump" da irmã, acordando ela com uma gargalhada e um "UFS".
__ Agora você me paga!!! - Anna começou a correr atrás de Fayth, que tinha entrado dentro do castelo e corria alucinadamente pelos corredores. Mas, para o azar das garotas, Fayth encontrou com "ele" outra vez. Draco estava sentado em uma mureta, com um semblante pensativo.
__ Não é possível... Garoto, você tá me perseguindo??
Ele sorriu em resposta.
__ E se eu disser que sim?
__ Que saco, me deixa em paz!!! Por que você não vai namorar a Pansy??
__ Ela não me atrai. Nunca me atraiu.
__ Mas você foi com ela ao baile no ano passado!
__ Por simples falta de opção. O grande defeito da Sonserina e não atrair jovens muito atraentes. E pelo jeito, nada mudou. - ele olhou para Fayth, que começava a bufar de ódio.
__ Pois eu digo o mesmo de você, Malfoy! Mais parece uma serpente esbranquiçada!!!
__ Maninha, vamos embora. - Anna puxava Fayth pelo braço. Sabia perfeitamente que se continuassem ali, os três parariam na diretoria.
__ Irmãs? Vocês duas são irmãs?? - Draco riu. - Devem ser muito parecidas mesmo. Uma foi para a Grifinória e a outra para a Sonserina.
__ Para a sua informação, Malfoy, eu não queria ter que dividir o mesmo teto que você. Estou na Sonserina porque o maluco do Chapéu Seletor acha que meu cérebro e o seu são compatíveis. Não sei de onde ele arrumou tamanha sandice!
__ Maninha, vamos!! - Anna puxou com mais força, mas Fayth nem sequer se moveu.
__ Larga ela, garota! Está com medo de que eu a machuque?
__ Justamente o oposto, Malfoy. - Anna respondeu, na lata. - Estou com medo que ela seja expulsa por matar um asqueroso como você.
__ Olha como fala comigo, sangue-ruim!
PÁ!
Draco nem viu o que o atingiu. Só sentiu a mão forte de Anna se espatifar em seu rosto.
__ Olha você como se dirige a mim! E tem mais! Se eu vir você maltratando minha irmã novamente, eu não respondo por mim!
Draco devia estar contanto até mil para não assassinar Anna ali mesmo. Seus olhos demonstravam tanto ódio que faria até o mais corajoso dos homens cagar de medo. Mas, no entanto, a garota não se abalou.
__ Cara feia pra mim é fome, Malfoy. - ela falou antes de sair puxando a irmã, que ainda estava perplexa.
Continua...
